97 | The Annoying Ghost
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97. A Fantasminha
Irritante
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Ah! É você! Esqueci que esse banheiro é unissex. Melhor eu ir pro banheiro masculino.
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Na semana seguinte, Harry e eu demos tratos à imaginação buscando um meio de convencer Slughorn a nos entregar a lembrança verdadeira, mas não nos ocorreu nada parecido com uma tempestade cerebral. Não tínhamos ideia alguma, muito menos Mia e Cedric que andavam um pouco estranho, enquanto Regulus ultimamente tinha sumido. Enquanto eu suspirava fundo e assumia um olhar desesperado sem ter nem ideia do que fazer pra conseguir a informação, Harry era compelido a fazer o que ultimamente fazia, e com crescente frequência, quando se sentia perdido: examinava com atenção o livro de Poções, na esperança de que o Príncipe tivesse feito às margens alguma anotação útil, como tantas vezes antes.
— Você não vai achar nada aí — Disse Hermione com firmeza, já tarde, no domingo à noite
— Não começa, Hermione. Se não fosse o Príncipe, Rony não estaria sentado aqui agora. — Harry retrucou
— Estaria, se você tivesse prestado atenção ao Snape no primeiro ano. — Devolveu Hermione conclusivamente
Harry ignorou-a.
Nós quatro estávamos sentados junto à lareira na sala comunal; além de nós, as únicas pessoas acordadas eram outros sextanistas. Mais cedo, ocorrera certo alvoroço quando voltamos do jantar e encontramos um novo aviso no quadro, marcando a data para o teste de Aparatação. Os que completassem dezessete anos até a data do primeiro teste, inclusive, vinte e um de abril, poderiam se inscrever para aulas práticas suplementares, que teriam lugar (sob rigorosa supervisão) em Hogsmeade.
Rony entrara em pânico ao ler o aviso, já eu fiquei em choque: ele ainda não conseguiu aparatar, e temia não estar pronto para o teste, já eu consegui apenas uma vez, embora ainda preferisse o teletransporte, a sensação era bem melhor. Hermione, que até então já conseguira aparatar duas vezes, sentia-se um pouco mais confiante, mas Harry, que só completaria dezessete anos em quatro meses, não poderia fazer o teste, quer estivesse pronto ou não.
— Mas pelo menos você consegue aparatar! — Exclamou Rony tenso — Não terá problema em julho!
— Só consegui uma vez. — Lembrou Harry; ele finalmente desaparecera e reaparecera dentro do aro uma vez na aula anterior
Depois de ter gasto um bom tempo comentando suas preocupações em voz alta, Rony agora se empenhava em terminar um trabalho barbaramente difícil passado por Snape, que eu, Harry e Hermione já havíamos concluído. Deitei minha cabeça no braço da poltrona e Marshall, o furão, pulou no meu colo me fazendo sobressaltar um pouco e esquecer meus pensamentos a respeito de Slughorn.
— Estou dizendo que esse Príncipe idiota não vai ajudar você e Rox, Harry! — Falou Hermione em voz mais alta — Só tem uma maneira de forçar alguém a fazer o que a gente quer, é a Maldição Imperius, que é ilegal…
— Sabemos disso, Mione, obrigado. — Disse Harry, sem tirar os olhos do livro enquanto eu soltava um muxoxo — É por isso que estou procurando alguma coisa diferente. Dumbledore diz que o Veritaserum não resolve, mas talvez haja outra coisa, uma poção ou um feitiço…
— Queria poder entrar nas memórias dele… — Bufei pensativa — O problema é que nada acontece quando eu quero, é simplesmente natural, aleatório…
— Vocês estão abordando o problema pelo ângulo errado. — Explicou Hermione — Dumbledore diz que somente vocês podem obter a lembrança. Isto deve significar que vocês podem persuadir Slughorn enquanto as outras pessoas não. Não é uma questão de dar a ele uma poção, pois qualquer um poderia fazer isso…
— Como é que se escreve “beligerante”? — Perguntou Rony, sacudindo com força sua pena sem tirar os olhos do seu pergaminho — Não pode ser B-U-M.
— Não, não é. — Respondeu Hermione, puxando para perto o trabalho de Rony — E “augúrio” também não começa com O-R-G. Que tipo de pena você está usando?
— Uma das Penas Autorrevisoras de Fred e George... mas acho que o feitiço deve estar enfraquecendo...
— Talvez. — Disse Hermione, apontando para o título do trabalho —, porque o trabalho era descrever como enfrentaríamos dementadores e não “cava-charcos”, e também não me lembro de você ter mudado seu nome para “Roonil Wazlib”.
Eu soltei uma risadinha.
— Lindo nome, Roonil.
— Ah, não! — Exclamou Rony, olhando horrorizado para o pergaminho — Não me diga que vou ter de escrever tudo de novo!
— Não esquenta, a gente pode dar um jeito. — Disse Hermione, trazendo o trabalho para mais perto e tirando a varinha
— Adoro você, Hermione. — Disse Rony, recostando-se na poltrona e esfregando os olhos, cansado
Hermione ficou ligeiramente rosada, mas respondeu apenas:
— Não deixe a Lavender ouvir você dizendo isso.
Eu me sentei direito na poltrona e olhei de um para o outro, séria.
— Não deixarei. — Falou ele, cobrindo a boca com as mãos — Ou talvez deixe... aí ela me dá o fora...
— O quê!? — Eu o olhei impaciente — O que tá querendo dizer, você não gosta dela??
Rony se encolheu.
— Por que você não dá o fora nela, se quer terminar? — Indagou Harry
— Você nunca terminou com ninguém, não é? — Replicou Rony — Você e Cho simplesmente...
— Meio que nos afastamos, sei. —Concordou Harry
— Eu gostaria que isso acontecesse comigo e a Lavender. — Disse Rony sombriamente, enquanto observava Hermione tocar com a ponta da varinha cada uma das palavras erradas, fazendo com que se corrigissem — Mas quanto mais insinuo que quero terminar, mais ela se agarra em mim. É como se eu estivesse namorando a lula-gigante.
— Ôu. — Eu dei um cascudo nele — Olha o jeito que você fala da minha amiga!
— Ai. — Ele resmungou — Ginny te bateu por você ter feito o que fez com a Demelza, acho que foi pior, não? E ela é a melhor amiga da Ginny!
— Nem vem, a Lav é minha melhor amiga e eu mandei você não machucar ela! Ela gosta de você desde o primeiro ano, Rony, fala sério… ela não é grudenta!
Rony suspirou fundo, mas não respondeu. No fundo eu sabia estar errada e que não podia forçar o meu irmão a gostar de Lav, ela realmente tinha ficado pior que chiclete depois que começou a namorar com Rony, e, ela nem parecia gostar tanto assim dele, parecia mais comodidade… e bom, tem o Blaise. Eu amo meu irmão gêmeo e minha melhor amiga, mas tá óbvio que eles não são um casal que daria certo.
— Pronto. — Disse Hermione, uns vinte minutos depois, devolvendo o trabalho de Rony
— Valeu. Me empresta a sua pena para eu escrever a conclusão?
Eu, que não tinha nada melhor pra fazer, corri os olhos pela sala; agora só restavam nós quatro ali, Seamus tinha acabado de subir, xingando Snape e o trabalho. Os únicos ruídos eram as chamas crepitando e Rony arranhando o último parágrafo sobre os dementadores, com a pena de Hermione. Harry tinha acabado de fechar o livro do Príncipe Mestiço com um bocejo quando…
Craque.
Hermione soltou um gritinho; Rony respingou tinta por todo o pergaminho e Harry exclamou:
— Monstro!
O elfo doméstico fez uma profunda reverência e falou, encarando os próprios pés nodosos:
— O senhor disse que queria relatórios regulares, por isso Monstro veio apresentar…
Craque.
Dobby apareceu ao lado de Monstro, o abafador de chá enviesado na cabeça.
— Dobby esteve ajudando também, Harry Potter! — Guinchou, lançando a Monstro um olhar rancoroso — E Monstro deve avisar a Dobby quando vem ver Harry Potter para podermos fazer os relatórios juntos!
— Que é isso? — Perguntou Hermione ainda assustada com as repentinas aparições e eu franzi a testa
Ele hesitou antes de responder, meio perdido.
— Que está acontecendo, Harry? —Perguntei fazendo Harry se sobressaltar e os elfos olharem pra mim muito surpresos
— Senhorita Roxanne Weasley. —Guinchou Dobby com uma vozinha muito arrastada e parecendo devidamente assustado
— Oi, Dobby. Tudo bem? — E então voltei a olhar pra Harry — Que está acontecendo? Como assim relatórios?
Harry estava completamente vermelho, eu não entendi porquê. Já sua mente gritava um “não pensa em nada”, “não pensa em nada”, “não pensa em nada”, que me fez ter certeza que ele fez algo que não queria que eu soubesse.
— Tá me impedindo de ler sua mente!? — Perguntei respirando fundo enquanto me remexia no assento o encarando
— Acho que não tem porquê você ler minha mente, não acha!? — Revidou assumindo um olhar sério e contrafeito de repente como se eu quem estivesse errada
— Então a culpa é minha!? Que merda você tá escondendo de mim, Harry Potter!?
— Não estou escondendo nada de você, por que eu te esconderia alguma coisa!? Só acho que você anda sendo muito invasiva! Acha certo querer ler os pensamentos dos outros?
— Ok! Então por que não me diz que relatórios são esses que Monstro e Dobby vieram te passar!? Acho que não te custa nada! — Cruzei os braços autoritária
Harry tentava parecer indiferente, mas estava nervoso, eu sabia que ele estava nervoso.
— Quer saber? — Eu me levantei muito irritada e me sentindo profundamente traída enquanto os demais presentes assistiam tudo — Eu não ligo! Não ligo pra porcaria nenhuma que você esteja fazendo! Pode fazer suas merdas ou obrigar os elfos a fazer se é isso que você quer! Não precisa me envolver em nada como se fossemos amigos.
— Você é minha melhor amiga, quer parar de drama, Roxanne!? — Ele também se levantou, e isso sim fazia diferença, já que Harry era uns bons centímetros mais alto
— Drama!? Olha… — E apontei um dedo pra ele querendo começar a gritar, mas senti algo ruim na mesma hora, um pressentimento muito mal e uma dor no coração; suspirando fundo e abaixando o olhar, eu acrescentei em sussurro para o vento — Draco.
— O quê? — Harry perguntou sem entender
— Rox, você tá bem? — Rony se levantou e me olhou preocupado
— Vou dormir. — Anunciei sem cerimônia, apanhei minhas coisas, Marshall e simplesmente saí de lá, esquecendo-me da briga ou do que quer que Harry podia está aprontando, em minha mente só o mal pressentimento que acabara de ter
Draco não está bem… Draco não está bem… Draco não está bem…
Levei minhas mãos aos olhos e enxuguei as lágrimas que caiam enquanto eu caminhava para o quarto, implorando que esse pressentimento ruim passasse. Implorando que ele estivesse bem, ou que alguém o ajudasse… ele não vai querer minha ajuda.
Eu não dormi bem aquela noite. Tive a sensação de ficar acordada por horas, abraçada com Méri, o leão de pelúcia, e com o sobretudo de Draco que não tinha mais resquícios de seu cheiro. Também estava com a pedrinha que ele me mandou no Natal, a qual eu ainda não fazia idéia do significado, mas fiquei a apertando com força contra o peito como se ela fizesse ele ficar mais próximo de mim. Durante os momentos em que estive acordada fiquei imaginando o que ele estaria fazendo, se ele estava bem, se a Sol está o ajudando a se sentir melhor.
Tive a impressão que demorei tanto a dormir que vi quando a porta abriu e Hermione entrou, mas não me mexi e um bom tempo depois a porta abriu de novo. Era Sol, me pergunto como ela estava conseguindo dormir tão pouco assim, mas não me demorei pensando nela. Ela não merece a minha pena.
Minha mente trabalhou febrilmente, e meus sonhos, quando eu finalmente adormeci, foram interrompidos e perturbados por imagens de Draco, que estava com a marca negra e apontava a varinha pra mim enquanto dizia que me odiava e eu não passava de uma garota insignificante…
Eu estava num estado de grande ansiedade no café da manhã seguinte, preocupada demais com aquele bendito pressentimento, e pra piorar, eu ainda não tinha visto Draco, apenas para lhe dar uma boa olhada e saber se ele estaria bem, isso seria suficiente.
Acabei não sentando com Rony, Harry e Hermione e sim com Lavender e Parvati. O motivo não era que eu estivesse me remoendo pelo que aconteceu na noite anterior ou tivesse notado o quão Harry estava inquieto, mas só que… precisei passar um tempo com minhas amigas.
— Brigou com o grupinho de ouro? — Parvati perguntou enquanto mergulhava uma torrada em um molho branco que ela disse ser ótimo para dietas
— Só não tô com cabeça para preocupações hoje de manhã, falo com eles na próxima aula… — Respondi simplesmente separando os cogumelos e os tomates grelhados no meu prato e sem querer encará-la
Lavender estava terrivelmente calada, mexendo e remexendo em sua comida, primeiro eu imaginei que o problema fosse algo que envolvia Rony, mas notei que não, quando Parvati emendou:
— Ainda acho que devia falar com o Zabini.
Vi a minha melhor amiga suspirar fundo e deixar cair o garfo no prato enquanto levantava o rosto para encarar Pati.
— Eu namoro com o Rony. O Blaise Zabini tem que entender isso.
Eu só observei sem saber se falar algo ajudaria a situação.
— Sabe, no começo eu fiquei muito feliz que você finalmente estivesse com o Rony, porque você passou anos de sua vida em uma completa obsessão por esse garoto, mas você está feliz, Lavender?
— Claro que eu tô feliz!
— Qual é, parece que acha que não te conhecemos! Achei que, quando chegasse o dia que finalmente o idiota te notasse, eu teria que implorar pra você parar de mencionar o nome dele a cada três segundos, e que Rox e eu seríamos obrigadas a ouvir tudo sobre os encontros de vocês e até mesmo sobre a primeira vez, e não que você viraria isso aí que você virou, um chiclete ambulante do menino e que até brigaria com o seu melhor amigo por causa disso, e mesmo assim, você nem parece estar feliz.
“Sabe o que eu acho? Que você nem gosta tanto assim do ruivo, parece mais uma espécie de comodidade ou obsessão maluca porque você ‘gostava’ dele quando tinha onze anos. E o Blaise é seu melhor amigo, você bem que podia deixar de ser orgulhosa e voltar a falar com o menino, ele não te fez nada demais.”
— Ele fez tudo de mais sim! — Retrucou Lavender muito irritada fixando suas íris azuis em Parvati
— Er… — Falei meio perdida — o que aconteceu?
— Nada. — Disse Lav muito séria — A Parvati que é maluca e fica vendo coisas onde não tem.
— Eu juro por Brahma que tenho convicção do que estou dizendo, o Blaise Zabini é e sempre foi apaixonado por você, foi por isso que ele se afastou.
Esse foi o cúmulo. Lav estava completamente vermelha e irritada quando simplesmente se levantou, deixou a comida inacabada e nos abandonou ali.
Eu e Parvati nos entreolhamos e suspiramos, logo concordando que Lavender merecia um tempo sozinha.
— Um anjo, mas com sentimentos mais confusos do que pensa. — Disse Pati suspirando, mas logo voltando a comer suas torradas
— Sentimentos sempre são confusos, amiga. — Devolvi
No momento seguinte veio uma voz animada enquanto percebi alguém arrastar a bandeja com o café da manhã de Lav pra longe e se sentar no lugar em que ela antes estava, dizendo:
— Bom dia, bom dia! — Era Vega Misttigan e Colin Creevey logo sentou ao seu lado. Notei que ela segurava um exemplar do Profeta Diário que pôs no colo enquanto começava a olhar as comidas do café
— Bom dia. — Dissemos eu e Parvati juntas enquanto Colin apenas acenou e sorriu
— Íamos nos sentar com Harry e os outros dois, mas não tinha dois lugares disponíveis lá então viemos fazer companhia a vocês duas se não se importam. — Anunciou ela despreocupada enquanto apanhava bacon e ovos; pela primeira vez notei que seu cabelo estava pelo menos uns cinco centímetros maior, e ela devia ter retocado as mechas verde-limão porque brilhavam
— Ah, sem problema, é bom ver vocês dois. — Sorri para ambos
— Ah, o bolo de chocolate está na outra ponta da mesa. — Colin se lamentou, recebendo um olhar sério da namorada
— Você quer, pelo amor de Godric Gryffindor, comer uma comida decente, Colin Edward Creevey!? — Perguntou ela mantendo o olhar e a voz sérios — Ou acha que pode ficar pra sempre comendo essas besteiras? Você faz dezessete anos ainda esse ano, então tome um café saudável, bacon e ovos. Cuide da sua alimentação porque se você ficar fraco e morrer, eu te mato.
Parvati e eu nos entreolhamos, meio rindo, enquanto Colin corava e montava um prato de comidas saudáveis para ele que incluía batatas, feijão, ovos e bacon.
— Muito bem, meu amor. — Ela o parabenizou muito orgulhosa e com um sorrisinho enquanto enchia um copo de suco de abóbora pra ela — Quer suco, neném? Ah, sei nem porque te pergunto, vou colocar.
— Vega, quantos anos você tem mesmo, querida? — Parvati perguntou meio divertida com a cena
— Quinze anos em maio, dá pra acreditar nisso?! — Ela bufou logo virando-se para o lado e entregando um copo de suco pra Colin
— Espera… e você é do final dos anos oitenta, Creevey? — Parvati se voltou para o mais velho dos meus elfos — Faz dezessete esse ano também?
— Pois é. — Ele suspirou — Sim, sou do fim de 1980, por isso só entrei em Hogwarts em noventa e dois, se tivesse nascido uns meses antes estudaria na turma de vocês.
— O que seria legal, mas talvez não fôssemos tão amigos quanto somos, né, Col? — Perguntei e ele assentiu com um sorriso
Vega, por outro lado, deixou o café meio de lado e observava o Profeta Diário bastante entediada à procura de algo interessante.
— Algo interessante, docinho? — Colin perguntou vendo a cara que ela fazia
— Sim! — Exclamou Vega fazendo eu, ele e Parvati olharmos pra ela, que logo se pôs a gargalhar — Mas está tudo bem, ele não morreu: é sobre o Mundungo, ele foi preso e mandado para Azkaban! Aquele gatuno de merda que estava roubando coisas da casa do meu pai. Eu acho que é pouco. Olhem, parece que ele andou fingindo ser morto-vivo em uma tentativa de arrombamento... — Então seu sorriso foi desaparecendo à medida que lia as outras notícias — E alguém chamado Otávio Pepper desapareceu... ah, que coisa horrível, um garoto de nove anos foi preso por tentar matar os avós, acham que ele estava dominado pela Maldição Imperius…
— Nove. — Eu repeti, meio surpresa, meio assustada com as coisas que vinham acontecendo no mundo, e então tomei um gole de suco de abóbora pensativa
A primeira aula do dia foi Defesa Contra as Artes das Trevas, ou seja, Snape. E pra piorar a situação, Harry chegou atrasado.
— Outra vez atrasado, Potter. — Disse Snape friamente, quando Harry entrou, apressado, na sala iluminada por velas — Menos dez pontos para a Gryffindor.
Eu não sei onde ele estava, mas com certeza estava irritado e/ou decepcionado com algo. Ele amarrou a cara para o professor ao se atirar no assento ao lado de Rony; metade da turma ainda estava em pé, apanhando livros e se organizando; seu atraso não podia ser muito maior do que o dos outros colegas.
— Antes de começarmos, quero ver os seus trabalhos sobre dementadores. — Ordenou o professor, acenando displicentemente com a varinha e fazendo vinte e cinco pergaminhos levantarem voo e aterrissar em uma pilha ordeira sobre sua escrivaninha — E espero, em seu benefício, que estejam melhores do que o chorrilho que tive de ler sobre a resistência à Maldição Imperius. Agora, queiram abrir seus livros na página... que foi, sr. Finnegan?
— Senhor — Disse Seamus —, como é que se pode diferenciar um morto-vivo ou Inferius de um fantasma? Por que saiu no Profeta uma notícia sobre um Inferius…
— Não, não saiu. — Respondeu Snape entediado
Lavender fez um muxoxo enquanto balançava a cabeça negativamente, ajeitando suas coisas na mesa ao meu lado. Ela não quis formar com Pati, deixando-a ser forçada a dividir a bancada com Anne Megalos a quem ela disse ser um garota insuportável.
— Mas, senhor, ouvi comentários… — Continuou Seamus
— Se o senhor tivesse lido realmente a notícia em questão, sr. Finnegan, saberia que o assim chamado Inferius não passava de um ladrãozinho infecto chamado Mundungo Fletcher.
Percebi Harry murmurar alguma coisa, algumas carteiras atrás de mim. Algo que não consegui ouvir, mas ele falava com Rony e Hermione. Não dava pra entender, mas foi suficiente alto pra Snape perceber.
— Mas Potter parece ter muito a dizer sobre o assunto. — Falou Snape, apontando subitamente para o fundo da sala, seus olhos negros fixos em Harry — Vamos perguntar a Potter como ele descreveria a diferença entre um morto-vivo e um fantasma.
A turma inteira se virou para Harry, que parecia fazer esforço pra lembrar-se.
— Ah... bem... fantasmas são transparentes… — Respondeu ele
— Oh, muito bem. — Interrompeu-o Snape, encrespando desdenhosamente os lábios — Sim, é fácil verificar que não desperdiçamos quase seis anos de estudos de magia com você, Potter. Fantasmas são transparentes.
Uma garota da Slytherin, cujo nome eu não lembro e tem um lindo cabelo loiro platinado, soltou uma risadinha aguda. Eu balancei a cabeça negativamente enquanto vários outros alunos sorriam debochados. Harry inspirou fundo e continuou calmamente, embora parecesse furioso por dentro:
— Sim, fantasmas são transparentes, mas Inferi são corpos sem vida, certo? Então seriam sólidos…
— Uma criança de cinco anos poderia ter nos dito isso. — Zombou Snape — Um Inferius é um morto que foi reanimado por meio de um feitiço das Trevas. Não está vivo, é meramente usado como uma marionete para cumprir as ordens do bruxo. Um fantasma, como espero que a esta altura todos saibam, é uma impressão deixada por um morto na terra... e é claro, como diz Potter tão sabiamente, é transparente.
— Ele bem que poderia falar dos espíritos também, nos sentimos tão esquecidos. — Se lamentou a voz doce e infantil de Mia que aparecera em pé na minha frente junto com Cedric
— Eles não podem ver espíritos, Mirian, só fantasmas e Inferius, então me diz porque falariam de nós? — O outro devolveu
Eu abri um sorriso em vê-los, o lance dos Inferius meio que me incomodava, me fazia lembrar dos meus poderes.
— Bem, o que Harry disse é muito útil para diferenciarmos os dois! — Comentou Rony — Quando nos defrontarmos com uma aparição em um beco escuro, vamos olhar depressa para ver se é sólido, não é, não vamos perguntar: “Com licença, o senhor é uma impressão deixada por uma alma que partiu?”
Uma onda de risos percorreu a sala, mas foi imediatamente paralisada pelo olhar que Snape lançou à turma.
— Outros dez pontos a menos para a Gryffindor. — Disse o professor — Eu não esperaria nada mais sofisticado do senhor, Ronald Weasley, um rapaz tão sólido que é incapaz de aparatar dois centímetros em uma sala.
Lavender pareceu vermelha de raiva como se quisesse falar alguma coisa, mas se conteve, quando eu segurei seu braço e lhe disse que não valia a pena entrar em uma detenção por ele.
— Agora abram os livros na página duzentos e treze. — Disse o professor com um sorrisinho — e leiam os primeiros dois parágrafos sobre a Maldição Cruciatus…
Rony ficou anormalmente quieto durante toda a aula. Quando por fim ouvimos a sineta, Lav se afastou de mim e alcançou Rony e Harry (Hermione sumira misteriosamente de vista à sua aproximação), e xingou Snape indignada por seu comentário maldoso sobre a Aparatação de Rony, mas, pelo visto, conseguiu apenas irritar o garoto.
Eu e Parvati nos permitimos ficar pra trás, sem querer ver a cena.
— Defendendo o namoradinho, é claro. — Escutei o muxoxo de Blaise Zabini que pareceu não nos ver enquanto observava Lav de longe, ainda na porta da sala
— Blas — Eu o chamei incapaz de me conter, ele ficou vermelho ao perceber que eu escutei o que ele falou, mas eu não queria conversar sobre aquilo —, por que o Draco não assistiu a aula?
O garoto da Slytherin passou uma mão no cabelo, como se pensasse se valia a pena contar. Desde que eu entrei na aula de Snape estava incomodada e martelando minha cabeça me perguntando porque nem Draco nem Sol apareceram.
— Rox, olha…
— Blaise? — Daphne Greengrass o acompanhou e me olhou meio enojada — Conversando com o demônio da Gryffindor, é?
— Daphne, não enche. — Ele falou meio bufando, depois voltou a me olhar — Olha, Rox, se quiser falar ou saber qualquer coisa do Draco, meu conselho é você conversar diretamente com ele.
Daphne continuou fazendo caras e bocas pra mim, então Blaise segurou seu braço a fazendo o acompanhar, enquanto a mandava parar de ser infantil.
Eu e Parvati nos entreolhamos e eu suspirei fundo impaciente.
— Não liga. — Disse uma voz doce e intrometida me assustando e me fazendo se virar de imediato — A irritação dele não é com você, gata. Talvez o Zabinizinho só não suporte perder um babado, ou talvez perder uma “amiga”, entre aspas, claro.
Eu pisquei para garota de cabelos brancos que havia rido de Harry na sala, tentando me lembrar qual era seu nome.
— Ô, Roper, você não se cansa de irritar todo mundo, não? — Chamou uma voz um pouco mais séria. Pansy Parkinson ajeitava sua mochila no ombro enquanto se aproximava
— Sophie Roper? — Parvati arregalou os olhos — Ah, você pintou o cabelo! — E então sorriu como se finalmente tivesse entendendo tudo — Caramba, você ficou fashion, o platinado combina com seu tom de pele, hem.
A garota que deveria ser Sophie Roper sorriu como se tivesse acabado de ganhar um tesouro.
— Está vendo, Parkinson? Eu não sou irritante, sou até referência de moda à estilista de Hogwarts.
Pansy revirou os olhos, enquanto eu soltava um suspiro.
— Roper, é Roper, não é? — Falei tentando ignorar a existência de Parkinson e me dirigindo à garota loira — Você falou algo como “babado”, será que... você sabe onde o Draco está por acaso?
Sophie Roper abriu um sorriso enorme como se estivesse esperando o momento em que ouviria essa pergunta.
— Sim. — Ela balançou a cabeça animada e deu um passo pra frente estendendo a mão pra mim — Sophie Mackenzie Roper, membra oficial da Slytherin, dezesseis aninhos, e totalmente ao seu dispor, gata. — E apertou a minha mão a balançando, antes mesmo que eu tivesse alguma reação — Totalmente ao seu dispor. — Piscou um olho divertida com um tom talvez um pouco malicioso — E... sobre o meu irmãozinho querido do meu coração...
Franzi a testa mais perdida do que nunca, quando Parkinson se adiantou e puxou Sophie.
— Não acredita no que ela fala — Disse suspirando e se dirigindo a mim —, ninguém viu o Draco desde ontem à noite, Weasley. Sei que você não confia, nem acredita em mim, mas deveria confiar menos na Roper, ela tá afim de você.
Eu ergui uma sobrancelha observando a garota Roper corar e olhar muito irritada para Pansy, que não se demorou em ouvir minha resposta, apenas puxou Sophie consigo, deixando eu e Parvati para trás, sem entender nada.
Parvati e eu nos entreolhamos, mais perdidas que nunca enquanto seguíamos nosso caminho. Eu estava completamente confusa com o que acabara de ouvir, talvez por isso deixei que Pati fosse na minha frente enquanto eu entrava no banheiro dos monitores no corredor que passamos. Deixei minha mochila em um canto seco na pia e comecei a me encarar no espelho, suspirando fundo e impaciente com tudo. Abri o zíper pequeno da minha bolsa e peguei uma das barrinhas dos Brown e joguei na minha boca, voltando a encarar minha visão no espelho, até que soltei um berro:
— Myrtle!!
O fantasma de uma menina tinha se erguido de um boxe às minhas costas e agora flutuava no ar, encarando-me através de seus óculos grossos, brancos e redondos.
— Ah! — Exclamou ela mal-humorada — É você! Esqueci que esse banheiro é unissex. Melhor eu ir pro banheiro masculino.
— Quem é que você estava esperando? — Perguntei me virando para olhar melhor pra ela
— Ninguém. — Respondeu Myrtle cutucando pensativa uma espinha no queixo — Ele disse que voltaria para me ver, mas seu amigo Harry Potter também disse que daria uma passadinha para me visitar... e não o vejo há meses sem conta. Já aprendi a não esperar muita coisa dos garotos.
— Nisso você tem razão. — Concordei com um suspiro — Mas, bom, pensei que você morava naquele banheiro das meninas.
— Moro — Respondeu Myrtle encolhendo os ombros, sentida —, mas isso não quer dizer que não possa visitar outros lugares. Eu vim uma vez aqui e vi o seu amigo Harry tomando banho.
Eu a olhei meio enjoada, com uma careta.
— Então tá.
— Mas pensei que ele gostava de mim. Não o Harry. Ele. — Continuou a fantasma queixosa — Quem sabe se você saísse, ele voltaria… temos muito em comum... com certeza ele sentiu isso...
E ela olhou esperançosa para a porta.
— Então você tá mesmo de paquerinha, Myrtle? — Perguntei divertida achando graça no assunto — Mas, me diz, quando fala que vocês têm muito em comum, você quer dizer que ele também frequenta o hospício?
— Não. — Protestou Myrtle em tom de desafio, que ecoou sonoramente pelo velho banheiro azulejado — Quero dizer que ele é sensível, as pessoas implicam com ele também, e ele se sente solitário e não tem com quem conversar, além daquela prima dele, mas isso não importa, ah e ele não tem medo de mostrar seus sentimentos e chorar!
— Esteve aqui um menino chorando? — Perguntei curiosa — Um garotinho?
— Não é da sua conta! — Retrucou Myrtle, seus olhos miúdos e lacrimosos fixos em mim
Mas então eu me toquei no que ela falava e me assustei quando tive um flash e vi um vislumbre de um garoto chorando agachado no canto do banheiro, foi rápido, mas eu conhecia aquele garoto muito bem.
— Draco!? — Falei surpresa e me sentindo mal de descobrir isso, de descobrir que ultimamente ele vivia chorando em um banheiro sozinho na companhia de um fantasma, mas então lembrei do que Myrtle falara e a encarei — O Draco!? Você não tem vergonha na cara não, ô sua morta, tá achando que tem chance com ele!?
— Ele gosta de mim, ou não viria conversar comigo e me contaria suas lamentações! — Ela começou a rosnar comigo, muito furiosa com meu tom de voz — Você está achando que é quem também?
— Olha sua… sua.. fantasma! Eu tenho mais chance com ele do que você, olha, pra ser sincera, mais do que qualquer garota de Hogwarts… — E com isso eu já estava apontando um dedo na cara de Myrtle — porque não sei se está sabendo, mas ele é apaixonado por mim! E adivinha só quem já beijou ele? Eu! Você já beijou ele, Myrtle!? Porque eu já e mais de uma vez!
Vi a feição dela ficar vermelha como um pimentão como se eu a tivesse atingido.
— Não vejo ele falando de você, é como se você nem fizesse a menor diferença na vida dele. Mas já eu e ele temos muito em comum.
— Que eu saiba o Draco tá vivo. —Retruquei ficando irritada — E sabe quem também tá viva? Euzinha, Myrtle. Eu!
— Acha que ele vai querer alguma coisa com você!? Acha mesmo? Com você beijando todo mundo da escola como uma vadiazinha? — E ela riu enquanto eu ficava vermelha de raiva — Sim, eu sei. Ele deve é te odiar.
— Ahhh, sua fantasminha idiota!! —Rosnei avançando pra cima dela, mas ela flutuou e foi parar do outro lado rindo muito
— Ele prefere a minha companhia. — Ela caçoava com superioridade enquanto desviava de mim
— Afinal o que ele tem te falado, me diz, o que ele pode querer com uma fantasma chata, feia e chorona como você!? — Perguntei cruzando os braços e desistindo de pegar ela
— Acha que eu te diria!? — Ela me olhou superior — Prometi que não contaria a ninguém e vou levar o segredo dele para o...
— ... não para o túmulo, não é? —Debochei, irritada, mas abafando uma risada sem graça — Para a tubulação talvez…
Myrtle soltou um uivo de dor e tornou a mergulhar no vaso, fazendo a água transbordar no chão. Eu bufei e comecei a resmungar muito em voz baixa enquanto colocava a mochila nas costas, pronta pra sair do banheiro.
Hello bruxinhoooos!!
Sei que demorei séculos, mas aqui está o capítulo de hoje, um dos meus preferidos talvez kkkkk. Esse eu gosto muito, porquê Rox tendo surto de ciúmes é tudooooo! Kkkkkk.
E a Sophie não perde uma oportunidade, né? Kkkkkk.
Nos vemos quarta-feira bruxinhoooos, amo vocês!!!
– Bjosss da tia Nick.
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