
26 | Aquele com a Ajuda
𝐀𝐐𝐔𝐄𝐋𝐄
𝒄𝒐𝒎 𝒂 𝒂𝒋𝒖𝒅𝒂
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Sunset Blvd, Bel Air
26 de novembro
☁︎
A dupla de amigos teve mais algum tempo para poder repensar bem o que estavam planejando fazer. Não era uma escolha fácil, e muito menos uma decisão que poderia ser tomada sem pensar no que aconteceria depois. Principalmente pensar sob a perspectiva de Vivian, que até então não havia sido sequer contatada por eles.
Ainda.
E foi nisso que os dois andaram pensando pelos quatro dias que se seguiram desde a conversa na casa de Pedro. Virtualmente, tomavam mais algumas decisões para acrescentar as suas ideias, e o que mais fosse possível para resolver de uma vez aquele impasse.
A saudade que estavam sentindo de Vivian já suprimia qualquer sentimento negativo que sentiram com a situação. Nenhum dos dois conseguia mais se culpar ou tentar entender os motivos da mulher. Apenas compreendiam, se ponto no outro lado da história, e tentavam, de alguma forma, pensar naquilo como um aprendizado. Se é que poderia servir para isso.
Era uma forma impulsiva de agir, certamente, mas, ao menos para eles, parecia dar certo. Dias de folga e em casa, sozinhos, lhes permitiam pensar com extrema clareza sobre cada tópico, e lhes dava a certeza que precisavam, que tinham tanto empenho para encontrar. Era o resultado de todo o carinho que sentiam por Vivian, de toda a paixão que cultivaram.
Os sentimentos não os deixavam fugir.
E foi isso o que os levou até aquela rua.
— Que ideia de vir tão cedo em uma cafeteria! — Pedro comentou, observando os arredores e como a rua estava pouco movimentada.
Naquele horário da manhã, muitas pessoas ainda estavam no trabalho, e as escolas e faculdades que normalmente movimentavam muito as manhãs da cafeteria, estavam fechadas agora. Era a chance de ouro deles.
— Era o único lugar que eu sabia que poderíamos falar com a amiga dela — Oscar responde, dando de ombros quando tranca o carro e gira a chave entre os dedos.
— Eu disse que poderíamos mandar uma mensagem.
— E correr o risco dela apenas ignorar e mandar prints para a Vivian?
A pergunta fez Pedro rir, sabendo muito bem que aquilo tinha uma imensa chance de acontecer. Apenas pessoalmente Florence teria a oportunidade de ouvi-los e, com sorte, lhes ajudar. E tinham que ser rápidos. A chance de Vivian sair do trabalho e ir direto para a cafeteria era grande.
Respirando fundo como se quisessem uma lufada de coragem, os dois seguiram lado a lado, com Oscar abrindo a porta da cafeteria para entrarem. O sino chamou a atenção de Florence, do lado oposto do balcão, e puderam ver a feição completamente chocada da ruiva. Ela havia paralisado, e não se moveu até que eles chegassem ao balcão, perto o suficiente dela.
— Bom dia, Florence..
— Bom…
A voz dela parecia mais um suspiro. Incerta até mesmo se seu próprio choque era pela presença de Pedro Pascal ali, ou se era por Oscar ter voltado, sem Vivian, após tudo o que aconteceu. Ela já quase conseguia imaginar o que estava por vir.
— Você tem alguns minutos livres? Gostaríamos de conversar — Oscar pede, com seu olhar gentil de sempre.
Pedro mantinha um meio sorriso mas um olhar de quem a analisava.
— Você é a amiga grávida! — O chileno enfim contestou.
E ela não fez muito além de suspirar. E então riu.
— É. Sou eu. Tudo bem, dez minutos ou até um cliente me chamar.
A ruiva disse, passando as palmas por um pano seco para limpar.
— O que vão querer comer? — Ela pergunta, sem mesmo eles terem demonstrado qualquer traço de que pediriam algo.
— Oh.. Alguma sobremesa com caramelo. Confio em você — Oscar pede, seguindo para uma mesa no canto, afastada o suficiente.
— E você, Sherlock? — Ela pergunta, encarando Pedro, que parecia perdido, mas que riu do apelido que ela lhe deu.
— Pode ser o mesmo que ele, e uma água, obrigado.
Ela assentiu antes que ele seguisse também. E então preparou dois sonhos no estilo brasileiro, recheados com doce de leite e caramelo, e juntou a duas garrafas de água, seguindo com a bandeja para onde eles haviam se sentado, se acomodando na poltrona na frente, e tendo a certeza que os poucos clientes que terminavam as refeições conseguissem vê-la caso precisassem de algo mais.
— E então? Em que posso ser útil? — Ela perguntou, descansando a palma sobre a barriga que sequer dava para ser vista ainda.
Um costume que havia pego em pouquíssimo tempo e que a deixava ansiosa para os próximos meses.
— Não sabia sobre o bebê. Parabéns.
— Obrigada. Descobrimos há pouco tempo.
— Hm, é. Quase tive um ataque cardíaco quando vi o teste positivo na mesa da Vivian — Pedro comenta, fazendo os dois rirem — Felicidades na nova jornada. Já sabe se é menino ou menina?
— Não, estou há quatro dias de completar dois meses, ainda. Mas agradeço — Ela assentiu devagar, com conforto pelas palavras do rapaz.
Por mais ansiosa que estivesse por dentro, com seu lado amiga e seu lado fã em extremo conflito, não deixava de estar curiosa sobre o motivo dos rapazes estarem ali, com ela. E sabia que não estava disfarçando bem, queria saber os motivos deles e o que queriam conversar.
— Nós… Imaginamos que saiba tudo o que aconteceu..
— Com Vivian e nós dois.
Pedro começa, tendo Oscar falando logo depois, e ela assente devagar.
— Não a julguem, mas somos melhores amigas, não é segredo que contemos as coisas uma para a outra.
— Não julgamos. Na verdade, viemos aqui com essa esperança.
— Você é a única que pode nos ajudar, Florence.
A ruiva arrumou a postura na poltrona, olhando de um para o outro e tentando ler seus olhares. Como se fosse possível. Ambos estavam impassíveis enquanto esperavam alguma decisão rápida dela, mesmo que não tivessem exatamente perguntado algo.
Mas Florence entendeu as entrelinhas. E não conseguia mais ver sua amiga se martirizar daquela forma por um erro que já estava sendo corrigido. Vivian jamais seria a mesma de antes após ter se envolvido com Oscar e Pedro, mas isso não necessitava ser algo ruim. Ela sabia que a amiga havia compreendido o necessário da situação, e agora poderia aproveitar melhor. Se era o que eles queriam.
— E como eu posso ser útil? — Ela pergunta, sem realmente se dispor ainda.
Esperaria pelos argumentos dos dois, e se seria de fato o que ela gostaria de ouvir, como alguém que genuinamente quer o bem de Vivian.
— Nós dois tivemos a oportunidade de conversar com Vivian após tudo isso e.. Bom, nós dois sofremos, e ela também, e estamos dispostos a tentar algo — Pedro é quem começa a explicar.
— Tentar algo? Vocês dois?
A ruiva apontou para a dupla, observando enquanto os dois assentiram. Não pensamentos concretos sobre aquilo, era escolha deles afinal. Mas estava curiosa sobre o que a amiga acharia da situação e proposta. Algo definitivamente curioso, mas que já estava acontecendo antes, de certa forma.
Talvez não fosse tão estranho assim.
— Nós queremos conversar com Vivian, mas do jeito certo. Passamos pelo mesmo e, por isso, podemos imaginar bem como ela está se sentindo. Queremos resolver isso.
— De uma vez por todas.
Oscar toma a frente, sendo honesto em suas palavras e esperando que Florence compreendesse. E Pedro conclui, encarando a ruiva.
— Não sei como eu posso ajudar com isso. É claramente uma escolha dela, e que definitivamente não cabe a mim fazer.
— Nós sabemos. Mas você é a pessoa que mais conhece Vivian. Achávamos que poderia nos dar mais clareza quanto a essa ideia. Se acha que ela aceitaria isso.
Pedro não conseguia camuflar a ansiedade, encarando a ruiva na sua frente e notando como ela desviou o olhar, parecendo pensar. Ela não queria se precipitar, e muito menos dar a entender algo sem saber exatamente o que Vivian pensaria. Era uma escolha difícil.
Mas algo precisava ser feito.
— Eu não acho que seja tão diferente do que já estava acontecendo. Mas agora.. Não seria segredo.
— É o que nós pensamos — Pedro comenta ao encarar Oscar.
— Mas.. Eu não posso tomar alguma decisão ou dizer algo com certeza. Vocês só saberão quando falarem diretamente com ela.
— Ao menos espero que ela pense da mesma forma — Oscar é quem diz agora, dando um longo suspiro antes de dar uma mordida na sobremesa que Florence havia servido. — Eu tinha esquecido o quão bom isso é.
Oscar põe a mão sobre a boca ao falar, e é seguido por um aceno positivo de Pedro, concordando sobre o sabor do sonho.
— Eu sei. É um dos melhores doces aqui.
— Se não fosse tão longe da minha casa, estaria aqui todo dia.
— É pra isso que você tem carro — Florence brinca, dando uma piscadela para o homem e ouvindo ambos rindo logo depois.
Para ela, como fã, estava sendo uma experiência intrigante conhecê-los a partir daquela perspectiva. Principalmente depois de falar tanto com Vivian sobre Narcos, e então ouvir sobre Pedro, e agora estar cara a cara com ele em uma circunstância tão irreal.
Ela ria internamente.
— Mm, Vivian não trabalha aos domingos, certo? — Oscar pergunta.
— Não. Mas se querem tentar algo, talvez deva ser na segunda.
— Porque? Ela está ocupada amanhã? — Pedro é quem pergunta dessa vez, deixando sua ansiedade tomar conta.
— Marcamos de ir fazer algumas compras para o natal antes que tudo esteja lotado, e ela vai me ajudar a empacotar a mudança, já que não posso pegar peso — Florence explica, acenando quando um dos clientes deixa uma nota na jarra de gorjetas antes de sair.
E a informação fez os dois pensarem um pouco, até que a ruiva voltou a atenção para eles.
— Segunda é o aniversário dela — Florence completa.
E, assim, a atenção deles era toda dela mais uma vez, surpresos por saber daquilo, e se entreolhando como se pudessem pensar o mesmo, ao mesmo tempo. De novo.
— Já estávamos pensando em levar algumas coisas para ela. E era por isso que também precisávamos de você — Pedro comenta.
— Não sabem do que ela gosta?
— Sabemos, mas preferíamos presentear algo útil. E se é aniversário dela, então tem que ser algo ainda melhor.
— Honestamente, se fossem levar presentes aleatórios pareceria que tentariam comprar ela — Florence dá de ombros, e percebe como os rapazes se olham de novo. — Ugh, homens…
Ela suspira, ajustando a própria posição na poltrona enquanto os observa, mais uma vez, perdidos nos próprios pensamentos e ideias. De fato, homens eram normalmente péssimos para pensar em surpresas como algo daquele tipo. Principalmente para ter uma conversa como a que eles teriam.
— Vivian não gosta de comemorar aniversários. Sam e eu vamos levar apenas um bolo e alguns doces porque ela gosta de comer, mas sem festa. No máximo, ela fará uma chamada de vídeo com a família.
A ruiva começa a explicar, atraindo a atenção dos dois, enquanto eles se entretinham em mais pedaços do doce e goles de água.
— Devemos ir embora pelas… sete da noite, no máximo. É uma boa hora para estarem chegando lá.
— Sete da noite. Okay — Oscar praticamente anota mentalmente.
— Podem levar algo para jantar.
— Massa e vinho tinto — Pedro retruca.
— Isso. Sobre os presentes… Uh, ela gosta de eletrônicos, principalmente câmeras. Lembro que ela comentou sobre uma polaroid que ela estava interessada. Roupas, joias, principalmente colares.
Os dois assentiam como duas crianças na escola, tendo aulas sobre um assunto que realmente tinham interesse. Era até fofo de presenciar.
— Não precisa ser nada caro ou bem trabalhado. Algo que vejam e pensem nela, ela certamente vai adorar.
— Imagino que sim.
Pedro limpou as mãos ao falar, pensando sobre os tópicos. Teriam o sábado, domingo e segunda para resolverem tudo com tempo de sobra. Assim, certamente não falhariam e nem decepcionariam. No fundo, sabiam que a presença dos dois juntos seria o suficiente para tomar a atenção dela, e talvez nem desse tanta importância para isso quando os visse lá.
Muito menos quando soubesse o que eles queriam conversar.
— Muito obrigado, Florence. Sabia que nos salvaria — Oscar diz, se levantando.
— Só não façam eu me arrepender por isso, ok?! Essa foi uma das situações mais complicadas que já vi Vivian passar, e não quero que isso piore seu estado.
— Não se preocupe. Vamos lidar com isso da melhor forma possível para nós e para ela — Pedro garante, passando sinceridade em sua voz.
Ao menos Florence estava mais convencida agora.
— Espero que sim. Aguardo notícias. E as sobremesas são por conta da casa, um incentivo.
— Você é a melhor, Flo!
— Eu sei, eu sei…
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Mais um capitulinho e o nosso finzinho de história tomando forma.
A shortfic acabou indo mais longe do que eu imaginava, há.
Até o próximo, amorzinhos!
Bejuu!
♡.
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