Capítulo 48: 'Concertar'
/ Jungkook /
- Querida? - Chamo-a pela terceira vez, dando leves batidas na porta de seu dormitório. - Abra a porta, por favor.
Já fazem dois dias que não vejo o rosto de Lalisa, apenas recebo breves mensagens dela dizendo que está bem, mesmo quando sei que não está. Porém minha paciência esgotou, e não sei do que serei capaz se não vê-la agora.
Junto as mãos, colocando-as em frente ao rosto e fechando os olhos em um suspiro cansado.
- Lalisa Manoban, abra essa porta ou eu...
Ouço o barulho da chave sendo girada e a tranca sendo aberta, inevitavelmente fazendo meu coração acelerar em antecipação.
A porta se abre, revelando o rosto abatido de Lalisa, seus olhos inchados e opacos, além anormal palidez em seu rosto levemente bronzeado.
- Deus... - Murmuro avançando, colocando minha mão sobre sua testa. - Você está fervendo!
- Estou um pouco doente. - Ela diz rouca. - Você não precisava vir, estou bem.
- Achei que já tivéssemos esclarecido isso, Lalisa. - Entro em seu dormitório sem ser convidado. - Meu dever é cuidar e proteger você. E você não está bem!
Caminho com passos duros até a cozinha, notando a pia limpa e o cômodo parecendo intocado.
- Você comeu algo hoje? - Pergunto autoritário.
Ela nega discretamente, talvez pensando em mentir, mas sabendo que eu acabaria descobrindo mais cedo ou mais tarde.
- Vou encomendar uma sopa então, você quer de frango ou carne?
- Não estou com fome.
- Carne, então. - Declaro sem olhar para ela, fazendo o pedido pelo celular. - Você está com febre? Tomou remédios?
- Da última vez que vi, 39 graus. - Ela murmura, parecendo tonta. - Preciso me deitar.
Ando apressado até Lisa antes que ela desmaie de exaustão, coloco as mãos em seus ombros, tentando mantê-la em pé enquanto caminhamos até seu quarto. Ela se deita na cama como se a caminhada tivesse sido um tanto árdua e cansativa.
Seus olhos se fecharam por alguns segundos, como se ela tivesse caído em um sono profundo. Me aproximo, tocando em seu rosto com as costas das mãos, trazendo sua cabeça para meu peito, ela então parece despertar.
- Você está queimando de febre, Lis. - A tomo em meus braços, a levando para o banheiro.
- O que está fazendo? - Ela pergunta, sonolenta e confusa. - Você não deveria ficar tão perto de mim, vai ficar doente também.
- Precisamos abaixar sua temperatura, você precisa de um banho de água fria. E apenas duas coisas: Um, eu não me importo em ficar doente por cuidar de você. E dois...o mesmo que um. - Respondo entrando no banheiro.
A coloco no chão com cuidado, a despindo agilmente, mas tentando ser delicado. Abri o registro do chuveiro e deixando a água o mais gelada possível, mas já deveria saber que Lalisa recuaria assim que sentisse a água.
- Está muito gelada. - Ela reclama, se afastando até se chocar contra mim.
- Precisa estar gelada para abaixar sua temperatura.
- Não vou conseguir suportar.
- Vai, sim. - Respondo áspero, apertando seus ombros e a empurrando delicadamente para debaixo da água.
Ela se encolhe imediatamente.
- Isso é insuportável. - Ela geme, me fazendo suspirar. - Faz isso porque não é você que está aqui.
Cerro a mandíbula por um instante e jogo os sapatos para longe, tiro a camisa pelos ombros, caminhando até o box usando apenas a bermuda. Estremeço assim que sinto um pouco da água gelada respingando em mim.
Pego a esponja de banho e o sabonete líquido, virando seu corpo para ver suas costas, esfregando-as cuidadosamente. Lalisa fica alguns segundos em silêncio, como se estivesse absorvendo o momento.
- Por quanto tempo precisamos ficar aqui? - Ela pergunta, tremendo.
- Uns dez minutos, se sua temperatura não abaixar, irei te levar ao hospital.
- Está bem. - Ela murmura, como se finalmente estivesse aceitando minhas ordens.
Massageio seu corpo inteiro com a esponja e a espuma, tomando cuidado para nada se tornar desconfortável entre nós. Pego seu shampoo com cheiro de baunilha, esfregando seu couro cabeludo.
O silêncio entre nós é ensurdecedor, sua respiração é ritmada enquanto eu cuido de seus cabelos.
Não gosto de vê-la assim sabendo que há vários pensamentos a assombrando e que eu nunca vou conseguir fazer o suficiente para a fazer melhorar. Me culpo por não estar aqui com ela desde o início, talvez assim ela não estivesse doente.
- Lisa. - Murmuro baixinho, beijando sua têmpora. - Por favor, pare. Você está me matando assim.
- Desculpe. - Sua voz soa embargada.
Aperto seus ombros e a viro para mim, vendo seus lábios tremendo, como se ela quisesse chorar, mas não se permitisse a fazer isso mais uma vez. Coloco minhas mãos em seu rosto, checando sua temperatura mais uma vez.
- Acho que está melhorando, vou ver se a sopa chegou, termine seu banho. - Me afasto do box, mas sua mão molhada envolve meu pulso antes que eu saia.
- Você volta? - Ela pergunta, seus olhos apresentando um lampejo triste e desesperado. Sorrio para ela, tranquilizando-a.
- É claro que volto. - Garanto.
Saio reluntante do banheiro, esperando que Lalisa não esteja chorando agora por querer segurar e manter sua pose indestrutível na minha frente.
Até mesmo as mulheres mais fortes as vezes precisam da alma de um super homem.
(...)
- Você precisa comer. - Repito, vendo Lalisa torcer o nariz outra vez enquanto olha para sopa. - Coma. - Ordenei dessa vez, frustrado.
- Já disse que não estou com fome. - Ela cruza os braços.
Suspiro, a encarando do modo mais sombrio possível, vendo-a se mexer desconfortável na cadeira.
- Posso fazer isso o dia inteiro, Lalisa. Mais cedo ou mais tarde você vai comer a sopa, nem que eu tenha que enfiá-la em sua goela abaixo.
- Você é tão romântico. - Resmunga.
- Posso ser romântico o tempo que você quiser, mas depois que melhorar, por isso você precisa comer a sopa, entendeu?
Ela pareceu pensar um pouco, entretanto decidiu "aceitar" a sopa. Torceu o nariz na primeira colherada, mas se manteu calada até a metade da tigela estar vazia, então a empurrou em minha direção.
- Continue, ainda não acabou. - Aviso.
- Não.
- Apenas mais três colheradas. - Pedi.
- Uma.
- Duas.
Ela revira os olhos, dando duas colheradas rápidas e de má vontade, balanço a cabeça para minha menina difícil.
- Pronto. - Ela empurra novamente.
- Serve. É melhor você ir descansar um pouco.
Ela se encolhe um pouco e morde os lábios, como se pensasse se deveria dizer algo ou não.
- Você vem comigo? Não quero ficar sozinha. - Ela diz baixinho. Não sei se a coloração levemente avermelhada de sua pele é porque ela está corando ou porque os pequenos cuidados já estão fazendo efeito em seu corpo fraco.
- Tudo bem. - Acho que não haveria outra resposta além dessa.
Ela segura minha mão enquanto vamos para o quarto, mantendo-a unida a minha quando nos deitamos na pequena cama de solteiro.
- Não quero que você fique doente também, talvez você devesse ir. - Ela repensa.
- Está tudo bem, quero ficar com você. Descanse um pouco, vou estar aqui quando você acordar.
Ela cai rapidamente em um sono profundo, como se não estivesse dormindo a dias. O sono pesado faz com que ela não note quando mexo em seu cabelo semi-úmido pelo banho, o acariciando de leve e sentindo seu cheiro de baunilha.
Pressiono os lábios em sua têmpora enquanto checo sua temperatura outra vez, sentido como se cada centímetro do meu corpo estivesse sendo consumido pelo calor.
Nessa cama pequena, sinto que não há lugar algum no mundo que seja melhor que aqui, do lado dela.
(...)
Acordo sozinho na cama de Lalisa. O dormitório está em um repleto silêncio e escuro, apenas uma luz fraca brilha no final do corredor, provavelmente da cozinha.
Levanto-me rapidamente da cama ao pensar que Lisa pode estar se sentindo mal e ando apressado até o cômodo, sentindo uma onda de alívio tomando conta quando eu a vejo sentada próxima ao balcão, apenas tomando um copo de água.
- Você está bem? - Pergunto um pouco ofegante.
- Estou melhor. - Ela murmura, dando mais um gole na água.
Me aproximo para sentar ao seu lado, porém ela permanece em silêncio, com os olhos perdidos na cozinha enquanto balança os pés de um jeito leve e inquieto. Não poder saber o que passa por sua cabeça está me matando.
- Lee JiEun esteve aqui ontem. - Ela solta de uma vez, sem olhar para mim.
Enrijeço, sentindo minha garganta se apertar enquanto busco palavras para responder.
- O que ela...?
- Ela me disse o que você fizeram, juntos, a noite, depois do baile. - Ela murmura, olhando para o restante de água no copo. - Ela não poupou detalhes.
A lufada de ar que deixo escapar é desacreditada com uma mistura de irritação. Deus, ela vai pagar tão caro.
- Lalisa...
- Eu entendo. - Engole em seco. - Não posso culpar você, você não sabia a verdade, mas... - Se vira para olhar em meus olhos. - Como você se sentiria de soubesse que transei com outro cara quando você estava fora?
Rosno. - Homicida.
- Então, por favor, não me culpe por isso. - Ela pede, a voz carregada de sentimentos. - É difícil pensar nisso, mesmo depois que tudo que eu fiz, eu...sei lá, me guardei pra você, talvez com esperança de que um dia isso tudo não passasse de um pesadelo e então pudéssemos ficar juntos. É idiota, eu sei, mas faria tudo isso de novo.
Algumas vezes, na vida, temos que ouvir palavras difíceis, que podem nos machucar a ponto de se compararem a dor física. Essas palavras costumam doer ainda mais quando vem de pessoas que você ama.
- Você não tem culpa. - Balanço a cabeça. - Eu estava bêbado e irritado, e sei que isso não justifica o que eu fiz...
- Jungkook...
- Eu pensei que você me via como um amigo, porque sempre estava fugindo de mim, fiz aquilo pra tentar esquecer você, mas sabemos que isso nunca vai acontecer completamente. Porque mesmo depois de tudo, eu acabarei voltando pra você de novo, de novo e de novo.
- Você não tem culpa. - Ela aperta meus punhos, como se quisesse me calar.
- Eu fui um idiota, Lisa. Fui embora aquela noite sabendo que aquela seria a última tortura pela qual teria que passar, ela não era você, foram os piores minutos da minha vida.
Seus olhos estavam marejados enquanto analisavam os meus.
- Você tem meu coração, nada vai tirar isso de você. Uma noite não vai mudar isso, apenas reforçou que nada no mundo se compara a você. - Meus lábios tremem. - Você é única pra mim, por favor, não me deixe.
Ela se lança sobre mim, envolvendo os braços em torno do meu pescoço e me apertando contra si, meu peito carregado angústia é invadido por um pouco de alívio.
- Nada vai mudar, nunca cheguei a pensar nessa hipótese. - Ela garante, sua voz é abafada por meu pescoço.
- Obrigado. - Liberto o ar que estava preso em meus pulmões para abraçá-la com mais força, não querendo que ela se afaste. - Estou tão arrependido por aquilo, prometo que você nunca mais vai precisar ouvir sobre o fracasso daquela noite.
- Não? - Ela se afasta um pouco para me olhar nos olhos. - Nem mesmo sobre aquele cara que me levou para o teatro e depois para ver a lua em cima de uma árvore? Eu até havia gostado dele. - Seu sorriso é leve enquanto ela tem suas mãos em meu rosto. Beijo sua palma.
- Ele irá tentar não decepcionar você, ele não é perfeito, mas vai tentar manter seu sorriso e vai lutar por seu coração - Toco seu peito, sentindo seus batimentos para ter certeza de que ela é real - , na medida que ele puder.
Ela sorri, mas este não chega aos seus olhos, deixando claro que ainda tenho muito trabalho pela frente.
- Ótimo. Porque acho que preciso sair um pouco, estou me sentindo sufocada aqui. Ele poderia andar um pouco comigo lá fora?
Sorrio, levando minha mão até sua bochecha para acariciá-la.
- Ele irá para onde quer que você vá, não precisa pedir.
*Desculpe por qualquer erro ortográfico, eles serão corrigidos em breve.
*Se gostou, não esqueça de votar e comentar, é minha única motivação para continuar❤
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro