13 ϟ eu sou a morte em pessoa
!!!aviso!!!
no capítulo a seguir teremos agressão explícita, tabagismo, automutilação implícito, assassinato e para o seu bem-estar não leia se for sensível!
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𝑪𝒉𝒂𝒑𝒕𝒆𝒓 𝒕𝒉𝒊𝒓𝒕𝒆𝒆𝒏: 𝑰 𝒂𝒎 𝒅𝒆𝒂𝒕𝒉 𝒊𝒏 𝒑𝒆𝒓𝒔𝒐𝒏

"Eu deveria saber deixá-lo sozinho... isso só me mostrou que o sangue que você sangra é apenas o sangue que você possui
Nós éramos um par, mas eu vi você lá... demais para suportar...
Você era a minha vida, mas a vida está longe de ser justa. Eu fui estúpida em te amar? Fui imprudente em te ajudar? Era óbvio para todo mundo?
Que eu caí na mentira, você nunca esteve do meu lado. Me engane uma vez, me engane duas vezes... você é a morte ou o paraíso? Agora você nunca me verá chorar... não há tempo para morrer." ─ No Time to die, Billie Eilish.
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February 25, 2006
KGB office, Red Room
Moscow, Russia
Todos diziam, que pelos cabelos rebeldes e de tonalidade vermelho-alaranjado, ela era uma leoa. Mas, Scarlett estava mais para um coelhinho fujão. Medrosa, assustada, seguindo ordens e fugindo dos perigos. Scarlett era um coelho e ela não se orgulhava disso. Mas o que se pode esperar de uma criança?
Os gêmeos Destoianov, principalmente Malakhai, a perseguia pelo jardim, pela casa. Atormentando-a.
── Olha, Rebekah, a ratinha sabe ler.
Scarlett permaneceu calada. Sua indiferença deixou o mais velho irritado, que não aceitava bem não ser o centro das atenções. Kai tomou o livro das suas mãos, atirando-o para longe. Rebekah apenas ria, mantendo distância.
── Eu estou estudando.
── Quando um ser superior falar com você... ── ele a segurou pela lateral da cabeça, batendo o seu rosto contra a mesa. ── Você responde.
Ela não deveria ter feito isso. Era contra as regras, o Guzman iria acabar com ela. Scarlett socou fortemente o nariz de Malakhai, vendo o sangue pingar na mesa e ele gemer de dor. Rebekah a encarava surpresa. Scarlett se levantou, assustada, tremendo por conta do medo e da raiva. Ela estava tão ferrada.
── Eu vou acabar com você! ── o loiro bradou, correndo atrás dela.
Ela só fugiu. Correndo pelos corredores, entrando em portas e saindo em outras. Ela podia ouvir os passos pesados atrás dela. A ruiva se trancou no quarto sujo, onde os materiais de limpeza eram deixados. Rapidamente, ela trancou a porta por dentro. Do lado de fora, batidas violentas eram dadas na porta.
── Scarlett, abra a porta! ── ele batia, mexia na maçaneta, empurrava a porta. ── Abra a porta, sua viadiazinha!
Suas costas escorregaram pela porta, ela se sentou e abraçou seus joelhos, desejando sumir, ficar invisível ou ter a super força do Guardião Vermelho. Malakhai a xingava com todos os palavrões, batia cada vez mais forte contra a porta. Scarlett ficou com medo de que ele conseguisse arrombar. Mas, alguns segundos depois, Scarlett pode ouvir a voz calma de Rebekah.
── Scarlett, abra a porta ── ela mexeu maçaneta. ── Abra a porta, por favor.
── Não! Vocês vão me machucar.
── Não vamos ── a voz da loura era calma, decidida. Rebekah mexeu mais uma vez na maçaneta. ── Podemos não brigar mais...
── Mas foram vocês... ── a voz da menina era embargada, ela sabia que estava chorando. ── Vocês quem começaram!
── Abra a porta. Não me faça entrar aí.
── Não...
── Scarlett, eu sei que você está com medo ai dentro, mas eu sou a única que pode te deixar ir. Abra a porta, por favor ── Scarlett se levantou, limpando as lágrimas.
── Você promete?
── Eu vou contar até três. Um, dois...
Scarlett destrancou a porta, abrindo-a letamente. Colocando o rosto para fora, confiando na palavra da loura, um grande erro.
Ela foi surpreendida por Khai, prendendo o seu pescoço, apertando-o até que Scarlett estivesse com o rosto mais vermelhos que os seus cabelos, seus olhos lacrimejados e implorando por ar. Khai sorria, um sorriso idêntico ao de seu pai. Olhos brilhavam com a mesma maldade que saía dos de Guzman.
O louro a jogou no chão, chutando sua cabeça, seu rosto, sua barriga, seu abdômen. Ele se abaixou para soca-la, mas foi impedido por alguém.
── Você ficou maluco?! ── Scarlett estava encolhida contra a parede, abraçando sua cabeça, se protegendo dos golpes. Ela nem precisou levantar o olhar para saber quem era. ── E você ficou olhando sem fazer nada?! Sua covarde, ela é uma criança! ── ele bradou, completamente enfurecido.
── Mas, tio Elijah, ela...
── Fora daqui, os dois! Agora!
Ainda acuada, Scarlett ouviu os passos apressados e pesados irem embora, ela levantou o olhar, vendo Elijah perto dela. O moreno estendeu a mão para toca-la e ela se encolheu novamente, como um animal encurralado, machucado - era assim que ela se sentia. Como um animal. -, por reflexo, esperando ser machucada por ele também. Scarlett não deveria esperar bondade alguma vinda dos Destoianov.
── Calma, eu não quero e nem vou te machucar ── ele disse com a voz mais mansa e calma que a ruiva já houverá escutado em toda a sua vida. Scarlett voltou a olhar para ele, vendo o moreno agaixado com a mão estendida para toca-la. ── Venha, precisamos limpar esses machucados.
── Eu... ── sua voz falhou, lágrimas brotaram em seus olhos mais uma vez. ── Eu não consigo...
── Tudo bem, eu carrego você.
Elijah a pegou no colo, com delicadeza, como se a mesma fosse uma recém-nascida, ou fosse feita de um material tão fragil, que com o mais leve dos toques, pudesse quebrar. Ele também não se importou se o sangue dos machucados dela sujasse seu terno caro.
O mais velho a levou até o último andar do casarão, um andar proibido para as meninas em treinamento. Elijah abriu a porta do quarto com uma mão, ainda segurando firme o corpo de Scarlett. Ele a colocou, com cuidado, deitada na cama, seguindo para algo que ela deduziu ser um banheiro. Scarlett estava de olhos fechados, se concentrando para não sentir mais dor. Ela escutou click de algo e o barulho da água correndo. Elijah não demorou muito para voltar, ele abriu a porta, tirou o blazer, arregaçou as mangas e pegou a menina no colo, levando-a para o banheiro.
Elijah a sentou na borda da banheira, prendeu os cabelos ruivos num coque mal feito e começou a tirar as roupas da menina. Tirando a camiseta branca, manchada de sangue e poeira, ele pode ver as marcas roxas, os cortes recentes.
── Posso tocar aqui? ── apontou para o abdômen, ele tinha que confirmar as suas suspeitas. Scarlett assentiu, temerosa. Assim que Elijah tocou, ele teve certeza das costelas quebradas, duas no total. ── É, você tem duas costelas quebradas...
── Nenhum Destoianov me toca na intenção de fazer carinho.
Ele sorriu, levemente. ── Você é igualzinha a sua mãe. ──Além dos roxos recentes, Scarlett também tinha marcas amareladas e esverdeadas, Elijah sabia perfeitamente quem havia feito aquelas. ── E eu nunca te machuquei.
── Você conheceu a minha mãe?
── Conheci.
── Onde ela está agora? Pode me levar até ela? Quem sabe ela pode me ajudar a sair daqui e... ── ela começou, esperançosa, mas logo foi cortada.
── Ela te deixou aqui, sinto muito.
Scarlett não podia nutrir suas expectativas, ela não queria quebrar a cara. Mas nessa situação, era difícil. Elijah tirou o resto de suas roupas, se assustando quando viu os arranhões profundos e recentes na coxa da menina. Scarlett percebeu, fechando os olhos, tentando controlar a vontade de chorar que a atingiu com força. Ela queria sumir.
── Isso não foi o Malakhai... a quanto tempo você vem fazendo isso?
── Elijah, eu te imploro, não conta pro Guzman ── ela juntou as mãos, deixando as lágrimas rolarem conforme sua vergonha e medo cresciam. ── Por favor, por favor...
── Scarlett...
── Eu faço o que você quiser, por favor.
── Ele não vai precisar de mim para descobrir, você sabe.
Scarlett deixou todas as suas lágrimas saírem, o medo a consumia. Guzman odiava pessoas fracas, e ela era fraca. Scarlett estava sendo fraca. A menina abraçou seu próprio corpo.
Ela era sua casa, seu porto seguro. Era somente ela.
── Por que você deixa ele fazer isso?
Aquilo foi como um soco no estômago de Elijah. A verdade não deveria doer tanto.
── Se sabe o que ele faz, porque é tão complacente? ── ele não respodeu. ── Você pode me tirar daqui... eu sei que pode...
── Não posso--
── Você tem poder nas mãos, Elijah, mas isso não adianta de nada, se você não o usa.
── Você acha que eu não quero te tirar daqui? ── Elijah se afastou dela, encostando seu corpo na porta, bagunçando os cabelos com as mãos nervosas. ── Acha que é isso que eu gosto de fazer? Você acha que eu fico feliz vendo uma criança de nove anos, que tem idade para ser minha filha, tentando se matar? Se machucando e sendo machucada desse jeito?
Ele só conseguia ver Natália na menina. No jeito que ela falava, andava, agia e se machucava. Natália deu sorte de conseguir fugir, Scarlett estava condenada desde o dia em que foi gerada. Ele se arrepende de não ter ajudado Natália a abortar essa criança. Querendo ou não, aceitando ou não, tudo o que está acontecendo com Scarlett é culpa dele.
── Eu queria que você fosse o meu pai.
Apesar da surpresa, do impacto daquelas poucas palavras repentinas, ele abraçou a menina, sussurrando em seu ouvido: ── Eu também queria ter sido o seu pai.
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August 10, 2012
KGB office, Red Room
Moscow, Russia
O cheiro forte de cigarro invadiu o corredor. Pessoas iam e vinha, mas ninguém se atreveu a entrar no quarto onde era origem do cheiro. Guzman estava morto. Morto. Ele custava acreditar.
Elijah abriu a porta do quarto, vendo Scarlett com um cigarro entre os dedos da mão esquerda, seu corpo inclinado para fora da janela, seus cabelos rebeldes molhados, arranhões e hematomas amostra na pele que a roupa deixava exposta.
── Pode entrar, Elijah. ── ela tragou o cigarro, virando o rosto e soltando a fumaça na direção do moreno. ──Sabia que é falta de educação espiar?
── Você matou ele.
Ela soltou uma risada amarga. ── Quem? ── perguntou, irônica. ── Caso tenha esquecido, eu sou uma assassina, já matei muitas pessoas, você precisa ser mais específico...
── Você matou o Guzman.
── Achei que a diretora fosse abafar essa versão.
── Ela fez, mas eu conheço você.
Ele fechou a porta, se escorando na mesma. Seus olhos foram de encontro com os verdes da menina. Scarlett estava tão diferente naquela noite. Elijah repensou, será que ele realmente a conhecia?
── Não está com raiva por eu ter matado o seu irmão? ── Ele negou com a cabeça. Ela tragou o cigarro mais uma vez. ── Vocês Destoianov são esquisitos.
── Você está crescendo, eu sabia que um dia isso iria acontecer.
O silêncio da noite gritou. Scarlett deixou algumas lágrimas rolarem, aquilo era uma cena histórica, fazia anos que ela não chorava na frente de outras pessoas, anos que ela não se deixava mostrar fraca ou vulnerável.
── Eu acho que vão me matar por causa disso ── ela sorriu, um sorriso triste e desesperado. ── Não é irônico? Eu passei anos sobrevivendo, mesmo quando a morte andava lado a lado comigo, justo agora que eu matei meu monstro, ela resolve dar as caras e repensar a ideia de me levar com ela. ── uma lágrima solitária rolou, marcando a sua bochecha. ── Minha única e melhor amiga.
── Você sempre teve a morte como melhor amiga. Ela não deveria te assustar tanto.
── Ah, mas eu não tenho medo da morte. Só acho irônico ela não ter vindo sempre que o Guzman tentava me matar.
── É um bom argumento.
Ela acendeu mais um cigarro, Elijah apenas assistia ela fumar uma carteira de cigarro, acreditando fielmente que seria a última. Scarlett se permitiu chorar na frente do único Destoianov que nunca a machucou, o único que sempre foi gentil, a deixou sentir um pouco do gostinho do que poderia ser o amor de um pai. Scarlett o encarou, olhou nos seus olhos, pedindo desculpas de forma silenciosa.
── Posso te pedir uma última coisa?
Ele confirmou com a cabeça.
── Não deixe de me amar.
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April 26, 2016
Roma, Italy
Elijah nunca foi o bonzinho. Ele sabia de tudo, ele concordava com tudo. Scarlett brincava com a faca em suas mãos, a girando entre os dedos, deixando sua ansiedade sair de acordo com os movimentos da faca. Ela virou o uísque, bebendo-o pelo gargalo. Deixando algumas lágrimas rolarem por sua bochecha, manchando o tecido da sua roupa.
Scarlett engoliu o choro, limpou os vestígios de que havia se derramado em lágrimas assim que ouviu a porta abrindo.
── Scarlett? ── ele falou, confuso de ver a menina sentada na poltrona da sua casa.
── Surpreso em me ver?
── O que você está fazendo aqui?
Ela jogou as pastas amareladas na mesinha de centro, apontando com o nariz para elas. Elijah, em movimentos confusos e cuidadosos, pegou a pasta. Scarlett viu o medo nos olhos dele crescer a cada página que ele lia, odiando o jeito que se sentiu. A raiva, a dor de ter sido traída por ele.
── Você mentiu.
── Scarlett...
── Eu não sou nada mais do que um plano reserva para vocês ── ela voltou a brincar com a faca, intercalando entre olhar para ele e a faca. Ela era fria, sua voz estava calma e sua expressão tranquila. ── Você deixou o seu irmão, meu pai, abusar de mim incontáveis vezes, deixou que me usassem como rato de laboratório. Você ajudou eles a me prenderem! Deixou que a minha mãe brincasse de super heroína enquanto eu sofria naquele inferno---
── Eu não podia fazer nada!
── Você tem poder nas mãos, Elijah, mas isso não adianta de nada, se você não o usa.
Ela sorriu, segurando a faca firmemente em sua mão, olhando diretamente para o mais velho. Elijah não reconhecia mais a menina, aquela a sua frente era Scarlett, a assassina fria, raivosa, brutal. Aquela que ele viu sendo treinada para ser impiedosa e fatal.
Não demorou muito para a loura avançar contra ele, desferindo contra ele golpes que ele a ensinou. Elijah apenas se defendeu, desviando dos golpes.
── Scarlett, para! Eu não quero te machucar!
Ela não parou, Elijah a socou no rosto, com a guarda baixa, o moreno jogou a menina contra a mesa de vidro, vendo-a cair machucada e gemendo de dor. O Destoianov correu para ajudá-la, se arrependido de tê-la machucado.
── Eu sinto muito, não queria ter te machucado. Eu--
Ela o socou, subindo sob o corpo dele e batendo com toda força que tinha em seu rosto, o deixando desfigurado. Já se formava uma pequena poça de sangue, saindo de algum lugar na parte lateral da cabeça do homem.
── Você-mentiu-para-mim! ── disse, pausadamente, entre os socos. Ela saiu de cima dele, ficando em pé, limpando o sangue que escorria de seu nariz quebrado. ── Eu confiei em você, Elijah. Eu confiei em você e você é igual a ele!!── Elijah tentou se levantar, mas ela chutou o seu rosto. ── Você me traiu!
Ele a puxou pela perna, vendo-a cair, subiu encima dela e desferiu socos contra a mesma. Elijah percebeu que se quisesse sair vivo dali, teria que matar Scarlett. Matar a assassina, matar a menina assustada, matar os sonhos.
── Eu nunca quis te machucar.
Scarlett cuspiu sangue. ── Você ajudou a tirar tudo de mim e agora vem com essa? Vai tomar no cu! ── com o ódio guardado de anos, ela revidou, pegando a faca que havia sido jogada para longe e indo na diração do seu tio. ── Você era a pessoa que eu mais amava.
Mesmo tentando desviar, se afastar e lutar contra ela, Scarlett conseguiu o atingir. Desferindo incontáveis golpes contra ele, vendo o sangue jorrar. Elijah podia sentir sua vida esvaindo do seu corpo.
── Sabe, Elijah, a morte não é minha amiga, eu sou a morte em pessoa...
Ele se sentou, já cansado de lutar. Scarlett não perdeu tempo, enfiando a faca fundo em seu peito. Ela levantou a cabeça dele, vendo as íris cor de âmbar perdendo o brilho da vida.
── Você fez a sua cama, agora, tenha um ótimo sono.
Dito isso, ela enfiou a faca mais fundo. Sentindo o corpo dele, já sem vida, cair encima dela. Scarlett se afastou, deixando o corpo cair no chão, se proibindo de chorar.

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avisem que a vadia voltou. xoxo, gossip girl.
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