𝗦𝗘𝗩𝗘𝗡
Quando tudo que faço
tem de ser calculado.
———— 🌴🍊🥤————
Los Angeles, Califórnia
April 3, 2023
QUANDO ACORDO, LEIO as mensagens raivosas e obviamente digitadas com força enviadas a mim por Simon Walker — responsável pelo marketing de 'Late Night Talking.'
Eu já sabia que ele ficaria bravo. Desde que abri aquela live há alguns dias atrás, os fãs ficaram loucos pelas minhas malditas bochechas vermelhas quando Chris se juntou aos espectadores. Especulações, rumores e até pessoas com muito tempo livre foram até o fundo da internet e encontraram nossas fotos juntos.
Isso tudo não seria tão ruim se não estivesse estragando o plano perfeito de Simon de fazer Briney e eu aparentarmos ser o casal perfeito para trazer exatamente o tipo certo de espectadores para o filme. O que para mim não era tão necessário, já que nosso filme tinha o número de compras na bilheteria subindo a cada minuto.
Coço os olhos, tiro meu aparelho de contenção e o guardo na caixinha antes de tomar coragem para responder Simon. Assim que clico para visualizar suas dezenas de mensagens, ele me liga como se soubesse o exato momento em que abri a conversa.
Fico em silêncio, esperando que ele dissesse alguma coisa. Quando diz, já estava nervoso. Eu respiro fundo.
— Madelyn, eu te avisei que deveria fazer tudo de forma calculada! — ele exclama. Sem nem me desejar um bom dia.
— Eu não pensei que isso seria tão grave, Sr. Walker — falei, minha voz estava sonolenta, mas fazia de tudo para parecer que estava completamente disposta. — Todos vão esquecer disso daqui alguns dias.
— Não. Não posso ter isso como garantia — ele falou, sua voz tensa, mas não tão alta. Ele fica alguns instantes em silêncio, me pergunto se ele ainda estava na ligação. — Preciso que vocês ajam hoje mesmo. Se tiver compromisso, desmarque.
Eu não disse nada, mas estava revirando os olhos e massageando a testa. Não estava realmente com dor de cabeça, mas poderia sentir ela chegando.
— Certo — disse, finalmente. — O que devemos fazer?
— Sejam pegos por paparazzis na rua, completamente apaixonados, como se não aguentassem ficar longe um do outro. Direi a mesma coisa ao Briney. Mais ninguém poderá saber disso além de vocês dois.
Desliguei a chamada. Fiquei encarando a tela do celular até que ela fosse bloqueada automaticamente. Enviei uma mensagem para Briney, sem saber muito bem o que dizer, mas pedi que ele me buscasse em casa no fim da tarde. Então, pela barra da notificação, li a última mensagem enviada por Simon: fique longe de Chris Sturniolo.
Lembro-me do ano passado, quando passei meses desejando ter uma conversa decente com Chris, desejando matar as minhas curiosidades e saber como seria ter ele como meu namorado. Eu sabia que era idiotice, sabia que estava sendo tomada pelos pensamentos completamente movidos pela emoção. Afinal, não tínhamos nada além do quase-beijo.
Quando falei com Chris há alguns dias atrás, senti que algo realmente poderia acontecer. Algo poderia sair de apenas desejos, para algo real. Agora, eu não tinha escolha. Por mais que desejasse matar a minha curiosidade, meu trabalho era mais importante. Sempre coloquei o trabalho em primeiro lugar e agora não seria diferente.
Liguei o celular mais uma vez, cliquei no meu grupo com Zoe e Diana e me perguntei se deveria ligar para elas e contar tudo que aconteceu nos últimos dez minutos. Era tudo que eu mais queria, mas não podia. Então, desliguei o celular de novo. Larguei o celular em cima da cama e calcei minhas uggs para realmente começar o dia, mas não me permiti levantar quando escutei o toque do meu celular novamente. Diana e Zoe me ligavam no FaceTime. Era como se elas soubessem quando eu precisava delas.
Tentei tirar a expressão emburrada do meu rosto e cliquei para atender a ligação. Diana gritou meu nome assim que eu atendi, ela estava com um sorriso de ponta a ponta. Zoe estava com uma maquiagem perfeita no rosto e uma mulher fazia seu cabelo — ela provavelmente estava se produzindo para mais uma sessão de fotos, a carreira de modelo dela cresceu bastante nos últimos meses.
— Que milagre as duas atenderem ao mesmo tempo — Diana falou, apoiando o celular em algum lugar. Ela estava com o headphone pendurado no pescoço e só os usava quando ia viajar. — Quero contar a notícia para as duas.
— Fala logo, Diana — Zoe disse com um sorriso. A mulher que pranchava seu cabelo até espiou a tela do celular.
Eu dei uma risadinha. Mesmo que estivesse coberta por uma nuvem de tensão e problemas, as duas sempre achavam alguma maneira de me fazer dar uma risada. Elas eram minhas irmãs, não me importava se não eram de sangue.
— Preparadas? — ela disse, animada. Nós balançamos a cabeça. — Fui convidada para um evento, uma festa na verdade, da Alice Burkeley e eu posso levar as duas como minhas convidadas!
— O quê? — Zoe e eu dissemos mais como uma exclamação.
Alice Burkeley era a atriz com as melhores festas. E o melhor de tudo: nada saía de lá. O que acontecia na festas Burkeley, permaneciam nas festas Burkeley.
— Isso é insano! Você vai vir para LA? — perguntei. A ideia de ter Zoe e Diana dormindo aqui em casa me deixava feliz. Desde que me mudei sozinha para Los Angeles, tenho me sentido só.
— Duh, eu já estou indo. Mas vou passar alguns dias em Rhode Island para visitar minha avó. Espero que tenha espaço na sua casa, se não vou dormir em cima de você, babando nos seus peitões — Diana falou como se fosse a coisa mais normal do mundo enquanto verificava sua bolsa.
Eu dei uma risada alta. Era simplesmente impossível não rir das coisas que saiam da boca de Diana. Ela era a pessoa que mais me fazia rir. E tenho certeza que Zoe se sente da mesma forma, porque também está rindo.
— E já pode ir avisando seu namoradinho com o sobrenome difícil, que vocês poderão se encontrar lá. — Ela pegou o celular novamente.
— Como assim? — perguntei. Chris ter voltado para a minha mente fez meu estômago embrulhar mais uma vez.
— Os trigêmeos vão à festa, bobona. — Ela colocou a cara na tela e torceu as sobrancelhas enquanto me olhava. — O que está acontecendo?
Eu realmente não sabia como ela fazia isso. Como as duas faziam, na verdade. Zoe olhou para o celular com mais atenção e fez a mesma pergunta. Tinha me esquecido que por mais que eu tentasse esconder o que estava sentindo, elas sempre sabiam.
Eu realmente não podia contar, por mais que estivesse indo contra todas as vontades do meu corpo. Mas também não poderia recusar o convite da festa, e não poderia arriscar ser vista com Chris. Eu teria que encarar aquilo, mesmo que significasse fingir que não o conhecia.
— Nada — eu falei. — Me lembrei que tenho que encontrar com o meu agente daqui uma meia hora, só me distrai. — Eu estava mentindo, é óbvio. — Acho que vou ter mais um papel principal. Torçam por mim. Tenho que ir.
Então desliguei a chamada. Eu tinha que encarar aquilo. Estava acontecendo e eu não poderia colocar meu trabalho em risco. Lutei muito para chegar no lugar que estava e não iria destruir tudo por um garoto.
★★★
Estava me sentindo esquisita. Estava vestida para o show, pronta para dar aos telespectadores o que eles queriam. Eu não passava de uma marionete dos produtores de Hollywood. Eu sabia das consequências de me tornar conhecida, de fazer parte de uma grande produção. Desde que meu nome começou a ser associado com o de Chris, recebi várias ameaças de morte vindas de pré-adolescentes no Instagram.
Meu celular notifica a mensagem de Briney dizendo que já estava me esperando ao lado de fora. Parei para me olhar no espelho mais uma vez antes de sair, questionando se realmente estava disposta a fazer aquilo, e estava. Então suspirei e abri a porta. O carro preto e obviamente caro dele me esperava.
Deslizei para dentro, sentindo o couro do assento nas minhas pernas. Ele estava tão sem jeito como eu. Eu o adorava, mas não queria confundir as coisas. Ainda mais quando alguns amigos do set, e até mesmo Kyle, me disseram que ele estava afim de mim. Ainda acho que seja um mal entendido.
— Vamos mesmo fazer isso? — ele perguntou, seus olhos tão calmos me fuzilam.
— Não temos outra escolha — ri, embora não estivesse achando graça nenhuma.
Eu não conseguia evitar pensar em como iríamos terminar isso. Ou não teria um fim? Será que Simon nos forçaria a sustentar esta mentira para sempre? Eu não tinha ideia e estava me deixando ansiosa.
— Seria pior se eu te odiasse — formei um sorrisinho, finalmente o olhando. Briney sempre teve uma expressão reconfortante. — Assim seria típico de um clichê, não acha?
Ele soltou uma risadinha, então começou a manobrar o carro. Eu gostava daquele bairro em que morava. A vizinhança era quieta e gentil, as casas eram cercadas por árvores com flores rosas e pinheiros que estavam sempre aparados. Era privado e pacífico.
Ele pediu para que eu tomasse conta da música, já que era a visita em seu carro. Eu sempre ficava animada quando me pediam para colocar a música, pois sempre era uma boa desculpa para escutar as músicas da Madison Beer. Ou como a chamo às vezes: minha maior inspiração.
Enquanto cantarolava 'Fools', rolava pelo Instagram para curtir qualquer foto ou edit que estavam usando para shippar Briney e eu. Acredito que este seja o primeiro passo se quiser anunciar ao público que está namorando seu parceiro de cena, não é?
A barra de notificação surge no topo da tela e leio em voz alta a mensagem que Simon me enviou, enquanto Briney está estacionando o carro:
— Liguei para os paparazzis e disse que vi você e o Briney no San Laurel. Eles devem chegar por volta de quinze minutos — disse, então o enviei um emoji de joinha antes de guardar o celular de volta na bolsa.
— Que o show comece — disse ele, deslizando para fora do carro.
Soltei meu cinto de segurança e me surpreendi quando vi Briney abrir a porta do carro para mim. Ele estendeu a mão para que eu me segurasse e foi isso que fiz. Pulei do carro e ajeitei minha jaqueta de couro. Estava frio e já tinha me arrependido de ter escolhido a saia ao invés da calça.
Ele entrelaçou nossos dedos e trancou o carro com a outra mão. Eu estava olhando para todos os lados, pronta para localizar qualquer paparazzi. Briney estava bem vestido, com roupas pretas e o cabelo perfeito. Ele cheirava muito bem também, o perfume amadeirado dele estava por toda parte.
O restaurante estava mais aquecido, lustres com a luz fraca e alaranjada estavam iluminando aquele lugar tão grande. Já não sentia mais vontade de vestir a jaqueta. O garçom que tinha um sorriso gentil nos encaminhou até a nossa mesa, que ficava ao lado de uma janela imensa. Tudo foi pensado estrategicamente por Simon.
Pedimos bebidas e um pequeno aperitivo e o garçom foi embora com os nossos pedidos. Eu estava tremendo um pouco, mas já não era mais o frio. Briney segurou minha mão por cima da mesa e a apertou por um momento. Eu sorri, percebendo o quão estúpida estava sendo.
— Não se preocupe, vai dar tudo certo — ele falou, olhando fixamente para os meus olhos.
Me obriguei a respirar fundo, então estava um pouco mais calma. Mas ainda estava pensando no que a internet iria falar. Já tinha lido comentários sobre ele ser muito mais velho, o que em parte era verdade. Ele tinha vinte e três e eu, dezoito. Será que Simon tinha pensado nisso?
— Estou me preocupando demais, não é? — falei, procurando não prestar tanta atenção na janela.
— Sim, mas eu te entendo.
— Já fez isso antes? — Estava realmente interessada. Se ele já fez algo como isso antes, saberia como agir e me dizer exatamente o que fazer.
— Não exatamente — ele riu, formando uma careta. Parou de falar por um instante, esperando o garçom entregar nossas bebidas e aperitivos e sair mais uma vez. — Lola e eu tentamos quando a primeira temporada da série foi lançada, mas achamos que seria muito complicado, já que ela estava apaixonada por outra pessoa.
Briney trabalhou com Lola Tung na adaptação dos livros de "O verão que mudou minha vida". Lembro de ter feito audição para interpretar Taylor, mas tenho certeza que Rain Spencer se saiu muito melhor do que eu teria.
— Uns rumores foram criados na primeira semana que tentamos, mas nada tão drástico como o que estamos fazendo agora — ele continuou, então deu um gole na bebida que parecia ter limão. O que ele disse meio que me tranquilizou.
Ele olhou por cima de mim, através da janela, permaneceu com a mesma expressão que antes, mas disse entre os dentes:
— Atrás de você — ele anunciou e eu olhei por cima do ombro, vendo dois caras vestindo roupas pretas e segurando câmeras com lentes gigantes. — Vamos esperar mais uns cinco minutos, mais paparazzis vão chegar, daí saímos.
Balancei a cabeça, ainda aflita. Ele segurou minha mão mais uma vez e entrelaçou nossos dedos. Sabia que já tinham tirado fotos de trezentos ângulos diferentes das nossas mãos juntas.
Os paparazzis se juntaram na frente do restaurante e ao lado da janela depois de alguns minutos. Parecia uma cena digna de 'The Walking Dead' ou algo assim. Briney tirou alguns dólares da carteira e os jogou em cima da mesa, enquanto o gerente do San Laurel nos encaminha para os fundos do restaurante. Eu realmente não tinha noção do reconhecimento que estava recebendo.
Sair pelos fundos não iria adiantar, mas era exatamente o que queríamos. Foi o tempo necessário para achar um beco e nos escondermos da pior forma possível. Quando vi as lentes gigantes e os flashes que poderiam me deixar cega, empurrei meu corpo contra o de Briney e enrolei meus braços em volta do seu pescoço, enquanto o beijava. Aquilo não era muito diferente das gravações, mas agora, a plateia era ao vivo.
Os paparazzis estavam perto o bastante agora. Olhamos para as câmeras como se estivéssemos surpresos — eu estava um pouco assustada, sim — e Briney me puxou, correndo comigo pelas ruas de Los Angeles até alcançarmos seu carro. Ouvi os paparazzis perguntando se nós estávamos realmente namorando, quando aquilo tinha começado e se meus rumores com Chris Sturniolo eram verdade.
Pulei para dentro do carro e mesmo lá dentro, tudo ainda parecia muito barulhento. Eles estavam por toda parte, tive que cobrir os olhos com as mãos. Alcancei os óculos escuros do porta-luvas e os coloquei no rosto. Briney dirigiu para longe, as câmeras já estavam distantes, mas eu ainda conseguia escutar os cliques e os flashes, os murmurinhos e o som dos nossos pés correndo no asfalto.
Ficamos em silêncio o caminho todo. De repente o carro estava frio, mesmo que estivesse aquecido. Eu me abraçava. Não era o fim do mundo. Era a nossa primeira aparição pública, Simon não iria nos forçar a fazer algo assim novamente.
— No que está pensando? — ele perguntou. Jesus, tinha esquecido que ele estava lá, mesmo que fosse seu carro.
— Em tudo — dei uma risadinha —, é muito para assimilar. Posar para fotos na premiere é uma coisa, ser perseguida é completamente diferente.
Ele respirou fundo, estava tão tenso como eu. Ele me entendia, ou talvez só estava sendo compreensivo. Nada mudava o fato de que eu iria dormir pensando em todos os flashes que me cegavam.
— Eu entendo.
Ele me deixou na frente de casa. Nem apreciei o caminho que eu tanto gostava, estava pensando demais. Chris nunca mais vai me mandar mensagem, pelo menos não para ser meu amigo. Ele não era meu para eu perder, de qualquer maneira.
Quando subi para o meu quarto, vesti minha calça moletom e o sweater de 'Home To Another One' da Madison — minha roupa de apoio emocional —, liguei minha luzinha que projetava uma galáxia no quarto inteiro e me afundei no colchão. Liguei o celular e vi as mensagens que Diana, Zoe e Kyle tinham me enviado. Minha mãe também me mandava mensagem, dizia que estava confusa. Tudo isso em menos de uma hora.
Por impulso, cliquei na conversa com Chris. Mas que porra é essa Christopher Owen Sturniolo?
You were blocked by chris s.
i. O PRÓXIMO CAPÍTULO É POV DO CHRIS, PREPARADOS?
ii. é tanto problema atrás de problema que esse vai ser o mais normal de todos 😍
iii. espero postar o próximo cap logo, estou ansiosa KAAJAKAKKAKKAKAK
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