ᝢ 𝒑𝒓𝒐𝒍𝒐𝒈𝒖𝒆
𝑝𝑟𝑜́𝑙𝑜𝑔𝑜
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Gotas grossas de chuva atingiam o solo como se tivessem o peso de um Balaço, o vento que uivava como uma alcateia inteira era o mesmo que fazia as árvores perderem sua dança para um agito violento, raios finos e luminosos atravessavam o céu escuro sem se importarem em atingir uma árvore ou outra, seu estrondo era capaz de fazer as janelas finas quebrarem. E mesmo com toda a tempestade, parecia ser melhor estar embaixo dela do que dentro daquela sala ampla e escura.
Doze pessoas sentadas a uma mesa preta e oval, o lugar em si era carregado de luxúria e planejado de forma perfeita, tudo parecia fazer sentido, mas a tensão que pairava no ar e nas expressões dos ali jogava qualquer ostentação no lixo com facilidade. Todos presentes olhavam na direção de uma pessoa somente, um homem em pé na ponta mesa, ele era pálido como um osso, tinha olhos finos vermelho escarlate e nariz achatado como de uma cobra, com fendas para as narinas e em sua boca havia dentes longos e afiados; não havia nem mesmo a sombra do homem que fora uma vez, antes de toda aquela magia negra.
Qualquer um ali sabia quem ele era, qualquer um no mundo bruxo. No entanto, seu poder era tão extenso que já afetava diretamente os trouxas. Cada vez mais, os noticiários alegavam acontecimentos estranhos, acidentes, assassinatos... o Profeta Diário estava sob seu controle, assim como o Ministério da Magia, e noticiava apenas o que ele deseja, o suficiente para espalhar o pânico. Tudo parecia estar conforme o planejado, apesar da resistência eles já estavam quase vencendo, faltava pouco.
Por isso nenhum dos indivíduos presentes naquela sala entendia o motivo de uma reunião tão urgente.
O Lorde das Trevas se manteve em silêncio durante um longo período, deixando-os escutando a tempestade que castigava o exterior da casa e todo o seu enorme jardim. Até que a porta se abriu abruptamente e dois homens surgiram dela carregando uma mulher com os braços sobre seus ombros, a dupla estava coberta por uma capa preta e máscara da mesma cor, porém a mulher carregada por eles não parecia fazer parte, suas roupas estavam sujas e rasgadas, até mesmo seus fios de cabelo estavam emaranhados como um ninho.
— Milorde, nós trouxemos a vidente...
Eles a largam no chão com um baque surdo, a mulher cai com as mãos apoiadas no piso frio e tosse algumas vezes antes de levantar a cabeça e encarar diretamente naqueles olhos vermelhos horripilantes, por segundos, o olhar dela parece desfocar da sala e suas pupilas brilham com sutileza. Se fosse em qualquer outro momento isso seria passado despercebido por todos ali, mas Voldemort sabia que ela tinha acabado de ter uma visão, ele podia entrar em sua mente, torturar e matá-la de uma vez até descobrir o que ela descobriu, mas decidiu agir de outra forma porque assim não teria nenhuma graça.
— Milorde... vamos finalmente acabar com a vida dessa clarividente mestiça imunda? — questionou uma mulher de cabelos pretos na cadeira mais próxima do mesmo, ela olhava para a outra com desprezo e segurava a varinha em sua mão com firmeza, como se aquela moribunda pudesse lhe fazer algo de mal apenas com o pensamento.
— A senhora Hewson se juntará a nós essa noite! — anunciou, sua voz soou amarga e rouca, a sala manteve-se em silêncio, esperando. — Como vocês sabem, Anne Hewson é a nossa clarividente mais especial, ela acabou deixando escapar uma previsão em voz alta no meio de uma multidão e nós a salvamos dos outros que queriam usá-la. Como retorno, esperávamos que ela demonstrasse um pouco de gratidão e nos dissesse o que previu aquele dia...
Ele falava sem se importar de encarar a clarividente caindo aos pedaços perto de si, Anne tentou levantar do chão, mas acabou caindo mais uma vez com um gemido doloroso, os dois homens que a carregaram nem mesmo desviaram o olhar de seu Lord. Seu corpo estava sem força nenhuma após dias sem comida e sob de inúmeras formas de tortura, eles tentaram diversas formas fazê-la falar, mas nenhuma até agora havia adianatado.
— A sra. Hewson sabe coisas que nos são muito valiosas, e ela contará para nós. Hoje.
A mulher grunhiu e disse entredentes:
— Eu prefiro morrer!
— Sendo assim... — a mulher de cabelos pretos ergueu a varinha na direção de Hewson, mas foi interrompida pela mão erguida de Voldemort.
— Depois da Maldição Cruciatus, você fez uma pessoa como eu ter fé, Anne, acreditei que você desistiria enfim desse desejo egoísta de se proteger e nos ajudaria com a nossa causa. Você sabe? Tudo o que está acontecendo é maior do que você, não tente estragar só porque isso vai acabar matando todos aqueles que você ama. Ela vai morrer, Bellatrix, mas não assim, ela vai entregar o próprio povo primeiro. Nott! Fawley!
— Você é um monstro! - ela gritou a todos pulmões, tentando se levantar e novamente falhou. —Você não pode fazer isso! Você não pode!
Os dois homens que a trouxeram retornaram à realidade e a seguraram pelos braços, a clarividente começou a se debater com violência para se desvencilhar do aperto, mas eles a seguravam com tanta força que as marcas dos seus dedos ficariam gravadas ali.
— Eu poderia ler a sua mente agora, Anne Hewson, poderia te torturar e descobrir tudo o que você sabe, mas assim você não trairia aqueles que jurou proteger antes de morrer.
Nott e Fawley ignoraram os protestos incessantes da mulher e com certo esforço a fizeram ficar de joelhos em direção ao Lorde das Trevas. Uma jovem adentrou a sala acuada, em suas mãos um recipiente escuro que impossibilitava ver o que tinha dentro, Nott segurou o rosto da mulher com agressividade, forçando-a abrir a boca para a outra despejar o líquido transparente dentro, a forma com que eles seguravam a deixou impossibilitada de cuspir, nem mesmo adiantaria, apenas uma gota que descesse por sua garganta já a faria contar até seus piores segredos. Assim que parte foi engolida e outra vazada pelos lábios, eles a largaram no chão tossindo novamente.
Todos observavam a cena com atenção, não era nada diferente do que eles já tinham visto inúmeras vezes com outros bruxos, mas dessa vez tinha algo a mais, a expressão sombria de Lord Voldemort denunciava isso.
— Agora, podemos conversar... me diga Anne, qual o nome das suas filhas? — ele deixou seu posto na ponta da mesa e caminhou na direção da clarividente em passos silenciosos e lentos, atrás de si uma sombra se moveu, seguindo-o fielmente.
Nott e Fawley fizeram um sinal de reverência e se afastaram, assumindo postos em um canto escuro da sala como sempre faziam. Era visível que Anne estava tentando não responder às perguntas, sua garganta emitia som de engasgos e ela estrebuchava, uma luta perdida.
— K-Kathe... Kate... Katherine...
— Ah... Kate - ele disse com um sorriso horrendo em sua face, como se estivesse sendo caloroso com uma amiga íntima. — Ela não vai ficar feliz em saber que a entregou primeiro... Katherine Hewson não é sua única filha, Anne, qual o nome da outra?
— N-Não...
— Você não vai conseguir resistir, você pode ver o futuro, mas não é imune a poção — Bellatrix sussurrou num choramingo, seguindo de um riso de escárnio.
Anne estrebuchava cada vez mais no chão, ela se debatia tentando impedir que as palavras escapem pela sua boca e era como se aquilo lhe causasse uma dor física, lágrimas grossas já escorriam livremente pelo rosto empoeirado da clarividente. Ela sabia que eles iriam atrás das suas filhas tendo o nome delas ou não, bastava o laço sanguíneo. Só queriam torturá-la um pouco mais.
— O nome da segunda filha, senhora Hewson — Voldemort exigiu com mais firmeza, agora aquele sorriso já havia sumido.
— Tessa — disse num suspiro.
A expressão de Voldemort se manteve impassível.
— Você faz ser mais difícil do que necessário, Anne Hewson, agora vamos ao que interessa. O que você soube sobre mim?
Os lábios da mulher se comprimiram tentando a toda custa não soltar uma palavra sequer, mas Anne não tinha controle da sua vontade naquele momento, até mesmo Lord Voldemort revelaria seus segredos se tomasse uma gota de Veritasserum, era impossível resistir. Por um instante, a clarividente fechou os olhos e inúmeras cenas se passaram por sua mente, suas doces filhas, elas sofreriam o mesmo em breve por conta do seu dom, talvez ser o que elas eram fosse mesmo uma maldição e não um presente do Deus do Sol no fim das contas. Todas as outras clarividentes iriam sofrer por algo que ela previu e deixou escapar por entre seus dedos, lembrava-se exatamente como todos do Beco Diagonal a olharam como se fosse uma aberração no momento em que seus olhos desfocaram e a profecia saiu de sua boca. Para seu azar, um dos seguidores mais fiéis do Lorde das Trevas estava por perto quando os sussurros sobre o que haviam escutado começaram a se espalhar pelas ruas.
— Qual foi a sua previsão?! — exigiu mais uma vez, fazendo-a estremecer.
Sem conseguir resistir, ela aceitou a morte naquele momento e libertou o embolorado de palavras presas em sua garganta.
— Seus tempos de terror e sombras vão ser derrotados por uma filha do Deus do Sol, você irá padecer diante de uma clarividente como eu e minha família como uma pessoa normal, como você sempre foi. Não existe nada de superior em você, nem mesmo o seu sangue. Eu sei o que você é, eu posso sentir — proferiu entre as grossas lágrimas que caiam de seu rosto.
Voldemort ouviu alguns de seus fiéis seguidores arfarem surpresos, até então nunca haviam pensado sobre alguém capaz de derrotar um dos bruxos mais poderosos da década. O Lorde, no entanto, ignorou o restante das palavras da mulher, mas ela sabia que tinha pego em algum lugar sensível, pois apesar da expressão de pedra não vacilar, o brilho em seus olhos escureceu ainda mais.
— Milorde, s-se uma delas pode te derrotar... — um dos homens sentados à mesa começou, sem muita coragem para terminar o que dizia.
— Você me foi muito útil, senhora Hewson, temo que nosso tempo de conversa tenha esgotado - ignorou Greengrass sem muito esforço e deu as costas à Anne, que chorava silenciosamente encolhida no chão. — Nagini.
Sob o comando, a cobra se rastejou em direção da clarividente enquanto seu dono voltava lentamente para o mesmo posto onde estava antes, ignorando os gritos de agonia que invadiram a sala.
— Se uma delas pode me derrotar, então nós mataremos todas.
--- AUTOR'S NOTES
boa tarde, pessoas lindas do meu coração .
Venho aqui lhes apresentar o início na nossa história com a minha muito amada Évora Eckford. Eu realmente espero que apreciem tanto quanto eu e que se divirtam um pouco no decorrer da fanfic também.
Irei amar ler o feedback de todos vocês, aqui não gostamos de leitores fantasmas!!!
Até mais!
Com amor,
Lily
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