° Chapter 27 °
Sei que estou muito sumida e peço logo desculpas por isso! Minha criatividade não anda muito boa então tô desenvolvendo devagar, e oq me dá mais trabalho é Scisaac kskwksj aiai
E antes que fiquem confusos com a foto da mídia, vai ter uma cena explicando do que se trata e quem ele é rs Aproveitem ♥
Boa Leitura!
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*Como a barriga do Theo está agora. ♥
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Beacon Hills. (28/11/16) |Quinta-feira|
⏰|9:58 AM.|
Certas coisas nem sempre desaparecem como desejamos. As vezes podemos enterrar no fundo da nossa mente e nos dedicar as obrigações do dia a dia, amigos, família, batalhas. Mas ainda permanecerá lá mesmo que adormecido, não importa quantas vezes tentamos apagar. Memórias são imprevisíveis, podem vir a tona quando menos esperamos, como os sentimentos. Precisamos apenas de um gatilho.
Muitos acreditam que ignorar nossos medos, inseguranças, desejos e até mesmo sonhos. Podem os tornar menos insistentes. Para alguns essa opção é uma saída melhor, pode funcionar por um tempo, mas assim como o vidro se quebra com apenas um baque. Uma simples atitude pode acarretar inúmeras consequências que nos destrói. Principalmente para aqueles que julgamos não ser humano o suficiente.
Ser humano é se sentir mal, é se sentir furioso, é se sentir com medo até ser capaz de não se sentir mais assim. Mesmo quando tomamos decisões idiotas para proteger os outros. Para proteger o lugar onde vivemos. Viver sem arrependimentos é quase impossível, mas também é uma escolha se quiser que não seja assim.
Evitar é só mais uma maneira de fugir, e Scott estava disposto a isso esta manhã quando resolveu não levantar da cama. Era como se seu lençol fosse um novo sistema de invisibilidade. Talvez se continuasse lá imóvel, ninguém notaria sua ausência pelas próximas horas.
Era o que ele pensava até ouvir alguém batendo na porta de seu quarto. Ele bufou tentando ignorar mas foi em vão quando ouviu a mesma se abrindo em um baque um tanto alto.
— Scott! Não vai acreditar no que.. — Stiles se interrompeu brutalmente, adotando uma feição confusa ao encarar o amigo. O humano parou na ponta da cama com os braços cruzados. — Tá tudo bem? Parece que alguém atropelou você.. — Stiles deu um riso fraco pela piada, coçando a nuca meio sem saber o que fazer. O alpha bufou ainda em baixo das cobertas.
— Tô ótimo, Stiles. Vai fala, o que descobriu? — Scott sôou abafado, mas o humano deu de ombros resolvendo não enrolar e se sentou na beira da cama. Encarando o alpha meio incerto antes de prosseguir.
— Meu pai andou analisando alguns papéis antigos, e me disse que os pais daquele garoto sabem sobre a verdadeira natureza dele. — Stiles foi direto ao ponto, assistindo Scott sair do meio das cobertas aos poucos com a sombra de um olhar interessado e sonolento.
— O que dizia nos papéis? — Scott questionou e limpou um pouco a garganta ajeitando o corpo na cama. Stiles se esgueirou para mais perto dele.
— Basicamente, era um chamado na madrugada sobre o sumiço de um menino na floresta. — Stiles resumiu o máximo, gesticulando um pouco com sua costumeira empolgação. Scott o escutava atento, assentindo as vezes para cada palavra. — Quando meu pai foi analisar o corpo no necrotério, sentiu que conhecia o rapaz de algum lugar.. e então se lembrou desse ocorrido. E detalhe... — Stiles adotou um sorrisinho maroto ao ponderar. McCall arqueou as sobrancelhas em um movimento exagerado, pedindo para que o amigo continuasse. — Era Lua cheia nesse dia.
Scott piscou um tanto surpreso. Algumas peças se encaixando. — Mas então.. eles não são novos na cidade? — O alpha questionou franzindo a testa, parecendo ainda mais intrigado e confuso. Stiles logo negou. — Por que os pais iriam pedir ajuda da polícia sendo que poderiam ver o filho transformado? — Scott esfregou o rosto tentando afastar o sono. Stiles apertou os lábios analisando o amigo.
— Não foram os pais que acionaram a polícia. Parece que foi o vizinho que ligou na época, pois escutaram gritos e rosnados. E então relataram que viram o garoto saindo de casa correndo em direção a mata.. — Stiles explicou calmamente ficando pensativo, perdendo o foco por alguns segundos antes de sacudir a cabeça em repreensão. Ele precisava voltar a tomar os remédios para impedir esses desfoques em seus raciocínios. — Enfim. O ponto é: Alguém está sequestrando criaturas sobrenaturais, e torturando até a morte parece... — O humano murmurou em assombro, levando o olhar ao chão. Mas era nítida a revolta no rosto do garoto com relação ao que constatou. Scott suspirou encarando o melhor amigo, visivelmente cabisbaixo.
O alpha se ajeitou devidamente na cama, permanecendo em silêncio por alguns instantes, tentando organizar os pensamentos em sua mente recém desperta. Ele levou uma das mãos ao rosto, pressionando o indicador e o polegar contra os olhos em um ato um tanto irritadiço. A última coisa que queria no momento era se lembrar das cenas do dia anterior ou o que sentiu quando entrou no loft, e então. Se deparou com a estatura de Isaac descendo correndo as escadas mal o notando ali. As vezes McCall se odiava por sentir as coisas que sentia, ainda mais agora que precisava se controlar e ter foco para proteger aqueles que realmente necessitavam de sua total atenção. Ele bufou depois de alguns segundos, atraindo o olhar do Stilinski mais novo a sua frente.
— Scott.. — Stiles murmurou em um tom suave, atraindo os olhos castanhos do amigo que carregavam angústia. O moreno engoliu em seco. O humano levou uma das mãos para o ombro do alpha, dando um aperto leve no local. Seu rosto sério em preocupação. — Ontem você.. disse que precisava resolver algumas coisas.. — O garoto ressaltou ao se lembrar vagamente da conversa que teve com o amigo pelo celular. Certificando-se em ser cauteloso como há muito tempo não fazia desde que havia sido possuído. — O que aconteceu? — Murmurou, tentando transmitir segurança para o outro.
Scott permaneceu em silêncio por alguns segundos, apenas encarando a feição preocupada de seu melhor amigo. Ele umedeceu os lábios buscando as palavras certas. Estava dividido entre deixar a raiva o manipular, e contar tudo de uma vez ou em manter o ocorrido oculto um pouco mais. Era uma quantidade irritante de dúvidas logo pela manhã. O alpha negou com a cabeça ponderando por alguns segundos antes de levantar o olhar a tempo de ver a expressão meio impaciente do amigo. Scott bufou.
Chega de mentiras.
— Stiles.. — O alpha usou seu melhor tom calmo no momento, levando a própria palma para cobrir a mão do humano ainda descansada em seu ombro. McCall suspirou. — Você estava certo quanto as possíveis outras vítimas.. mas dessa vez.. tem alguém vivo. — Foi tudo o que conseguiu proferir, logo assistindo a expressão do outro mudar quase que no mesmo instante. Stiles arregalou os olhos levemente.
Seria uma longa manhã.
*
— Acha que ele vai contar? — Isaac perguntou em seu tom rouco naquela manhã. Depois de horas em um silêncio um tanto estranho, enquanto tomavam café. Ele se certificou em checar o humor de Derek antes de ir a diante. O beta parecia meio preocupado com sua habitual carranca, porém, quando direcionou o olhar ao Lahey, parecia disposto a ouvi-lo.
— Talvez... — Derek disse dando de ombros em um encolher leve, mas com a culpa notável carregada em sua voz. Os olhos pensativos encarando a mesa posta. Ele suspirou apoiando o rosto contra a palma da mão, brincando aleatoriamente com uma colher. — Eu devia ter dito a ele assim que tive chance.. — O Hale murmurou, esfregando o rosto em aborrecimento. Isaac apertou os lábios em uma feição compadecida. O mais velho não estava errado.
— As decisões não foram as melhores.. mas Deaton estava apenas cuidando do.. — Isaac tentou se lembrar do nome mas sua mente resolveu dar um breve branco em meio a frase. O cacheado franziu a testa negando com a cabeça. Derek direcionou o olhar a ele.
— Theo? — O Hale disse franzindo um pouco a testa, logo assistindo Isaac confirmar com a cabeça. O mais velho suspirou. — Ele já está ciente de algumas coisas. Espero que ele não surte com mais essa.. — Derek pediu em tom baixo enquanto pegava a xícara com o resto do líquido meio quente. O café desceu por sua garganta proporcionando uma sensação calmante antes de continuar. — Aliás, Adam ainda não sabe sobre?..
— Eu expliquei resumidamente para ele. Ficou chocado, mas de qualquer forma já está bem nervoso com a ideia de finalmente encarar o pessoal.. — Isaac coçou a nuca meio desconfortável, recostando as costas na cadeira em um movimento cansado. Levando brevemente o olhar para as escadas afim de checar se o coiote havia acordado, mas como o esperado. Nem sinal do mais novo. Derek seguiu o olhar de Lahey depois de alguns segundos distraído.
— Devia ter visto quando contaram ao bando sobre a criança.. — Derek deu um riso curto sem realmente achar graça. Isaac reclinou o canto dos lábios em um sorriso pequeno ao ouvir. — Quase que um colapso coletivo aconteceu..
— E você não ficou chocado? — Isaac sôou irônico arqueando uma das sobrancelhas, dando um riso anasalado ao imaginar a cena.
— Chocado sim.. mas também preocupado. E agora todos entendem o por quê. — Derek suspirou apertando os lábios em um sorriso débil fechado, observando Isaac assentir com uma expressão indulgente.
— Será que.. o que fizeram comigo, também aconteceu com o corpo? — O beta loiro questionou o que martelava em sua mente, logo apertando os lábios em leve apreensão. Os dedos batucando nervosamente contra a mesa. Derek dirigiu um olhar sério a ele, mas que ao mesmo tempo dizia tantas coisas.
— Provavelmente.. — Derek murmurou. — As coisas estão mais do que claras.. e não sou alguém que acredita muito em coincidências. — Afirmou com certo pesar ao finalizar. Isaac assentiu devagar, tendo que concordar com esse ponto. Em Beacon Hills os ocorridos dificilmente poderiam ser tachados dessa maneira.
Ambos trocaram um último olhar antes de deixar o silêncio se instalar por alguns minutos entre eles. Deixando-os a mercê de seus pensamentos, até alguns passos surgirem pelos degraus da escada.
— Fuso horário não é de Deus.. — Adam descia os degraus em passos preguiçosos em meio aos resmugos. Os olhos cansados meio entreabertos. Um beicinho manhoso pairava em seus lábios.
— Você nem acredita em Deus. — Isaac rebateu ao longe rindo baixo, lançando um olhar travesso em direção ao amigo que já se encontrava caminhando na direção deles. O cheiro de café incentivando-o a se aproximar ainda mais. Adam revirou os olhos em diversão.
— Provavelmente a primeira coisa inteligente que diz hoje, não é? — O coiote comentou em desdém e antes de puxar uma cadeira, depositou rapidamente um beijo na bochecha de Lahey em comprimento, ocasionando em um revirar de olhos carinhoso no beta cacheado. Derek piscou surpreso, alternando o olhar curioso entre os dois, franzindo levemente a testa a cada olhar. Lahey pareceu notar a confuso do mais velho, pois o direcionou uma feição confusa.
— O quê? — Isaac questionou parecendo verdadeiramente perdido. Adam analisou os dois por alguns segundos mas então, deu de ombros se sentando. Totalmente alheio a eles dessa vez, concentrado demais em comer seu pão com presunto.
— Vocês estão.. — Derek parecia realmente em dúvida, indicando cada um usando o olhar. Isaac logo arregalou um pouco os olhos azuis, negando ligeiramente com a cabeça.
— Não! Ele é um irmão pra mim. — O beta riu se explicando, alterando de maneira engraçada o tom de voz, ouvindo Adam se engasgar ao lado dele ao que entendeu a pequena situação. O coiote tinha um perceptível olhar divertido em meio às tosses.
— Tava demorando pra vim essa pergunta. — Adam riu baixo em provocação. Isaac bufou.
— Fica quieto vai. — O loiro disse em leve irritação e pegou mais pão, enfiando na boca do garoto francês que quase engasgou novamente. Derek revirou os olhos em um ato discreto. Esses dois dariam trabalho.
*
— Como as câmeras não nos pegam? — Deaton questionou realmente intrigado enquanto Melissa o guiava pelos corredores. A mulher literalmente se movia quase como um ninja, e o druida precisava acompanhar de um jeito ou de outro. Ela parecia ansiosa com algo. O alívio era nítido por conta de seu retorno. O veterinário estava ciente de algumas coisas, mas apenas entenderia de fato vendo com os próprios olhos.
— Me pergunto isso há anos, e não se preocupe. Sei o que estou fazendo. — Melissa assegurou em um murmúrio a medida que intensificava um pouco o aperto ao redor do braço do druida. Ela o fez vestir um jaleco qualquer para que ninguém reparasse muito neles, então precisavam se mover com naturalidade pelos corredores até certo ponto. O horário estava favorável para isso pelo menos.
— Não dúvido disso. — Ele murmurou levando seus olhos a analisar cada canto dos arredores, certificando-se de não encarar muito alguns dos médicos que passavam por eles. Depois de mais algumas salas e viradas durante o percurso, a iluminação foi ficando fraca ao adentrarem ainda mais os fundos do hospital. Melissa suspirou fundo ao se depararem com uma porta dupla conhecida bem por ela.
— Acho que.. você seria uma ajuda melhor para esclarecer algumas coisas. — Ela trocou um olhar suplicante com o outro antes de avançar e abrir uma das portas, deixando que Deaton entrasse primeiro.
A enfermeira se inclinou um pouco na porta, dando uma última olhada no lado de fora pela pequena janela circular. Se demorou ali por alguns segundos antes de se virar para encarar a figura um tanto perdida do druida. Ele estava em um interno debate de qual compartimento abrir, e a falta de luz no local também não ajudava. McCall bufou se batendo mentalmente.
— Compartimento de cima a direita. — Disse ela em tom baixo, mas Deaton ouviu perfeitamente. Logo assentindo ao longe em resposta.
O homem respirou fundo antes de abrir a trava, observando a porta de ferro do compartimento se abrir. Ele puxou sem delongas o corpo de dentro, abrindo o saco preto com a expressão neutra, mas não fez como os outros. Abriu o zíper quase até final, parando a cima dos tornozelos pálidos. Não se importando nenhum pouco com a nudez, pelo contrário, não disfarçou seu choque ao que viu os diversos hematomas e arranhões quase cicatrizados. Uma situação deplorável, levando em conta que ainda nem havia começado a analisar.
Retirou do bolso esquerdo do jaleco as luvas, colocando-as agilmente. Observando por onde poderia começar. Optou primeiro pelos braços, notando outros hematomas nas partes inferiores, as áreas escondidas se mostravam ser as mais judiadas. O druida franziu o cenho ao notar as minúsculas perfurações de agulhas espelhadas, mas também alguns furos arroxeados. Nitidamente não se preocuparam em procurar a veia com calma. O veterinário bufou em revolta pela situação a sua frente, mas continuou a inspeção.
Seus dedos passearam mais abaixo atentamente pelas pernas e depois quadril, até algo lhe chamar atenção. O homem franziu o cenho a medida que tateava as costas do corpo na altura do cóccix, erguendo de maneira dificultosa o cadáver para tentar ter acesso. Ele suspirou afastando-se um pouco para pensar, olhou pela sala em busca de algo. Melissa na porta o direcionou um olhar curioso, até o momento em que o druida se moveu rapidamente para pegar uma maca metálica deixada no canto da sala.
— Eu preciso por o corpo de bruços. — Disse Deaton em uma breve explicação para a nítida confusão no rosto da enfermeira. Melissa assentiu deixando que o outro fizesse o que fosse melhor. Eles ainda tinham tempo, e não poderiam desperdiça-lo.
Ele moveu a maca para perto da gaveta onde habitava o cadáver, colocando-a bem ao lado, checando para que não tivesse espaço entre elas. Abriu totalmente o saco espalhando o plástico preto pelas laterais, e suspirou concentrado. Contando até três mentalmente antes de puxar o corpo do rapaz, vendo-o cair na outra extremidade em um baque surdo, mas que assustou minimamente Melissa do outro lado do local ao assistir o movimento brusco. Ela soltou o ar que nem sabia está segurando antes de voltar a vigiar, no entanto, diferente dela. Deaton se assustou com outra visão diante de seus olhos.
Uma lesão que antes poderia se considerar em carne viva se não estivesse com as visíveis partes apodrecidas e um pouco do osso aparecendo. O druida engoliu em seco enquanto observava o ferimento aberto que lhe parecia bem familiar. Monitorou o mesmo em Isaac. Mas de alguma maneira aquilo tinha um aspecto diferente. Ele franziu a testa intrigado, bufando em frustração pela pouca iluminação antes de se recordar de uma mini lanterna velha em seu bolso da calça que para sua sorte ainda funcionava. Não tardou em pegá-la, focalizando na área desejada.
— Melissa.. sei que está ocupada aí, mas precisa ver isso. — Disse o druida em um tom tenso sem desviar os olhos do ferimento. A mulher assumiu uma postura um tanto defensiva em meio a curiosidade enquanto se locomovia para longe da porta, aproximando-se de Deaton, no entanto, não deixando de manter a feição profissional em seu rosto apesar de tudo.
— O que.. wow. — Ela não escondeu a surpresa quando seus olhos deram de cara com a ruptura apodrecida. Engolindo em seco, direcionou o olhar ao outro. — Eu não tinha visto.. — Murmurou um tanto horrorizada, raramente algo assim passada despercebido por ela. Deaton assentiu com um olhar tranquilo, como se dissesse está tudo bem. Ambos logo direcionaram a atenção para o corpo. — Me diz que sabe o que é isso..
— Sei.. — Disse o druida com uma expressão meio incerta, seus dedos determinados e olhos focados em analisar a área. — Mas parece que tentaram..
— Extrair algo? — Seu tom soara sugestivo, mas Deaton logo negou com a cabeça ainda sem devolver o olhar por mais alguns segundos. Ele suspirou ajeitando a coluna, mal notara está todo curvado. Seus olhos castanhos logo correram para o rosto de Melissa.
— Tá mais para colocar. — Respondeu arqueando as sobrancelhas levemente em constatação.
*
Scott já presenciou Stiles em pânico, frustrado, totalmente acelerado quando empolgado com alguma coisa. Ele poderia garantir que foram poucas as vezes em que viu o amigo tão irritado como agora. Ele se arrependia de ter dito? Não. Mas também temia que o garoto a sua frente explodisse.
— Mas eu vou matar aquele lobo azedo! — Disse Stiles praticamente gritando. Andando de um lado para o outro esfregando os cabelos algumas vezes. Seus batimentos alterados eram o som principal no quarto do alpha, juntamente com a respiração meio descompassada. Scott apertou os lábios para não dizer a primeira coisa que vinhesse a cabeça. — Como ele simplesmente esconde que Isaac está aqui e vivo! — O humano abriu os braços em indignação. Os olhos âmbar arregalados. Scott suspirou.
— Deaton achou que seria melhor por conta do..
— Ah, claro! Até porque se Isaac morresse era só não mencionar o nome dele, como se nada demais tivesse acontecido nessa maldita viagem, não é? — Stiles ironizou. Lançando um olhar cético na direção do outro.
Scott rosnou apenas em ouvir isso. Tensionando os ombros enquanto seus olhos castanhos analisavam o humano. Stiles não parecia notar isso e nem o modo como agia. Ocupado demais bolando seu futuro discurso mortal contra o Hale. Cujo era seu namorado que pelo visto não confiava nele nenhum um pouco. O garoto olhou para o teto buscando calma.
— Stiles.. — Murmurou depois de um tempo. Esperando o melhor amigo se acalmar. O Stilinski mais novo direcionou o olhar visivelmente frustrado a ele ainda um tanto aborrecido, mas parecendo disposto a ter um diálogo calmo, mesmo estando o oposto disso. O alpha se levantou da cama, caminhando na direção dele. — Ele vai reunir o pessoal possivelmente hoje para contar. Não sei como as coisas vão ser mas..
— Já sei. — Interrompeu o amigo de maneira irritada, levando os olhos para o chão, uma expressão meio derrotada. As mãos apoiadas na cintura em uma postura rendida e cansada. — Focar no que é importante.
— E escutar até o final. — Acrescentou em um tom duro, observando o outro o olhar de canto e assentir depois de alguns segundos ponderando. Scott bufou. Precisaria levar isso a sério tanto quanto pediu. — Não sei se realmente vai ser hoje, mas.. eu precisava dizer. Estão escondendo algo que pode nos ajudar a entender a causa dessas mortes..
— Uma morte e uma quase morte, na verdade. — Stiles ressaltou. Cruzando os braços antes de andar calmamente na direção do outro, sentando-se ao lado dele na cama. — Espero que seja hoje.. sei que está tudo uma bagunça. Mas podemos fazer o possível para que todos recebam a informação da melhor forma. — Disse em uma tentativa brusca em ser otimista. Scott concordou em um aceno fraco, mesmo que não muito convencido disso. Tentar era a única opção. — Ele não se lembra mesmo? — Sôou cauteloso dessa vez.
— Borrões, mas.. — Scott apertou os lábios se interrompendo, fechando os olhos com força por breves instantes. Logo os abrindo junto a um suspiro suave saindo de seus lábios. — Não vou enfiar as garras na nuca dele. Simplesmente não dá.
— Mas.. você já fez isso antes. Por que agora seria fatal? — Stiles não escondia sua confusão. Scott encarava os pés, por um segundo se perdendo em pensamentos. Algo em seu peito o dizia para não tomar essa atitude ainda. Talvez não entedessem pelo ponto de vista externo. Mas ele não conseguia ir contra os instintos, ou ignorar aquela voz dizendo baixinho de que algo poderia dar muito errado. — Ainda é mais seguro do que entrar em uma banheira cheia de gelo e esperar até os batimentos diminuírem ao ponto de você ser considerado um cadáver. — Escutou o amigo murmurar. Scott levantou o olhar.
— Ele ainda tem chance de se lembrar aos poucos, e não é que eu não saiba mais como fazer... — Scott encarou os olhos do outro, sendo transparente como há muito tempo não fazia. — A questão é o que posso fazer se.. eu deixar meus sentimentos no comando enquanto..
— Entendi.. — Stiles notou a dificuldade do alpha em continuar, e apenas assentiu devagar com um olhar acolhedor. Scott comprimiu os lábios desviando olhar.
— Eu não deveria.. fugir assim, mas.. — Ele umedeceu os lábios negando com a cabeça e fechando os olhos brevemente. — Eu só preciso pensar. — Saiu quase como uma súplica em sua voz.
Stiles apertou os lábios em uma linha, entendendo que essa era sua deixa para sair. O humano suspirou assentindo, deixando um aperto no ombro de McCall antes de levantar. Caminhando em passos calmos em direção a porta. Atravessando o corredor de cabeça baixa, observando seus pés descendo a escadaria.
Esses dias foram corridos e exaustivos, deixaria o melhor amigo refletir sozinho até terem alguma notícia. Mas até lá, que Derek o aguardasse. Stiles bufou já do lado de fora da casa, encarando a calçada meio pensativo por alguns segundos. Cerrando uma das mãos em punhos.
— Eu deveria ter sido intrometido. — Murmurou sozinho com raiva. Logo rumou para entrar no Jeep.
*
— Sério que não vai me deixar nem ajudar? — Reclamou Theo apoiado no batente da porta do quarto de hóspedes. Observando Liam sentado no meio do cômodo.
O beta estava cercado das peças de madeira do berço, ferramentas, a caixa até então vazia e esquecida no canto do ambiente. Liam ergueu o olhar, abaixando os ombros com um olhar repreendedor na direção do namorado. Ele retirou os óculos de leitura por um instante, largando o manual no chão perto de seus pés.
— Sabe o que aconteceu da última vez.. — Sôou calmo mas ao mesmo tempo em tom de aviso. Theo bufou fraco abaixando o olhar por alguns segundos para encarar os próprios pés.
Estava entediante no andar de baixo, e ele não parava de ouvir os resmugos irritadiços do namorado quando não conseguia entender como tal peça não se encaixava e caía em um baque alto contra o piso depois. As últimas horas se passaram com o beta enfurnado neste cômodo em uma batalha com um móvel. Theo não poderia simplesmente perder uma cena dessas.
— Eu não pretendo fazer esforço. — O chimera garantiu revirando os olhos carinhosamente, colocando as mãos no bolso da calça moletom a medida que se afastava do batente, adentrando e aproximando-se com calma do namorado que o analisava desconfiado e atento. — Só não quero deixar de ver você perdendo pra um berço. — Disse divertido, deixando um sorriso brincalhão passar por seus lábios. Liam fechou brevemente a expressão em uma cara emburrada.
— Uma peça ou duas se soltaram. Estou ótimo. — Garantiu com firmeza no final, agarrando irritado o manual novamente, colocando os óculos no processo. Theo riu fraco para esse costume. O beta poderia não ter mais os problemas básicos de um humano há muito tempo, mas os óculos uma hora ou outra acabavam voltando para o rosto dele. O chimera sentou-se devagar no chão de frente para o outro, descansando as costas contra a caixa vazia do berço apoiada na parede. Liam bufou direcionando o olhar a ele. — Por que inventam um negócio complexo desses? Podia ser só de encaixar e pronto. — Murmurou em um tom simplista, como se tivesse solucionado tudo.
— Não disse que estava ótimo? — Retrucou Theo com uma das sobrancelhas arqueadas em diversão, suas mãos logo foram de encontro a barriga, apoiando-as ali enquanto encarava o beta em uma posição confortável. Liam entortou o canto dos lábios em uma careta desdenhosa.
— Pelo menos a base para o colchão tá montada. — Liam comentou com um sorrisinho sugestivo e um encolher leve de ombros. Theo riu anasalado negando. Olhando para onde o beta indicou com a cabeça.
— A base veio montada. — O chimera afirmou sendo gentil, porém realista. Assistindo o namorado esboçar um beicinho quase tristonho em resposta. Os olhos azuis perdidos encarando as diversas peças e parafusos espalhados. Algumas coisas foram montadas, mas o mais novo não tinha ideia de onde cada peça ia. Theo observou o namorado um pouco, inclinando os lábios em um sorriso pequeno, decidindo reformular para encorajá-lo. — Mas você está indo bem. Apenas... — Houve uma breve pausa. Theo procurou rapidamente com os olhos o que queria pelo chão ao redor de Liam. O beta encarava o mais velho um tanto confuso mas esperou. — O soberbo vai naquele suporte mosqueteiro. — Ele disse e apontou para uma das peças que havia se soltado.
— Você tá me xingando ou?.. — Liam deu um riso nervoso, olhando ao redor meio perdido mas agarrou a peça que o outro havia indicado. Theo não conteu a risada brusca que escapou por seus lábios.
— O parafuso, idiota. Aquele atrás de você. — Disse o chimera indicando com o olhar. Liam arqueou as duas sobrancelhas em entendimento, finalmente localizando o parafuso médio. Theo negou com a cabeça rindo enquanto o assistia. O mais novo não tardou em encaixar as peças, formando a outra grade do berço. Analisando o breve trabalho com a feição um tanto abismada. Logo direcionou os olhos ao namorado.
— Como sabe o nome de cada coisa daqui se eu nem vi você olhando o manual?.. — O beta lançou um sorriso impressionado na direção do outro.
— Eu descarregava móveis lembra? As vezes eu me oferecia para montar as encomendas dos clientes quando ia deixar nas residências. — Theo se explicou resumindo, dando um meio encolher de ombros como se não fosse nada. — Aprendi na prática quando mentia dizendo que poderia montar. Foi um bom dinheiro extra. — Liam piscou ainda atônito. Um sorriso tolo se formando em seus lábios lentamente ao receber a informação.
— Então era isso que fazia naqueles dias em que se atrasava pro almoço.. — O beta concluiu, encaixando os pontos em sua mente. E isso de certo modo o fez sorrir ainda mais. Theo assentiu com um sorriso pequeno e simples. O chimera ainda não enxergava muito a importância de suas ações, mas o beta fazia questão de ressaltar a maneira como o mais velho sempre veio se esforçando para ajudá-lo ou conquistar o que queria. — Você fez isso pra me ajudar a pagar as contas.. — Liam murmurou lembrando-se subitamente do período em crise com as despesas. Theo assumiu uma postura acanhada ao escutar.
— Meu antigo chefe não era dos melhores com relação ao salário, mas eu tinha que te ajudar assim como fez comigo. — Disse o mais velho olhando brevemente pelo quarto, deixando sua mente vagar em pensamentos enquanto analisava o cômodo que antes já foi seu quarto. — Você me deu um teto pra morar. Era o mínimo que eu poderia fazer. — Afirmou mansamente, voltando a atenção para Liam em seguida a tempo de ver o beta se aproximando.
— Você é incrível. — Liam disse de repente ao que se sentou ao lado do namorado. Constatando que agora seria um bom momento para uma pausa. O chimera abriu um sorriso singelo, buscando uma das mãos de Dunbar para entrelaçar com a sua. — Sua esperteza ainda pode me impressionar, se sinta honrado. — Comentou em um tom divertido, assistindo o outro negar com a cabeça para o exagero do mais novo.
— Nem é pra tanto. — Murmurou fechando os olhos vagamente pela leve sonolência que lhe bateu. Theo estava conseguindo dormir a noite inteira sem interrupções nessas últimas noites, mas não importava muito, pois acabava dormindo eventualmente em algum lugar no período da tarde, e ele estava lutando contra isso nesse exato momento.
— Pode tratar isso como se não fosse grande coisa, mas você é foda por conseguir entender um manual desses e ainda por cima lembrar como se monta. — Liam usara um tom cansado, mas o outro notou a sinceridade dele de qualquer maneira. O beta tinha aquele olhar carinhoso e um tanto divertido em seu rosto. Theo virou a cabeça para encontrar os olhos dele. Uma das sobrancelhas arqueadas formando uma feição travessa. Liam esperou para o que vinha.
— Então, tenho permissão pra montar a cama do nosso filho? — Disse Theo não disfarçando a expectativa na voz, deixando um aperto na mão de Liam que riu fraco revirando os olhos. Ele logo negou devagar com a cabeça enquanto encarava o olhar pidão do mais velho, e se inclinou, capturando os lábios do outro em um selinho suave e demorado.
— Boa tentativa. — Disse o beta em um sussurro ao afastar seus lábios. Ambos rostos a míseros centímetros de distância. Theo suspirou murchando os ombros e apoiando a testa contra a do beta. Liam sorriu pequeno com o canto dos lábios. — Mas, pode me ajudar dizendo onde vai o quê. — Completou em tom claro que dizia Sem negociação.
Theo fingiu pensar.
— Aceito só por que você conseguiu confundir uma cavilha com um parafuso. — Não perdeu a chance de debochar, observando o beta franzir a testa em indignação e rir fraco.
Liam negou com a cabeça soltando um suspiro e afastando seus rostos. Suas mãos continuavam unidas, mas agora o mais novo encarava o chão com um ar pensativo, balançando o pé da perna esticada algumas vezes em inquietação. Theo parou um pouco para analisá-lo, inclinando a cabeça para o lado afim de atrair o olhar do outro, mas Liam parecia quase que completamente mergulhado em sua própria linha de raciocínio, desligando-se um pouco dos sons e movimentos exteriores. Theo suspirou, movendo devagar o polegar contra a costa da mão do mais novo. Ele gostaria de poder deixar Liam se resolver sozinho mentalmente. Mas era demais para seus novos instintos ignorarem.
Algo estava atormentando silenciosamente seu namorado, e ele queria saber.
— Você não tá aqui há horas só pra montar logo o berço, estou certo? — Disse Theo com toda delicadeza no momento. Sua voz era baixa mas ao mesmo tempo firme. E pelo visto essa maneira despertou Liam do breve transe, pois o beta logo ergueu a cabeça para encarar o namorado, parecendo despertar e voltar a si. Ele sacudiu a cabeça levemente assimilando o que o outro havia dito. Liam apertou os lábios com o olhar meio cabisbaixo.
— Não dá pra esconder nada de você, não é? — Ele murmurou.
— Assim como eu não consigo esconder de você. — Theo retrucou. Seus dedos firmando o aperto na mão do beta que devolveu o ato. O chimera suspirou. — Sei que você procura fazer várias coisas ao mesmo tempo nessa casa só pra se distrair. Manter a mente ocupada — Ele continuou. Virou um pouco o corpo sentando-se de lado. Liam levantou o olhar, deparando-se com aqueles olhos verdes a sua frente que o observavam com atenção. — Sabe que pode me dizer o que tá acontecendo..
— Sei eu só.. — Liam por alguns instantes abaixou a guarda. Parecendo derrotado. Theo franziu a testa em preocupação. — Scott não ligou.. ninguém deu mais notícias. — O garoto respirou fundo sentindo a familiar sensação pesada e meio sufocante no peito. Ele desceu quase no mesmo instante os olhos azuis para a barriga do outro, dando um meio sorriso mas que logo se dissipou. — Não sei se isso é bom ou ruim. — Confessou esfregando o rosto com a mão livre. — Eu não consigo dormir como antes.. meu lobo fica em alerta todas as noites, meu coração dispara com um simples barulho do lado de fora..
Liam mal notou durante o falatório seus olhos marejando levemente.
Theo piscou entreabrindo os lábios finalmente entendendo. Estavam ali. Todos os sentimentos reprimidos, a carga de uma paternidade inesperada. As próximas responsabilidades que viriam. Um possível perigo eminente se aproximando. O beta estava pondo tudo para fora.
— Eu fico pensando que vai aparecer alguma coisa a qualquer momento e machucar vocês. Levá-los pra longe de mim.. — Liam engoliu em seco tentando afastar o nó que se formou na garganta. Parecia que por agora não tinha controle dos próprios sentimentos. — Eu só.. eu só... — Eram demais para expressar.
— Você não tem que ser forte vinte e quatro horas por dia. Liam.. — Theo desvencilhou gentilmente suas mãos para segurar o rosto do outro, seus polegares se movendo lentamente contra cada bochecha. O beta carregava um olhar meio assustado, e cansaço também era nítido neles. — Eu vejo seu esforço todos dias, a maneira como tenta sempre se manter disposto por nós, como melhora as situações com apenas um sorriso e palavras.. você faz tudo não parecer um abismo. — Theo continuou, seus olhos nunca deixando o outro. — Não sufoque tudo o que sente.. isso é um caminho o qual não aconselho ninguém a seguir, principalmente você. — Theo disse em um tom baixo e calmo, vendo Liam assentir, mas ainda não havia terminado. — Já falei isso antes e vou repetir: sei que quer cuidar de tudo e de nós, mas não se esqueça que você é um só e precisa de descanso como qualquer outra pessoa. E também.. desabafar.. — Finalizou usando um tom um tanto duro, mas o garoto mais novo assentiu devagar. Não tirando a razão dele.
— Eu não queria que nada comprometesse a saúde de vocês. — Liam murmurou depois de um tempo. Parecia mais calmo e menos inquieto. — Ver você passando mal por conta do estresse e ansiedade.. meus instintos estão ainda mais intensos. Eu queria poder fazer mais pra você ficar confortável..
— E eu agradeço. — Theo respirou fundo compreendendo o lado do outro. Brincando com alguns fios curtos da nuca do beta. — Mas quando quiser falar alguma coisa.. fale. — Sentenciou o chimera apertando os lábios em uma expressão determinada, passando a segurança que o namorado precisava. Liam assentiu parecendo que finalmente poderia respirar direito, mas buscou uma das mãos do namorado novamente. — E também.. — O mais velho murmurou entre um suspiro, atraindo a atenção do beta. Theo deu um sorriso terno contido e logo guiou a mão do mais novo de encontro a sua barriga. Liam não demorou para sentir os chutes firmes contra sua palma. O beta esboçou um sorriso suave automaticamente, descendo o olhar para a saliência coberta pelo tecido da camisa. — Ele quer garantia de que o pai dele está bem, poderia dizer? — Theo usara um tom macio. Encarando a expressão tolamente adorável do outro. Os chutes haviam começado no momento em que Liam parecia está perto de um colapso nervoso.
Liam olhou rapidamente para os olhos do chimera antes de se inclinar para baixo. Levantando um pouco a camisa que cobria a área e depositando beijos suaves por ali carinhosamente. Os chutes davam intervalos breves, mas era algo mais agitado que a primeira vez. Theo sorriu singelo suspirando devagar concentrando-se na sensação. Pareciam bolhas de ar um tanto pesadas junto com leves cócegas dentro dele.
— Papai tá bem, meu amor. — Ouviu o beta murmurar, soara quase inaudível, como se o garoto mais novo estivesse em uma conversa particular. Theo sorriu para isso, acariciando os cabelos levemente compridos do beta. Para a sorte do mais velho hoje era um dos dias em que seus poderes se encontravam mais fortes e estabilizados. Era reconfortante não se sentir tão vulnerável como nos últimos meses. — O papai está só cuidando de vocês... mas obrigado por reconhecer. — Outro beijo foi depositado sobre a pele exposta. Theo riu anasalado em leve espanto ao perceber os chutes perdendo a intensidade gradativamente. A movimentação persistia, mas o bebê parecia estar se acalmando.
Theo beijou os cabelos do beta antes do mesmo ajeitar a postura novamente. Os olhos azuis cansados não pareciam mais aflitos. O chimera levou a mão ao rosto dele, acariciando a bochecha.
— Se concentre no fato de que estamos aqui ao seu lado e seguros. — Pediu enfatizando a última palavra em seu tom. Liam assentiu inclinando mais o rosto para o toque quente da palma do outro. Theo sorriu. — Eles vão acabar avisando eventualmente. Vamos apenas... esperar e.. aproveitar isso aqui. — Por um instante desviou o olhar do mais novo, observando a aparência do quarto por alguns segundos. Liam seguiu seu olhar fazendo o mesmo com um sorriso singelo.
— Tem razão.
*
— Você não lê livros por vontade própria. — Comentou Isaac meio estranhando a medida que terminava de descer as escadas. Sua testa franzida tornava sua feição um tanto engraçada.
Adam bufou uma risada olhando de canto o maior. O livro médio um pouco encardido firme em suas mãos. O coiote voltou a atenção para a página que não mudara há mais de duas horas. Isaac se aproximou devagar nesse meio tempo, sentando-se ao lado de Aubert no sofá. Derek havia saído para comprar algumas coisas. Era somente os garotos no loft desde então.
— Derek te emprestou esse? — Perguntou o cacheado em curiosidade enquanto virava a cabeça em sentido horizontal para tentar ler o título da capa. Adam apenas negou com a cabeça, a feição estranhamente séria demais. Isaac arqueou uma das sobrancelhas analisando-o. — Tudo bem?
— Sim.. só tá meio entediante aqui. — Respondeu Adam sem desgrudar os olhos do livro, as vezes firmando as mãos nele em um ato visivelmente nervoso, parecendo querer esconder algo entre as páginas que aparentemente lia. Ele não estava com aquele habitual ar descontraído.
— Você não me engana. — Disse Lahey em um tom rouco e cruzou os braços contra o peito. Adam murchou a postura desistindo, e então o maior viu o que tanto o coiote escondia. A ponta de uma foto com um papel meio amarelado devido ao tempo apareceu sorrateiramente em seu campo de visão. Isaac suavizou a expressão, começando a entender um pouco do que possivelmente se travava. — Desculpa eu não quis ser..
— Tudo bem.. uhm.. — Adam respirou fundo mantendo os olhos na foto por mais alguns instantes. Havia mágoa naquele olhos azuis. Isaac esperou pacientemente. O coiote virou o livro devagar, expondo a foto que era do mesmo tamanho que a página. Isaac se arrastou para mais perto do menor no sofá, tendo uma boa visibilidade da imagem. O beta observou com atenção.
— Esse é..
— Sim.. — Adam concordou de imediato, apertando os lábios em um fechado sorriso triste. Ele suspirou. — Esse era meu pai.
Um silêncio melancólico se instalou entre eles. Isaac por um momento não soube o que dizer. Seus olhos permaneciam na foto até então. Adam nunca se sentiu apto para falar sobre seu passado antes de se conhecerem. O garoto em sua juventude não muito distante, se assemelhava a um gato arisco. Tinha apenas dezesseis anos quando os pais foram mortos. Muitas tentativas surgiram, horas de passa tempo juntos e situações tensas em que precisaram proteger um ao outro até que finalmente o coiote viu uma brecha para se deixar confiar em Isaac. Mas o beta sabia muito pouco sobre a morte dos pais do garoto mais novo, na verdade. O próprio Adam não sabia com exatidão. E era isso que o atormentava.
— Ele.. parecia ser alguém bem divertido. — Disse Isaac depois de um tempo, observando Adam assentir com a cabeça lentamente. O canto dos lábios subindo um pouco para um sorriso desanimado.
— Sim.. ele era muito doido, e criativo. — O coiote comentou com leve nostalgia na voz. Os olhos fixos na foto. Um homem de cabelos longos e castanhos e uma barba nada pequena, encontrava-se abraçado a um cão branco na calçada. Ele sorria abertamente. Adam suspirou. — Essa foto foi quando ganhei um cachorro e minha mãe não queria ficar.. e então ele abraçou o animal e começou a implorar para ela no meio da rua.. — O coiote relatava entre leves risos. O dedo indicador deslizando pela borda da foto com carinho. Isaac apenas escutava atento, abraçando o menor pelos ombros gentilmente. — Foi a única foto que consegui pegar antes de fugir.
— Caçadores? — Isaac perguntou com cautela. Adam deitou a cabeça no ombro dele parecendo pensativo.
— Aparentemente. Quando cheguei em casa... apenas encontrei balas com acônito espalhadas pelo chão junto com o cheiro de sangue fresco no ar.. — O menor fechou os olhos com força, ignorando a todo custo o nó querendo se formar na garganta. Isaac o apertou mais, buscando a mão livre do mesmo para segurar. - Os corpos tinham sumido.. — Ele deu de ombros cabisbaixo. Negando com a cabeça depois de alguns segundos. — Desculpe por falar disso..
— Não se desculpe.. — Isaac murmurou com seus olhos ainda fixos na foto. - As vezes só precisamos por tudo para fora.. — Acrescentou. Adam assentiu concordando silenciosamente, mas em seguida. Levantou devagar a cabeça do ombro do outro para poder encara-lo. Isaac devolveu o olhar no mesmo instante.
— Você realmente queria que eu ficasse na França? — Perguntou o coiote, não parecendo magoado propriamente. Apenas curioso mesmo que carregasse um olhar machucado, os olhos marejados. Isaac suspirou fraco.
— Antes me parecia a melhor opção. — Confessou sem ponderar, encarando o mais novo com um olhar acolhedor. — Mas repensei. Não faria sentido deixá-lo no lugar onde me levaram, e eu não ficaria tranquilo de qualquer forma... — Isaac disse expondo sua sinceridade o máximo mesmo que o coiote a princípio soubesse. O beta ofereceu um sorriso pequeno a ele. — Se não estamos seguros em lugar nenhum, pelo menos juntos temos que nos garantir.
Adam sorriu minimamente voltando a deitar a cabeça no ombro do maior.
— Acho que é assim que um bando funciona, não é? — O coiote perguntou inocentemente em um tom casual. Isaac permaneceu em silêncio por alguns segundos. Algumas memórias voltando a sua mente sem controle, nada que já não o tenha assombrado antes, apenas as raras lembranças boas de sua época em sua cidade Natal com o pack. Ele maneou a cabeça para o lado levemente em concordância.
— Com certeza. — Murmurou calmamente, levando a mão direita para os cabelos castanhos do outro. Adam se aconchegou mais nele. — Sempre protegemos aqueles que são importantes para nós.. — Garantiu com o olhar distante.
°°°°🐺°°°°
Os carros passando em um ritmo calmo pelas ruas, pessoas cuidando de seus afazeres e seguindo o rumo desejado pelas calçadas. Despreocupados demais e seguindo sua vida cotidiana. Todos cuidando de suas existências. Esse era o privilégio básico para quem não precisava está fugindo e que muito menos tinha conhecimento dos segredos que este mundo com diversos lados ocultava.
A rua principal em frente ao prédio com mais de dez andares, mostrava-se tranquila e um tanto deserta naquela tarde fria na França. Até um carro preto de design simples se aproximar. Estacionando a uma quadra de distância. Os vidros escurecidos pelo fumê. Era algo que passava estranhamente despercebido pelas pessoas.
— Ao meu sinal. — Um dos homens com trajes formais dentro do veículo informou pelo walkie-talkie. Logo outro homem dessa vez com roupas simples que encontrava-se perto da entrada do prédio, recebeu a ordem. Dando um aceno mínimo com a cabeça.
Se passou mais dois minutos. A movimentação fraca do lado de fora estava a favor deles. Havia um mini monitor dentro do carro por onde podia checar as câmeras de segurança da recepção, as imagens em seu clássico preto e branco mostrando as poucas pessoas entrando e saindo, logo o guarda sentado no balcão se retirou, indo ao banheiro como presumiram. O cara levou o walkie-talkie a boca novamente.
— Pode subir, e lembre-se das ordens. Quando entrar lá, mate-o. — Disse duramente. Seus olhos acompanhando os movimentos de seu colega de trabalho.
— Entendido. — Respondeu sem hesitar. Logo os leves chiados cessaram.
Um notebook foi aberto, mostrando na tela uma aba aberta com um fundo preto e letras em tom verde neon. O homem digitou agilmente no teclado. A feição concentrada e profissional, os olhos atentos e sem piscar. As câmeras do local não demoraram a desativar. Ocasionando um sorrisinho satisfeito no rosto do ex-militar.
[...]
Os passos precisos e determinados atravessavam os corredores do décimo quinto andar. Os olhos analisando tudo ao redor com um olhar calculista. Um cinto coldre bem preso na cintura habitava uma pistola carregada. O cheiro leve de acônito poderia ser captado das balas.
Alguns empregados passavam rapidamente mas estavam ocupados demais para dar importância. Ele desviava de todos casualmente.
Não demorou a encontrar a porta. O número desejado habitava a madeira branca. Ele levantou o canto dos olhos brevemente. Olhou para os dois lados checando. O corredor estava totalmente vazio e sem sinais de possíveis novos movimentos.
O homem se voltou para a porta novamente. Respirando fundo antes de posicionar o corpo e levantar a perna, metendo um chute certeiro na madeira que logo arrebentou, caindo quase estilhaçada para o lado de dentro. Ele adotou um olhar satisfeito antes de entrar.
A arma em seu cinto foi logo agarrada, segurando-a firmemente. Apontou para todos os lados pronto para o que viria, mas então franziu o cenho. Concentrou-se para escutar bem algum mínimo barulho, porém, o silêncio prenominava naquele ambiente. O homem bufou irritado.
Não havia ninguém.
Pegou o walkie-talkie do bolso bruscamente em irritação, apertando o botão para alertar o colega do outro lado. Logo recebeu a confirmação de está sendo ouvido.
— O que aconteceu? Já matou ele? — Soara ansioso. O cara bufou.
— Não tem ninguém aqui. Ele pelo visto se foi e não do jeito que a chefe gostaria. — Murmurou no final enfatizando. Um praguejar enraivecido sôou do aparelho em mãos. Ele esfregou o rosto. - Me diz que o laboratório se certificou em colocar a quantidade exata da substância nele?
— Claro que sim. Garanto que o item não lembra de está na base. — Houve uma breve pausa antes de outro praguejar irritado soar. — Mas adoraria ter acabado com ele..
— E eu? Estava no clima para a diversão começar. — Disse indignado. Brincando com a pistola agora travada com uma das mãos. O homem bufou. — Estou voltando. — Anunciou e logo abaixou o aparelho. Dirigindo-se até a saída.
Passou por cima da porta estilhaçada como se não tivesse sido o causador do estrago. Iniciando o trajeto pelo corredor de forma despreocupada.
Ele apenas não reparou na pequena luz vermelha piscando constantemente no canto do teto no final do corredor. A única câmera que não fora desativada. É, as vezes sistemas podem falhar.
~~~~x~~~~
Eai meus puppies, o que acharam? Estão gostando?
Quero por o Adam num potinho ><
E o baby Thiam a cada dia mais esperto AAAAAAAA sei que devem está pensando "pqp 3 meses ainda?" I know, tá demorando mesmo mas só digo uma coisa. Esperem até o cap 29 hehe
↓ AVISO ↓
Estão falando sobre um site que está plagiando as contas dos usuários aqui do Wattpad e roubando as histórias, não sei direito como vão resolver isso mas espero que logo. Se virem alguma história minha em algum outro site, por favor, não entrem! Você pode sofrer um ataque virtual e ter seus dados roubados!
Peço que quem também publica histórias, deixe um aviso!
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