𝗘𝗣𝗜́𝗟𝗢𝗚𝗢
Vou te amar até nossos
cabelos se tornarem cinzas.
Vamos ter uma caixa com
fotos da vida que fizemos.
Timeless - Taylor Swift
———— 🌴🍊🥤————
Cape Cod, Massachusetts
June 23, 2038
ERA A PRIMEIRA semana de verão. Era um dia bem quente em Cape Cod. Eu estava deitada à beira da piscina cobrindo o rosto com um dos bonés de Chris. Chris estava ensinando Ethan e Madison, nossos filhos, a surfar lá na praia — mesmo que eu tenha sido a responsável por ensiná-lo tudo que sabia sobre surfe. Nossos amigos chegariam a qualquer momento.
Chris e os gêmeos tinham passado a manhã toda surfando. Voltaram quase na hora do almoço. Madison subiu os degraus da varanda às gargalhadas por Ethan ter perdido a bermuda depois de ser atingido por uma onda forte. Chris veio até mim, tirou o boné do meu rosto e balançou o cabelo molhado para que as gotinhas de água caíssem na minha pele.
— Tem protetor solar na sua sobrancelha — disse.
Eu dei risada e passei a mão em uma das sobrancelhas.
— Onde?
— Deixa eu limpar.
Ele olhou bem sério para o meu rosto, se inclinou na minha direção e me beijou, com os lábios frios e salgados da água do mar.
— Eca! — Ethan e Madison resmungaram atrás de nós.
Chris correu até os dois, os agarrou e os atirou na piscina. Os gêmeos começaram a gargalhar, Chris se jogou na água também e eu pulei logo depois.
A água estava ótima, refrescante e cristalina. Não havia outro lugar que eu preferia estar.
Vi a porta de entrada abrir pelas portas do quintal. Matt, Zoe, Diana, Nate, Nick, Kyle, Liz. Todos estavam ali. Diana levantou as cadeiras de praia sobre os braços e a pequena Liz, filha de Matt e Zoe, saiu correndo pelo quintal e pulou de roupa e tudo na piscina para acompanhar os primos.
Mais tarde, as crianças foram brincar na praia. Eu e as meninas fizemos alguns copos de chá gelado e levamos algumas cadeiras para perto do mar. Ficamos ali até não aguentarmos mais o sol.
Quando voltamos para casa, as crianças já não estavam mais no quintal e nem pela casa. Olhei para Nick com as sobrancelhas arqueadas.
— Onde estão as crianças?
— Matt, Nate e Chris levaram eles para comprar picolé no clube — respondeu Nick, deixando Kyle espalhar protetor solar em seu rosto.
Ethan chegou em casa com a boca toda suja de picolé de uva. Madison estava quietinha, terminando seu sorvete de chocolate e Liz estava dando risada de Ethan.
— Mamãe! Mamãe! — Ethan pulou nos meus braços e eu o peguei no colo, tentando limpar aquela bagunça em suas bochechas. — O papai falou que você é nojentinha!
— Como é?
Chris arregalou os olhos e se aproximou de mim com pressa para me dar um beijinho na bochecha.
— Não foi isso que eu disse! — protestou. — Você é espertinho, garoto. — Ele fez cócegas em Ethan e ele gargalhou.
— Conversamos sobre isso depois, Christopher.
— Amor, eu juro que não foi nada disso!
À noite, quando já tínhamos colocado as crianças para dormir, nos reunimos no sofá da sala. Decidimos que seria uma ótima ideia assistir os antigos vlogs do canal de Nick, Matt e Chris. Assistir os vídeos me deixava nostálgica da melhor maneira possível. Éramos tão novos e pensávamos que sabíamos de tudo.
Assistimos o vlog do dia em que todos viajamos para a Grécia juntos. Eu tinha vinte e dois, todos eles tinham vinte e três. Lembro-me exatamente daquele dia. 17 de julho, que noite!
Eu vestia um vestido branco de flores azuis e sandálias brancas e Chris vestia uma camisa de botão azul acinzentado e bermuda branca. Estávamos prontos para jantar em algum restaurante próximo ao mar. Nick e Kyle bateram na porta do quarto com um sorriso, segurando uma câmera com uma lente enorme.
— Boa noite, casal — Nick falou atrás da câmera. — Como estão esta noite?
— Aproveitando o quarto, se é que vocês me entendem — Chris olhou bem para a lente e sorriu com o canto dos lábios.
— Chris! — Eu dei um berro. — Por que você diria algo assim na internet?
Chris começou a gargalhar com Kyle e Nick parecia traumatizado e paralisado com a boca aberta. Atrás deles, Zoe e Matt entraram no quarto como se soubessem que todos estariam ali. Então Diana e Nate também entraram.
Antes que Nick desligasse a câmera, me aproximei da lente e disse:
— Chris é um idiota, finjam que não escutaram nada disso!
— E você é uma nojentinha — ele rebateu.
Até hoje damos risada desse apelido. E, aparentemente, Ethan começará a me chamar assim também.
Assistimos mais alguns vídeos até trocarmos por algum filme de comédia. Acabei dormindo no sofá e acordei quando todos já não estavam mais ali e a TV estava desligada. Mas ouvi uma voz distante e carinhosa vindo do quarto de Madison. Subi as escadas no mesmo instante, com medo de que ela tivesse tido mais um de seus pesadelos.
Sorri quando Chris parecia estar tomando conta de tudo muito bem.
— Papai, me conta a história de novo — pediu Madison, sorrindo, travessa.
— Tudo bem — falou, sonolento.
Chris a cobriu até o peito com seu cobertor de estrelas do mar e arrumou o travesseiro dela. Apenas o abajur estava ligado e os golfinhos brilhavam na parede — adesivos que compramos há uns dias atrás e Chris ajudou a colar cada um deles.
— Era uma vez, uma garota de cabelo castanho e sardas. Ela vivia em uma casa de praia com sua mãe e todo verão um garoto bobo e irritante a encontrava, pronto para irritá-la a todo custo. Mas, o que nem ela e nem ele sabiam, era que a história dos dois acabaria com um belíssimo casamento à beira mar.
— Papai, você e a mamãe também se casaram na praia!
— É mesmo! Que coincidência, não é, filha?
Eu dei risada atrás da porta e acho que Chris escutou, porque espiou por cima dos ombros e sorriu mesmo que não estivesse me vendo.
— O que significa "coincidência", pai?
— Nada. Fecha os olhos, Madison.
Madison estava na fase de questionar tudo e todos e, normalmente, Chris estava sempre pronto para respondê-la, mas acredito que o sono tenha falado mais alto desta vez.
Ele só saiu de lá quando contou toda a história — a nossa história. Madison já estava dormindo e o abajur tinha sido desligado. Eu estava no quarto, lendo as últimas páginas do meu livro, enquanto esperava Chris voltar. Ele abriu a porta do quarto, todo sonolento e cansado, se jogou na cama e arrastou-se até a mim, abraçando a minha cintura, afundando o rosto no meu peito. Chris soltou um suspiro bem exausto e fechou os olhos.
— Terminou de dar coice na nossa filha, Christopher?
— Amor, você sabe que eu sempre respondo todas as trezentas milhares de perguntas que ela faz no dia, mas eu estou tão cansado — choramingou, me abraçando como se eu fosse a solução dos seus problemas.
Eu dei risada e larguei o livro na mesa de cabeceira. Me ajeitei na cama e o abracei também, fazendo carinho em seu cabelo. Me lembrei da primeira noite em que passamos nesta casa sozinhos.
Parecia que ele conseguia ler a minha mente, pois me surpreendi com o que disse em seguida.
— Você se lembra quando passamos nossa primeira noite sozinhos aqui? — Ele levantou a cabeça para olhar nos meus olhos.
— É claro.
— Eu nunca te contei, mas eu ouvi o que você sussurrou naquela noite. — Ele sorriu como se fosse teletransportado para aquele momento. — Chris, só existe você. Para mim, sempre existiu só você.
Fiquei completamente envergonhada. Senti as bochechas vermelhas como se fosse uma adolescente de novo. Eu me sentiria eternamente jovem com ele.
— Eu tive certeza que te amaria para sempre ali — disse ele, como se não existisse mais nada no mundo além de mim.
— Eu te amo infinitamente.
walkthdead ©️ 2024
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