
27 | Aquele com a Surpresa
𝐀𝐐𝐔𝐄𝐋𝐄
𝒄𝒐𝒎 𝒂 𝒔𝒖𝒓𝒑𝒓𝒆𝒔𝒂
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St Pierre Rd, Bel Air – Holmby Hills
27 de novembro
☁︎
Fazer mudanças não era lá a programação mais agradável para um domingo a tarde, mas Vivian sabia que Florence não conseguiria sozinha. E que talvez a ajuda de Sam não fosse o suficiente. Eram coisas demais para empacotar e guardar nos lugares certos. As caixas espalhadas pela casa não os deixava mentir.
Com o bebê a caminho e o relacionamento fluindo, o casal havia decidido morar junto. Até que pudessem se reorganizar e seguir os planos corretamente. Daquela forma, seria menos cansativo para Florence com o passar dos meses. E seria uma mudança rápida, apenas para o bairro vizinho, onde Walsh havia comprado definitivamente uma casa.
— Tudo dos banheiros já está empacotado. Caixas pequenas dentro de uma caixa grande, tudo anotado do lado de fora.
— Perfeito, Vi. O almoço acabou sair do forno, vou chamar o Sam e vamos comer — Florence avisa, deixando uma travessa com lasanha sobre a mesa.
— Mhm, vai, vai. Eu organizo a mesa.
A ruiva segue para o quarto de hóspedes, onde o namorado empacotava as roupas de cama e utensílios gerais do apartamento. E Vivia, na cozinha, separa pratos, copos e talheres na mesa, levando a jarra de suco consigo e sentando na cadeira lateral no momento em que os dois retornaram.
— Isso está cheirando bem — Sam elogia, puxando a cadeira para Florence sentar.
— Não é segredo que eu sou uma excelente cozinheira, obrigada — A ruiva diz, com uma feição extremamente convencida, o que os faz rir.
— Infelizmente não posso negar, meu amor.
— Nem eu. A única gringa que soube replicar a receita dos sonhos brasileiros tão perfeitamente — Vivian diz, enquanto serve suco nos três copos.
— Viu só? Eu sou muito boa.
Os três riem com o jeito único da mulher, e aguardam enquanto ela se serve. Um por um, serviram seu almoço no prato, apreciando o aroma do frango com queijo e brócolis. Uma mistura agradável ao paladar, e que era bem completa com o sabor do suco. Um almoço digno, que Vivian, em toda a sua correria de trabalho, nem sempre tinha tempo de ter.
Algo que também estava planejando mudar em sua rotina.
— Mh, e o que vai fazer com a sua mobília, Sam? — Vivian pergunta, sabendo que Florence levaria tudo dela para a nova casa.
— Não tenho. Tudo o que está no meu apartamento é cedido pelo trabalho, já que eu vim de outro país, eles tomaram conta de tudo — O loiro explica.
E então faz uma pausa apenas para tomar um pouco do suco quando sente a garganta seca. Vivian apenas observava enquanto mastigava mais da lasanha, sentindo o sabor morno preencher bem seu estômago.
— Os móveis todos serão os da Flo, e o que faltar, eu compro.
— Só uma compensação, já que ele está pagando o valor da casa inteira — Florence dá de ombros ao complementar a informação do namorado.
— Era necessário. Não aguentava mais aquele apartamento pequeno, e teremos espaço suficiente para nós três e Krypto — O loiro diz, atraindo a atenção do cachorro ao ouvir o próprio nome.
— Tem quintal lá? Ele vai gostar…
— Tem. Quintal, jardim, piscina, bastante área verde ao redor, e o condomínio tem um lago enorme, lindo — Florence sorri ao responder.
Vivian sabia, não era segredo que ela sempre quis morar em um lugar como aqueles, mas nunca havia tido o impulso necessário para deixar o apartamento. A morena sabia que o momento chegaria algum dia, e agora podia ver de perto e ajudar um pouco naquilo também. Mesmo que a mudança fosse corrida pelos trabalhos puxados do casal, ainda assim, estava sendo um bom momento.
— Foi a nossa sorte a casa ser recém-reformada. Checamos tudo na vistoria com o arquiteto, não vamos precisar fazer nenhum ajuste.
— Menos gasto, isso é ótimo! — Vivian sorri, percebendo a animação de Sam ao falar sobre o local.
— Ah, é. Já vamos gastar demais com esse pedacinho de gente — Florence comenta também, cutucando a barriga com a ponta do dedo e rindo.
Vivian quase podia sentir os olhos enchendo de lágrimas enquanto observava a amiga. Sua felicidade era genuína, e podia sentir isso de Sam também. A empolgação que ele sentia com a ruiva, a forma como não se importava se tudo havia sido rápido demais. Ele queria estar com ela, estava se esforçando mesmo com a rotina que tinha.
Ele era exatamente o que Florence precisava, e, mesmo que o conhecesse ainda pouco, Vivian podia dizer que ela fazia o mesmo por ele. Eram um bom casal, e definitivamente seriam bons pais para o ruivinho que logo chegaria.
— E ele vai ter tudo o que quiser… — Sam diz, puxando a mão de Florence e depositar um beijo, e então se curvando para ficar o mais próximo que podia da barriga — … Se nascer loiro igual ao papai — Completa, fazendo as duas mulheres rirem.
— Nunca! Ele não vai me trair desse jeito. Vai ser ruivinho…
— Meio a meio, como a Cruella — Vivian diz, tentando amenizar a situação, e só faz os pais rirem ainda mais.
— Seria estranhamente bonito — Florence diz, após finalmente se acalmar.
— Claro! Eu vou ser tia da criança mais linda do mundo.
O casal sorriu pela empolgação da mulher também. Todos estavam em um bom momento ali, falando com tanta certeza de um futuro que, semanas atrás, parecia tão incerto. Com o tempo, tudo estava chegando em seu devido lugar. Era apenas uma questão de tempo até que as coisas se acertassem definitivamente. Vivian sabia disso. E esperava. Era tudo o que podia fazer.
☁︎
Bel Air, Los Angeles
28 de novembro
Desde que se mudou definitivamente para os Estados Unidos, Vivian deixou de comemorar seus aniversários. Não que fosse algo que amava fazer quando estava no Brasil, mas ali não havia toda a alegria de, pelo menos, ter toda a família por perto. Desde então, as comemorações tem sido apenas comer algo com Florence e apenas ter um bolo pelo simbolismo.
E ela sabia que era exatamente a mesma coisa que aconteceria dessa vez. Não importava o quão ocupada Florence estivesse, a ruiva sempre encontrava uma forma de ficarem juntas. E foi o que aconteceu. Com uma ultrassom marcada e tendo que voltar para reabrir a cafeteria, as duas marcaram para se ver a noite. Assim, Vivian teve o dia todo só para si, e resolveu fazer algo que não fazia há um tempo.
Aproveitou o seu dia verdadeiramente sozinha. Mas não de uma forma triste. Tomou seu tempo em um longo banho e lixou as unhas enquanto esperava a hidratação fazer efeito no cabelo. E se arrumou em um vestido confortável, deixando a calça, que tanto usava para trabalhar, de lado. Com sua bolsa levando apenas carteira, chaves e o celular, ela dirigiu até a Rodeo Drive.
Não costumava gastar muito consigo, mas por todas as turbulências que passou nos últimos meses, finalmente se permitiu um pouco de liberdade. Experimentou quantas roupas quis, no tempo que quis. E comprou as que achou mais bonitas. Vestidos, calças, blusas e lingeries. Pares de brincos e um novo relógio. Sem exageros, apenas presentes para si mesma.
E não levou muito tempo procurando por um restaurante, optando por um brasileiro, se sentindo um pouco mais confortável e em casa, aproveitando para levar alguns doces e salgados consigo antes de ir embora. Assim, pôde procurar mais alguns itens que precisava antes de retornar para casa. Teve tempo o suficiente para guardar suas compras a tempo de Florence e Sam chegarem.
— Feliz aniversário, sua carrancuda! — Florence desejou, dando um intenso abraço na amiga.
Já havia enviado um texto enorme por mensagem, como tinha o costume de fazer em todos os anos, e não precisou se prolongar pessoalmente. Anos de amizade já haviam deixado bem óbvio o que cada uma sentia e desejava para a outra.
— Obrigada, minha chatinha favorita — Vivian agradece, afagando as costas da amiga e sorrindo.
Quando as duas se afastam, Sam passa o bolo e as sacolas para Florence, e dá um longo abraço em Vivian também.
— Feliz aniversário, minha cunhada favorita! — Sam deseja, realmente tendo Vivian como uma irmã para Florence. Aquilo a fez sorrir em agrado.
— Sua única cunhada! Há! Obrigada, europeu — Vivian agradece, ouvindo a risada do rapaz de volta.
E então fecha a porta de casa, acompanhando o casal para a sala de estar. Os três sentaram no sofá, Florence e Sam lado a lado, e Vivian de frente. E viu quando eles dispuseram duas das três sacolas para ela. Seus dois presentes. Na outra estavam os poucos doces e salgados de festa que Florence havia feito, e o bolo.
— Anda, abre logo!
A empolgação de Florence com o presente a fez rir, abrindo o pacote e vendo a logo da Jacquemus na caixa. O presente a havia surpreendido, e ela abriu de uma vez, tirando um vestido branco. Ela sabia exatamente qual era. Em uma madrugada em que nenhuma das duas conseguia dormir, Florence e Vivian ficaram enviando links de roupas uma para a outra até achar um favorito.
Vivian salvou o de Florence e lhe deu de aniversário meses depois. Mas havia esquecido completamente daquilo, e Florence, agora, fez o mesmo.
— Como você lembrou?
— Eu salvei um print do vestido com um alarme no calendário. Faz uma semana que comprei e já não aguentava mais guardar segredo — Florence revela, rindo alto e ouvindo a risada de Vivian em seguida.
— Meu deus, Flo! Obrigada!
E então, outro abraço, com as duas descontando o misto de emoções em seus afagos. E quando se afastaram, Vivian abriu o presente de Sam. Um purificador de ar com um kit de doze óleos aromatizantes, e uma lista dos benefícios de cada um deles. Vivian sorriu. Quase havia comprado um daqueles mais cedo.
— Nos conhecemos há tão pouco tempo, não soube bem o que escolher. Mas eu uso um desses no escritório e tem sido o que me salva do estresse e enxaqueca, imaginei que fosse gostar também.
— Eu adorei, Sam! Obrigada, fofinho!
Os dois se deram um ligeiro abraço, com Vivian se afastando brevemente depois. Deixando os presentes no canto da poltrona, ela aguardou enquanto Florence Separava os doces, salgados e o bolo. Nunca havia feito realmente questão de tudo aquilo. Nem mesmo dos presentes. Estaria feliz se tivesse apenas a presença deles, e uma pizza qualquer para jantar.
Nada nunca era pelos presentes, apenas pela presença deles ali. Aquilo era o que verdadeiramente importava. Assim como teve mais cedo com seu irmão, mesmo sendo apenas em uma chamada de vídeo, ou com uma longa ligação de meia hora com sua mãe. Tudo apenas pela sensação boa que cada pequeno momento causaria no seu peito. Ela era simples nessa questão, e todos ao seu redor sabiam disso. Se encantavam por isso.
— Pronto! Apaga a vela e faz um pedido.
Ela obedeceu, fechando os olhos e mentalizando algo para si. No fundo da sua mente, aquele era um dos desejos que tinha, e, ao apagar a vela, sorriu consigo mesma, se achando um tanto boba por isso. Mas era seu momento, não importava o que sua própria mente dizia sobre isso.
— Será que vai se realizar? — Florence instigou, entregando uma faca para a amiga.
— Você nem sabe o que eu pedi, fofoqueira — Vivian retruca, com a ruiva rindo logo em seguida.
— Mas eu sei de muitas coisas — Florence respondeu, bebendo um gole da água e percebendo como Vivian a olhou de olhos semicerrados.
Ignorando aquilo, Florence não disse mais nada. Vivian partiu um primeiro pedaço generoso, pondo em um prato com doces e salgados e entregando para Flo. Ela sabia sobre a tradição brasileira da primeira fatia do bolo, e mesmo que praticamente todos os anos os pedaços fossem seus, exceto quando Wagner estava presente, ela ainda se emocionava com isso. E Vivian sempre sorria.
Vivian serviu mais dois, entregando um para Sam e se encostando para comer, aprovando o sabor do bolo e o recheio cremoso. Um brigadeiro decente para lhe lembrar os velhos tempos, e uma pequena coxinha tão boa que quase a fazia acreditar que Florence tinha um espírito brasileiro. Ou uma mão tão perfeita para a cozinha que podia acertar qualquer culinária.
— Esse bolo está maravilhoso! — Florence diz, deixando ser dominada por mais um daqueles desejos da gestação.
— Até meu sobrinho gostou.
— Nota dez de todos.
Os três continuaram apreciando mais da comida juntos, e comentando sobre como havia sido o dia. Florence havia se mostrado extremamente empolgada para ver cada uma das compras que Vivian havia feito, garantindo que iria lhe lembrar de enviar foto de cada item. E Vivian estava ainda mais ansiosa, vendo as fotos e vídeos de mais um ultrassom, comparando com a primeira e já podendo notar um pequeno desenvolvimento no “feijãozinho”, como agora estavam chamando o bebê de Florence.
— … E, se continuar com um bom desenvolvimento, ele ou ela deve nascer em junho.
— Perto do seu aniversário!
— Sim! Haha! Tomara que seja uma menina, ruivinha.. — Florence não perde a chance de provocar, sentindo quando Sam faz cócegas nela, calado por apenas estar de boca cheia.
— Mas vai continuar bem sim. A fofurinha da titia vai nascer saudável! — Vivian deseja, acariciando a pouca barriga de Florence quando passa pela amiga.
Com um sorriso terno e tranquilo da ruiva, a brasileira segue para a cozinha, deixando os três pratos na pia para lavar quando estivesse livre. E, enquanto retornava para a sala de estar, ouviu o toque da campainha. Quase imediatamente, Florence checou o horário no celular, que atraiu a atenção de Vivian, mas não contestou, seguindo para a porta da frente da casa, a abrindo sem checar antes.
Seu olhar chegou ao de Pedro, mais na frente, e passou para Oscar, logo ao lado. Estava surpresa, em choque. Seu coração lentamente começava a acelerar, tentando compreender o motivo dos dois estarem ali. E com sacolas de presente, o que parecia ser ainda pior.
Ou.. melhor?
Ela já não sabia mais.
— Cariño…
— Corazón..
Os dois chamam ao mesmo tempo, com suas vozes e seus sotaques se sobressaindo e a fazendo piscar algumas vezes.
— Podemos conversar?
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Oioi!
Fiquei com esse cap pronto esperando a postagem, mas passei esse fim de semana em família e preferi preservar meu tempo um pouquinho, sair do celular, vocês sabem.
Atrasei mas tô aqui, como sempre.
E com mais surpresinhas sim hehee,
Veremos onde essa conversa vai dar
Beijos!
♡.
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