
Capítulo 18: 'Recomeço'
(Dois meses depois)
/Lisa/
- Vocês vão realmente me deixar. - Jisoo diz jogada no chão do quarto de Chaeyoung que trava uma batalha com sua própria mala, empurrando suas roupas para dentro.
- Não estamos te deixando, estamos apenas nos mudando. Entra! - Chaeyoung rosna enquanto continua sua batalha árdua contra a mala.
Dois meses se passaram desde aquelas malditas noites, meu coração voltou a se acalmar e a se reconstruir, ainda que soubesse que ele nunca estaria recuperado totalmente. Forcei-me a esquecer, mas ele continuava voltando e voltando. Atormentando meus sonhos e noites em claro.
Minha vida agora também sofria mudanças, em menos de uma semana eu estaria indo para faculdade. Minhas mãos tremiam e suavam quando pensava sobre isso.
Chaeyoung e eu estávamos preparando as malas para nos mudarmos para os dormitórios da universidade, bom, pelo menos ela estava.
- Você não vai terminar de arrumar sua mala? - Chaeyoung pergunta limpando a testa de suor, parece que temos uma vencedora nessa luta.
- Sim. - Eu digo enquanto olho para o teto no quarto, viajando em minha própria mente.
- Então vá! - Ela me puxa para fora da cama e me empurra para fora do quarto. - Temos duas horas. - Ela avisa antes de fechar a porta.
(...)
- Olhe só. - Jisoo diz voltando a sala com um buquê de rosas vermelhas apoiado no braço enquanto lê um bilhete.
- Qual dos Two Jin foi dessa vez? - Chaeyoung pergunta enquanto mexe no celular dando um sorriso, provavelmente conversando com Jimin.
Quanto tempo faz que eu não sorrio desse jeito?
- Nenhum deles. Não é pra mim. - Ela levanta o olhar enquanto sorri para mim. - É para você.
- O que? - Digo um tanto surpresa.
- Um tal de... - Ela olha para o bilhete mais uma vez. - Park Chanyeol. Ele está pedindo desculpas.
Reviro os olhos. É ele. O perseguidor tarado de propostas indecentes.
A uma semana atrás ele me chamou para sair outra vez, eu disse que não. Nada que fosse diferente do habitual, no entanto, nada com Park Chanyeol fica normal por muito tempo. Ele disse que queria me pintar para sua nova exposição, detalhe: nua. Eu lhe dei um tapa, na verdade, tenho vontade de dar outro apenas por lembrar.
- Pode ficar pra você. - Eu digo deixando minhas malas ao lado das de Chae.
As duas se entreolham e então me encaram.
- Por que não as aceita? - Jisoo pergunta olhando para as rosas outra vez.
- Park Chanyeol é um maldito tarado. - Digo dando de ombros. Ele basicamente me fez um convite pra transar e nem um pouco discreto.
- Entendi. - Jisoo diz desaparecendo da sala e indo em direção a cozinha.
Sei o que elas devem estar pensando, que eu ainda não o esqueci e que talvez essa apenas seja uma desculpa. Certo, tem uma parte de verdade, uma pequena e minúscula parte de verdade. Há vezes que me pego pensando nisso.
Será que um dia dia serei capaz de esquecê-lo? Será que um dia ele será capaz de se lembrar de mim?
- Lisa, nosso táxi chegou. - Chaeyoung diz enquanto olha pela janela com um sorriso enorme no rosto. Ela parece tão nervosa quanto eu.
Levamos as malas ao térreo e nos despedimos de Jisoo como se fosse a última vez, de fato, seria a última vez que pisaria nesse prédio como moradora. Eu me sentia pronta, agora era um novo recomeço para mim.
(...)
Nossos corações pularam em nervosismo quando o táxi passou pelos portões da maior Universidade de Seoul: Seoul National Universaty. O lugar era enorme, parecia que estaríamos entrando em um mundo completamente diferente.
O lugar tinha um campus cercado por árvores e planaltos verdes, os vários auditórios espalhados por ele eram absurdamente grandes e modernos, algo totalmente fora do que eu teria visto algum dia. Mais ao fundo um campo de futebol gigante para os jogos de final de ano.
Meus olhos brilhavam com aquela nova realidade.
Haviam bancos, lixeiras recicláveis coloridas e até mesmo uma fonte no centro do campus, além de uma enorme estátua de bronze do diretor da Universidade com o mascote.
Simplesmente incrível. Eu me sentia em um filme musical da Disney.
Paramos em frente aos dormitórios, dois prédios divididos em feminino e masculino. Um senhor bondoso com chapéu de porteiro nos ajudou a descarregar as malas e nos entregou as chaves dos dormitórios.
- Quarto 273, sexto andar. E o seu? - Perguntei girando a chave em meu dedo.
- Quarto 112, quarto andar. Droga, queria que fôssemos vizinhas. Irei te visitar todos os dias. - Ela avisa com uma piscadela antes de empurrar as malas para dentro do elevador e com um suspiro apertar o botão dos andares.
As portas de aço se fecham e subimos em silêncio, empolgadas e nervosas ao mesmo tempo. Precisamos estar assim, é uma nova fase.
As portas se abrem outra vez e Chaeyoung empurra suas malas para fora, suspira e olha para mim.
- Te vejo mais tarde, fica bem. - Ela pede sorrindo e então se afasta puxando a mala pelo corredor.
Eu vou ficar bem. Sei me cuidar sozinha.
As portas de fecham e ansiedade de saber como é o lugar em que vou morar de agora em diante toma conta de mim, aperto os lábios contendo os pulinhos de animação quando o elevador marca o número 6. Ele faz o "biiiip" e então as portas se abrem e é a minha vez de puxar as minhas malas para fora e suspirar.
Procuro meu quarto pelos dois imensos corredores e chego até uma porta padrão com o número 273. Puxando o ar, coloco a chave na fechadura e a giro.
Abro a porta em um ranger e dou de cara com o oposto do que eu havia imaginado. O lugar não era grande, isso eu sabia, mas era moderno com um ar rústico, não tinhas quadros ou enfeites espelhados pelo lugar, estava pronto para que eu o decorasse.
Adentro deixando as malas ao lado da porta e sinto o cheiro doce de lavanda impregnado no ar. O piso é de madeira e as paredes cinzentas, a sala é simples com um sofá, um tapete , uma mesa de centro e a TV. A cozinha possui um balcão de mármore com dois bancos, geladeira, um fogão ㅡque com certeza não vou usar,ㅡ e um armário de madeira escura. Corro animada para ver meu quarto.
Diferente do resto do apartamento, o quarto tem um ar moderno e mais sofisticado, ainda com as paredes cinzentas e lâmpadas modernas no teto. Possui uma cama de solteiro no canto, prateleiras de madeira branca em uma das paredes, mesa de estudos e até mesmo uma poltrona com um abajur para leitura. É incrível.
Coloco as mãos na cintura e puxo ar para os meus pulmões.
- Mãos a obra.
/ Jungkook /
- Você está animado para o início das aulas na universidade? Começam semana que vem. - Meu irmão pergunta dando um gole em sua xícara de chá.
Ele passou a me vistar diariamente depois do acidente, comprovando que eu ainda não estava delirando. Os últimos dois meses foram exaustivos, não consigo nem sequer imaginar como serão os próximos já que não recuperei cem por cento da minha memória. É estressante na maior parte do tempo.
- Um pouco. - Eu digo enquanto fico rodando uma colher de café na xícara.
Na verdade, nem um pouco. Eu acho que deveria, mas ainda não sei se é uma boa ideia recomeçar as coisas de um jeito tão rápido. Toda vez que recupero uma lembrança é como se estivesse revivendo aquilo, é animador algumas vezes, exaustivo em outros, por que tudo não poderia vir simplesmente de uma vez?
A última coisa de que me lembro foi meu aniversário de dezessete anos. Onde...se me lembro bem, minha mãe e minha avó imploraram para que eu fizesse uma festa e convidasse meus amigos. Os únicos amigos que eu tinha era Jimin, Jennie e Namjoon, eles sempre foram meus únicos amigos. Então meus pais convidaram amigos de trabalho ou da mesma classe que a nossa, e que na verdade, eu nem sabia quem eram.
Foi nessa festa que eu beijei pela primeira vez, o nome dela era Nancy, não era tão alta e tinha cabelos negros que caiam como ondas sob os ombros. Meu pai e o dela estavam nos forçando a ficar a maior parte do tempo grudados, ela no entanto não parecia se incomodar.
Por uma brincadeira idiota de Jennie acabamos nos beijando, não foi nada demais, nada de línguas ou qualquer coisas assim, apenas um beijo, quase um selar.
Depois disso não me lembro de ter a visto outra vez, pelo menos até agora.
- Você não parece tão animado. - Meu irmão diz concentrado em mim, tirando-me do meu transe. Suspiro.
- Apenas queria ter minha vida normal, todo mundo poderia simplesmente me contar tudo o que aconteceu ou essas malditas memórias voltarem de uma vez. Por que está demorando tanto?
- Isso pode demorar, Jungkook. Você precisa de paciência. Há pessoas que acordam e não sabem nem sequer o próprio nome, você está se lembrando de algumas coisas, não está?
Dou de ombros.
- Estou. Mas é frustrante, eu não sabia nem sequer que faculdade queria fazer.
- Agora você sabe e em menos de uma semana vai estar em uma. É um novo recomeço, se mais lembranças não vierem, faça outras. A vida não para, ela continua.
Fico em silêncio. Ele está certo, não posso lamentar por ter perdido a memória, se mais lembranças vierem, ótimo, se não vierem, eu posso fazer outras.
- A faculdade é uma fase importante, você vai começar uma nova vida, vai conhecer pessoas novas e interessantes. - Ele dá uma piscadela me fazendo revirar os olhos. - Então tenha coragem e seja gentil.
*Não se esqueça de votar!💜
* Comente! Motiva muito o meu trabalho!💜
* Desculpe por qualquer erro ortográfico, eles serão corrigidos em breve.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro