𝐀𝐐𝐔𝐄𝐋𝐄
𝒄𝒐𝒎 𝒐𝒖𝒕𝒓𝒐 𝒓𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐
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Bel Air, Los Angeles
30 de outubro

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O fim de noite certamente foi bem menos cheio e conturbado do que o restante da tarde. Florence ajudou Vivian a organizar a casa antes de ir embora, mesmo que não tivessem feito tanta bagunça assim, e a pouca louça para ser guardada. Mesmo assim, ela insistiu, e esse foi o fim de sua extensa conversa para resolverem seus problemas entre si.

Antes de tomarem a verdadeira iniciativa para resolver tudo de uma vez por todas.

E, após o banho, quando estava finalmente sozinha, Vivian teve tempo o suficiente para procurar alguns tópicos de interesse no celular. E, aceitando um dos conselhos que Florence deu, e que ela havia se dado mentalmente, buscou o contato da psicóloga a qual ela costumava ir em suas sessões de terapia.

Era um passo a mais que ela dava para poder consertar essa situação. Sua parte, ela estavacomeçando a fazer. Mas não poderia esperar muito dos outros dois. Não sabia o que esperar na verdade. Tinha a consciência de que cada pessoa tinha sua própria forma de lidar com os problemas da vida e sofrimento, principalmente amoroso. Não poderia dizer se estavam lidando com isso como ela estava.

Apenas esperava que sim.

Esperava que não tivesse acabado com eles de uma vez, porque sabia bem a gravidade do que fez, e de tudo o que sucedeu. Não era uma situação simples, e os sentimentos que ela negava, eram tão complexos quanto. Sentir aquelas coisas em dobro era difícil. E lidar com tudo em dobro também.

A única coisa capaz de lhe tirar de outro limbo de pensamentos foi o som da campainha. Era noite, quase onze, e os vizinhos raramente estavam fora esse horário. Por isso, Vivian levantou, descendo as escadas da casa enquanto checava a câmera da frente da casa. E seu corpo inteiro gelou e paralisou no último degrau.

Ela definitivamente não esperava lhe ver ali tão cedo.

E Pedro, que esperava na porta, não sabia porque seus pés haviam o levado para ali. Em um momento ele estava em casa, pensativo após ter uma longa conversa com Javiera e Lux, e em outro, já estava tocando a campainha. Ninguém o conhecia melhor do que suas duas irmãs, e elas sabiam bem do que havia acontecido entre ele e Vivian, mesmo que Javiera não tivesse tido tempo de sequer conhecer a mulher.

Havia ficado nítido para elas o quão mais feliz Pedro havia ficado recentemente, e era bem óbvio que tudo era por causa da brasileira e do romance escondido que os dois estavam tendo. Mas também ficou nítido para elas quando acabou. O desânimo do irmão estava quase escrito na testa dele, e seu tempo fora das redes sociais também dizia muito.

Pedro não sabia o que esperar. Depois do dia em que deixou a casa de Vivian, após tanta conversa e as revelações, ele nem imaginava que voltaria. Mas, ainda assim, ali estava ele. Nervoso, batendo o pé no chão para descontar a ansiedade e esperando que ela atendesse.

E que não o xingasse pela hora tão tardia.

Seu coração palpitou quando a porta se abriu.

— Pedro? O que.. O que está fazendo aqui?

Os dois se encararam por um longo período de tempo, se avaliando. Se questionando mentalmente sobre o que seria aquela conversa, aquela aparição tão repentina. Nem mesmo ele sabia.

— Eu… Queria conversar.

— Isso é..

— Por favor.

Vivian encarou o homem, e o olhar castanho com o cenho franzido, fazia seus olhos brilharem mais. Ela pensou no horário, no tempo que ele havia levado para chegar ali, e no meio expediente que teria que dar no dia seguinte…

Mas não queria perder a chance de conversar com Pedro, não quando incosncientemente quis isso todos esses dias. A incerteza de não saber quando ou se ele viria era maior. Mas ali estava.

— Entra.

Vivian fechou a porta assim que Pedro passou por ela, e deixou que ele se acomodsasse na sala enquanto passava diretamente para a cozinha, enchendo dois copos com água. Parou algum tempo para recobrar a respiração, sem saber o que esperar daquela conversa, ou o que ele de fato queria, pois sabia que ele parecia estar tão perdido quanto ela.

Em pensamentos conturbados, ela voltou para a sala, agora encontrando Pedro ainda de pé, com uma feição ainda mais confusa no rosto. Vivian deixou os copos de água na mesa de centro e o encarou, vendo o teste de gravidez que Florence havia feito nas mãos dele.

E a cada segundo que passava, ele só ficava mais e mais confuso.

— Vivian… O que é isso?

Mentalmente, Pedro tentava se recordar de todos os momentos íntimos que teve com Vivian. Se em algum deles haviam deixado de usar preservativo, mas ele sabia que não. E havia checado todos depois. Sem furos ou rasgos. Sem acidentes…

Então, se não havia acontecido com ele…

— Eu posso explicar. É um teste, negativo, e não é-

— Aqui diz positivo.

O olhar de Pedro, de extrema confusão, encontrou o de Vivian, que agora se transoformava, saindo da mera tranquilidade que sentia antes, para um puro choque. Não era possível que Ela e Florence haviam visto errado.

— Não… Não, Pedro… Estava negativo mais cedo!

A morena andou até ele, acenando e pedindo o teste, e ele entregou, deixando que ela visse. A tela parecia mais falhada, mas certamente dizia nitidamente “grávida”, apesar de não marcar as semanas, como deveria e como mostrava na embalagem.

Pedro já havia esquecido toda a conversa que havia tido com as irmãs, não lembrava nenhum dos argumentos que ele ensaiou consigo mesmo mentalmente para dizer a Vivian. Não sabia de mais nada além daquele teste. De que ela teve as suspeitas e o fez. Ao menos era isso o que ele achava. E seu olhar surpreso só piorava a situação para o chileno.

Ele sabia que a probabilidade de que ela estivesse grávida dele poderiam ser baixas, mas não era impossível. Assim como não era impossível se fossem de.. Oscar. Só em pensar nisso, seu sangue pareceu ferver, outra vez. Imaginar os dois sendo tão displicentes daquela forma, como ele não se permitiu ser, para não precisar chegar a esse momento.

Mas ele não tinha culpa de pensar assim. Tudo o que tinha eram meias informações, por ninguém ter sido sincero o suficiente com ele. E precisava pensar como podia para tirar suas próprias conclusões.

Enquanto Vivian se perguntava como o teste de Florence havia ficado positivo, se não era esse o resultado que apresentava horas mais cedo. Ela estava quase entrando em pânico.

— Isso não deveria estar assim. Está errado! Deu negativo, eu vi!

— Vivian…

— Não! Você não está entendendo..

— Porque não me contou que estava suspeitando? — Ele toma a frente, encarando os olhos castanhos da mulher, procurando aquele brilho que costumava lhe confortar. Mas tudo o que estava lá era nervosismo. — Quanto tempo faz?

— Ah, Pedro… O teste não é meu.

Alívio.

E… Vontade.

Ele tinha sentimentos controversos dentro de si. Seus pés, que já estavam ficando com um estranho formigamento pelo nervosismo, rapidamente reencontraram força. Mas, mesmo assim, ele sentou no sofá. Tentava compreender a situação, e se aquela era mais uma das coisas que ela estava escondendo.

Enquanto também se perguntava porquê queria que a situação fosse outra.

Que o teste fosse mesmo dela.

— Minha melhor amiga, Florence, fez três testes hoje cedo, e os três deram negativo. Eu não sei o que aconteceu…

— Então… Isso não é seu mesmo? Você não está grávida?

— Não é meu, e eu não estou.

Os dois se olharam, um avaliando o outro. Ele, como se buscasse a certeza que precisava na sinceridade e feição dela. E ela, como se tentasse compreender o trmeor na voz dele, como se não quisesse estar dizendo aquilo.

— Se fosse seu… Você me contaria? Mesmo estando.. afastados? — Ele perguntou, querendo aliviar as batidas no seu peito da melhor forma.

Havia sido um susto e tanto.

— Óbvio, Pedro! Eu não seria capaz de esconder algo assim de você. E nem acho que os fotógrafos anônimos por aí permitiriam — Ela comenta, tentando aliviar um pouco a tensão que havia sido criada ali.

E sente um alívio instantâneo quando ele ri.

— Bom… então parece que você vai ser tia…

— É… Vou mandar uma foto para ela e tentar levá-la a um exame de sangue — Vivian comentou, enquanto encarava o teste em mãos, antes de o pôr na mesa de centro outra vez.

E então os dois se encararam de novo, com Pedro suspirando e passando as mãos na calça, secando o suor causado pelo nervosismo.

Pedro não sabia o que dizer agora, após esse susto. Queria pedir desculpas e ir embora, e não sabia que fim teria a conversa caso eles realmente tentassem falar sobre os recentes acontecidos. Mas ele precisava tentar.

— Porque você veio? — Vivian tomou a frente quando o notou calado demais.

— Eu.. senti que não conversamos o suficiente depois de tudo o que aconteceu. E… Oscar me falou algumas coisas.

Vivian suspirou. Sabia bem a situação em que Isaac havia saído da sua casa,e não era difícil imaginar que ele teria sido honesto com o melhor amigo. Algo que ela admirava tão intensamente por não ter conseguido fazer.

— Eu soube que vocês conversaram antes também, ele me contou.

— Eu imaginava que ele estava mesmo interessado por você, sabia que estava certo.

— Me desculpe, por ter achado que o seu ciúme havia sido exagero. E por ter sido tão.. ridiculamente baixa ao ponto de me envolver com ele logo depois.

— Vi.. Eu já sabia o que iria acontecer. Eu sabia das suas vontades, e eu, sinceramente, preferia que tivéssemos conversado melhor sobre isso. Para chegar a alguma conclusão menos dolorosa.

Por dentro, a maior perda para Pedro foi acabar tudo pela pressão que começaram a sofrer, dos fãs. Ele sabia que era muito capaz de manter a relação que tinham daquela forma. E poderia, sim, incluir Oscar naquele meio. Não via motivos para não fazer, mesmo com o ciúme que sentia.

— Eu fiquei com medo. Eu sabia que você era capaz de querer mesmo me esperar. Esperar o tempo em que eu finalmente me permitiria sentir algo.

— Eu era. Sempre fui paciente com você.

— Sei disso. Mas eu não queria que se guardasse para mim, que não tivesse outra pessoa. Por isso eu não achei que teria problema em agir assim também. Mesmo sem saber se você se sentia como eu naquela questão.

— No início, eu sentia.

— Mas nós sabemos bem que isso mudou depois. Assim como sabemos que se a situação fosse inversa, eu provavelmente teria ficado tão magoada quanto você.

Os dois se olharam por um tempo, como se passassem aqueles argumentos por sua mente, e não se surpreenderam quando assentiram juntos, chegando a uma mesma conclusão.

— Assim que eu consegui pesar essas medidas, inverter a situação, eu só tive mais certeza do quanto eu magoei vocês dois. E me magoei junto.

Pedro a encarou, soltando um breve suspiro com isso, e percebendo os sentimentos pouco expressados no olhar dela. Mas, acima de tudo, sinceros.

— Estou feliz que ao menos tenha conseguido pensar sobre isso.

— O tempo as vezes é o melhor remédio, não é?!

Por um curto tempo, os dois se encararam daquela forma, e então sorriram juntos, com Pedro assentindo devagar e concordando com a mulher. E então ele pareceu tão perdido quanto chegou, sem querer prolongar mais a conversa, a encarou, percebendo um olhar de expectativa nela.

— Eu vou viajar. Preciso gravar mais algumas cenas da sequência de Kingsman, então.. Estarei longe por um tempo. Acho que é tempo o suficiente para pensar um pouco mais.

— Prefiro que se dedique ao trabalho, Pedro. Ficar com esses assuntos na cabeça não vai ajudar.

— Tentarei me dividir bem, prometo — E então, ele ergue o mindinho, fazendo Vivian sorrir e erguer o dela também, selando a promessa. — Melhor eu ir agora, já está tarde.

— Obrigada por ter vindo. Mesmo que tão… de surpresa.

— Acho que eu não dormiria se não viesse — Comenta, dando levemente de ombros enquanto os dois caminham até a porta. — Boa noite, Vi..

— Boa noite, Pepe…

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Oioi!!

Eu disse que o teste seria importante pra a história, hehe...

E dei alguns indícios do futuro da fic aqui, quem pegou, pegou. Quem não, paciência.

Beijo!!
♡.