
ᥫ᭡ 039
FOI UM PISCAR DE OLHOS E DE repente a semana acabou, parece que eu tirei um cochilo e acordei dias depois. Levaram quatro até que eu finalmente consegui contar como me sinto sobre Hyunjin, para o meu irmão. Expliquei todo o lance sobre estarmos fingindo brigar para todos e Yongbok ficou de queixo caído, nem eu acreditei tanto na minha atuação quanto ele. Como eu esperava, meu irmão se mostrou bem compreensivo e me apoiou muito. Ele ainda deixou claro seu apoio dizendo que é 100% #TeamJihyun, também prometeu guardar segredo, o quê é muito para ele.
Na terça-feira foi a vez de contar a Seungmin e Lily. Eu fiz isso no intervalo, enquanto estávamos sentados no gramado do colégio. O Kim ficou super empolgado com a ideia, disse que sempre soube e que a minha historinha não enganava ninguém. Morrow ficou em completo choque, feliz e surpresa por as coisas terem dado certo. "Um plano de seis anos para conquistar Hyunjin não parece mais ser uma ideia horrível.", foi o que ela me disse.
O apoio dos meus amigos foi algo incrível e que elevou o meu astral a semana inteira, já que estamos sempre falando sobre nós dois. Não é que eu divida todos os acontecimentos do nosso não-relacionamento com eles, eu só gosto de dizer como estou feliz. Toda essa euforia me traz exatamente para o momento de agora.
É o dia do encontro.
Já estou pronta e me olhando no espelho a cada trinta segundos. Não é o meu lado narcisista, é o meu lado inseguro. Fico me questionando sobre a roupa que visto, se não estou muito arrumada. Depois o problema parece ser a minha maquiagem, talvez eu devesse ousar mais e colocar um batom vermelho. Mas ao mesmo tempo, se acabarmos nos beijando — e vamos —, o batom borrado me parece horrível. Deve estar bom como está, apenas um gloss que sairá assim que começarmos a comer.
Enquanto ameaço cavar um buraco no chão do tanto que ando para lá e para cá, recebo uma mensagem de Hyunjin no Kakao Talk, ele está me esperando aqui em frente. Eu respiro fundo, olho uma última vez no espelho e me elogio para tomar mais confiança, então desço. Vou direto até a porta da frente, coloco a mão direita sobre a maçaneta, mas antes que eu a gire, escuto um pigarrear.
— Já vai sair, querida? — é o meu pai quem pergunta.
Me viro de mansinho e tento não entregar que vou sair com um garoto apenas com a expressão facial que possuo. Sou péssima em inventar desculpas repentinas e passei tanto tempo preocupada com as coisas sobre o encontro, que nem me atentei a pensar em algo para dizer além de "estou saindo". Por sorte é o meu pai, a minha mãe descobriria sem eu precisar abrir a boca.
— Sim, vou sair com umas amigas — minto, antes que isso gere um interrogatório e eu acabe perdendo duas horas do meu encontro apresentando Hyunjin. Nós estamos indo com calma, apresentar o não-namorado à família é exatamente o oposto disso.
— Você está muito bonita, minha princesa — ele me elogia, assim fico mais tranquila. — Assim pode acabar ofuscando as suas amigas.
— Está dizendo isso porquê é meu pai.
— Sou um grande admirador das minhas obras — ele se elogia ao mesmo tempo que faz isso comigo. — Não vou mais tomar o seu tempo. Não volte tarde, sua mãe vem te buscar amanhã cedo.
— Entendi. Tchau, pai — me despeço dele e saio pela porta.
— Tchau, princesa! Mas da próxima vez eu quero conhecer ele! — ele diz lá de dentro. É claro que ele sabe.
Eu espero ter sido a única que escutou isso. Me sinto um pouco envergonhada, imagino se Hyunjin ouviu. Por falar nele, não tive que procurá-lo, o encontro assim que saio. Hwang está belíssimo, dentro de um carro preto, mas assim que me vê, sai dele.
— Você está deslumbrante! — ele diz, esticando um buquê de tulipas lilases para mim. Eu sorrio com boba, é exatamente as flores do nosso primeiro encontro, no nosso primeiro date.
— Obrigada. São perfeitas — agradeço, abaixando o rosto na altura das flores para as cheirar e esconder minhas bochechas coradas.
Hyunjin me dá um beijo na bochecha e abre a porta para mim, como o perfeito cavalheiro que está fingindo ser — porque eu sei que ele não é disso —, mas eu gosto. Em seguida, ele dá a volta, entra no carro, passa o cinto de segurança e começa a dirigir.
— Você ainda não me contou para onde estamos indo — digo a espera de uma resposta.
Tudo que vejo são as luzes da cidade. Observo tudo pela janela, mas no final a única vista que me interessa é a que tenho dentro do próprio carro.
— Eu não sei se você sabe disso, mas o irmão da minha mãe, meu tio, é dono de um ótimo restaurante não muito longe daqui — ele me responde. — Vou te levar para jantar lá, acho que você vai adorar.
— Já me parece ótimo! — sorrio satisfeita. Se há comida boa, haverá Jiyoon.
O carro anda conosco em perfeito silêncio. É bom, nós ficamos juntos sem precisar estar sempre arrumando um assunto para conversar, é progresso. Hyunjin e eu estamos atingindo um nível de intimidade em que duas pessoas podem ficar caladas sem a necessidade de ficar puxando assunto o tempo inteiro para preencher lacunas, porquê o que importa de verdade, é a companhia.
Enquanto caminhamos eu reconheço o caminho, não é longe de casa, mas de repente me lembro de passar por aqui antes. Nós seguimos algumas ruas e eu a vejo novamente, a floricultura que comprei a tulipa lilás no dia em que Hyunjin e eu nos conhecemos como Wangja e JiJi. Eu olho para ele de repente e ele sorri, ele sabe o que eu pensei. Olho para o meu colo de repente, as flores que ele me deu, com certeza foram compradas aqui.
Quando chegamos eu me sinto esplêndida. É como se eu fosse realmente a Yoojung, mas uma versão melhor e mais amada. Eu observo a vista do Rio Han e fico maravilhada com a capacidade de Hyunjin em fazer-me apaixonar por ele ainda mais. Eu olho para o garoto, ele segura a minha mão e juntos entramos no restaurante.
É um lugar elegante, fino e bem frequentado, eu não deveria esperar menos, visto a localização. Hwang fala com o gerente e no mesmo instante somos direcionados para uma mesa. É em um canto mais reservado, fica próximo ao piano, mas não o suficiente para a música atrapalhar a conversa. Ele e eu nos sentamos, o gentil senhor comunica que em breve alguém virá anotar o nosso pedido.
— Você está linda, sabia? — Hyunjin pergunta.
— Você já me disse isso — eu lembro.
— Apenas uma vez não é suficiente — ele galanteia. — Você parece ficar mais bonita a cada minuto. Mas não é apenas isso, tudo sobre você transcende os limites.
— Meu Deus... — eu cubro as bochechas rosadas. — Para o cara mais disputado e difícil do colégio, você parece ter bem mais experiência em namoro do que eu.
Hyunjin ri. A sua lista de namoros é tão ampla quanto a minha — possui uma pessoa —, então nós dois somos bem inexperientes nisso ainda. É incrível dividir esta experiência com ele, nós dois vamos aprendendo mais um com o outro todos os dias.
Seu sorriso me contagia. Eu ainda não acredito que isso tudo seja verdade. Paro para olhar em volta e me certificar de que não é um sonho, mas é tudo real, até mesmo ele. Me perco olhando a bela vista para o rio que tenho das paredes de vidro do restaurante.
— Jiyoon-ah, você está vendo ali? — Hwang aponta para o calçamento próximo do rio.
— Sim, estou.
— Foi exatamente ali onde nós nos reencontramos — Hwang recorda. Fico comovida por ele lembrar até o local exato onde estivemos. — É onde os nossos caminhos foram traçados um para o outro.
— Eu me lembro agora — fico contente por ele ter também. — É uma pena que o nosso encontro naquele dia não tenha sido tão bom. Mas você está errado sobre uma coisa, os nossos caminhos foram traçados um para o outro no dia em que você me deu o guarda-chuva.
— Tem razão — ele diz. — Por falar nisso, o meu guarda-chuva ainda está com você?
— Não é mais o seu guarda-chuva, ele é meu agora! — digo imperativa. — Não vou te devolver, ele é importante, tem nossos melhores momentos.
— Ele é seu se quiser, eu já sou — ele não para, está acabando comigo. Meu rosto está tão quente que posso sair deste restaurante com febre. — Gosto dos momentos que tivemos com ele, mas estou mais ansiosa para os que teremos no futuro.
Ele faz o meu rosto doer de tanto sorrir.
— Eu estou muito feliz por estar aqui com você, Hyunjin — digo o que sinto. A felicidade é tanta que tenho que colocar para fora.
— Eu também estou, muito feliz! — ele me corresponde. Hyunjin segura minha mão por cima da mesa, sem deixar de me olhar sorrindo.
Instantes depois somos atendidos. Hyunjin solta a minha mão quando temos companhia, o seu próprio tio veio nos receber. Ele é tal como o sobrinho: alto, bonito e parece irreal. Eu o conheci brevemente, isso conta como conhecer a família, ou é uma exceção especial? Quer saber, não importa.
Hwang me apresenta ao homem sem nos rotular, ele respeita os limites que colocamos por enquanto. Depois das breves apresentações, conheço o que mais me interessa aqui, o cardápio. Eu fiquei um pouco confusa sobre ele, é um restaurante italiano e eu não conheço muito de cozinha ocidental. Então disse que aceitaria a recomendação do chefe, estou cruzando os dedos para não me arrepender.
— Você costuma comer comida italiana? — fico curiosa sobre esse detalhe de Hyunjin que eu ainda não conhecia. A cada segundo que passa o encontro me parece mais com uma boa ideia.
— Meu tio costumava usar Yeji e eu de cobaias, então pode se dizer que sim — ele me explica.
— Que interessante — digo. Eu não sabia que o seu tio é um chefe renomado.
— Ele é. Mas não se engane, a culinária não é um dom passado pela nossa família. Na minha casa, se brincar, o gato de Yeji é quem melhor cozinha.
— Então você nunca aprendeu?
— Isso depende — ele aponta. — Se você considerar fritar ovo ou fazer lámen uma habilidade culinária de outro nível, sou um chefe cinco estrelas Michelin.
— Então você definitivamente não cozinha.
— Não, mas eu tenho outras habilidades que compensam a minha falta de destreza culinária.
— Ah, é? — fico curiosa. — Tipo o quê?
— Bom, eu sou um ótimo massagista, mas isso você já sabe — ele recorda e começa a listar. — Eu sou ótimo em escalar janelas, gosto de dar presentinhos feitos à mão, Seungmin diz que eu tenho um abraço quentinho e já me consideraram um ótimo amante.
— Então eu sou uma garota de muita sorte.
— Sim, mas não tão sortuda quanto eu sou — ele diz, me deixa nas nuvens. — Sabe, JiJi... nós poderíamos fazer isso com frequência, como em toda semana ter uma noite do encontro. O quê você acha? É claro, não isso todas as semanas, mas podemos ter vários tipos de encontros possíveis.
— Tudo bem, parece bom. Estou de acordo.
Assim que aceito, nossa refeição chega. Eu fico ansiosa para provar, a apresentação é ótima, espero que o sabor também. Bebo apenas um gole da minha taça de vinho branco para limpar o paladar e em seguida provo.
Fico supresa como uma comida consegue ultrapassar todos os níveis existentes de sabor. É a melhor coisa que eu já comi na minha vida. É uma pena que Hyunjin não cozinhe, eu teria tudo que uma garota pode desejar.
Nós continuamos conversando por um bom tempo durante e bem depois da refeição. É esplendoroso. Gosto de como a conversa flui com ele, é sempre agradável de poder falar sobre qualquer assunto, qualquer tópico, dos comuns aos mais esquisitos.
— Você contou para os seus amigos sobre nós dois? — ele pergunta.
— Sim — eu respondo. — Eu disse a Felix, Lily e Seungmin. Como Jisung é um amigo em comum, pensei em decidirmos juntos quem contará a ele.
— Mas Seungmin também é um amigo em comum — ele pontua, está correto.
— Ele me conhece a mais tempo. Se nós brigássemos, ele ficaria do meu lado.
— Nós já brigamos enumeras vezes e ele sempre se manteve neutro — ele está correto mais uma vez. Mas eu já contei, não dá mais para voltar atrás.
— Mas nós ainda não decidimos quem contará a Jisung — volto para o assunto principal.
— Vamos deixar que ele descubra — Hwang dá de ombros.
— Ele, com certeza, não vai gostar nada de ser o último a saber — eu digo. — Hmm... isso é... interessante.
Quando ele e eu conversamos sempre dura por horas, um papo leva a outro e outro a mais ainda. Na hora que decidimos ir embora, o restaurante já estava quase fechado. Nós rimos da situação, seu tio deveria estar louco para ir pra casa e nós dois impedíamos.
Hwang me leva de volta para casa e eu quase adormeço no banco do carona. Assim que ele para na calçada é que percebo que chegamos mesmo. Eu não desço, fico olhando para o céu, à procura de alguma estrela cadente que realize o meu desejo de que esta noite nunca acabe.
Infelizmente, Hyunjin vê isso como um pedido silencioso para que ele venha abrir a minha porta, eu me vejo obrigada a sair. Ambos ficamos do lado de fora, encarando a porta da minha casa como se ela nos separasse entre reinos distantes.
— Então é aqui que a noite acaba? — eu pergunto, fico triste. Encosto-me de costas no carro e suspiro.
— Parece que sim — ele diz, também triste. — Eu me diverti muito hoje, espero que você tenha gostado tanto quanto eu.
— Foi tudo incrível, obrigada pela noite — agradeço com um sorriso. — Só me entristece que ela já tenha que acabar.
— Sim, a não ser que você queira que eu entre... — ele sugere, mas vejo sua face medrosa.
— Ainda não é o momento — o livro dessa.
— Que bom, porque conhecer a sua família faz com que eu tenha um ataque de pânico — ele respira aliviado. Eu rio.
— Eles não são tão ruins — o conforto. Eles têm o jeitinho deles, mas são boas pessoas. — De qualquer forma, você irá conhecê-los algum dia, é bom que se prepare para o interrogatório.
— É bom que você me avise com uma semana de antecedência, no mínimo. Eu preciso estudar sobre eles, não posso cometer uma gafe.
— Pode deixar — tento o tranquilizar. — Mas acho que estudar já é exagero. Não pretende fazer um fichário sobre eles, não é, Amy Santiago?
— Não, eu não vou fazer isso — ele já fez, conheço pela sua risada.
— Eu preciso entrar agora — falo depois de olhar a hora, demoramos muito. — Até segunda, Hyunjin! — eu me despeço dele.
— Até segunda! — ele se despede.
Hyunjin aproveita o pouco espaço e me beija, o beijinho de boa-noite. Sento-me como uma protagonista de filme adolescente, com um momento mágico como este em que eu poderia facilmente levantar um dos pés ao ser beijada, mas é brega de mais até para mim.
Quando acaba, eu me direciono para dentro de casa, mas paro na porta, esperando que Hyunjin vá embora. Ele não quer sair e eu não quero entrar, ficamos nesse impasse até que escuto Felix me gritar de dentro de casa. Eu entro, mas continuo observando Hwang partir, da janela. Quem nos visse lá de fora pensaria que estávamos nos despedindo e que ele está indo para muito longe, quando na verdade, mora na casa atrás da minha. Mas longe dos seus braços, qualquer centímetro se faz de quilômetro.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro