
ᥫ᭡ 042
DEPOIS DE ASSUMIR O NAMORO, Hyunjin e eu combinamos de dar um passo a mais: conhecer os pais. Foi uma decisão que tivemos ao longo da semana, ele disse que por ele estava tudo bem e pareceu firme em sua decisão. Nós trocamos a noite do encontro para a noite de conhecer a família, os Hwang já devem estar chegando em breve.
Eu estou uma pilha de nervos. Esta etapa é muito importante para mim, ele vai conhecer minha mãe e eu me importo muito com a opinião dela. Eu não sei o que esperar deste jantar, tudo ainda é meio novo para mim. Tenho medo de que haja algo embaraçoso e a noite seja um desastre.
Na noite anterior eu fiz uma lista de tópicos que não podemos discutir hoje, eles são: política, qualquer assunto que envolva o senhor Hwang, a vida amorosa de Felix — isso foi ele quem colocou na lista —, piadas sobre o dia que mamãe conheceu os meus avós e por último, mas não menos importante, quem disse "eu te amo" primeiro.
Sobre este último, eu ainda não o fiz. Eu sei, eu sei, sou uma burra. No dia em que me pediu em namoro, Hyunjin disse que me ama, mas eu não. Fiquei surpresa e prestes a explodir de felicidade, ouvir declarações assim nunca foi algo que pensei acontecer, foi mágico. Ele disse que me ama, mas também que eu não precisava fazer isso se não me sentisse pronta naquele momento. Eu não me senti. Ficou tudo bem.
Não é que eu tenha dúvidas sobre o que sinto sobre ele, apenas quero estar 100% certa e confiante das minhas palavras. Eu nunca fiz isso antes e me assusta um pouco a ideia, não quero dizer por dizer, porque alguém espera uma resposta, quero que seja espontâneo, como em um daqueles momentos de epifania em que você finalmente percebe o quanto ama alguém. Quero olhar para ele e sentir que preciso colocar isso para fora a qualquer custo, mesmo que ele tenha feito algo bobo. Hyunjin encontrou o seu momento ideal para me dizer o que sente, quero ter o meu também, sem pressão.
Eu ando de um lado para o outro, ansiosa para a chegada dos Hwang. Felix está deitado no sofá enquanto usa o celular, meu pai está na cozinha preparando os aperitivos de entrada e Sumin está no quarto terminando de se arrumar. Todos parecem bem tranquilos com isso, menos eu. Entro em colapso quando escuto batidas na porta.
— São eles, são eles! — digo nervosa.
— Calma, são só os Hwang — Lee diz, despreocupado ele arruma a postura no sofá. — Você não vai abrir a porta?
— Oh, sim. É claro.
Vou até a porta, paro antes de abrir e arrumo o meu vestidinho branco com um ar romântico, ajeito as pequenas presilhas vermelhas de coração no cabelo e respiro fundo antes de abrir. Fico nervosa pensando que são as vistas, mas é apenas a mamãe.
— Cheguei tarde? — ela pergunta. — Me perdoe, querida. Fiquei presa no trânsito.
— Não se preocupe, eles não chegaram ainda.
— Mãe, você está pronta para o interrogatório? — Yongbok questiona à minha mãe.
— Eu pensei em 25 perguntas e lembranças de infância que deixarão a sua irmã morta de vergonha — ela diz, para a minha alegria. Yay! — E você, tudo pronto?
— Eu carrego artilharia pesada, ela vai querer fugir — o garoto responde. Não sei se estão brincando ou falando sério, melhor que estejam tentando zoar comigo.
— Bem que eu senti a casa ficar mais fria — papai diz ao entrar na sala de estar. — É porque você chegou — ele provoca minha mãe.
— Ora, mas se você está aqui, quem está cuidando do inferno agora? — a mulher revida.
— Eu adoro que vocês se deem tão bem, mas é melhor pararem por hoje — eu imploro. — Eles podem não entender que vocês estão brincando e não brigando. Não quero que pensem que somos loucos.
— Mas, querida, nós somos loucos! — mamãe exclama.
— Mãe... — eu a olho fixamente, indicando que falo sério. — Por favor, hoje não — eu insisto.
— Tudo bem, não precisa se estressar. Prometo me comportar! — ela me dá sua palavra, espero que cumpra. — Não sei a quem puxou, tão mandona!
Papai dá uma risada nasalada e assopra o ar como uma forma de deboche. Está claro para ele de quem eu herdei este lado. Ignoro totalmente a ação quando a campainha toca outra vez, só podem ser eles, são eles. Entro levemente em pânico mas vou até a porta, respiro fundo antes de abrir e o faço.
Vejo os nossos vizinhos dos fundos, do outro lado da porta e por um momento esqueço até o meu nome. Hyunjin sorri logo atrás da mãe e irmã, sinto meu mundo voltar a funcionar. As mulheres da família me cumprimentaram e entram na casa, o meu namorado vem logo atrás e me cumprimenta com um beijo na bochecha. Ele me apresenta como sua namorada também, eu adoro a sensação.
— Você está linda — ele sussurra, eu agradeço. — Está nervosa?
— Eu espero não parecer tão nervosa quanto estou — digo, suando frio.
— Respira um pouco e relaxa, eu estou nessa com você — ele tenta me aclamar. — É a primeira vez que faço isso também. Não se preocupe se algo der errado, é normal falhar na primeira tentativa.
— Obrigada, por ser assim, minha paz — eu olho para os lados e quando me certifico que ninguém nos vê, o dou um selinho.
Nós somos os últimos a chegar na sala, meu pai e a senhora Hwang estavam parecendo se entender. Olho para o lado e vejo Yeji segurando o riso com Felix, aposto que alguém fez uma piada infantil que só eles acham graça. Que bonitinho, parecemos até com uma família.
— Mãe, pai, tia Sumin... — chamo a atenção dos três. — Este é Hwang Hyunjin, o meu namorado.
— É um prazer conhecê-los! — o garoto diz, sinto seu nervosismo daqui.
— Olá, Hyunjin. Ouvi muito falar sobre você nos últimos anos — minha mãe me envergonha.
— Eu também estive pensando muito na sua filha, durante estes últimos anos — ele dá a melhor resposta possível. Sinto meu coração formigar. Ele consegue consertar qualquer situação constrangedora.
— Garoto, você ainda é pior que ela! — mamãe diz. — Vejo porquê se apaixonaram. Além de muito bonito, você parece muito gentil.
— Obrigado. Agora sei de quem Jiyoon herdou a beleza — ele faz um elogio, é tudo o que ela queria.
— É claro, meu querido. Não poderia ser dele, não é mesmo? — ela aponta o meu pai com a cabeça.
Repreendo minha mãe com o olhar e suplico em silêncio para que deixem as brincadeiras de lado. Céus! Eles parecem até Hyunjin e eu quando nos desentendemos.
Por falar em nós dois, sentamos juntos no canto esquerdo do sofá, ao lado dos nossos irmãos. Eu fico com a postura ereta, travada de ansiedade e nervosismo. Seguro a mão do Hwang por um instante, o que me dá segurança para enfrentar a noite de hoje.
— É bom finalmente conhecer o garoto que roubou o coração da minha princesinha — papai fala com meu namorado pela primeira vez.
— Eu fico contente por conhecê-lo também, senhor.
— Eu também queria muito conhecer a famosa Jiyoon — minha sogra comenta. — Meu Hyunjin não fala em outra coisa, é sempre sobre você.
— Ele fala muito, é? — eu relaxo o corpo, me encosto um pouco no sofa, mantenho o foco na conversa. — O que ele anda falando sobre mim?
— Ele parece um bobo, fica olhando para as paredes e sorrindo. Quando vamos perguntar, ele responde que estava pensando em você — ela explica. Sinto minhas bochechas aquecerem. — Agora que te conheço pessoalmente, percebo que é mesmo tudo o que ele falou.
— Se vocês me dão licença, eu vou pegar uns aperitivos — papai diz ao sair da sala.
— É bom conhecê-la também, senhora Hwang — digo.
— Então, Tiffany... com o que você trabalha? — minha mãe questiona a mãe do meu namorado.
— Eu trabalho com Marketing em uma editora de livros — ela responde.
— Oh, que interessante. Deve ser bem mais divertido que enfermagem.
— Não sei se é mais divertido. Mas algumas vezes deve ser tão estressante quanto — ela diz. — Jiyoon, você já pensou no que vai querer estudar na faculdade?
— Estou pensando em fazer literatura. Talvez publicar um livro em alguns anos, ou fazer designer gráfico.
— Publicar um livro? — ela parece contente e surpresa. — É bom ouvir isso de alguém da sua idade. Cada vez mais os jovens parecem se interessar menos por literatura — ela explica. — Você já escreveu algo?
Sinto-me amedrontada. Eu nunca mostrei nada que eu escrevi antes, e se ela pedir para ler? O que eu faço? Hyunjin é o único que já viu algo que eu produzi, mas não porquê eu quis. Não sei se estou segura o suficiente para deixar o mundo saber disso, nem os meus pais sabem.
Por sorte, papai volta para a sala com uma bandeja de frios.
— Vocês aceitam? — ele pergunta, deixando a bandeja na mesinha de centro. — São os seus favoritos, Eunseo! — ele aponta o queijo gorgonzola.
— Estou de dieta — mamãe não provoca quando me vê implorando com o olhar.
Sumin vai à adega e algum tempo depois, taças de vinho são servidas.
— Sobre o que conversavam? — Ahn Sumin pergunta.
— Eu descobri que a sua filha escreve — a matriarca Hwang respondeu. — Vocês sabiam disso?
— Não, é uma surpresa para mim.
— Eu já li um livro que a Jiyoon escreveu, ela é ótima! — Hyunjin elogia. Eu fico sem graça.
— Por que você deixou ele ler e eu não!? — meu irmão fica bravo. Espero que ele não comece, não podemos discutir na frente das visitas.
— Pelo amor de Deus, me salva — eu sussurro para o garoto ao meu lado.
— O que você quer que eu faça? — ele pergunta. — Que eu finja um ataque cardíaco?
— Acho que ajudaria.
— A sua mãe é enfermeira — ele sussurra de volta. Tem razão, ela saberia.
— Vocês não estão com fome? — mamãe é quem me salva. — O que você preparou Sumin? Eu sou a maior fã da sua comida.
— É o seu favorito — Ahn anuncia, deixando mamãe animada. — Vamos, antes que a comida esfrie.
— Mas a gente ainda nem viu as fotos da Jiyoon pelada quando era bebê! — Felix protesta. Hoje ele quer me envergonhar como pode.
Nós vamos para a cozinha e nos sentamos juntos à mesa, eu fico entre meu irmão e minha mãe, Hyunjin está logo na minha frente. Todos nos servimos e o papo parece fluir bem, o jantar está saindo melhor que a encomenda.
Nossos pais conversam e eu fico feliz por não infringirem nenhuma das regras do jantar, evitamos situações super constrangedoras. Corre tudo bem até que tem que acabar. A senhora Hwang diz que está tarde e que precisam ir e eu me ofereço para ir com eles até a rua de trás. Hyunjin se levanta mas papai pede que ele espere, que quer conversar com ele e minha mãe em particular. Sendo assim, Felix e eu acompanhamos as moças até em casa.
— O que será que eles estão conversando? — Yeji se questiona.
— O nosso pai deve estar falando sobre os limites do relacionamento — Felix responde. Eles parecem se dar bem, vi como o meu irmão conseguiu se comunicar naturalmente com a minha cunhada hoje.
— Que tipo de limites?
— Horários e espaço pessoal — ele explica. — Papai não é bravo ou rígido, mas é a Jiyoon. A minha irmã é meio avoada.
— Eu ainda estou aqui — protesto. — E é tudo mentira, senhora Hwang.
Ela ri.
— Não precisa me tratar com tanta formalidade, meu bem — ela diz.
— Mas não me parece certo chamá-la pelo primeiro nome — digo.
— Então prefiro que me chame por Young — ela pede. É um meio-termo confortável para nós duas. — Não pretendo mais usar o sobrenome Hwang.
— Certo, senhora Young.
— Obrigada por nos acompanharem até em casa, espero ver vocês em breve — ela diz.
— Tchau, gente. Obrigada pelo jantar! — Yeji se despede e entra em casa.
— Ah, Jiyoon, só mais uma coisa... — a mais velha volta e vem até mim. — Obrigada por fazer o meu menino tão feliz, eu nunca o vi assim antes. Hyunjin é muito especial, ele faz de tudo por nós e será um namorado tão bom para você quanto é como filho. Ele te ama muito.
— Eu sei bem disso. Hyunjin é... a melhor pessoa que eu poderia conhecer.
— Eu quero que você saiba que eu não vou ser a sogra chata — ela me alerta. — Venha sempre que quiser, esta casa agora é sua também.
— Obrigada — eu agradeço. — Boa noite, senhora Young.
Depois de deixarmos as duas, meu irmão e eu seguimos o caminho de volta para casa. Felix fica rindo sem motivo e quando eu questiono o motivo, ele fica me zoando por eu finalmente estar namorando o garoto que gosto por quase seis anos.
É um pouco engraçado para mim também, mas não admito. Se me perguntassem no ano em que me apaixonei por ele, eu arriscaria dizer que poderíamos ter algo, no segundo eu diria que está em progresso, mas no terceiro eu aceitei que era unilateral. Agora, depois de cinco anos e um pouco, é engraçado que veio a dar certo de forma errada.
Quando chegamos em nossa casa, Hwang está do lado de fora, eu sugiro que Yongbok entre para podermos ficar a sós. Ele me atende e então sobramos meu namorado e eu. Nós ficamos na fachada da casa, debaixo da luzinha na cobertura. Hyunjin abraça a minha cintura e eu descanso meu rosto no seu peito, é uma sensação de conforto irreal.
— Como foi? — questiono.
— A sua mãe me perguntou se eu sei como fazer um envenenamento não ser detectado, porque ela sabe — ele me faz gargalhar, mas não acho que esteja brincando. — Já o seu pai perguntou se eu gosto de esportes, eu disse que sou o capitão do nosso time de basquete e ele disse que me ama.
Alguém da nossa família consegue te dizer isso.
— Não liga muito para a minha mãe não, ela tem algumas brincadeiras estranhas que ninguém entende — explico.
— Eu percebi. Mas quando eu disse que ela parece com a IU, eu ganhei ela.
— Olha só para você, ganhando o coração da familia toda — digo abraçadinha nele. — E Sumin, o que ela achou?
— Ela não falou muito, mas acho que gostou de mim também. A minha mãe te disse algo?
— Ela só pediu para não chamá-la mais de Senhora Hwang. Depois se despediu e foi para casa.
— E por falar em ir para casa, acho que já deu a minha hora — ele diz.
— Não, não vai! — choramingo. Me agarro nele para que não escape de mim, nunca mais.
— Eu queria ficar mais tempo com você, mas também quero evitar um envenenamento.
— Tudo bem, eu também tenho que pegar as minhas coisas para ir pra casa da minha mãe — digo e o solto. — Eu te vejo na segunda.
— Então até segunda — ele se despede. — Vai ser uma eternidade sem você!
Eu sorrio. Não consigo deixar de achar estranho ouvir frases assim sairem de sua boca, mas é um estranho bom, excelente. Eu me aproximo dele e o beijo, mas não da forma que gostaria, porquê sei que os três estão nos observando lá de dentro de casa.
— Boa noite, Hyunjin! — me despeço dele com um último selinho.
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