Capítulo 28: 'Park'
/ Rosé /
- Acorde, vadia! - A voz rouca e assustadora de um homem soa em meu ouvido, quente e desagradável. Meu coração dispara com o susto e me pergunto repetidamente em como consegui dormir com toda aquela situação. Talvez os vários pensamentos que me atormentaram na madrugada ㅡ imaginando em como seria minha morte ㅡ deixaram-me exausta o suficiente para adormecer nesse chão de madeira fria.
Fiz um certo esforço para me virar e então me dar conta de que eu não estava nenhum pouco sozinha. Se a miopia não me engana, há mais de cinco...talvez seis homens me encarando com olhares predadores, como urubus prestes a atacar a carne morta. Eu sorri, e não faço ideia do porquê, talvez fosse o pânico tomando conta sem que eu percebesse.
- O que é? Vão me matar depois de me usarem? - Minha voz saiu mais irônica do que eu gostaria, um sorriso amarelo surgiu na boca do homem mais próximo.
- A sua sorte é que o chefe não permitiu.
Antes que eu possa retrucar e perder minha vida em dois segundos, o barulho dos sapatos sociais soam com passos lentos enquanto ele desce a escada. Não o vejo com clareza, mas sei que pelas roupas que usa ㅡ que são completamente diferentes da que esses abutres vestem ㅡ que é obviamente ele.
- Quem é você? - Eu digo com raiva, porém ele não parece se sentir nenhum pouco ameaçado com meu tom. Na verdade, nem parece sequer olhar para mim. - Quem é você, merda? - Eu quase grito dessa vez.
- Você não está em posição de questionar nada, vadia. - Um dos homens ao meu lado diz ameaçador, eu dou de ombros.
- Não perguntei pra você, idiota.
Ouço o barulho de um movimento rápido, como se o homem estivesse prestes a me atingir, mas nada acontece. O homem ao meu lado permanece paralizado, é então que noto que o meu sequestrador está apontando uma arma para a cabeça do capanga.
- Deixei claro que se encostassem um dedo nela colocaria uma bala na cabeça de todos vocês, então não dê um passo. - Ele diz lento e profundo, o som amedrontador de sua voz faz meu corpo estremecer. O capanga engole em seco antes de se afastar.
Ainda viva, mas perigosamente enrascada.
Os capangas que antes estavam na minha cola se espalham pela cobertura, finalmente percebendo que eu nem sequer poderia me levantar sem alguma ajuda. Meu sequestrador assustador permanece calado, apenas assistindo meu corpo emanando medo enquanto ele beberica uma xícara de café.
- O que você quer de mim? - O som arrastado e rouco pelo medo é evidente em minha voz. O homem não dá o seu sorriso nojento, na verdade, apenas continua me encarando totalmente inexpressivo. É assustador.
- Você não para de fazer perguntas? - Ele diz com impaciência, mas não demonstrando isso em sua linguagem corporal, ele parece muito relaxado na realidade.
Eu penso muito antes de responder, o que é algo totalmente falho, porque não meço as palavras antes de respondê-lo rudemente.
- O que você esperava? Você me sequestrou, ameaçou meus amigos e provavelmente vai me matar quando sentir vontade. Espera mesmo que eu não faça perguntas?
O homem arqueia as sobrancelhas, parecendo estar muito concentrado no meu desabafo.
- Por que você não pode simplesmente me deixar ir embora? - Um nó se forma em minha garganta quando ele se aproxima, tomando meu queixo assim que tem seus olhos na mesma altura dos meus. Viro meu rosto sentindo as lágrimas queimarem em meus olhos.
- Eu não vou deixar você ir embora. - Ele murmura baixo, apenas para que eu o escute. - Pensei melhor... - Ele se levanta assim que percebe que não vou olhar em sua direção enquanto ele estiver muito perto.
Ele se afasta com passos curtos, colocando as mãos no bolso da calça chumbo e com o olhar distante.
- Eu quero você.
Por um momento esqueço como respirar, o suor gelado escorre por minha nuca e todos em meus músculos tensionam. A fala entala na minha garganta. Mas obviamente o meu choque não é suficiente para que ele pare de falar.
- Eu quero você como minha parceira, imagine o quanto eu posso dar a você. Exatamente tudo o que o seu namoradinho não poderia, você seria minha...
- Cale-se! - Eu grito tampando os ouvidos, tremendo no chão de madeira gélida. - Por favor, cale-se!
O silêncio se instala na sala, apenas posso ouvir meus soluços e respiração errática, meu interior tremendo com ódio, raiva e principalmente medo.
- Eu NUNCA faria isso! - Berro com a voz completamente desgastada, o homem não responde de primeira, mas solta um suspiro insatisfeito com a minha resposta.
- Você não tem escolha, vamos pegar um vôo daqui a algumas horas. Você é minha propriedade agora. - É a última coisa que ele diz antes de me deixar no chão da sala assim como a noite passada, só que dez vezes pior.
(...)
/ Jimin /
Não prego os olhos desde que recebi a maldita ligação na noite passada. Pensava no perigo que Chaeyoung estaria sofrendo e a culpa em não poder protejê-la me corroia internamente.
- Tudo pronto. - Tenente Cho fala em seu walk talk, estamos a quase um quarteirão do apartamento onde Chaeyoung provavelmente está. Uma crise de ansiedade me ataca apenas em pensar que talvez a nossa última conversa tenha sido aquela ao telefone.
Após minha mãe descobrir o que estava havendo, ela obrigou meu pai a colocar o Tenente Cho como meu babá. O cara não larga da minha cola desde cedo, eu não o culpo por isso, ele está apenas crumpindo ordens do senhor delegado e sua esposa.
- Quanto vai demorar? - Eu resmungo, estamos neste mesmo local a mais de uma hora e nada foi feito.
- Estamos indo agora mesmo. - Tenente Cho diz antes de engatar a marcha e pisar no acelerador.
O trajeto é rápido e agonizante, fico inquieto em pensar no que poderia encontrar quando chegássemos ao local. A rua inteira estava interditada, alguns rostos conhecidos apareceram na multidão e logo fui me refugiar para perto deles.
- Jimin! - Jisoo gritou ao se aproximar com uma senhora de cabelos curtos e negros, que no mesmo instante percebi ser a mãe de Chaeyoung. Seus olhos perturbados me analisaram de cima abaixo, marejados.
- Você está bem? - Ela perguntou.
- Na medida do possível... - Disse ainda com os olhos concentrados na mãe de Chae. - Sra. Park? Eu sou o Jimin... - Cheguei a me apresentar, mas a mulher logo caiu no choro, Jisoo a abraçou de lado e fez a menção de levá-la para um lugar afastado.
Observei as duas sumindo na multidão e então uma mão apertou meu ombro.
- Jimin? - Jungkook chamou desviando minha atenção das duas para ele. - Está tudo bem, cara?
- Uma merda, na verdade. O que você está fazendo aqui? - Questionei.
- Apoiando o meu amigo e não sendo morto por uma loira estressada no domingo de manhã. - Ele deu de ombros e vi que queria sorrir, mas se conteu.
- Onde ela está?
- Eu não sei, a perdi quando ela saiu do meu carro. Mas pelo menos... - Ele colocou a mão no bolso do casaco e vasculhou antes de tirar um papel amassado de dentro dele. - Ela me deu o número do celular dela, não é demais?
- Espera...Você dirigiu?
- Sério, Jimin? Ela acabou de me dar o número dela e você me diz isso?
- Cara, você se lembrou como dirigir? - Pergunto o fazendo revirar os olhos de leve.
- Vagamente, mas foi tudo graças aos video games e a frase motivadora que Lalisa disse antes que eu ligasse o carro.
- O que ela disse?
- Algo envolvendo morte aos meus testículos.
"Aqui é a Polícia, renda-se e entregue-se em nome da lei. "
A voz de meu pai reverberou em um alto falante, foram segundos de silêncio antes que um som estridente de um tiro cortasse o ar. O sons de grito e desespero agitaram-se por todos os cantos.
- Eu vou atrás da Lalisa. - Jungkook diz e antes que eu pudesse dizer algo ele já estava sumindo em meio a multidão.
Corro para trás do carro mais próximo ao ouvir a troca incessante de tiros e deito-me no chão, implorando para que Chaeyoung esteja bem.
/Rosé/
O barulho era alto e mesmo que eu me encolhesse o máximo possível naquele pequeno canto da sala e tampasse os ouvidos ainda sentia os tremores e o barulho alto dos disparos. Eu sabia que a Polícia estava lá fora, mas não tinha certeza se seria salva ou se esse seria o meu fim.
Ouvi o barulho do primeiro corpo caindo no chão, mas não tive coragem suficiente para ver. Ele agarrou o meu braço e me forçou a me levantar, fazendo-me gritar pela dor causada.
- A leve daqui. - Ele rosnou me empurrando para o corpo de outro homem, que me segurou com firmeza ao me levar para o andar de cima da cobertura, debati-me contra ele, que resmungou alguns palavrões antes de me jogar em uma sala pequena e escura.
A porta se fechou em um estrondo e consegui o ouvir o barulho das chaves girando mesmo com o alto barulho dos disparos das armas. Eu estava sozinha, em um lugar pequeno, escuro e que tinha cheiro de desinfetante, mal conseguia respirar ali.
Ouvi mais disparos e então um enorme estrondo, como se fosse madeira quebrando. Sons de coisas sendo jogadas e arrastadas soaram, os gritos pararam, ouvi conversas baixas e então um último disparo. Uma onda de frio no estômago me atinge quando ouço barulhos no corredor, escuto alguém tentando forçar a maçaneta e então meu nome é chamado. Eu gemo em resposta.
Os trincos da tranca caem e a luz vem como se o sol estivesse a apenas alguns centímetros de mim, uma alta silhueta masculina aparece na porta.
- Senhorita Park? Você está bem?
E tudo volta a ser escuro outra vez
/Jungkook/
- Você está bem? - Eu sussurro contra os cabelos de Lalisa, que permanece encolhida em meu peito enquanto treme levemente.
Tive que ser rápido em encontrá-la para ficarmos em um lugar seguro, nos refugiamos em uma padaria próxima e sentamos no chão até que os tiros parassem. No entanto, ela ainda não se moveu para longe de mim, passaram-se alguns minutos desde de o último disparo mas continuamos aqui, no chão.
- Você está bem? - Ela é quem pergunta dessa vez, ainda sem se afastar.
- Eu estou bem. - Murmuro, contendo-me para não tocar em seu rosto para ter a certeza de que ela está bem.
Ela se afasta parecendo ler meu pensamento.
- Desculpa. - Ela murmura e então se levanta e me oferece ajuda com a mão, que aceito sem pensar.
Saímos da padaria e logo vejo uma ambulância parada do outro lado da rua.
- Chaeyoung! - Lalisa diz antes de sair correndo pela multidão.
É então que vejo cerca de quatro policias descendo as escadas do prédio sendo aplaudidos e recebendo gritos satisfeitos, um deles carrega Chaeyoung nos braços e a leva para ambulância, desacordada.
Um tumulto se forma quando Jimin se aproxima, desesperado e agindo feito louco para vê-la. Ele quase discute com um dos enfermeiros, mas sua expressão se suaviza quando uma senhora de cabelos curtos entra na ambulância.
Esquivo-me das pessoas até chegar a ele e o toco no braço com cautela.
- Cara...
- Ela estava machucada... - Ele murmura baixo, sem olhar para mim.
Olho para trás vendo Lalisa encolhida e quieta ao lado de uma mulher de longos cabelos negros, que acaricia sua cabeça gentilmente. Seria ela...?
Não, não é o momento pra pensar sobre isso.
- Vamos ao hospital. - Digo antes de me afastar.
*Votem e comentem! Motiva muito o meu trabalho❤
*Desculpe por qualquer erro ortográfico, eles serão corrigidos em breve.
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