90 | Green Hair
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90. Cabelo Verde
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Ôu, eu tenho uma novidade que acho, ou melhor, tenho certeza que você vai adorar!
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No dia seguinte, eu e Harry confidenciamos a Rony e Hermione o dever que Dumbledore nos passara, a cada um, separadamente, porque Hermione ainda se recusava a permanecer na presença de Rony mais tempo do que o necessário para lhe lançar um olhar de desprezo. Rony achou que era pouco provável que eu ou Harry tivéssemos alguma dificuldade com Slughorn.
— Ele adora vocês dois. — Disse durante o café da manhã, gesticulando com o garfo cheio de ovo frito — Não vai lhes recusar nada, não é? Não ao seu pequeno Príncipe das Poções ou à sua Princesa feiticeira. É só ficar depois da aula hoje à tarde e perguntar a ele.
Hermione, no entanto, foi menos otimista.
— Ele deve estar decidido a esconder o que realmente aconteceu, se Dumbledore não conseguiu extrair nada dele — Disse em voz baixa, quando estávamos no pátio deserto e coberto de neve na hora do recreio — Horcruxes... Horcruxes… nunca ouvi falar nisso…
— Não?
Era claro que eu e Harry ficamos desapontados; esperávamos que Hermione pudesse nos dar uma pista do que seriam Horcruxes. Tive impressão de que Regulus sabe o que é, mas não iria me contar, ou simplesmente não pode.
— Deve ser magia das Trevas realmente avançada ou, então, por que Voldemort iria querer saber? Acho que vai ser difícil obter a informação, vocês vão precisar de muita cautela quando abordar Slughorn, pensem em uma estratégia...
— Rony acha que eu e Harry deveríamos ficar na sala depois da aula de Poções hoje à tarde… — Comentei
— Ah, bem, se Uon-Uon acha isso, então é melhor vocês fazerem. — Retrucou ela, irritando-se — Afinal, quando foi que a opinião de Uon-Uon esteve errada?
— Hermione, será que você não pode...
— Não! — Exclamou ela com raiva e saiu bruscamente, deixando eu e Harry sozinhos com os pés enfiados na neve até os tornozelos
As aulas de Poções eram bem constrangedoras ultimamente, uma vez que nós quatro tínhamos de dividir a mesma mesa. Naquele dia, Hermione mudou a posição do caldeirão de modo a ficar perto de mim, e ignorou os meninos.
— Que foi que você fez? — Escutei o murmúrio de Rony para Harry, olhando para o perfil arrogante de Hermione
Mas, antes que Harry pudesse responder, Slughorn pediu silêncio à frente da turma.
— Acomodem-se, acomodem-se, por favor! E depressa, temos muito o que fazer hoje à tarde! A Terceira Lei de Golpalott... quem sabe me dizer...? A srta. Granger sabe, é claro!
Hermione recitou-a em grande velocidade:
—A-Terceira-Lei-de-Golpalott-diz-que-o-antídoto-para-uma-misturavenenosa-será-maior-do-que-a-soma-dos-antídotos-para-cada-um-de-seus-elementos.
— Exatamente! — Exclamou sorridente o professor — Dez pontos para a Gryffindor. Agora, se considerarmos a Terceira Lei de Golpalott verdadeira…
Eu teria de aceitar a palavra de Slughorn de que a Terceira Lei de Golpalott era verdadeira porque não entendi nada. Ninguém, exceto Hermione, parecia estar acompanhando o que Slughorn disse a seguir.
— ... o que significa, naturalmente, que, supondo que tenhamos identificado corretamente os ingredientes da poção, com o Revelencanto de Scarpin, o nosso objetivo primário não é a simples seleção de antídotos para os ingredientes por si e de si, mas encontrar o componente adicional que, por um processo quase alquímico, transformará esses elementos díspares…
Rony estava sentado ao lado de Harry com a boca entreaberta, babando distraído sobre o seu exemplar novo de Estudos avançados no preparo de poções. Ele vivia esquecendo que não podia mais depender de Hermione para ajudá-lo a sair das dificuldades quando não conseguia entender o que estava acontecendo. Eu não estava entendendo coisa alguma e tinha deitado minha cabeça na palma da mão pra ver se me mantinha acordada, mas tava bem difícil.
— ... e portanto — Terminou Slughorn —, quero que cada um de vocês venha apanhar um dos frascos sobre a minha escrivaninha. E deverão criar um antídoto para o veneno que o frasco contém antes do fim da aula. Boa sorte, e não se esqueçam das luvas protetoras!
Hermione deixara o seu banco e estava a meio caminho da escrivaninha de Slughorn, antes que o restante da turma tivesse entendido que era hora de se mexer; e quando, finalmente, eu e os meninos voltamos à mesa, a garota já tinha despejado o conteúdo do frasco e estava acendendo um fogo sob o caldeirão.
— É uma pena que o Príncipe não vá lhe adiantar muito, Harry. — Disse ela animada ao se levantar — Desta vez é preciso compreender os princípios envolvidos. Não existem atalhos nem colas!
Aborrecido, Harry desarrolhou o seu veneno no caldeirão. Sem ter a menor ideia do que deveria fazer a seguir, ele olhou para meu irmão, que agora estava parado ali com cara de bobo, depois de copiar tudo que Harry fizera.
— Você tem certeza de que o Príncipe não dá nenhuma dica? — Murmurou para Harry
Observei Harry apanhar seu confiável exemplar de Estudos avançados no preparo de poções e abrir no capítulo sobre antídotos. Ali estava a Terceira Lei de Golpalott, palavra por palavra, tal como Hermione a recitara, mas nem uma anotação esclarecedora na caligrafia do Príncipe explicando o seu significado. Pelo visto, o Príncipe, tal como Hermione, não tivera dificuldade em compreendê-la.
— Nada — Respondeu Harry com tristeza
Hermione agora acenava a varinha com entusiasmo sobre o caldeirão. Eu coloquei uma mão no ombro de Harry.
— Relaxa… você só voltou ao nosso nível. — Falei com meiguice, ele revirou os olhos
Eu dei um risinho e me voltei para olhar o veneno rosa berrante que apanhei na escrivaninha de Slughorn e observei.
— É interessante, não é? — Comentei — Um veneno rosa.
— Claro, muito interessante. — Retrucou Rony atordoado com sua própria poção — Por que você não bebe?
— Idiota! — Falei ainda observando atentamente — Só queria saber o que tem aqui para fazer com que a substância fique dessa cor.
— Não tenho tempo pra te explicar componentes químicos, mas se eu fosse você me apressava, o tempo tá passando. — Recomendou Regulus ao aparecer na minha frente e observar o meu caldeirão vazio
— Sabe que veneno é esse e qual seria o antídoto pra isso? — Perguntei-o em voz baixa
— Eu não sei o meu, vou saber o seu?! — Resmungou Rony
— Eu não tô falando com você, ô babaca.
Rony levantou a cabeça, Harry me olhou e Hermione por segundos parou o que estava fazendo.
— Rox! — Disseram ao mesmo tempo
— O que foi?
— Você não pode pedir ajuda a… seja lá quem você está falando, tem que fazer sozinha! — Disse Hermione muito séria
Eu bufei e olhei pra Regulus.
— Desculpa, mas ela tá certa.
Murmurei um “hum” e me espreguicei enquanto jogava o líquido rosa no caldeirão e acendia o fogo. Os outros três voltaram ao seu trabalho. Infelizmente, não dava pra eu ou os meninos copiar o feitiço que Hermione estava executando porque agora se tornara tão boa em feitiços não verbais que não precisava pronunciar as palavras em voz alta. Mas quando virei para o outro lado vi Ernesto Macmillan, em outra mesa, porém, que estava murmurando “Specialis revelio!” sobre o caldeirão, e o som parecia impressionante, por isso os meninos não foram os únicos a imitá-lo.
Levou apenas cinco minutos para ser notório que a reputação de Harry como melhor preparador de poções da turma estava desmoronando à sua volta. Slughorn dera uma espiada esperançosa dentro do seu caldeirão, em sua primeira ronda pela masmorra, preparado para soltar exclamações de prazer como geralmente fazia, mas, em vez disso, erguera a cabeça depressa, tossindo, porque o cheiro de ovos estragados o sufocara. A expressão de Hermione não poderia ser mais presunçosa; ela detestava ficar em segundo lugar nas aulas de Poções. Agora, ela decantava os ingredientes do seu veneno, misteriosamente separados, em dez diferentes frasquinhos de cristal.
Eu nem sabia o que eu estava fazendo, que ingredientes estava colocando, mas imaginei que ao invés de um antídoto eu estivesse preparando um veneno.
— Meu Merlin, Rox! — Exclamava Regulus ao meu pé do ouvido, parecendo querer preparar o antídoto no meu lugar — É Fenolftaleína.
Levantei a cabeça e ergui uma sobrancelha pra ele, como se ele acabasse de falar um idioma que não conheço.
— É um composto orgânico frequentemente usado como indicador de pH. — Ele explicou, mas eu continuei sem entender — Tem Fenolftaleína no veneno, misturada com outra substância. Ela fica rosa em pH superior a 8,3 e incolor em soluções ácidas. Mas pode ter sido misturado com algum veneno incolor pra formar essa consistência aí, tenho quase certeza que foi o Polônio, ele é incolor, insípido, e na maioria dos casos, indetectável. Por esse motivo, ele recebe o apelido de “veneno perfeito”. Como a fenolftaleína é meio que um ácido suave, então é muito provável se contar também até fórmula química. Mas também pode ter sido outra substância, eu não sei, estou enferrujado nos assuntos de componentes químicos. Por isso você tem que fazer o Revelencanto de Scarpin para identificar corretamente os ingredientes da substância.
Ergui minhas sobrancelhas mais ainda sem saber se dizia a ele que eu não havia entendido nada.
— Pra mim parece Brometalina. —Comentou Cedric simplesmente aparecendo ao lado dele e me deixando mais perdida ainda
Percebi Harry correr ao armário de classe na hora em que Slughorn avisou: “Faltam dois minutos, turma!”
Fiz algo que nem eu mesma entendi no meu caldeirão, pronta para entregar qualquer coisa, melhor do que não entregar nada.
— Tempo... ENCERRADO! — Anunciou Slughorn cordialmente — Vamos ver como vocês se saíram! Blaise... que é que você tem aí?
Lentamente, Slughorn foi se deslocando pela sala, examinando os vários antídotos. Ninguém terminara o dever, embora Hermione estivesse tentando forçar mais alguns ingredientes para dentro do seu frasco antes de Slughorn passar. Rony desistira completamente, e apenas tentava evitar inalar os vapores fétidos que emanavam do seu caldeirão enquanto eu me mantinha indiferente àquilo, meu antídoto estava mais pra veneno mesmo. Harry estava apenas parado ali sem ter terminado sua própria poção.
Slughorn foi à nossa mesa por último. Ele cheirou a minha poção parecendo que ia vomitar e passou à de Rony com uma careta. Não se demorou sobre o caldeirão do meu irmão, antes recuou depressa, com uma ligeira ânsia de vômito.
— E você, Harry. Que tem para me mostrar?
O garoto estendeu a palma da mão, revelando um negócio estranho, parecia um objeto castanho e enrugado bem semelhante a rins secos. Eu franzi a testa, já Cedric e Regulus se boquiabriram.
Slughorn contemplou Harry por longos dez segundos. Então, ele atirou a cabeça para trás às gargalhadas. Eu ergui a sobrancelha sem entender.
— Você é atrevido, rapaz! — Trovejou o professor, apanhando o negócio esquisito e erguendo-o no ar para que toda a turma o visse — Ah, você é como sua mãe... bem, não posso dizer que está errado... um bezoar certamente agiria como antídoto para todas essas poções!
Hermione, que tinha o rosto suado e fuligem no nariz, ficou lívida. Seu antídoto, ainda pela metade, que compreendia cinquenta e dois ingredientes inclusive uma mecha dos próprios cabelos, borbulhava devagarinho às costas de Slughorn, que não via mais ninguém senão Harry.
— E você pensou no bezoar sozinho, foi, Harry? — Perguntou entre dentes
— Às vezes sua amiga é chata, hem. — Comentou Rég meio rindo
— Esse é o espírito individual imprescindível a um verdadeiro preparador de poções! — Exclamou Slughorn alegre, antes que Harry pudesse responder — Igualzinho à mãe, Lílian tinha a mesma compreensão intuitiva do preparo de poções, sem dúvida ele herdou da mãe... certo, Harry, certo, se você tivesse um bezoar à mão, é claro que resolveria... mas, como bezoares não servem para tudo e são bem raros, ainda vale a pena saber preparar antídotos…
A única pessoa na sala que parecia mais irritada do que Hermione era Draco, que, para minha satisfação, derramara na roupa algo que lembrava vômito de gato. Antes, porém, que qualquer dos dois pudesse expressar sua fúria por Harry ter sido o melhor da turma sem se esforçar, a sineta tocou.
— Hora de guardar tudo! — Disse Slughorn — E mais dez pontos para Gryffindor pela ousadia!
Ainda rindo, ele voltou gingando à sua escrivaninha à frente da masmorra. Harry olhou pra mim como se tentasse se comunicar pela mente, eu logo entendi o recado e nós dois nos demoramos, ele levando um tempo excessivo para arrumar a mochila, e eu amarrando o cadarço da minha bota.
Nem Rony nem Hermione nos desejaram boa sorte ao sair; os dois pareciam muito aborrecidos, mas eu sabia que não por minha causa. Por fim, restaram apenas eu, Harry e Slughorn na sala.
— Depressa, Harry e Rox, ou vão se atrasar para a próxima aula. — Disse Slughorn afavelmente, fechando com um estalo as presilhas de ouro de sua maleta de pele de dragão
Harry me olhou depressa. Eu tirei a perna direita de cima da coxa esquerda e levantei-me se aproximando um pouco deles, a mochila na costas.
— Senhor — Comecei lembrando-me irresistivelmente de Voldemort —, eu e Harry queríamos lhe perguntar uma coisa.
— Perguntem, então, meu caros, perguntem…
— Senhor, será que — Harry tomou fôlego — o senhor saberia alguma coisa sobre... sobre Horcruxes?
Slughorn congelou. Seu rosto redondo pareceu afundar. Ele umedeceu os lábios com a língua e respondeu roucamente:
— Que foi que você disse?
— Perguntei se o senhor saberia alguma coisa sobre… Horcruxes, senhor. O senhor entende...
— Dumbledore mandou vocês fazerem isso. — Sussurrou Slughorn
Sua voz mudara completamente. Já não era afável, mas chocada, aterrorizada. Ele apalpou o bolso do peito e puxou um lenço, enxugando a testa suada.
— Dumbledore lhes mostrou aquela... aquela lembrança — Afirmou Slughorn — Então, mostrou?
— Mostrou. — Respondi, decidindo imediatamente que era melhor não mentir
— É, é claro. — Comentou Slughorn em voz baixa, ainda enxugando o rosto pálido — É claro... bem, se vocês viram aquela lembrança, meninos, então sabem que eu não sei nada... nada... — E repetiu a palavra enfatizando-a — ... sobre Horcruxes.
E, apanhando a maleta, repôs o lenço no bolso e saiu em direção à porta da masmorra.
— Senhor — Tentei falar, desesperada —, eu… nós só achamos que o senhor talvez pudesse acrescentar alguma coisa à lembrança...
— Acharam? Pois enganaram-se, não é? SE ENGANARAM!
Ele berrou a última palavra e, antes que eu ou Harry pudéssemos dizer mais alguma coisa, saiu batendo a porta da masmorra.
— Isso vai ser mais difícil do que eu imaginava. — Suspirei enquanto andava para sair da sala, Harry vindo atrás de mim resmungando algo
Assim que cruzei o corredor tive uma enorme surpresa quando quase trombei com um certo membro da Slytherin.
— Roxanne. — Ele falou suavemente meio que arrastando meu nome e rindo
— Theodore. — Falei imitando seu tom cantarolado
Harry resmungou como se só me comunicasse que me veria mais tarde e passou direto quase trombando em Theo Nott que apenas achou o ato engraçado. Regulus e Cedric aproveitaram a deixa para desaparecer.
— Uhh, ele ainda não vai mesmo com a minha cara. — Theo caçoou virando-se um pouco para ver Harry se afastando ao longe, então riu e voltou a me olhar — Deve ser porque eu sou mais bonito que ele.
— Theo, você é uma piada, é sério… — Comentei começando a caminhar pelo corredor enquanto o menino ia me seguindo
— Ôu, eu tenho uma novidade que acho, ou melhor, tenho certeza que você vai adorar!
Eu parei e olhei atentamente para ele.
— Envolve álcool? — Perguntei, mas era apenas brincadeira, nem esperava que ele fosse realmente confirmar
— É claro.
Nesse instante eu franzi a testa, mas sorria. Theodore olhou para um lado e depois para outro antes de pegar na minha mão e dá uns passos para um lado mais afastado de uns alunos. Quando falou, sua voz era baixa, embora animada.
— Consegui negociar com o pessoal do sétimo ano, a próxima festa das cobras vai ser no próximo sábado, na Câmara secreta. — Disse ele me fazendo arregalar os olhos entusiasmada — Olha, é importante chegar dez minutos antes do toque de recolher. Nós da Slytherin temos formas de conseguir entrar e sair fácil da Câmara pela nossa Comunal, mas aí vocês vão ter que usar umas das passagens secretas, mesmo assim acho um pouco mais perigoso do que pra nós.
— Vocês?? — E minha voz se tornou mais empolgada
Ele riu.
— Você pode convidar quem você quiser, de qualquer casa. — Acrescentou em voz um tanto mais baixa — Sei que você conhece umas pessoas legais, então escolhe bem. Só pensa, que se alguém for pego, vai dar merda, então negocia bem e explica como eles fazem pra chegar lá, ok? E que eles não podem em hipótese alguma dedurar a festa ou a minha casa.
— Ahhh, Theo!! — Exclamei animada saltando para o abraçar — Isso vai ser irado!
— Obrigada, sei que sou incrível. — Ele agradeceu risonho quando nos afastamos do abraço — Mas, aí, leva gente boa e bonita tá bom, nada de nerd e cuidado com os língua-solta.
— Certo, certo, eu vou fazer essa festa ser um sucesso, pode contar comigo! — Falei me garantindo enquanto passava uma mão pelos meus cabelos — Que horas mesmo?
— Às nove.
— Certo, às nove. — Repeti ainda sorrindo com a perspectiva de uma festa clandestina na escola — Como você conseguiu isso mesmo, hem? Quero dizer, convencer o pessoal do sétimo ano a convidar o pessoal das outras casas.
— Uh, foi simples. — Theo se gabou — Só precisei apresentar algumas ideias, primeiramente lembrei a eles que tem muita gente gata nas outras casas, muita! Depois os lembrei do quanto seria mais divertido com mais pessoas e seria mais fácil de sairmos impune caso descubram a festinha, já que o julgamento viria pra geral… em terceiro só os lembrei que sábado é meu aniversário de dezessete anos e eu dito as regras.
— Ahhh, cê já vai fazer dezessete?? — Eu sorri animada por ele
— Isso aí. — Ele ria enquanto levantava o nariz fazendo ceninha — Vou poder tomar álcool legalizado agora, meu bem.
— Eu te invejo tanto, cara!
— Oww — E ele botou uma mão no meu ombro —, seu dia também vai chegar, pequeno anão de jardim.
— Hey! — Resmunguei lhe dando um chute na canela, fazendo ele resmungar vários “ai” enquanto ria e quase pulava em um pé só
— Foi brincadeira, bravinha. — Falou em risinhos — Quando você completa?
— Ainda é em março. — Suspirei e então, só por olhar, abaixei minhas íris azuladas para o relógio em meu pulso e saltei na hora — Merda! A aula!
— Pelas barbas de Merlim! — Exclamou Theo — A professora já não está muito boa comigo, fala sério.
E fomos os dois caminhando às pressas pelo mesmo corredor.
— Então, sábado, não esquece, e cuidado. — Lembrou, a voz baixa, embora andasse muito rápido — Ah, e sim, tem uma senha pra entrar na festa…
Eu que vinha atrás do garoto, apertei o passo para escutar melhor.
— Canto das Serpentes. — Disse com muito suspense — Diz a quem você convidar falar isso quando chegar lá na parte principal da Câmara, assim vão ser direcionados pra festa.
Eu sorri e ele retribuiu, ambos empolgados para que sábado chegasse logo.
Assim que segui a procura dos meus amigos e Theo foi para sua aula, descobri que nem Rony nem Hermione foram compreensivos quando Harry lhes contou a nossa catastrófica entrevista. Hermione ainda estava espumando com o modo com que Harry saíra vitorioso sem ter feito realmente o trabalho. Rony estava chateado porque Harry não lhe oferecera um bezoar.
— Pareceria idiota se nós dois tivéssemos feito a mesma coisa! — Respondeu Harry irritado no instante em que eu me aproximava — Olhe, eu tinha de tentar amaciar o professor para poder lhe perguntar sobre Voldemort, não é? Ah, se controla! — Acrescentou exasperado quando viu meu irmão estremecer ao som daquele nome
Enfurecido com o nosso fracasso e as atitudes de Rony e Hermione, nos dias que se seguiram Harry ficou remoendo o que fazer a respeito de Slughorn. Durante o resto da semana ele decidiu que por ora deixaríamos o professor pensar que esquecemos as Horcruxes; com certeza seria melhor deixar Slughorn se acalmar e pensar que estava seguro antes de voltar à carga.
Ao ver que Harry e eu não tornamos a interrogá-lo, o professor de Poções reverteu ao tratamento afetuoso que nos dispensava, e pareceu ter afastado o assunto de sua mente.
Nesse meio tempo, eu investi em outra forma de fazer meu melhor amigo relaxar um pouco.
— Festa, Roxanne? — Ia reclamando Harry na manhã de sexta-feira enquanto andávamos por um corredor depois da última aula antes do almoço e eu tinha acabado de finalmente contar-lhe sobre a festinha da Slytherin
— Sim, sim. Não parece ótimo? Um momentinho de relaxar, Harry Potter. — Expliquei rindo enquanto colocava minhas mãos no ombro dele para ajudá-lo a relaxar
— Eu gostei. Tá aí, festa. — Disse Rony parecendo realmente ter gostado da ideia de ser incluído, ou só do fato das bebidas que mencionei
— Eu não sei, não. E se formos pegos?
Eu ri, encostando-me na parede e cruzando os braços.
— Você está falando como a Hermione, Harry.
— Nada haver, Rox, eu só…
Mas eu não estava mais o escutando, pois naquele exato momento eu tinha avistado a garota de cabelos castanhos e compridos se aproximando, o uniforme devidamente passado, o sorriso brilhante enquanto conversava entusiasmadamente com algumas amigas de sua turma. Eu olhava vivamente o quanto ela estava bonita enquanto ela cada vez chegava mais perto e não parecia ter nos visto ainda, ou talvez estivesse só fingindo.
— Hey, Demmy. — Chamei com empolgação, fazendo Harry se calar e perceber finalmente que eu não o escutava; ele e Rony agora olhavam pro mesmo ponto que eu — Demmy.
Vi a garota parar, poucos passos antes de passar na minha frente, se virou e olhou para as duas amigas que assentiram e andaram na frente logo depois de lançarem olhares muito irritados pra mim.
— Demmy, qual é. — Insisti e a vi bufar
Demelza Robbins virou o rosto para mim quase em câmera lenta, seu cabelo meio que batendo com o vento, o rosto muito sério, mas que de alguma forma me fez paralisar. Eu não entendi, só prendi a respiração quando a vi se aproximar de mim muito devagar, no instante seguinte, só notei que sua mão direita tocara suavemente a parte esquerda do meu rosto e senti muito vivamente seu perfume doce, aquele cheiro amadeirado de flores com notas um pouco mais fortes. Nem tive tempo de raciocinar as coisas direito enquanto meu coração acelerava e meus olhos foram fechando lentamente ao comando dela. Meu corpo ia obedecendo ao que minha mente claramente negava. Uma onda de energia percorre meu corpo quando nossos lábios se tocam, a adrenalina deixa meu coração mais agitado e estou prestes a agarrar seu corpo e a puxá-la pra mais perto, quando, sem mais nem menos, ela se afasta.
Eu a olho, desconcertada, sabendo que minha boca devia está manchada com os tons dos dois batons, meu e dela, os beijos de Demmy sempre costumam ser quentes. Mas antes mesmo que eu possa ter qualquer reação sinto a dor e a ardência na minha bochecha assim que o tapa forte me atinge o rosto. Foi um golpe rápido e forte. Em cheio, mal tive tempo de reagir.
— Você é uma idiota! — Veio a voz de Demelza antes dos seus passos e enfim ela acompanhar as amigas que estavam lá na frente a sua espera e riam
— Merda. — Levei a mão a minha bochecha a esfregando para a dor passar — Quê que eu fiz?
Rony me olhava sem entender direito ou com vontade de rir, Harry suspirou, mas ria quando respondeu:
— Acho que você sabe muito bem a resposta, Rox.
— Ela me beijou e depois me deu um tapa na cara, precisava disso!? — Perguntei me fazendo de vítima enquanto ainda passava a mão pelo rosto na parte do tapa
— Você tem sorte de não ter sido pior. — Rony agora ria
— Vocês tão vendo pelo que tenho que passar? — Fiz voz mimada para os meninos enquanto piscava os olhos, mas os dois ainda riam — Pelas barbas de Merlin, cês vão pra festa ou não!? Preciso de álcool, a Demelza não quer mais nada comigo pelo jeito, ou quer, se for pra me humilhar.
— E não dá pra julgar ela por isso sabendo o que você fez, eu próprio ficaria magoado também. — Harry começa me fazendo o lançar um olhar emburrado — Ok, nós vamos, Rox. Nós vamos.
— Eba! — Festejo abraçando-o de lado — Eu amo vocês, já disse?
— Interesseira. — Rony riu quando nós três tornamos a caminhar pelo corredor
— Mas e aí, Rox, você vai chamar mais algumas pessoas, não é? — Harry começou a perguntar
— É. Theo disse que eu poderia chamar umas pessoas, já até convidei algumas, mas porquê, quer recomendar alguém?
— Não. — E ele ajeitou a mochila no ombro — Só queria saber se você vai chamar a Hermione.
Rony soltou um muxoxo. Eu suspirei.
— Tô encabulada com isso há dias! — Revelei — Eu adoro a Mione, mas tipo, conhecemos ela, e… e se ela contar a algum professor?? Não achar algo legal. É uma festa clandestina, não dá pra pensar que a Mione vai levar de boas.
— Eu sendo você não chamaria ela. — Disse Rony muito sério
Harry só suspirou, mas no fim concordou.
— Ainda tenho medo de descobrirem, mas, ok.
— Te garanto que se descobrirem não vão nos expulsar. — Falei para Harry que me lançou um daqueles olhares antes de gargalhar
— E eu como eu fico, hem, preferidos do Ministério? — Rony alfinetou muito sério, mas eu e Harry continuamos apenas rindo
Enquanto íamos até a próxima aula, eu só suplicava que o dia acabasse logo e o sábado chegasse, eu estava louca de ansiedade pra festa.
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Do The Hippogriff era a música que estava sendo cantada por mim mesma agora. Talvez seja a quarta do meu repertório musical se for contar o tempo que entrei no banheiro do meu dormitório pra lavar meu cabelo e estou fingindo que estou em um Show. Parvati e Lavender foram inteligentes de terem tomado o banho primeiro e já estavam se aprontando enquanto eu me divertia um pouco.
Pra nossa sorte, Hermione está na biblioteca e não deve voltar até nove horas, então tínhamos tempo de sobra pra se arrumar para a festa e estávamos aproveitando cada segundinho. As meninas, assim como eu, estavam animadas, embora Lav tenha ficado um pouco temerosa, mas logo passou.
Eu estava indo pro refrão quando rodopiei de olhos fechados e peguei a minha hidratação logo começando a aplicar no couro cabeludo e nas pontas. A consistência pareceu estranha para mim, mas eu estava mais preocupada com a música, por isso só fui misturando o resíduo por todo o cabelo. Quando eu cantava, me empolgava tanto que até fechava os olhos e rodopiava, então só me deixei levar enquanto fazia o trabalho.
— Deixar agir por vinte minutos. — Repeti para mim mesma enquanto fazia um coque com o cabelo e continuava com a melodia e me fingir que estava em um show
De Do The Hippogriff andei para outros sucessos d’As Esquisitonas, depois umas músicas de outros cantores, até que enquanto rodopiava me vi frente ao espelho, em tempo de notar minhas mãos muito manchadas de algo preto, agora meio... esverdeado. Um verde grotesco e fora do normal. Foi só quando olhei para meu reflexo no espelho que ochoque foi tamanho, tão grande que eu gritei o mais alto que pude. Eu só gritei na esperança de que alguém pudesse me salvar da horrenda visão.
— Rox? — Veio a voz de Lav do outro lado da porta junto com uma batida
— Rox, o que acontece? — Agora a voz de Parvati
Eu não sabia o que responder, estava apavorada demais. Só usava vestes de baixo – sutiã e calcinha–, já que eu estava quase pronta para tomar meu banho, quando destranquei a porta do banheiro e olhei horrorizada para as minhas amigas.
Lavender arregalou os olhos, Parvati se boquiabriu.
— Verde! — Exclamou a indiana — Seu cabelo tá verde!
Até poderia ser chamado de verde se a cor fosse deste planeta, porém, essa tonalidade é diferente. Um verde estranho, sem brilho, com algumas mechas do ruivo original aqui e ali para acentuar o efeito pavoroso.
— Amiga — Começou Lav com muita delicadeza —, por que você pin…
— EU NÃO PINTEI!! — Exclamei totalmente indignada e quase a beira das lágrimas
— Ok… — Ela se assustou — só ia dizer que verde não combina com o seu tom de pele.
— E você acha que eu não sei!? EU NÃO PINTEI MEU CABELO!
— OK, mas seu cabelo está verde! — Disse Parvati
— Ah, jura!? — Nem sabia se estava mais irritada ou a beira do choro
— Rox, como isso aconteceu?? — Lav perguntou com delicadeza
— Eu… só passei a hidratação normal e deixei agir, quando eu vi essa merda já estava dessa forma! — Falei manhosa, meus olhos brilhando com lágrimas
Parvati passou por mim, pensativa, e adentrou o banheiro indo até o lugar onde ficavam nossos produtos, então pegou o meu pote de hidratação e o averigou.
— Rox, sua hidratação não é aquela de babosa com um cheiro bem docinho? — Ela perguntou e eu assenti — O cheiro disso tá forte e… preto? Rox, o seu produto é azulado não preto.
— Pera… preto? — Perguntei só agora me tocando que eu estava passando um produto preto de cheiro forte no cabelo
Erguendo uma sobrancelha, Lav se aproximou para ver melhor.
— Isso é tinta. Tinta de cabelo preto. — Suspirou Parvati colocando o pote de lado já sem aguentar o cheiro
— Tinta?? — Lav exclamou incrédula
— Sim. Tinta. — Confirmou Parvati — E das fortes.
— Mas isso não faz sentido! Se é tinta preta, por que meu cabelo tá verde?! — Perguntei alterando-me e já chorando
— Eu não sei! — Pati estava tão horrorizada quanto eu — Não sou especialista em tintas de cabelo. Talvez seja o tempo que usou o produto ou você pintou de forma errada, isso acontece quando a tinta não é bem utilizada… Não sei.
— E como isso veio parar aqui!? Dentro da hidratação da Rox? — Lav perguntou olhando para os lados como se esperasse que o culpado fosse surgir das paredes
— Alguém armou pra ela e trocou o conteúdo do pote, é a única explicação. — Suspirou Pati
— Mas o que eu faço!? Não posso ficar com o cabelo verde! A festa do Theo é em uma hora! — Perguntei manhosa e quase aos prantos
— A boa notícia é que eu consigo descolorir seu cabelo e fazer o ruivo natural voltar. — Disse Parvati me fazendo irradiar felicidade ao abrir um grande sorriso, que murchou ao ver que ela não sorria de volta — Acontece que a má é que isso leva tempo e não consigo fazer isso antes do horário da festa.
Eu bufei e levei minha mão ao rosto irritada e chateada.
— Bom, eu tenho umas loções de cabelo indianas maravilhosas e a Lav sabe fazer penteados como ninguém, conseguimos te deixar gata e de cabelo ruivo esverdeado para a festa, se você quiser. — Garantiu Pati
Eu levantei a cabeça e olhei pra elas.
— Conseguem mesmo? — Mudo a voz pra manhosa
— Claro. Você é gata e não é um ruivo esverdeado que vai mudar isso. — Garantiu Lav me fazendo sorrir — Agora cuida, nós já estamos praticamente prontas e você nem tomou um banho.
— A festa começa em uma hora, Roxanne. — Lembrou Pati — Cuide que você tem que mostrar pra pessoa que trocou sua hidratação que você consegue ser gata mesmo com o cabelo verde.
Eu sorri. Não me importo com quem fez isso, só quero aproveitar a festa mesmo, e se preciso ir de cabelo verde, então, vamos de cabelo verde.
Hello bruxinhoooos!!
Como estamoooos?
Kkkkkk, preparem seus paraquedas para essa festa da cobra que já vou avisando que vai dá o que falar kkkkk, uma festa clandestina com membros de todas as casas...? Hummmmm kkkkkk
Preparem-se, acho que cês vão gostar do que vai rolar.
Vamos então nos voltar para teorias, quem, segundo vocês, seria capaz de colocar tinta preta nas coisas da Rox? E quem entendeu essa referência aí do cabelo dela ter ficado verde? Kkkkkkkk
Bom, nos vemos segunda com “A Festa da Cobra” kkkkkkk, espero que estejam preparados pra ver a Rox bêbada de verdade.
– Bjossss da tia Nick.
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