84 | The Perpetual Vow
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84. O Voto Perpétuo
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Encontrei este rapaz se esgueirando por um corredor lá de cima. Ele diz que foi convidado para a sua festa e se atrasou na saída. O senhor lhe mandou convite?
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Slughorn usava um chapéu de veludo com borlas combinando com o smoking. Apertando o meu braço com tanta força que parecia querer desaparatar comigo, Slughorn me conduziu, decidido para a festa; eu agarrei a mão de Theo e o arrastei comigo.
— Roxanne, gostaria que você conhecesse Eldred Worple, um ex-aluno meu, autor de Irmãos de sangue: minha vida entre os vampiros... e, é claro, seu amigo Sanguini.
Worple, que era um homem pequeno, de óculos, agarrou a minha mão e sacudiu-a com entusiasmo; o vampiro Sanguini, alto e emaciado, com escuras olheiras sob os olhos, fez apenas um aceno com a cabeça. Parecia entediado. Havia um bando de garotas por perto, demonstrando curiosidade e excitação.
— Roxanne Weasley, estou simplesmente encantado! — Exclamou Worple, fitando miopemente o meu rosto — Ainda outro dia comentei com o professor Slughorn: “Quando será que vamos descobrir a verdade sobre essa garotinha, afinal ela é ou não uma Médiumaga? E como fez os Comensais da Morte a temerem?”
— Ãh — Me atrapalhei um pouco, mas tentei parecer tranquila —, é, talvez os Comensais que sejam muito medrosos.
— Modesta como Horácio a descreveu! — comentou Worple — E ainda mais bonita pessoalmente. Mas falando seriamente... — e sua atitude mudou, de repente, tornando-se objetiva —, caso queira admitir seus poderes, e esteja interessada em ter uma biografia, o que tenho certeza, muitos bruxos adorariam adquirir, eu teria prazer de escrevê-la... as pessoas estão ansiosas por conhecer você melhor, minha querida, ansiosas! Se você se dispusesse a me conceder algumas entrevistas, digamos, quatro ou cinco sessões, falar sobre seus poderes, sobre como se comunica com os mortos e o que fez para aqueles Comensais, ora, poderíamos concluir o livro em poucos meses. E isso com muito pouco esforço de sua parte, posso lhe assegurar; pergunte a Sanguini aqui se não é... Sanguini, fique aqui! — Acrescentou Worple, com súbita severidade, porque o vampiro estava se esgueirando em direção ao grupo de garotas próximo, com uma certa voracidade no olhar. — Tome aqui uma empadinha — Disse Worple, apanhando uma da travessa de um elfo que passava e metendo-a na mão de Sanguini antes de voltar sua atenção a mim — Minha cara moça, o ouro que poderia ganhar, você nem faz ideia…
— Sinto muito, mas decididamente não estou interessada. — Respondi com firmeza, mas sorrindo com simpatia sabendo que não posso admitir ser uma Médiumaga e lendo na mente de Worple que ele fizera exatamente a mesma proposta à Harry —, e acabei de ver uns amiga meus, lamento. Vem, Theo.
Eu puxei Theodore pela multidão, ele ria enquanto perguntava o porquê eu neguei o livro e se eu não queria ser famosa, eu retruquei lhe revelando que queria ser famosa a partir do quadribol e não me lisonjear de falar com os mortos, só percebi que tinha revelado meu segredo momentos depois; acabara realmente de ver uma longa juba de cabelos castanhos desaparecer, entre dois componentes do grupo As Esquisitonas, ou assim me pareceu. Depois de pedir um autógrafo aos músicos, me aproximei dela.
— Hermione! Hermione!
— Rox! Aí está você, que bom! E… Nott!?
— Eaí, Granger. — Cumprimentou o menino divertido
— Que aconteceu com você? — Perguntei, porque Hermione parecia visivelmente desarrumada, como se tivesse acabado de lutar para se livrar de uma moita de visgo-do-diabo
— Ah, acabei de fugir... quero dizer, acabei de deixar o Córmaco. Debaixo do visco. — Acrescentou, à guisa de explicação, porque eu continuei a fitá-la com um ar de curiosidade
Eu gargalhei.
— Ah, para! — Pediu ela
— Você fugiria se tivesse um visco em cima das nossas cabeças ou me beijaria? — Perguntei descaradamente, como sempre fazia
— Você não se cansa, né!? — Retrucou ela cruzando os braços, indiferente para o fato de eu e Theo agora rirmos — Já basta o Harry, que me disse que foi bem feito por ter vindo à festa com o Comárco.
— E por que veio com ele?
— Achei que era quem mais aborreceria o Rony — Revelou Hermione, sem emoção — Fiquei um instante em dúvida se convidaria o Zacarias Smith, mas achei que, de modo geral…
— Você pensou em vir com o Smith?! — Exclamei surpresa — Hermione, você tem péssimo gosto pra homens, tipo, péssimo mesmo.
— Pensei, e estou começando a desejar que tivesse vindo com Smith; McLaggen faz Grope parecer um cavalheiro.
— Pera... McLaggen? — Perguntou Theo de repente enquanto franzia a testa para Hermione
— Sim. — Respondeu ela não muito simpática
— Comárco McLaggen? Sétimo ano, Gryffindor? — Reforçou Theo ainda muito intrigado
— Esse mesmo. — Respondi com um revirar de olhos — Simplesmente o babaca que dá em cima de qualquer alma viva que passe de saia no radar dele.
— E ele... — Vejo a confusão no rosto de Theodore que franze a testa, mas logo dá uma risada divertida antes de acrescentar: — é hétero?
Eu e Hermione nos entreolhamos antes de voltar a olhar pra Theo, e de imediato eu entendo seu olhar.
— Puta merda. — Eu dou uma risada incrédula
— Não é só almas de saia que ele se atrai não viu, pode apostar. — Theo gargalha, com certeza achando muita graça na situação — E aliás, eu nunca saberia que esse garoto é hétero se vocês não tivessem me contado.
Eu balancei a cabeça ainda rindo, Hermione só ergueu as sobrancelhas e depois suspirou.
— Ok, esquecendo os interesses amorosos do... babaca McLaggen, e você, Rox, vai ficar comigo, Harry e a Luna, e me ajudar a se esconder dele, ou…? — E nisso ela olhou pra Theo
— Acabei de chegar, vou dar uma espairecida e ver se acho algo forte pra beber, você também quer uma bebida, Theo?
— Ô, sempre. — O menino riu
— Nos vemos, Mione. — E acenei divertida pra ela enquanto eu e Theo seguimos para o lado oposto da sala
Assim que chegamos e começamos a observar as bebidas da mesa, tivemos uma leve surpresa que nos fez se entreolharmos. Hidromel.
— Eu já comentei que Slughorn é o melhor professor que Hogwarts já teve? — Theodore sorriu empolgado quando nós dois apanhamos taças de hidromel
— Bom, não tem Whisky, mas é um começo. — Falei quando fizemos tintim com as taças
— Já lhe disse que tomamos Whisky mais tarde, ginger.
— Vou confiar em você. — Devolvi saboreando o gosto do Hidromel, que era praticamente um vinho de mel que com certeza fazia o estresse dizer “bye bye” e trazia uma sensação maravilhosa de calmaria
Enquanto todos a volta comiam, conversavam e dançavam, eu e Theodore Nott nos demoramos encostados na mesa de bebidas repetindo as doses de Hidromel ou misturando a bebida à cerveja amanteigada, às vezes conversando sobre algumas coisas, foi quando vi Blaise Zabini, a um canto da sala com Daphne Greengrass.
— Hey — Chamei Theo —, vamos conversar com o Zabini?
Theo não pareceu entender, mas concordou quando nos aproximamos deles, com taças de hidromel na mão, e o cumprimentamos.
— Olha só, então você veio com ele, Rox? — Perguntou Blaise parecendo surpreso no qual eu sorri e assenti, pensando o que faria pra me livrar de Daphne e poder conversar em paz com ele, mas antes que eu pudesse falar qualquer outra coisa, ela disse:
— Vou pegar outra bebida, Blás. — E saiu.
Curiosamente Theo a acompanhou, levando minha taça com ele para pegar mais bebida.
— Então… — Me voltei pra Blaise — como você tá?
Não sei ao certo, mas imaginei que ele estivesse surpreso de me ver falando com ele e perguntando como ele estava, sendo que mal nos falamos. Porém, antes mesmo que ele falasse qualquer coisa eu senti, senti que ele não estava bem.
— Eu… bem, acho.
— Soube de você e a Lav.
Ele suspirou e desviou o olhar, mágoa e irritação era o que ele sentia.
— Agora ela namora seu irmão, que quer que eu fale?!
— Não tô aqui como melhor amiga da Lavender e irmã gêmea do Rony, estou aqui como uma mera amiga que quer saber como você está com tudo isso.
Blaise Zabini levou a taça de hidromel à boca, percebi que tinham leves olheiras em seus olhos, como se andasse chorando ou simplesmente irritado demais pra conseguir dormir.
— Eu sei que você gosta dela. — Acrescentei; nisso o garoto arregalou os olhos e quase cuspiu a bebida ao voltar a olhar pra mim — Sou Legilimente, Médiumaga na verdade, então consigo captar alguns pensamentos. Lav também é Legilimente, não entendo como ela nunca…
— A Lala não sai lendo a mente de qualquer pessoa sem motivo coerente, imagino que nunca tenha lido a minha. — Disse Blaise ainda decididamente surpreso
— E o que pretende fazer em relação ao seu sentimento?
— Que eu posso fazer!? Ela tá namorando com o seu irmão, não é? Ela é apaixonada por ele desde sempre e eu sou só o… amigo, não, não, o melhor amigo dela. — Sua voz era séria, mas carregada de ressentimento — Ou era, agora nem nos falamos mais, não que eu me importe. Fico feliz que ela conseguiu o que sempre quis.
— Acho que você deveria falar com ela, Blaise, sei lá, pelo menos esclarecer as coisas.
— Esclarecer!? — Ele me olhou dando um sorriso de desdém — Você sabe que não tem moral pra vim me falar dessas coisas, depois da brincadeirinha que você e o Draco fizeram, né? Tipo, qualquer idiota consegue ver o jeito que vocês se olham e mesmo assim vocês vivem com esse puta orgulho, então, por favor, não vem me dá liçãozinha de moral não, Roxanne.
— Eu e o Draco somos diferentes, Blaise…
— Diferentes como!? Vocês dois tem Sangue Puro, você é da Gryffindor e ele da Slytherin, eu e a Lala temos Sangue Puro, ela é da Gryffindor e eu da Slytherin. Qual a diferença!? — Perguntou começando a ficar impaciente com o assunto — Ah, sim, saquei, a diferença é que você e o Draco se gostam e a Lavender Brown me ver apenas como uma merda de amigo!
— Você nem sabe como ela te ver, nunca nem falou com ela sobre isso. — Insisti
— Preciso repetir que ela namora com o seu irmão, o panaca que ela se humilha desde o primeiro ano e só agora... somente agora veio enxergar a pessoa incrível que ela é!?
— Blaise… — Tentei falar, mas ele me cortou
— Por que veio falar comigo afinal!? Como se você se importasse, sua melhor amiga e seu irmão namoram, não está feliz?
— Queria… — Suspirei — mas algo nisso tudo parece errado, e é óbvio que eu me importo com você, Blaise, tá achando que eu sou o quê?
— Uma garota medrosa que talvez nunca admita que é apaixonada pelo meu melhor amigo, pois prefere se enganar e beijar todo mundo da escola em vez de ir atrás dele e se acertarem! — Disse com severidade, sem a educação e gentileza de sempre; percebi que ele estava realmente impaciente e amargurado, devia gostar muito mesmo de Lav pra está assim
— Ôu, não precisa de tudo isso, Blaise…
— Realmente não, ele é igual a você, estão no mesmo barco. — Disse ele revirando os olhos — Apaixonados, mas orgulhosos demais pra se permitirem viver. Vai ver nasceram realmente um pro outro, hem.
— E você e a Lav, Blas?
— Não existe eu e a Lav. — Falou com uma intensidade tão grande que me fez ver o quanto ela o magoara — Ao menos não pra ela.
— Blaise… — Tentei chamar, mas ele já tinha saído e me deixado sozinha
Suspirei pensando em tudo que Blaise me falara, me senti mal por ele, ao mesmo tempo que me vi mal por Hermione e tentei entender a cabeça de Rony e Lav. Ela realmente sempre amou meu irmão, ou será que só se acostumou a essa idéia e tentou se prender a isso com medo de admitir seus sentimentos por Blaise e estragar a amizade!? Preciso descobrir.
— O que você estava falando com o Blás? — Perguntou Theo, me tirando dos meus pensamentos e chegando até mim com outras duas taças de vinho na mão
— Nada de mais. — Falei esquecendo um pouco do assunto e apanhando a bebida — Hey, olha, eles tão perto da Trelawney, ela parece totalmente bêbada, vem, vamos ver o mico.
E puxei Theo comigo na direção que vi Harry, Hermione e Luna muito próximos e talvez conversando professora de Adivinhação. Na verdade só Luna conversava com ela, enquanto Harry e Mione conversavam entre si.
— Quadribol! — Ouvi a exclamação zangada de Hermione assim que cheguei perto o suficiente — É só nisso que vocês garotos pensam? E a bonitinha aí — Acrescentou me indicando ao ver que eu me aproximava —, Córmaco não fez uma única pergunta sobre mim, não, me brindou com Cem Grandes Defesas Feitas por Córmaco McLaggen sem intervalos... ah, não, lá vem ele!
Ela se mexeu com tanta rapidez que parecia ter desaparatado; num momento estava ali e no momento seguinte se espremera entre duas bruxas às gargalhadas e sumira. Eu só ergui os olhos, intrigada.
— Viram Hermione? — Perguntou McLaggen um minuto depois, forçando caminho por um grupo compacto
— Não, lamentamos. — Disse Harry
— Ela estava por ali, Comárco. — Menti apontando para a direção totalmente oposta da que Hermione fora
Ele estava prestes a falar alguma coisa quando pareceu perceber quem estava do meu lado e arregalou os olhos.
— Eai, cookie. — Saudou Theo com uma cara sacana de pura provocação, eu percebi imediatamente o que ele estava fazendo
Os olhos de Comárco ficaram mais arregalados ainda, se isso fosse possível, enquanto Theo se divertia com o desconforto do garoto. Atrapalhando-se pra falar, o McLaggen simplesmente me agradeceu e se foi.
— Acha que um dia ele sai do armário? — Theo sussurrou pra mim enquanto ria
— Vamos torcer. — Retruquei gargalhando
— Se divertindo? — Harry, que parecia não ter entendido o ocorrido com McLaggen, olhou pra mim
— Claro. — Falei levantando a taça com bebida e lhe mostrando um sorriso
— Harry Potter! — Ouvimos a exclamação da professora em tons graves e vibrantes, como se tivesse acabado de reparar em Harry de tão bêbada que estava
Eu e Theo soltamos risadinhas.
— Oh, olá — Respondeu ele sem entusiasmo
— Meu querido rapaz! — Disse Trelawney, com um sussurro muito audível — Os boatos! As histórias! O Eleito! É claro que sei disso há muito tempo... os augúrios nunca foram favoráveis, Harry... mas por que você não voltou às aulas de Adivinhação? Para você, mais do que para os demais, a matéria é da máxima importância!
— Ah, Sibila, todos achamos que a nossa matéria é da máxima importância! — Disse uma voz alta, e Slughorn apareceu ao lado da professora Trelawney, o rosto muito vermelho, o chapéu de veludo um pouco enviesado na cabeça, um copo de hidromel em uma das mãos e uma enorme torta de frutas secas e especiarias na outra — Mas acho que jamais conheci alguém com tanto talento para Poções! — Comentou o professor, lançando a Harry um olhar carinhoso, embora com os olhos injetados — Instintivo, sabe, como a mãe! Poucas vezes na vida tive alunos com tal habilidade, posso lhe afirmar, Sibila... ora, nem Severo…
E, para o horror de todos, nem tanto meu, que estava ocupada me embebedando e esquecendo as palavras de Blaise, Slughorn fez um gesto amplo com o braço e pareceu materializar Snape, que veio em sua direção.
— Pare de se esquivar e venha se reunir a nós, Severo! — Disse, alegre, Slughorn entre soluços — Eu estava justamente falando sobre a excepcional preparação de Poções de Harry! Parte do crédito é seu, naturalmente, já que foi seu professor durante cinco anos!
Preso pelo braço de Slughorn em seus ombros, Snape olhou do alto do seu nariz curvo para Harry, apertando seus olhos negros.
— Engraçado, jamais tive a impressão de ter conseguido ensinar alguma coisa a Potter.
— Então é uma habilidade natural! —Gritou Slughorn — Você devia ter visto o que ele me entregou na primeira aula, a Poção do Morto-Vivo, nunca um estudante se saiu melhor na primeira tentativa, acho que nem mesmo você, Severo…
— Sério? — Admirou-se Snape em voz baixa, seus olhos perfurando Harry
— Que outras matérias você está estudando mesmo, Harry? — Perguntou Slughorn
— Defesa Contra as Artes das Trevas, Feitiços, Transfiguração, Herbologia...
— Em suma, todas as exigidas para ser auror. — Concluiu Snape, com leve desdém
— É, bem, é o que eu gostaria de ser. —Respondeu Harry em tom de desafio
— E dará um grande auror! — Trovejou Slughorn
— Acho que você não deveria ser auror, Harry. — Interpôs Luna, inesperadamente. Todos olhamos para ela — Os aurores fazem parte da Conspiração Dentepodre. Pensei que todo o mundo soubesse. Estão trabalhando por dentro para derrubar o Ministério da Magia, usando uma combinação de Artes das Trevas e gomose.
Theo ergueu uma sobrancelha e sussurrou no meu ouvido algo como “gomo o quê?”, já eu, inalei metade do meu hidromel pelo nariz quando comecei a rir. Sem dúvida, Luna era a melhor.
— Luninha, eu te venero. — Garanti; ao meu lado Theo e Harry também riram
— E você, Roxanne, que outras matérias está fazendo? — Perguntou Slughorn interessado
— As mesmas que Harry. — Respondi — Mas não pelo mesmo motivo, quero ser jogadora profissional de quadribol.
— Uh, e tem potencial. Um talento nato, te vi jogando e vejo que tem realmente grande futuro na área. — Elogiou o professor de poções
Eu sorri confiante e animada, levei outra vez a taça de Hidromel à boca, já desesperada por mais. Tirando o rosto da taça, ainda rindo, vi algo que era certo ser bem estranho: Argo Filch vinha em direção ao grupo arrastando Draco Malfoy pela orelha.
— Professor Slughorn — Chiou o zelador, as bochechas tremendo e nos olhos saltados o brilho maníaco ao descobrir malfeitos — Encontrei este rapaz se esgueirando por um corredor lá de cima. Ele diz que foi convidado para a sua festa e se atrasou na saída. O senhor lhe mandou convite?
Draco se desvencilhou do aperto de Filch, furioso.
— Está bem, não fui convidado —Respondeu com raiva, não sei se tinha me visto ainda — Eu estava tentando penetrar na festa, satisfeito?
— Não, não estou! — Retrucou Filch, uma afirmação em total desacordo com a alegria em seu rosto — Você está encrencado, ora se está! O diretor não avisou que não queria ninguém nos corredores à noite, a não ser que a pessoa tivesse permissão, não avisou, eh?
— Tudo bem, Argo, tudo bem — Disse Slughorn, com um aceno de mão — Hoje é Natal, e não é crime ter vontade de ir a uma festa. Só desta vez, vamos esquecer o castigo; você pode ficar, Draco.
A expressão de indignação e desapontamento de Filch era perfeitamente previsível, mas por que, perguntei-me, observando o loiro, Draco pareceu igualmente infeliz? E por que Snape estava olhando para ele como se sentisse ao mesmo tempo raiva… e seria possível?... um pouco de receio?
Mas, antes que eu registrasse o que vi, Filch deu as costas e se afastou, arrastando os pés, resmungando baixinho; Theo foi pegar mais bebidas pra nós e Draco conseguiu produzir um sorriso e agradeceu a Slughorn por sua generosidade, a expressão de Snape suavemente retomou sua impenetrabilidade.
— De nada, de nada— Disse Slughorn, dispensando os agradecimentos de Malfoy — Afinal, eu conheci o seu avô...
— Ele sempre o elogiou muito, senhor — O loiro apressou-se em dizer — Dizia que o senhor era o melhor preparador de poções que ele tinha conhecido...
Eu o encarei. Não era o puxa-saquismo que me intrigava; vi-o fazer isso com Snape durante anos. Era o fato de que ele parecia doente. Era a primeira vez em muito tempo que o vi bem de perto; e notei que apresentava olheiras escuras sob os olhos e um nítido tom acinzentado na pele. Eu já estava quase bêbada, acho que por isso não consegui segurar minha língua o suficiente.
— Draco, você tá bem?
Ele pareceu surpreso ao finalmente notar minha presença ali, seus olhos me analisarem completamente, e então da surpresa e admiração, tentou assumir um olhar de desdém.
— Ótimo, Weasley. Não que você se importe.
— Qual é… garoto. — Falei e minha voz devia está bem arrastada quando virei outra vez a taça e tomei o resto de Hidromel — Você parece doente, toma uma bebida, que tal?
— Rox, que você tá fazendo? —Perguntou Harry em voz baixa rilhando os dentes quando me aproximei de Draco
— Você tá pálido. — Eu toquei no rosto dele que parecia decididamente surpreso, e indiferente às risadas dos outros pela minha frase; eu nem às entendi o suficiente pra lembrar que Draco é pálido
— Ah. — Fez ele, voltando depressa de mais a tona, e percebendo algo em mim — Você tá bêbada.
— Quê? Não… eu, só… devo ter bebido umas seis ou sete taças de Hidromel. — Respondi abrindo um sorriso idiota —Acho que o Theo foi buscar mais pra gente.
— Theo!? — E Draco me afastou dele, segurando os meus dois pulsos com suas mãos — Então vai aproveitar com a pessoa que você convidou para a festa… e… — Nisso ele abaixou o olhar um pouco e parecia irritado, embora sorrisse com desdém — belo colar, novo, né? Ele quem te deu? O Nott te fez tirar o outro colar depois de exatos quatro anos? Fico feliz por vocês.
— Quê? Ahn… não!? — Falei meio atordoada e sentindo um pouco de náusea, quase vendo todos como borrão
— Por que diabretes você tinha que ser tão linda e está tão mais deslumbrante agora?
— Obrigada. — Respondi sorrindo; a minha volta ninguém pareceu entender
— Quê!? — Foi Draco quem perguntou, começando a parecer irritado comigo
— Ué, você disse que eu tô bonita.
— Eu!? — Ele ergueu as sobrancelhas soltando meus braços — Eu não falei nada.
— Ah, então acho que li sua mente. — Comentei dando risadinhas ao tomar a taça da mão de Harry – que estava muito perplexo pra retrucar – e virar de uma vez na minha boca
— Ora, você é Legilimente, Roxanne? — Perguntou Slughorn parecendo se iluminar
— Ah, sim, sim, sim. — Garanti ao professor, ainda sentindo minha cabeça rodar — Sabia que eu também posso fa…
— Rox! O Nott tá te chamando ali. — Falou Harry de repente, me cortando e meio que me empurrando para o outro lado da festa — Bebidinha alcoólica, vai lá.
Fiquei feliz em reencontrar Theo e principalmente a mesa de hidromel, quase esqueci do que acontecera antes enquanto bebia outra taça da bebida.
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ᴺᵃʳʳᵃᵈᵒʳ ᴼⁿⁱˢᶜⁱᵉⁿᵗᵉ
— Sinto muito, professores — Pediu Harry depressa, impaciente com o quão bêbada sua melhor amiga podia ficar a ponto de falar tantas coisas comprometedoras e dá em cima de Draco Malfoy — Ela fica assim quando bebe.
E nisso deu uma olhada de lado a vendo brindar com Theodore Nott, toda eufórica e quase cambaleando em cima da mesa.
— Uma garota realmente formidável. — Disse o Professor Slughorn, e então voltou-se para Malfoy — Vocês parecem próximos, Malfoy.
— Ah — Malfoy pareceu nervoso ou ressentido em falar disso — Não. Não somos.
— Vocês não namoraram, Malfoy? — Alfinetou Harry antes que pudesse conter sua língua — No final do terceiro ano ao começo do quarto?
Ele pareceu decididamente surpreso e intrigado.
— Ela disse isso?! — E nisso ele olhou para onde ela estava, logo assumindo novamente uma cara irritada, talvez ao vê-la com Nott, então simplesmente disse — Não foi bem um namoro, nós...
— Gostaria de dar uma palavra com você, Draco — Disse Snape subitamente fazendo o garoto calar-se
— Ora, vamos Severo — Falou Slughorn, com mais soluços — É Natal, não seja tão duro...
— Sou o diretor da Casa dele e cabe a mim decidir se devo ou não ser duro. — Retrucou rispidamente — Venha comigo, Draco.
Os dois se retiraram, Snape à frente, Malfoy parecia ressentido. Harry hesitou um momento, tomando coragem, então disse:
— Volto em um instante, Luna... ã... banheiro.
— Tudo bem. — Respondeu Luna, animada, e Harry, ao sair ligeiro entre os convidados, pensou tê-la ouvido retomar a Conspiração Dentepodre com a professora Trelawney, que parecia sinceramente interessada
Foi fácil, uma vez fora da festa, tirar do bolso a Capa da Invisibilidade e se cobrir, porque o corredor estava deserto. O mais difícil foi encontrar Snape e Malfoy. Harry saiu correndo, o ruído de seus passos mascarado pela música e as conversas altas que vinham da sala de Slughorn. Talvez Snape o tivesse levado à sua sala nas masmorras... ou talvez o acompanhasse de volta à sala comunal da Slytherin…
Harry encostou o ouvido a cada porta do corredor pela qual passou apressado até que, muito surpreso e excitado, curvou-se para o buraco da fechadura da última sala e ouviu vozes.
— ... não pode se dar ao luxo de errar, Draco, porque se você for expulso…
— Não tive nada a ver com isso, está bem?
— Eu muito menos. — Disse uma voz feminina entediada, embora parecesse impaciente
— Primeiro que você nem deveria está aqui e segundo, espero que os dois estejam dizendo a verdade, porque foi malfeito e tolo. Já suspeitam que vocês tenham um dedo no incidente.
— Quem suspeita de nós? — Perguntou Malfoy com raiva — Pela última vez, não fomos nós, entendeu? Aquela garota, Bell, deve ter um inimigo que ninguém conhece... não me olhe assim! Sei o que você está fazendo. Não sou burro, mas não vai funcionar... posso impedi-lo!
Houve uma pausa, e então Snape disse baixinho:
— Ah... tia Bellatrix tem lhes ensinado Oclumência, entendo. Sinto dizer que não funcionou tão bem com a sua namoradinha.
— Ela não é minha namorada! — E Malfoy parecia mais irritado — Não quero falar dela. Dá pra você parar de falar dela!?
— Talvez o seu senhor adorasse que você a trouxesse ao nosso lado, Draco. Facilitaria as coisas.
— Ôu, esse é o meu trabalho. — Apressou-se Lestrange a dizer
— Não. Não quero que toquem um dedo nela, ela não tem nada haver com o nosso mundo. — Malfoy se alterou
— Achei que conhecesse a profecia, Draco, ou nem isso você e sua priminha sabem.
— Eu já disse que a ruiva não tem nada haver com isso.
— Vejo que ainda gosta dela. — Snape o alfinetou com desdém
— Isso não é da sua conta! — Berrou Malfoy
— Hum, se diz. Mas acho que é isso, ou que outros pensamentos você está tentando esconder do seu senhor, Draco?
— Não estou tentando esconder nada dele, só não quero que você penetre a minha mente!
Harry comprimiu mais o ouvido no buraco da fechadura... que acontecera para Malfoy falar desse jeito com Snape, o professor que ele sempre demonstrara respeitar e até gostar? E o que Sol está fazendo aí dentro também? E o que eles querem com Rox?
— Então é por isso que você tem me evitado este trimestre? Você e sua priminha? Têm medo da minha interferência? Você percebe que se outro aluno não fosse à minha sala quando eu mandasse, e mais de uma vez, Draco…
— Então me dê uma detenção! Dê queixa de mim ao Dumbledore! — Caçoou Malfoy
Houve outra pausa. Então Snape falou:
— Você sabe perfeitamente que não quero fazer nenhuma das duas coisas.
— Então porquê não para de me mandar ou mandar ele ir à sua sala!? Não vê que não precisamos de você!? — Perguntou a voz alterada de Lestrange
— Escutem aqui — Disse Snape, a voz tão baixa que Harry teve de comprimir o ouvido com força contra o buraco para ouvir — Estou tentando ajudá-los. Jurei a sua mãe que o protegeria, Draco. Que protegeria os dois. Fiz um Voto Perpétuo...
— Pois parece que vai ter de quebrá-lo, porque não preciso da sua proteção! A tarefa é minha, eu a recebi dele e estou cumprindo-a. Sol tá me ajudando. Temos um plano que vai dar resultado, só está levando um pouco mais de tempo do que pensamos!
— Qual é o seu plano?
— Não é da sua conta! — Disseram as duas vozes juntas dos primos
— Se me contarem o que estão tentando fazer, posso ajudá-los...
— Tenho toda a ajuda de que preciso, obrigado, não estou sozinho!
— Não está vendo que eu tô ajudando ele!? — Rosnou a garota Lestrange — Nós estamos juntos, eu e o Draco. Não precisamos de você.
— Disse a garota que passou anos se escondendo e fingindo ser outra pessoa. — Retrucou Snape
— Fingi mesmo e ninguém desconfiou de mim em nenhum momento, nem mesmo a Rox, e olha que ela teve sonhos comigo e ainda os espíritos imundos da cabeça dela a lhe dizer o que estava óbvio, mas não, ela foi tão tolinha ao ponto de confiar tanto em mim que só desconfiou, só se irritou quando viu eu e Draco conversando, mas não foi nem desconfiança, ela só tava com ciúme.
— Ela o quê? — Perguntou Draco um pouco alterado — Você não me disse isso, Amélia...
— Meu nome é Sol, seu…
— Vocês dois acham que eu tenho tempo pras birras e romances adolescentes de vocês tendo em vista tudo o que está acontecendo, o propósito e o que possivelmente poderia ter acontecido hoje!? — Rosnou Snape cortando os garotos — Porque certamente estavam sozinhos e despreparados hoje à noite, no que foi extremamente tolo, andar pelos corredores sem vigias nem cobertura. São erros elementares…
— Ninguém me viu, consegui me esconder. — Disse a garota orgulhosa de si mesma
— Teríamos Crabbe e Goyle conosco, se você não tivesse detido os dois!
— Fale baixo! — Disse Snape com violência, porque Malfoy alteara a voz agitado — Se os seus amigos Crabbe e Goyle pretendem passar no N.O.M. de Defesa Contra as Artes das Trevas desta vez, terão de se esforçar mais do que estão fazendo no momen...
— E que diferença isso faz? —Interrompeu-o Lestrange — Defesa Contra as Artes das Trevas é uma piada, não é, uma encenação? Como se algum de nós precisasse se proteger contra as Artes das Trevas…
— É uma encenação decisiva para o sucesso, Sollaris! — Lembrou Snape e Harry conseguiu ouvir um muxoxo da garota Lestrange que pareceu decididamente incomodada por ter sido chamada dessa forma — Onde é que vocês pensam que eu estaria todos esses anos se eu não soubesse como representar? Agora me escutem! Vocês estão sendo imprudentes, andando pela escola à noite e sendo apanhados, você está mais o atrapalhando que o ajudando, Lestrange.
— Então a culpa é minha!? — Perguntou a garota revoltada — O Draco é meu primo, meu sangue e vou fazer o possível pra ajudá-lo!
— Claro que vai. — Concordou Malfoy — Estamos juntos nessa, eu e ela.
— Ok. — Disse um Snape impaciente — Mas se estão confiando na ajuda de Crabbe e Goyle…
— Eles não são os únicos. Tenho mais gente do meu lado, gente melhor! — Garantiu Malfoy
— Então por que não confiar em mim, posso…
— Sei o que está pretendendo! Você quer roubar a minha glória! A nossa glória.
Houve mais uma pausa depois da fala de Draco, então Snape disse com frieza:
— Você está falando como uma criança. Compreendo que a captura e a prisão do seu pai o tenham deixado perturbado, mas...
Harry teve menos de um segundo de aviso; ouviu os passos de Malfoy e Lestrange do outro lado da porta e se atirou para fora do caminho na hora em que a porta se escancarava; Malfoy afastou-se em passos largos pelo corredor, sua prima Lestrange do seu lado, passaram pela porta aberta da sala de Slughorn, contornaram um canto distante e desapareceram de vista. Mal ousando respirar, Harry continuou agachado vendo Snape sair lentamente da sala de aula. Com uma expressão insondável, ele voltou à festa. Harry permaneceu ali, oculto pela capa com os pensamentos em disparada.
Hello bruxinhoooos!!
Como estamos??
Bom, acho que vocês sabiam que o lance do colar ia dá em alguma coisa. Kkkkk, mas é sério, a Rox bêbada sempre é algo bom de se ver, gloria a Deus que dessa vez teve o Harry pra impedir ela de falar o que não devia, né?
Quem esperava pelo lance do Theo com o Comárco? Kkkkkkkk, alguém aí tira o McLaggen do armário pra ele parar de bancar o machão hétero top, pleaseeee kkkkkk.
Outra coisa, esqueci de comentar no capítulo de quarta, mas vocês entenderam a referência no lance da Sol ser animago? O animal que ela se transforma é justo o do bichinho de pelúcia que o George deu pra ela no Natal antes deles terminarem... ( E eu só percebi depois que escrevi kkkkk )
Ahhhh, preparem os lencinhos pro capítulo de segunda que a deprê vem.
Falando em deprê, quem aí viu a segunda parte de Stranger Things?? Eu entrei em depressão, só sei disso.
Nos vemos Segunda-feira!
– Bjossss da tia Nick.
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