
13: Traidor.
Amélia Weasley
Dia seguinte, eu estava radiante, até demais. Angelina percebeu minha felicidade, e estranhou um pouco.
A hora do café da manhã foi tranquila, esquecendo minha troca de olhares com Diggory e nossos sorrisos bobos.
Eu estava muito feliz com o que tinha feito noite passada, mas não sabia o porquê.
Mal sabia eu que essa felicidade iria acabar em breve.
- Porque está tão feliz, Amy? Quem morreu? - ela brinca e reviro os olhos.
- Nada, só... Estou feliz. Não posso mais ser feliz, não? - questiono sorridente.
- Pode, como quiser - ela sorri suspeita e volta a comer.
- Maninha, impressão minha, ou o Diggory tá te comendo pelo olhar? - brinca Fred sorrindo malicioso olhando para Diggory.
- Comendo é pouco. Ele tá jantando e você é a entrada, prato principal e sobremesa - completa George e ele e Fred riem juntos.
Olho para a mesa da Lufa-Lufa em direção a Diggory e o vejo me olhando com um olhar...
OK, com certeza ele está me comendo.
- Não acho - digo ainda olhando para ele.
- Então você tá precisando de óculos, Melia. Vamos pedir o do Harry? - zoa George. Olho para ele e dou um tapa em seu braço. - Nossa, maninha, que agressiva.
Terminamos o café da manhã e fomos para a aula.
Hoje recebi as notas das primeiras atividades avaliativas. E eu estava fodida.
Tirei notas baixas em praticamente todos, menos DCAT. Mamãe vai me matar. É sério.
Eu havia estudado, eu me dediquei. Porquê eu fui mal?
Desde sempre foi assim, sempre tive dificuldade por conta dos meus pais, e da culpa se eu fosse mal mais uma vez. E adivinha? Eu sempre ia.
Eu deveria ser exemplo pra Ginny, deveria ser exemplo dos trigêmeos.
Penúltimo ano está sendo horrível.
Na hora do almoço, fim das aulas, fiquei com Angelina, Fred e George no pátio em um banco, conversando sobre os boletins.
E Angelina, claro, só tirou notas boas.
Comecei a sentir um desconforto com essa situação.
- Com licença, já volto - digo, pego minha bolsa e saio correndo para dentro do castelo sem dizer mais nada.
Corro para o banheiro da Murta-que-geme, chorando. Eu não aguentava aquela pressão, não aguentava.
Entrei no banheiro às pressas, entrei na segunda cabine e caí no choro.
Começo a chorar, chorar igual uma criança abandonada. Gritar, desesperar, tremer.
Meu peito subia e descia rapidamente, o ar faltava nos pulmões, não conseguia respirar...
Puxo meus cabelos, gritando de desespero.
Estava em pânico.
A pressão alta, temperatura extremamente elevada, tentando respirar. Meus olhos doíam de tanto chorar.
Peguei uma navalha que estava em minha bolsa e a observei um instante.
Toda essa pressão de casamento arranjado, ter que ser a filha perfeita, comparação por se achar insuficiente.
Meus seios são pequenos; minha bunda menor ainda; meu corpo todo desformado; minha cara, terrível.
Eu odiava tudo em mim.
Subi minha calça do uniforme e passei a navalha uma vez pela canela, sentindo uma dor por lá, aliviando a dor que havia em meu peito.
Passei mais uma vez. E outra. E mais outra. Até o chão estar com várias gotas de sangue e a navalha vermelha.
Volto a chorar, só que mais baixo, e guardo a navalha em minha bolsa. Pego papel, passo pelo corte e desço minha calça no lugar.
Coloco minhas mãos no rosto, ambas sujas de sangue, e choro novamente.
Ouço a porta do banheiro abrindo e ouço uma voz, uma voz conhecida.
- Amélia? - era a voz de Diggory.
Paro de chorar e fico em silêncio, soluçando o mais baixo possível.
- Amélia, eu vi você vindo pra cá. Por favor, apareça - não respondo. Ouço os passos se aproximando cada vez mais.
A porta da cabine é aberta por Diggory e vejo sua figura alta. Olho para ele que me olhava com preocupação.
Ele se agacha e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Você está bem? - ele pergunta com uma voz que nunca ouvi sair de sua boca.
- Sim, estou. - Respondo com uma voz trêmula, mas determinada. - Por favor, saia. - Afasto a mão dele e desvio o olhar.
- Não. Você claramente não está bem - olho nos olhos dele. - Pode, por favor, me dizer o que está havendo? - Diggory coloca a mão no meu braço e acaricia. Tremo com o toque.
- Não tem nada, já disse - digo seca e com a voz fraca.
Ele olha para o chão e percebe as gotas de sangue lá. Sua pupila se arregala e ele me olha novamente.
- Amélia - sua voz havia ternura, preocupação.
Desvio o olhar e uma lágrima teimosa caí. Sinto os braços forte de Diggory me abraçando, os mesmos braços que me agarravam noite anterior.
Me rendo, o abraçando de volta, e volto a chorar, desesperadamente.
- Eu estou tão cansada, Cedric. Tão cansada. Eu carrego o futuro da família nas costas, eu tenho que ser perfeita, magra, pele limpa, tirar notas boas, aguentar comparação entre eu e a Ginny por ela tirar várias notas altas e eu não - desabafo tudo de uma vez, chorando. Enquanto dizia, Diggory acaricia minhas costas. - Eu não aguento mais isso, Diggory. Eu não...
- Shhhh - ele beija minha testa. - Vai tudo de resolver, eu juro - sinto sua mão forte acariciando meu cabelo. - E se não se resolver, eu mesmo faço questão disso acontecer.
Apenas balanço a cabeça e o abraço mais forte.
Eu estava sentindo vontade de dizer aquelas palavrinhas.
Sim, exatamente. Mas eu prometi a mim mesma que nunca diria para absolutamente ninguém além do Fred, George e Angelina.
Mas eu queria tanto...
Eu não podia.
Abri a boca sem pensar, mas Cedric diz primeiro.
- Você me chamou pelo nome - ele diz depois de um tempo em silêncio. Fico confusa, me afasto e o olho. - Você me chamou de "Cedric". - Diz o lufano, sorrindo e reviro os olhos, sorrindo pouco.
- Vai se foder, Diggory - ele dá uma risada e o abraço novamente, passando meus braços pela sua nuca. - Obrigada.
- Sempre que precisar - sinto ele sorrir e dou um pequeno sorriso também. - Sempre que me chamar de "Cedric" também. Você realmente me excitou me chamando assim - rio e aperto mais o abraço.
Ficamos um tempo assim. Em silêncio, apenas se abraçando e Cedric me dando beijos no rosto as vezes.
O agradeço pelo apoio e vou embora para minha comunal. Eu me senti tão bem assim, com ele, abraçados.
Um sorriso bobo estava em meu rosto.
[...]
Na hora do jantar, tinha dito tudo o que tinha ocorrido para Angelina. Bem, tirando algumas partes, claro.
Ela não pareceu ligar muito e estava com uma cara pensativa, estranha. Esses últimos dias ela estava bem esquisita.
Fred e George ouviram a conversa, como bom fofoqueiros que são, e ficaram me zoando obviamente. Quase bati neles? Talvez. Nunca saberemos.
Angelina jantou rápido demais, quase nem encostou no prato na verdade, e saiu correndo pra fora do Salão Principal. Eu e nem meus gêmeos entendemos, mas "ignoramos".
- Maninha - George me chama e o olho. - Eu percebi que hoje você estava bem magoada quando a Angelina ficou falando das notas dela - fico em silêncio e abaixo da cabeça voltando a comer. - Se você quiser que eu, sabe, te ajude a estudar...
- Eu também posso ajudar - se intromete Fred - Não gostamos de ver você assim, Melia.
- Eu vou ficar bem, garotos - digo após um tempo. - Juro. - Eles afirmam com a cabeça juntos e voltam a comer.
Meus gêmeos terminaram de jantar. E eu? Nem toquei na comida.
Eles saíram para a comunal, mas antes disseram: "Come, Amélia. Não queremos que desmaie na aula amanhã." Apenas assenti com a cabeça.
Dei umas três garfadas no jantar e saí para a Comunal. Nada de Angelina aparecer.
Entrei em um corredor vazio. Vazio entre muitas aspas.
No fim do corredor, vi dois alunos se pegando. Apenas revirei os olhos e ia virar para outro corredor.
Então reparo bem. Muito bem.
Um dos alunos era alto, 1,80 mais ou menos, uniforme da Lufa-Lufa, rosto perfeitamente simétrico. A outra era a tão desejada corvina, Cho Chang.
Eu apenas entrei em choque e comecei a seguir para o outro corredor.
Diggory está dando uns amassos na Cho Chang?! Depois de tudo que aconteceu!?
Eu não podia acreditar. Estava pálida de choque.
Apenas segui meu caminho para a Comunal, pensando no que tinha acabado de assistir.
Cheguei na Comunal e, pelo o que parecia, alguém falou comigo, mas não dei ouvidos e segui para meu dormitório.
Fechei a porta com força, larguei minha bolsa no chão e caí na cama. Comecei a gritar no travesseiro, de raiva. Gritar, gritar, gritar.
Todos os Grifanos da Comunal e do dormitório estavam preocupados com o barulho, mas foda-se. Eu não estava nem aí naquele momento.
Eu nunca me senti tão traída na vida.
Por isso eu nunca me apaixonei. Por isso nunca revelei meus sentimentos para ninguém. Se sentir frustrada, traída, magoada, quebrada.
Não, não, não.
Não pode ser.
Eu não usei a palavra sentimento, usei?
Não. Eu não tenho sentimentos pelo Diggory, afinal.
Mas porque eu me sentia assim por causa do que vi?!
Entretanto, ele é meu rival e...
Cala a boca, Amélia Wesley. Para de chamá-lo assim. Você sabe muito bem o que sente.
Cala boca, porra.
Eu nunca odiei tanto alguém quanto odeio Cedric Diggory. Ele é meu rival e ponto.
Espero que ele queime no inferno.
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