Dias depois...

/ Jungkook /

- Você não vai colocar uma venda em mim? Ou algo do tipo? - Perguntei observando minha namorada puxar o cinto de segurança.

- Não, você já sabe para onde estamos indo. - Ela diz, quase amarga enquanto gira a chave do carro e acerta a marcha.

- Ótimo, porque seria uma pecado não poder observar o quanto você fica sexy nesse vestidinho vermelho enquanto dirige meu carro.

O canto de seu lábio se levanta em um sorrisinho safado, mas ela não olha para mim, mantendo os olhos atentos enquanto saímos do estacionamento da Universidade.

Hoje é o meu aniversário, e como um grande estraga prazeres, acabei arruinando o plano de Lalisa e meus amigos em fazer uma festa surpresa. Percebo que ela ainda está um pouco irritada por ter falhado, assim como falhou com sua surpresa quando havíamos completado cem dias juntos. Inclusive citei isso em tom de brincadeira mais cedo, e ela não parecia ter gostado nenhum pouco.

- Prometo que vou fingir que não sei de nada. - Cruzo os dedos, a fazendo revirar os olhos.

- Você é um ridículo.

- Ridículo? - Uso um tom ofendido.
- Você não disse que eu era ridículo quando estava embaixo de mim...

- Nem pense em continuar, Jeon Jungkook! - Ela suspira desacreditada. Rio vendo suas bochechas corarem e me inclino até ter meus lábios rentes a seu ouvido.

- Você devia ver o quão linda você fica quando se contorce e...

- Eu juro que vou bater em você! - Ela exclama, quase ofegante e eu volto para o meu banco rindo baixinho.

Minutos mais tarde estamos entrando na casa do meu irmão, se eu posso chamar esse lugar de casa, porque é tão grande quanto a mansão Jeon. Meus amigos, sobrinhos, e até mesmo meus avós estão ali, cantando o parabéns em coro assim que eu entro.

Apresento Lalisa aos meus avós e de cara minha avó se apaixona por ela. Sinto um aperto no peito quando imagino se as coisas com minha mãe tivessem sido diferentes.

A noite ocorre bem, as mulheres acabam se afastando e se reunindo em um canto, fazendo comentários entre elas ou rindo enquanto nós homens nos reunimos sala de estar.

- O que vocês planejam fazer depois da faculdade? - JungHyun pergunta enquanto bebe um gole da sua cerveja.

- Quero ser juíz. Vou trabalhar por um tempo na área jurídica e depois me candidatar a uma vaga em concurso público, vai demorar alguns anos, mas acho que vai valer apena. - Jimin murmura antes de virar todo seu copo de uma vez.

- Planos com a Rosinha? - Taehyung, o namorado de Jennie, pergunta sorrindo lentamente.

- Apenas eu posso chamar minha Rosé de Rosinha. - Jimin reclama balançando a cabeça e todos nós rimos. - E não, nós dois estamos apenas deixando o tempo levar.

- Bom, minha Jen e eu temos planos para o futuro. - Percebo que Taehyung já está um pouco bêbado quando começa analisar sua namorada do outro lado da sala. - Vamos viajar pelo mundo quando ela terminar a faculdade.

- E você, Jungkook? - Meu avô pergunta interessado.

- E eu o quê? - Finjo estar distraído com minha bebida e uma série de vaias me acomete. - Qual é?

- Quais são seus planos para depois da faculdade e com Lisa? - Jimin questiona curioso.

Penso por alguns segundos.

- É segredo.

Os homens soltam suspiros desacreditados com minha resposta, mas ignoro enquanto penso sobre os meus planos com Lalisa em silêncio. Olho em direção ao canto que as mulheres estão, mas não encontro minha menina.

- Eu já volto. - Murmuro deixando a sala e os homens discutindo levemente bêbados entre si.

Ando pela casa em busca de Lisa, imaginando que ela apenas foi ao banheiro. No caminho trombo com meus sobrinhos correndo pelo corredor.

- Tio Jungkook! O Jeongwoo disse vai enterrar o Fofucho no quintal! - Junghwan diz correndo até mim, segurando um coelho de pelúcia praticamente do seu tamanho enquanto Jeongwoo vem atrás.

- Isso é mentira!

- Não, é não! Tio, ele não vai enterrar o Fofucho, né?

- Não, Junghwan. Ele não vai enterrar o Fofucho. - Tranquilizo o garotinho bagunçando seus cabelos. - Vocês viram a tia Lali?

Jeongwoo limpa a garganta, como se dissesse algo em silêncio para o seu irmão, que aperta o coelho nos braços. Suspiro e me abaixo até estar na altura de Junghwan.

- Eu prometo que nada vai acontecer com o Fofucho, Junghwan. - Estendo o mindinho para ele em um gesto de confiança e ele sorri antes estender o seu, entrelaçando os dois.

- A Tia Lali está no jardim dos fundos. 

Ele então sai correndo na direção oposta a que o irmão está, como se estivesse escapando. Levanto-me ajeitando as mangas antes de olhar para Jeongwoo, que permanece com bico irritado nos lábios.

- Algum problema, amiguinho?

- Não sou seu amigo. - Ele solta os braços ao lado do corpo e infla o peito. Me contenho para não rir.

- Isso é uma pena, Jeongwoo, mas tudo bem. - Ajeito o colarinho e dou as costas. - Ainda continuo sendo o preferido da Lali.

Vejo de relance o garoto dar as costas e sair batendo os pés, por isso tenho que fazer um esforço louvável para não rir e continuar o meu caminho.

Atravesso as portas de vidro dos jardins dos fundos, sendo recebido pela brisa fresca da noite e os sons dela, o lugar é muito amplo e o chão está coberto por algumas pétalas de flores por causa da chegada da primavera, a folhas das árvores balançam suavemente com o vento, é quando vejo minha menina ali em cima, sentada em silêncio.

- Uma gatinha em cima da árvore? - Brinco colocando as mãos nos bolsos e me aproximando, ela desvia o olhar para mim, sorrindo literalmente como uma gatinha.

- Estou tentando ser simbólica.

Deixo meus sapatos sociais ao pé da árvore e subo até estar de frente para Lalisa, que abraça os próprios joelhos enquanto me analisa em silêncio.

- Queria me ver? - Pergunto me aproximando mais um pouco.

- Queria ficar as sós com você um pouquinho. - Ela sorri timidamente antes se aninhar em meu peito feito um bebê.

- Eu também queria. - Toco seu queixo e beijo seus lábios grossos e convidativos, segurando seu rosto ao tocar sua língua com a minha.

Seguro a cintura de Lisa até que ela esteja quase sobre meu colo, seus dedos acariciam e dão leves puxadas em meus cabelos, me fazendo morder seu lábio inferior algumas vezes. Deixo três rápidos selinhos em seus lábios rosados antes de me afastar.

- Isso é covardia. - Ele quase geme.

- Sim, é muita covardia da sua parte estar usando esse vestidinho provocante e me beijar dessa forma em cima de uma árvore.

- Bobo. - Ela bate de leve em meu ombro e eu rio baixinho.

Ficamos abraçados em silêncio por alguns longos minutos, apenas aproveitando nossas carícias sendo trocadas ao som da noite.

- Eu te amo. - Lisa sussurra em meu ouvido e eu mordisco a pele de seu pescoço branco, estando tentado a não marcá-lo aqui e agora.

- Eu te amo mais. 

Percebo que a lua aparece entre as nuvens quando sua luz ilumina a expressão de prazer no rosto de Lisa quando volto beijar seu pescoço e sigo para sua boca novamente, mordiscando seu lábio inferior e em seguida o superior, apenas para tomá-los outra vez.

Um suspiro pesado escapa de seus lábios quando pressiono os dedos em sua cintura, descendo pelas curvas suaves até chegar ao seu quadril apenas para colar meu peitoral ao seu.

Lisa sorri durante o beijo, provocando-me a sorrir também, suas mãos tocam meu rosto enquanto suas unhas arranham gentilmente minha nuca, subo as mãos novamente até que elas toquem seus braços nus. Ela suspira novamente.

- Acho que estou tonta. - Ela murmura ao se separar um pouco ofegante e eu me contenho para não rir de suas bochechas coradas e lábios inchados.

Ela fica simplesmente perfeita assim.

- O efeito que causo sobre você é tão grande assim? - Não consigo deixar de me gabar.

- Sim, assim como a sua arrogância. - Ela zomba jogando os cabelos para trás e se abanando, aparentemente com calor.

- Com calor, querida? - Sorrio safado.

- Sim. - Ela murmura ainda se abanando.

Inclino-me sobre a curvatura de seu pescoço, afastando seus cabelos e assomprando em seu pescoço, não perdendo, claro, a oportunidade de me aproveitar da situação e lamber a concha de sua orelha. Ela estremece e sua mão estapeia meu braço.

- Eu deveria desconfiar. - Reclama e eu me afasto rindo.

Seu olhar amargurado desvia-se para o céu, e eu posso ver o reflexo da lua cheia em seus olhos amendoados, um sorriso de admiração brota levemente em seus lábios.

- A lua está linda essa noite. - Ela admite em voz baixa.

- A lua é linda, né?

- Sim, ela é. - Lalisa parece maravilhada.

Seguro suas mãos, desviando sua atenção novamente para mim, nossos olhares se encontram e eu sorrio antes de começar a falar.

- Você sabia que os japoneses não costumam dizer "eu te amo"?

Ela arqueia as sobrancelhas.

- Não?

- Não, eles são muito reservados, então não costumam dizer. - Brinco com o anel em seu dedo, o mesmo que a presenteei quando finalmente assumi que ela já tinha meu coração. Volto minha atenção a seus olhos.
- Quando o escritor Natsume
Soseki era professor, ele pediu a seu aluno para traduzir algo como lição de casa. Quando o estudante traduziu "eu te amo" para o japonês, traduziu palavra por palavra. Como os japoneses não costumam dizer isso com frequência, Natsume achou melhor que ele traduzisse como "A lua é linda".

Os olhos de Lisa lampejam e um suspiro surpreso parece escapar dos seus lábios.

- Quando lhe disse isso pela primeira vez, estávamos em cima de uma árvore assim como agora. Para você significou apenas um elogio a lua, mas na verdade era algo que eu queria muito dizer, mas não tinha coragem suficiente.

- Jungkook... - Ofegou. - Isso é tão lindo! Eu que deveria lhe surpreender no seu aniversário, não você.

Dou um meio sorriso.

- Você me surpreende todos os dias. Ainda não sei como posso ter tido tanta sorte em ter te conhecido.

- Acho que ambos tivemos sorte. - Sorri.

- Definitivamente.

Abro meu braços para envolvê-la quando sua cabeça encosta em meu ombro e seu nariz roça levemente meu pescoço.

- Diga que me ama. - Exijo em seu ouvido e ela se separa para poder olhar nos meus olhos.

- Eu amo você. - Ela obedece com seu sorriso reservado apenas para mim, se reencostando em meu peito mais uma vez para que eu a abrace.

Dessa vez não peço para ver os olhos dela. Não preciso mais ter a certeza de que isso é real e de que ela é real.

Enquanto meu coração continuar batendo, saberei que é real.

Ponto final.