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76 | The House of Gaunt

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76. A Casa de Gaunt
       
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Ok, é que… eu tava pensando em pedir a Vega em namoro… mas tipo namoro de verdade, sabe. O que você acha?
 
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    Senti um frio intenso percorrendo meu corpo, ele doía, doía muito. Minha cabeça girava e o tremor subia dos meus pés a cabeça, mas por alguma razão eu não conseguia ficar parada, embora soubesse que ficar quieta me acalmaria e diminuiria a dor, não dava. Meus olhos vislumbravam um teto sem vida, tinha pouca luz no ambiente.

   Ouvi um sibilar animal vindo do lado de fora e me levantei, sentando-me na cama, logo notando que estava na enfermaria do castelo, afastei o lençol que cobria uma boa parte do meu corpo e vi que estava vestida em uma camisola hospitalar. Meio perdida, levantei-me lentamente, por conta da dor, e andei até a porta. Minhas mãos estavam em curto, raios de tonalidade roxa começaram a envolver meus braços enquanto eu seguia lentamente para algum lugar. O castelo estava extremamente solitário, vazio, não vi uma pessoa sequer até atingir o sétimo andar e me ver na Torre de Astronomia.

   Ouvia ruídos fracos, distantes, como vozes vindo do além e meu corpo parecia flutuar. Vi vultos, assim que irrompi pela porta da Torre e encostei nas ameias. Mas era porque minha visão estava fraca, logo pouco a pouco consegui discernir.

   Haviam cinco pessoas com vestes negras, olhares sombrios, duas mulheres e três homens, mas eu não conseguia ver seus rostos. Só um. Uma sexta pessoa que estava junto com eles, de rosto muito pálido e cabelos louros brancos, parecendo frio e distante, a mão com sua varinha tremia, ele estava assustado, pertubado com algo… e então Dumbledore. Era, era o professor Dumbledore a frente dos seis, parecendo fraco e distante, sua mão que eu lembrava estar machucada, estava mais escura que nunca, ele parecia impotente.

— Draco, mate-o ou se afaste, para um de nós… — Guinchou uma das mulheres, eu não vi qual, mas me senti tremer mais, meu corpo se arrepiar

   Ele não vai matá-lo. Ele não é assassino. Eu sei que não. Eu queria chamá-lo, mas minha voz não saía, parecia presa na garganta e eu estava assustada, muito assustada.

   Sem se importar, um dos homens empurrou o loiro para o lado. Os outros quatro Comensais da Morte ficaram calados, consegui ler repugnância e ódio nas linhas duras de seu rosto enquanto fitava o diretor.

   Ele ergueu a varinha e apontou diretamente para Dumbledore.

Avada Kedavra!

   Um jorro de luz verde disparou da ponta de sua varinha e atingiu Dumbledore no meio no peito. O meu grito de horror jamais saiu; silenciosa e paralisada pelo medo, eu fui obrigada a presenciar Dumbledore explodir no ar: por uma fração de segundo, ele pareceu pairar suspenso sob a caveira brilhante e, em seguida, foi caindo lentamente de costas, como uma grande boneca de trapos, por cima das ameias, e desapareceu de vista.

— Fora daqui, rápido. — Disse o assassino

   Ele agarrou Draco pelo cangote e forçou-o a sair pela porta, à frente dos outros, mas nesse momento o bloqueio pareceu me deixar, lágrimas caiam pelo meu rosto, e eu sentia profundo horror, medo, apreensão, tremor quando gritei com todas as minhas forças:

DRACOOOO!!

   Nem estávamos tão longe, mas a intensidade me fez sentir cem por cento presente na cena quando caí de joelhos, próximo as ameias, alguns metros de distância dele e dos Comensais. O loiro se virou e olhou pra mim, parecendo assustado, surpreso, ressentido, uma mescla de pensamentos ruins. Vi seus olhos se molharem. O Comensal forçou-o a andar, mas posso jurar que o vi sussurrar: “Desculpa, eu te amo.” antes de sumir pela porta e tudo a volta se dissipar. Explodir em fumaça e começar a girar enquanto eu suava e era transportada para outro lugar.

   Eu suava e chorava quando sentei-me na cama assustada e percebi que tudo aquilo foi um sonho, um sonho muito ruim. Minha respiração estava ofegante e senti necessidade forte de um copo de água. Afastei as cortinas da minha cama e vi que ainda estava escuro lá fora, calcei minhas pantufas e fui até a mesinha do dormitório, então peguei a jarra de água e enchi um copo para mim tentando compreender o sonho. As coisas seriam mais fáceis se meus sonhos fossem isso, apenas sonhos.

   Vi que as quatro ainda dormiam ( O cortinado posto da cama ao canto comprovava que Sol estava no quarto ),  então vesti meu roupão e abri a porta do dormitório, descendo as escadas para a Comunal apenas para respirar um pouco, depois eu subiria para tomar um banho e trocar de roupa, o relógio ainda marcava cinco horas da manhã.

   Não tinha ninguém para conversar e não sei se queria compartilhar com alguém o que eu vi. O que poderia significar aquilo? Vão matar Dumbledore? Não, não. Com certeza não.

  Assim que minhas pantufas tocaram o piso do Salão Comunal da Gryffindor notei uma coisa, eu não era a única acordada a essa hora.

— ROX? — Exclamou o menino de cabelos castanhos, parecendo assustado e deixou cair dois rolos de papel colorido que estavam em suas mãos

— Colin, o que você tá fazendo? — Perguntei me aproximando mais dele

   O fato era que lá estava Colin Creevey, bem mais alto do que eu me lembrava, cabelos castanhos bagunçados, parecendo cansado, e trajando um pijama verde água com desenhos de foguetes, um casaco grande cobrindo uma parte do pijama. O menino estava em pé próximo a uma mesa da sala e próximo a ele tinha algumas caixas, e outros objetos de papelaria, como rolos de papel coloridos, canetinhas e caixinhas menores.

— Meu Merlim, que horas são? Jesus, Maria, José, já está quase na hora das au... — e soltou um grande bocejo —  ...aulas? Acho que perdi a noção do tempo.

   Assustado começou a mexer nas coisas, como se com pressa pra guardá-las.

— Ôu, calma, são cinco horas ainda. — O tranquilizei ao chegar mais perto dele e tentar ver algum vestígio do que ele estava fazendo, então quando ele virou-se de costas pra apanhar uma tesoura que tinha caído no tapete, vi sua câmera próximo a uma das caixas e o que parecia ser várias fotos animadas de Vega — Foram todas você que tirou?

   Colin se levantou com pressa demais e acabou acertando a cabeça na mesa, eu quase ri, mas me segurei enquanto ele, nervoso, esfregava a mão no cabelo.

— É… é… foram sim, ano passado. — Disse ele e vi suas bochechas ficarem vermelhas, mas ele pegou uma das fotos, mostrava claramente Vega, ainda com seus cabelos compridos, sorrindo de forma espontânea e parecendo brincar com uma borboleta que ia de seu cabelo até sua mão nos segundos que a foto se mexia —  O sorriso dela fica lindo nas fotos, principalmente quando ela não está esperando que a foto seja tirada. Quando está... distraída, fica bem mais espontâneo.

— Você é muito bom, sabia? — O elogiei olhando as demais fotos e vendo outra caixa, no chão ao lado da mesa, com fotos de paisagens e animais, tinha uma que me encantou mais, pois mostrava um coelho pulando pelo jardim, ele realmente tinha o dom da coisa — Quero dizer suas fotos são incríveis.

— São só fotos. — Ele suspirou — É besteira…

   Eu o olhei seriamente, sentindo a intensidade do que ele falara.

— Quem disse isso pra você?

— Umas meninas da minha turma… elas sempre… dizem coisas quando me vêem tirando fotos de algo no castelo, ou tentam me azarar, sabe. — Ele abaixou a cabeça, não parecia querer olhar em meus olhos e aí fingiu observar suas próprias fotografias

— Isso é horrível, Col, não pode deixar te tratarem assim.

— Eu não ligo. — Ele levantou a cabeça e me olhou — Elas agem como se ninguém do mundo fosse gostar de mim, me chamam de esquisito e dizem que nenhuma menina ficaria comigo… mas não é verdade, eu tenho a Vega — Seu rosto se iluminou quando falou o nome dela, mas então com a mesma rapidez que o brilho aparecera, ele sumiu; Colin voltou a abaixar a cabeça — ou tinha, né?

— Col, você pode me explicar o que tá rolando afinal? E por que você está na Comunal tão cedo com esse monte de coisa? Ou será que você não confia em mim!?

— Confio. — Ele voltou a me olhar, sério, mas triste — É claro que confio, Rox. Eu te considero demais, você sabe… — E suspirou — Tudo bem, é a Vega...

— O que tem ela? — Me encostei na mesa — Ficou gatona com o novo estilo e o corte no cabelo, não foi?

— Você não percebeu? — Ele se admirou

— Não percebi o quê?

— Pode não ter sido o que aconteceu com você, mas foi o que houve com ela. Ela amava o cabelo comprido e de repente cortou e ainda pintou, não estou dizendo que ela não esteja bonita, pra mim ela é a garota mais linda e maravilhosa do mundo de qualquer forma, eu só estou dizendo que ela não está bem. O corte de cabelo dela está ligado aos problemas do que aconteceu no semestre passado, ela não tá bem, Rox, e eu não sei o que fazer. Eu não sei!

  Ele colocou as duas mãos na cabeça, sem olhar pra mim, e eu fiquei em êxtase, não sabia o que dizer.

— Você já falou com ela sobre isso?

  Ele me olhou, seus olhos estavam quase molhados.

— Quando eu vi ela no trem, a primeira vez, não a reconheci, confesso, mas então ela falou comigo quando chegamos na estação de Hogsmeade, eu não acreditei, ela está deslumbrante, mas eu senti que ainda estava distante, vazia, mesmo que estivesse tentando parecer bem. Eu até tentei entrar no assunto, mas ela sempre muda… eu sinto falta da minha estrela, sabe, mas parece… parece que o brilho dela se apagou.

  Eu suspirei, me senti mal de não ter notado isso também. Vega perdeu o pai, é duro ter que passar por isso e ela é muito nova, deveria imaginar que ela não estivesse tão bem quanto alega, ela sempre foi louca por Sirius e é horrível saber que eles passaram tão pouco tempo juntos.

— E é por isso que vo…

— Estou tentando fazer algo pra animar ela. — Tratou de acrescentar abrindo um vestígio de sorriso enquanto olhava para as várias coisas que ele trouxera para a Comunal — Vim de madrugada, pois imaginei que não encontraria ninguém aqui, e realmente não apareceu ninguém, só você.

  Colin pegou a caixa de fotos aleatórias e a fechou enquanto jogava alguns cartões coloridos junto de tesouras, fitas e cola em outra caixa.

— Você quer ajuda? Deveria ter vindo nos dizer que a Vega não estava bem, Harry e eu também nos preocupamos com ela, Col.

— Eu sei, só… — E então um dos cartões caiu, era grande e mostrava em letras de formas enormes, algo como “QUER NAMORAR COMIGO?”; Colin corou de novo enquanto apanhava o papel e o dobrava com pressa, logo enfiando de qualquer jeito na caixa

— Meu Merlim! Você… — Exclamei boquiaberta levando as mãos a boca e sorrindo

— Não... — Ele falou muito vermelho e paralisado

— Mas eu vi... — Insisti com um sorriso enorme

   Ele suspirou.

— Ok, é que… — E ele coçou a cabeça — eu tava pensando em pedir a Vega em namoro… mas tipo namoro de verdade, sabe. O que você acha?

— Isso é incrível Colin! — Falei animada — Imaginei que vocês já namorassem.

— Ah… tipo, ainda éramos meio crianças ano passado. Eu, no caso, Vega sempre foi a pessoa mais madura que já conheci, mas… o que quero dizer é que… bom, eu já queria pedir ela em namoro, estive pensando desde as férias… e agora eu quero animar ela, fazer minha estrela voltar a brilhar, então… eu, é, pensei em fazer uma surpresa pra ela e aí fazer o pedido de namoro…

   Eu me animei e comecei a bater palminhas.

— Isso vai ser demais, meu Deus, vocês são tão fofos juntos. Eu tenho que ser a madrinha do casamento! Eu preciso!

— Rox — Dessa vez ele riu — , eu faço dezesseis anos em dezembro e a Vega só vai fazer quinze em maio, você lembra disso, né?

— Eu sei. — E aí eu me aproximei e o abracei fortemente, ele era como um irmão mais novo e mais alto, mas eu o amava como se nosso laço fosse de sangue

— Obrigado. — Disse o menino, um sorriso enorme e eu nem sabia do que ele agradecia

— Se quiser ajuda, qualquer coisa mesmo, fala comigo, sobre o comportamento da Vega também, é só vim, ok? Eu tô aqui e sempre vou está aqui pra você, tá Col? Desde que você era menor do que eu. — E nesse final eu e ele gargalhamos

— Pode deixar. Já conversei com a Profa. Misttigan e é melhor não assediar a Vega com muitas perguntas sobre isso, só ir com calma.

— Você tem razão.

  Ele se voltou a equilibrar as caixas e balançou a sua varinha, as levitando e empunhando uma acima da outra. Desde quando ele ficou bom em feitiços?

— Aliás — Se virou pra mim ainda com a varinha direcionado às caixas — por que você está acordada?

— Tive um sonho ruim e resolvi sair pra respirar. — Cruzei os braços e suspirei

— Hum… — Disse ele e soltou outro bocejo — Vou ver se consigo pregar os olhos um pouco e torcer pro Paul me acordar e eu não perder a próxima aula. Nos falamos depois?

— Ah, claro, vai lá, vou ficar mais um pouco na Comunal, mas daqui a pouco eu vou voltar pro meu dormitório, também. — Falei me acomodando em uma poltrona e o observando caminhar com as caixas em direção ao seu dormitório logo depois de sorrir e me dá um tchau

   Eu me permiti desviar meus pensamentos do sonho inusitado, mas me vi pensando em Draco, ali, sozinha e com a cabeça encostada na cabeça da poltrona me lembrei das vezes que eu e ele conversávamos escondido, saíamos pra tomar cerveja amanteigada, e principalmente lembrei das vezes que nossos lábios se tocaram e eu me vi flutuando nas nuvens, das vezes que senti o cheiro gostoso de maçã verde e canela que vinha de seu cabelo loiro e liso, e até do seu perfume que era um aroma tão incrível que me fazia se sentir no paraíso. Eu sentia falta dele, muita. Mas não queria sentir.

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   Nas demais aulas de Poções que tivemos na semana, não pude deixar de notar que Harry continuou a seguir as instruções do Príncipe Mestiço sempre que divergiam das de Libatius Borage, e, em consequência, por volta da quarta aula, Slughorn estava delirante com a capacidade de Harry, e comentava que raramente ensinara a alguém tão talentoso. Nem Rony nem Hermione ficaram muito satisfeitos com isso, já eu não me importava, era engraçado ver a cara de Draco humilhado, me satisfazia, principalmente sempre que o via na companhia da cobra da Sol Lestrange. Embora Harry tenha até se oferecido compartilhar o livro conosco, porém, Rony teve mais dificuldade em decifrar a caligrafia do que ele, e não poderia ficar pedindo a Harry que lesse o texto em voz alta sem levantar suspeitas.

  Nesse meio-tempo, Hermione enfrentava resolutamente o que ela chamava de instruções “oficiais”, mas tornava-se cada vez mais mal-humorada, pois obtinha resultados mais medíocres do que os do Príncipe. Já eu, neguei, pois as letras minúsculas me deram náuseas, minha visão não estava lá no auge da perfeição.

   Eu não havia contado a nenhum dos três sobre o meu sonho há alguns dias, e pelo que parecia, Colin ainda não pedira Vega em namoro. Harry, porém, estava ocupado se perguntando sem grande interesse quem teria sido o tal Príncipe Mestiço. Era curioso mesmo. Embora a quantidade de deveres de casa que tínhamos recebido o impedisse de ler todo o exemplar de Estudos avançados no preparo de poções, ele o folheara algumas vezes, e me disse que viu o suficiente para notar que não havia praticamente página alguma em que o Príncipe não tivesse feito anotações, que nem sempre se referiam ao preparo de poções. Aqui e ali havia instruções para feitiços que pareciam inventados por ele mesmo.

— Ou ela mesma. — Rebateu Hermione irritada, escutando Harry mostrar alguns para mim e Rony na sala comunal, sábado à noite — Pode ter sido uma garota, acho que a letra parece mais feminina do que masculina.

— Chamava-se o Príncipe Mestiço — Disse Harry — Quantas meninas são príncipes?

   Hermione não soube responder. Apenas amarrou a cara e puxou o trabalho que estava fazendo sobre “Os princípios da rematerialização”, para longe de Rony, que tentava lê-lo de cabeça para baixo.

— Eu não sei quantas, mas é claro que uma menina pode ser um príncipe e um menino pode ser uma princesa. — Comentei fazendo os três me olharem — Que foi? Podemos ser tudo que quisermos, ué.

— Quem disse isso? — Hermione ergueu uma sobrancelha

   Eu estava prestes a abrir a boca para o explicar, tinha até me levantando da poltrona e dado uma giradinha risonha, me sentindo a bailarina, quando vi uma garota do outro lado da sala, me observando, ela corou e sorriu tímida quando nossos olhos se encontraram, mas logo desviou.

— Está falando de troca de gênero? — Harry perguntou, incerto — Sabe que eu não estava me referindo a isso, né?

— Tanto faz. Só estou dizendo que podemos ser tudo que quisermos.

— Frase de efeito da Barbie.

— Quem? — Dessa vez eu quem ergui a sobrancelha

   Hermione fez um gesto com a mão e resmungou algo que não entendi, Harry, porém, consultou seu relógio e guardou depressa na mochila o velho exemplar de Estudos avançados no preparo de poções.

— São cinco para as oito, é melhor nós irmos andando, Rox, ou vamos chegar atrasado no Dumbledore.

— Putz, é mesmo. — Falei e passei o olhar pela Comunal para me certificar de que Natty estava com Marshall; logo encontrei a garota sentada em um dos sofás ao lado de Nigel conversando, com meu furão em seu colo

— Ooooh! — Exclamou Hermione, erguendo imediatamente a cabeça — Boa sorte! Aos dois! Vamos esperar acordados, queremos saber o que ele vai lhes ensinar!

— Espero que tudo corra bem. — Disse Rony, e os dois ficaram observando eu e Harry passarmos pelo buraco do retrato

   Aravessamos os corredores desertos, embora tenhamos precisado se esconder ligeiro atrás de uma estátua quando a professora Trelawney surgiu, de repente, numa curva do corredor, murmurando e misturando as cartas de um baralho ensebado que lia enquanto andava.

— Dois de espadas: conflito — Murmurou ao passar pelo lugar em que Harry se escondera agachado e me puxou com ele — Sete de espadas: mau augúrio. Dez de espadas: violência. Valete de espadas: um rapaz moreno, possivelmente perturbado, que não gosta da consulente.

   Ela parou de repente, do lado oposto da nossa estátua. Eu soltei uma risadinha e senti a mão de Harry tapar minha boca enquanto fazia um ‘shh’.

— Bem, não pode estar certo — Disse contrariada, e eu ouvi-a embaralhar energicamente ao recomeçar a caminhada, deixando atrás de si apenas um aroma de xerez barato para uso culinário. Eu e Harry esperamos até se certificar de que ela se fora, então ele tirou a mão da minha boca, eu tornei a rir e recomeçamos a correr até chegar ao ponto do corredor do sétimo andar em que havia apenas uma gárgula na parede

— Fala sério, ela é louca. — Comentei entre risinhas.

— E como. — Disse Harry — Acidinhas.

    A gárgula saltou para o lado; a parede oculta se abriu, e surgiu uma escada circular de pedra, na qual eu e Harry colocamos nossos pés para ser levados até a porta com a aldrava de latão que dava acesso ao escritório de Dumbledore. Harry bateu.

— Entrem. — Ouvimos a voz do diretor

— Boa-noite, senhor. — Cumprimentou Harry, entrando no escritório

— Boa-noite, professor Dumbledore. — Eu falei por minha vez

— Ah, boa-noite, Harry e Rox. Sentem-se. — Disse Dumbledore, sorrindo — Espero que a vossa primeira semana na escola tenha sido prazerosa.

— Foi, obrigado, senhor. — Disse Harry; eu apenas assenti

— Deve ter andado muito ocupado, Harry, já recebeu uma detenção!

— Ãa... — Começou Harry sem jeito, mas Dumbledore não parecia muito severo.

— Combinei com o professor Snape que você cumprirá sua detenção no próximo sábado.

— Certo. — Respondeu Harry, sem se preocupar, e agora, assim como eu, parecia procurar disfarçadamente alguma indicação do que Dumbledore pretendia fazer conosco naquela noite. O escritório circular tinha a aparência de sempre: os delicados instrumentos de prata sobre mesinhas de pernas finas soltavam fumaça e zumbiam; os antigos diretores e diretoras cochilavam em seus quadros; e a magnífica fênix do diretor, Fawkes, no poleiro atrás da porta, observava a mim e Harry com vivo interesse. Pelo visto, Dumbledore nem sequer abrira um espaço para duelar.

— Então — Disse o diretor em tom objetivo — vocês certamente têm se perguntado o que planejei para as suas... por falta de uma palavra melhor... aulas.

— Sim, senhor. — Respondemos

— Bem, agora que vocês sabem o que induziu Lorde Voldemort a tentar matar você, Harry, há quinze anos, e o porquê de você, Rox, ter poderes além dos naturais de uma bruxa, concluí que já é tempo de lhes passar certas informações.

   Houve uma pausa.

— O senhor disse, no fim do último trimestre, que ia nos contar tudo — Lembrou Harry. Era difícil eliminar um quê de acusação em sua voz. — Senhor — Acrescentou.

— E de fato contei. — Concordou Dumbledore placidamente — Contei-lhes tudo que sei. Daqui para frente, estaremos deixando o terreno firme dos fatos para viajar juntos pelos turvos alagados da memória e nos embrenhar pelo matagal das suposições mais absurdas. Deste ponto em diante, posso estar lamentavelmente tão enganado como Humphrey Belcher, que acreditou que havia aceitação para caldeirões de queijo.

— Mas o senhor acha que está certo? —Perguntei

— Naturalmente que sim, mas como já provei a vocês também, erro como qualquer outro homem. De fato, sendo, perdoe-me, bem mais inteligente do que a maioria, os meus erros tendem a ser proporcionalmente maiores.

— Senhor — Perguntou Harry hesitante —, o que vai nos contar tem a ver com a profecia? Vai me… digo, nos ajudar a... sobreviver?

   Eu me remexi no lugar interessada, olhando vivamente para o diretor.

— Muita relação com a profecia — Respondeu Dumbledore, displicentemente, como se Harry tivesse lhe perguntado que tempo faria no dia seguinte —, e tenho esperanças de que os ajude a sobreviver.

— Mas a profecia não diz que eu posso morrer — Comecei a falar, incerta —, diz que eu posso causar a vitória ou a derrota do Lorde das Trevas, já sei que posso ser dominada facilmente… isso, me assusta.

— O que vamos trabalhar hoje também tem muito a ver com isso, Rox. — Disse Dumbledore — Sobre o controle, e também tenho esperanças de que você nunca acabe se submetendo a isso, e creio que não acontecerá.

   O diretor ergueu-se, contornou a escrivaninha e passou por mim e Harry; nós nos viramos na mesma hora, pressurosos e vimos Dumbledore curvar-se para o armário ao lado da porta. Quando o diretor se endireitou, segurava uma conhecida bacia de pedra, com estranhas marcas na borda. O bruxo colocou a Penseira na escrivaninha, diante de nós dois.

— Você parece preocupado.

   Realmente Harry observava a bacia com apreensão. Eu nunca havia usado uma Penseira, mas sabia que as experiências anteriores do meu amigo com o estranho objeto que guardava e revelava pensamentos e lembranças, embora extremamente instrutivas, tinham sido bastante desconfortáveis. A última vez em que ele agitara o seu conteúdo, vira muito mais do que teria desejado. Mas Dumbledore estava sorrindo.

— Desta vez, você vai entrar na Penseira comigo e Rox... e, o que é ainda mais incomum, tem permissão para isso.

— Aonde vamos, senhor? — Perguntei interessada

— Fazer uma viagem pelos caminhos da memória de Beto Ogden — Respondeu Dumbledore, tirando do bolso um frasco de cristal contendo uma substância branco-prata que rodopiava

— Quem foi Beto Ogden? — Harry perguntou

— Foi funcionário do Departamento de Execução das Leis da Magia. Morreu há algum tempo, mas não antes que eu o tivesse localizado e convencido a me confidenciar essas lembranças. Vamos acompanhá-lo em uma visita que fez no desempenho de suas funções. Se puderem se levantar...

   Mas Dumbledore estava tendo dificuldade para destampar o frasco de cristal: sua mão machucada parecia rígida e dolorida. Sem querer, eu me lembrei do sonho.

— Me dá... me dá licença, senhor?

— Não se incomode, Harry.

   Dumbledore apontou a varinha para o frasco e a rolha saltou fora.

— Senhor... como foi que machucou a mão? — Eu perguntei olhando os dedos escurecidos com uma sensação de horror e dó

— Agora não é hora de contar essa história, Rox. Ainda não. Temos um encontro com Beto Ogden.

   Dumbledore despejou na Penseira o conteúdo do frasco, que girou e refulgiu, nem líquido nem gasoso.

— Primeiro vocês — Disse ele, indicando a bacia

   Harry olhou pra mim. Eu suspirei, criando coragem e me inclinei, inspirei profundamente e mergulhei de cara na substância prateada. Senti meus pés deixarem o piso do escritório; fui caindo, caindo, por um torvelinho escuro, e então, inesperadamente, me vi piscando sob um sol ofuscante.

   Antes que meus olhos se acostumassem, Harry caiu ao meu lado, e então Dumbledore também aterrissou. Estávamos de pé em uma estradinha rural ladeada por cercas vivas emaranhadas, sob um céu de verão vivo e azul como miosótis. A uns três metros de distância, achava-se um homem baixo e gorducho que usava óculos com lentes tão grossas que reduziam seus olhos a sinaizinhos de nascença. Estava lendo um letreiro de madeira que se projetava da cerca selvática do lado esquerdo da estrada. Eu sabia que aquele devia ser o Ogden; era a única pessoa à vista, e usava a estranha variedade de roupas que muitas vezes os bruxos inexperientes escolhem para se disfarçar de trouxas; no caso, casaca e polainas por cima de uma roupa de banho listrada e inteiriça. Antes, porém, que eu tivesse tempo para outra coisa que não registrar sua bizarra aparência, Ogden saiu andando com rapidez pela estrada.

   Dumbledore, Harry e eu o seguimos. Ao passarmos pelo letreiro de madeira, olhei para as duas setas. Na que apontava para o lado de onde tínhamos vindo li: Great Hangleton, 8km. Na que apontava para Ogden li: Little Hangleton, 1,6km.

   Caminhamos uma pequena distância sem nada ver exceto as cercas, a vastidão do céu azul e a figura de casaca à frente; então, a estrada fez uma curva para a esquerda e despencou, íngreme, descendo a encosta do morro, permitindo que, inesperadamente, descortinassem o panorama de um vale inteiro. Vi uma aldeia, sem dúvida Little Hangleton, aninhada entre dois morros escarpados, a igreja e o cemitério bem aparentes. Do outro lado do vale, engastada na falda do morro o posto, havia uma bela casa senhorial rodeada por um vasto e veludoso gramado.

   Ogden diminuiu a marcha diante do acentuado declive da ladeira. Dumbledore aumentou seus passos e Harry e eu tentamos acompanhá-lo, embora eu estivesse tendo dificuldade pra realizar o caminho por conta do meu calçado, um salto-alto fino de nove centímetros, mas fiz força para não ser deixada pra trás. Imaginei que Little Hangleton fosse o destino final e me perguntei por que tínhamos de começar de tão longe. Logo, porém, descobri que me enganara em pensar que se dirigiamos à aldeia. A estrada fazia uma curva para a direita e, quando a contornamos, vimos a ponta da aba da casaca de Ogden desaparecendo por uma abertura na cerca. Eu, Harry e Dumbledore continuamos a segui-lo por uma trilha estreita, ladeada de cercas vivas ainda mais altas e mais desordenadas do que as que tínhamos deixado para trás. O caminho era torto, rochoso e esburacado, descia o morro como o anterior e parecia conduzir a um arvoredo, sombrio um pouco mais abaixo. De fato, o caminho logo desembocou no arvoredo, e paramos atrás de Ogden, que se detivera para puxar a varinha.

   Apesar do céu desanuviado, as velhas árvores projetavam sombras profundas, escuras e frescas, e levei alguns segundos para enxergar a casa semioculta entre seus troncos. Pareceu-me um lugar estranho para se construir uma casa, ou então uma decisão curiosa a de deixar as árvores crescerem próximas, bloqueando toda a luz e a visão do vale. Me perguntei se seria habitada; as paredes estavam cobertas de musgo e havia caído tantas telhas que em alguns pontos as traves estavam visíveis. Cresciam urtigas a toda volta e suas hastes alcançavam as janelas pequenas e grossas de sujeira. Quando acabei de concluir que era impossível que fosse habitada, uma das janelas se abriu com estrépito e deixou sair um fio de vapor ou de fumaça, como se alguém estivesse cozinhando.

   Ogden se adiantou em silêncio e, pareceu a mim, com cautela. Quando as sombras escuras das árvores o encobriram, ele tornou a parar com os olhos fixos na porta de entrada, à qual tinham pregado uma cobra morta.

  Ouviu-se, então, um farfalhar e um estalo, e um homem andrajoso despencou da árvore mais próxima, caindo de pé diante de Ogden; este pulou para trás tão rápido que pisou nas abas da casaca e se desequilibrou.

  Ouvi então um sibilar sinistro, um ruído assustador saindo de sua boca.

   O homem à nossa frente tinha cabelos espessos tão entremeados de sujeira que não dava para distinguir a cor. Faltavam-lhe vários dentes na boca; e os olhos, pequenos e escuros, olhavam em direções opostas. Sua aparência poderia ter sido cômica, mas não era; produzia um efeito assustador, e eu não podia censurar Ogden por recuar mais alguns passos antes de falar.

— Ãh... bom-dia. Sou do Ministério da Magia...

   E então o ruído voltou, mas dessa vez consegui distinguir algumas palavras, mas elas não saiam da boca daquele homem e sim da mente.

Você não é bem-vindo.

— Ãh... desculpe... não estou entendendo. — Respondeu Ogden nervoso.

   Achei que Ogden estava sendo extremamente obtuso; em minha opinião, o estranho fora muito claro, principalmente porque brandia uma varinha em uma das mãos e uma faca de lâmina curta, ensanguentada, na outra.

— Você com certeza está entendendo, não, Harry? — Indagou Dumbledore em voz baixa — Rox?

— O que saí da boca dele é um ruído, mas da mente… — Deixei a frase solta no ar

— Ruído? — Perguntou Harry um pouco confuso — Mas ele está falando claramente. Por que Ogden não...?

   Mas só quando tornamos a olhar a cobra na porta, repentinamente compreendemos.

— Ele está falando a linguagem das cobras? — Eu e Harry perguntamos juntos

— Muito bom. — Assentiu Dumbledore, sorrindo

   O homem andrajoso agora avançava para Ogden, a faca em uma das mãos e a varinha na outra.

— Escute aqui — Começou Ogden, mas tarde demais: ouviu-se um estampido e ele foi parar no chão, apertando o nariz, que espirrava entre os seus dedos uma gosma amarelada e feia

— Morfino! — Gritou uma voz

  Um homem mais velho saiu depressa da casa batendo a porta ao passar e fazendo a cobra balançar pateticamente. Este homem era mais baixo do que o primeiro e tinha estranhas proporções; os ombros eram muito largos e os braços compridos demais, o que, juntamente com os olhos vivos e castanhos, os cabelos espessos e curtos e o rosto enrugado, dava-lhe a aparência de um macaco idoso e forte. Parou ao lado do homem com a faca, que agora soltava gargalhadas ao ver Ogden no chão.

— Ministério é? — Perguntou o homem mais velho, olhando Ogden com arrogância

— Correto! — Confirmou ele com raiva, limpando o rosto — E o senhor, presumo, é o sr. Gaunt?

— Isso. Ele acertou seu rosto, foi?

— Foi! — Retorquiu Ogden

— O senhor não deveria ter anunciado sua presença? — Perguntou Gaunt agressivamente — Isto é uma propriedade privada. Ninguém pode ir entrando e esperar que o meu filho não se defenda.

— Filho!? — Ergui os olhos e eu e Harry nos entreolhamos, mas não falamos mais nada

— Defenda de quê, homem? — Contestou Ogden, se levantando

— Bisbilhoteiros. Invasores. Trouxas e ralé.

   Ogden apontou a varinha para o próprio nariz, de onde continuava a escorrer uma abundante secreção semelhante a pus, e estancou o corrimento. O sr. Gaunt disse a Morfino, pelo canto da boca, algo na língua das cobras.

Entre. Não discuta. — Eu consegui ouvir em sua mente

   Morfino deu a impressão de que ia discordar, mas, quando o pai ameaçou-o com um olhar, ele mudou de ideia; saiu em direção à casa com uma estranha ginga e bateu a porta, fazendo a cobra balançar tristemente.

— Foi o seu filho que vim ver, sr. Gaunt — Explicou Ogden, enxugando o resto de pus da frente da casaca — Aquele era o Morfino, não?

— Ãh, era o Morfino — Confirmou o velho, indiferente — O senhor tem sangue puro? — Perguntou repentinamente agressivo

— Isso é relevante por acaso!? — Acabei deixando escapar revoltada, mesmo sabendo que meu próprio sangue é puro, mas incomodada com tamanho preconceito

— Isto não vem ao caso. — Respondeu Ogden com frieza, e eu senti o meu respeito pelo bruxo crescer

   Aparentemente isto fazia diferença para Gaunt. Ele estudou o rosto de Ogden e resmungou em um tom decididamente ofensivo.

— Pensando bem, já vi narizes iguais ao seu na aldeia.

— Não duvido nada, se o senhor costuma soltar seu filho contra eles. Que tal continuarmos essa discussão dentro de casa?

— Dentro?

— É, sr. Ogden. Já disse que estou aqui por causa de Morfino. Enviamos uma coruja…

— Não estou interessado em corujas. Não abro cartas.

— Então o senhor não tem razão para reclamar que as visitas apareçam sem avisar — Retrucou Ogden, mordaz — Estou aqui porque ocorreu uma séria violação das leis bruxas nas primeiras horas desta manhã...

— Está bem, está bem, está bem! — Berrou Gaunt — Entre na maldita casa, então, mas não vai lhe adiantar muito!

   A casa parecia conter três cômodos minúsculos. Havia duas portas no cômodo principal, que servia de sala e cozinha. Morfino estava sentado em uma poltrona imunda ao lado do fogão enfumaçado, enrolando uma cobra entre os dedos grossos enquanto cantava baixinho algo em sua linguagem.

Silva, silva, serpinha,
Serpeia pelo soalho
Seja sempre boazinha
Ou Morfino crava você.

   Ouviu-se um arrastar de pés no canto ao lado da janela aberta, e eu notei que havia mais alguém na sala, uma garota cujo vestido cinzento e rasgado era exatamente da cor da parede de pedra encardida às suas costas. Estava em pé ao lado de uma panela que fumegava em um fogão negro, e mexia na prateleira com panelas e caçarolas de aspecto miserável mais acima. Seus cabelos eram escorridos e sem vida e o rosto comum, pálido e feioso. Seus olhos, como os do irmão, eram divergentes. Parecia um pouco mais limpa do que os dois homens, mas avaliei que nunca vira ninguém tão arrasado.

— Minha filha Mérope — Gaunt apresentou-a de má vontade, quando Ogden lançou à garota um olhar indagador

— Bom-dia. — Cumprimentou-a Ogden

   Ela não respondeu; lançando um olhar assustado ao pai, deu as costas à sala e continuou a trocar as panelas de lugar na prateleira.

— Bem, sr. Gaunt, para ir direto ao assunto, temos razões para acreditar que seu filho Morfino executou um feitiço diante de um trouxa no final da noite de ontem.

  Ouviu-se um estrondo metálico. Mérope deixara cair uma panela.

Apanhe isso! — Berrou Gaunt para a filha — Isso, fuce o chão como uma trouxa porca, para que serve a sua varinha, seu saco de estrume?

— Sr. Gaunt, por favor! — Pediu Ogden em tom chocado, enquanto Mérope, que já apanhara a panela, com o rosto malhado de rubor, tornou a soltá-la e puxou a varinha do bolso; apontou-a para o objeto e murmurou um feitiço apressado e inaudível que fez a panela voar para longe dela, bater na parede oposta e rachar ao meio.

   Morfino soltou sua gargalhada demente. Gaunt gritou:

— Conserte isso, sua imprestável, conserte isso!

  Mérope saiu tropeçando pela sala, mas, antes que tivesse tempo de erguer a varinha, Ogden empunhou a dele e ordenou com firmeza:

Reparo. — E a panela se consertou instantaneamente

   Por um momento, pareceu que Gaunt ia gritar com Ogden, mas deve ter pensado melhor; em vez disso, caçoou da filha:

— Que sorte o homem bonzinho do Ministério está aqui, não é? Quem sabe ele tira você das minhas mãos, quem sabe ele não se incomoda com abortos nojentos…

   Sem olhar para ninguém ou agradecer a Ogden, Mérope apanhou a panela e devolveu-a, com as mãos trêmulas, à prateleira. Postou-se, então, muito quieta, as costas apoiadas na parede entre a janela muito suja e o fogão, como se o seu único desejo fosse afundar na pedra e sumir.

— Sr. Gaunt — Recomeçou Ogden —, como eu ia dizendo, a razão da minha visita…

— Ouvi da primeira vez! — Retrucou Gaunt — E daí? Morfino deu a um trouxa o que estava merecendo; o que é que o senhor vai fazer?

— Morfino violou a lei bruxa — Disse Ogden com severidade

— Morfino violou a lei bruxa. — Gaunt imitou a voz de Ogden, num tom pomposo e cantado. Morfino gargalhou outra vez — Deu uma lição a um trouxa nojento, isso agora é ilegal, é?

— É. Receio que seja.

  Ogden tirou do bolso interno um pequeno rolo de pergaminho e abriu-o.

— E isso aí, é o quê, a sentença dele? — Perguntou Gaunt, alteando a voz inflamado

— É uma intimação para comparecer a uma audiência no Ministério...

— Intimação! Intimação? Quem o senhor pensa que é para intimar meu filho a comparecer a algum lugar?

— Sou o chefe do Esquadrão de Execução das Leis da Magia.

— E o senhor acha que somos ralé, é isso? — Gritou Gaunt, e avançou para Ogden, com o dedo de unha suja e amarela apontando para o seu peito — Ralé que se apresenta correndo quando o Ministério manda? Sabe com quem está falando, seu Sangue Ruim nojento?

— Eu tinha a impressão de que estava falando com o sr. Gaunt. — Respondeu ele cauteloso, mas irredutível

— Exatamente! — Urrou Gaunt. Por um instante, pensei que ele fazia um gesto obsceno, mas percebi que apenas mostrava o feio anel de pedra negra que usava no dedo médio, e que agitava na cara de Ogden — Está vendo isso aqui? Está vendo isso aqui? Sabe de onde veio? Está há séculos na nossa família, tão antiga ela é, e de sangue sempre puro! Sabe quanto já me ofereceram por isso, com o brasão dos Peverell gravado na pedra?

— Não faço a menor ideia — Replicou Ogden, piscando para o anel a centímetros do seu nariz —, e não é pertinente, sr. Gaunt. O seu filho cometeu...

  Com um uivo de fúria, Gaunt correu para a filha. Por uma fração de segundo, pensei que ia esganá-la, quando o vi agarrá-la pelo pescoço; mas ele apenas arrastou-a até Ogden pela corrente de ouro que usava.

— Está vendo isso aqui? — Berrou, sacudindo o pesado medalhão para Ogden, enquanto Mérope engasgava e procurava respirar. Instintivamente levei minhas mãos ao meu próprio pescoço, assombrada com a cena

— Eu estou vendo, eu estou vendo! —Apressou-se ele a dizer

— Vem de Slytherin! — Gritou Gaunt — De Salazar Slytherin! Somos os seus últimos descendentes vivos. Que me diz disso, eh?

— Sr. Gaunt, sua filha! — Avisou Ogden assustado, mas o bruxo já largara Mérope; ela se afastou cambaleando de volta ao seu canto, massageando o pescoço e engolindo em seco para respirar

— É o que eu queria dizer! — Exclamou Gaunt triunfante, como se tivesse acabado de provar de modo irrefutável uma complicada questão — Não venha falar conosco como se não chegássemos aos seus pés! Gerações de sangue puro, todos bruxos, o que, tenho certeza, é mais do que o senhor pode dizer!

   E cuspiu no chão aos pés de Ogden. Morfino soltou mais gargalhadas. Mérope, encolhida ao lado da janela, a cabeça oculta pelos cabelos escorridos, permaneceu calada.

— Sr. Gaunt — Insistiu Ogden —, receio que nem os seus antepassados nem os meus tenham a menor relação com o nosso caso. Estou aqui por causa do Morfino, Morfino e o trouxa que ele abordou ontem à noite. A informação que temos é que Morfino lançou um feitiço ou uma azaração no tal trouxa, causando-lhe uma urticária extremamente dolorosa.

   Morfino riu.

Quieto menino — Rosnou Gaunt em linguagem de cobra, e Morfino tornou a se calar — E se lançou, qual é o problema? — Retorquiu Gaunt em tom de desafio — Espero que o senhor tenha limpado a pele do trouxa e, de quebra, a memória dele...

— O problema é bem outro, não é, sr. Gaunt? Foi um ataque gratuito a um indefeso...

— Ah, achei que o senhor tinha cara de amigo dos trouxas assim que o vi — Desdenhou Gaunt, tornando a cuspir no chão

— Esta discussão não está nos levando a nada. — Disse Ogden com firmeza — Pela atitude do seu filho, está muito claro que não sente remorso algum pelo que fez. —  E olhando para o rolo de pergaminho — Morfino deverá comparecer a uma audiência no dia 14 de setembro, para responder às acusações de usar magia diante de um trouxa e causar ao dito trou...

   Ogden calou-se. Entravam pela janela ruídos de metal, cascos de cavalos e risos humanos. Aparentemente, a estrada tortuosa para a aldeia passava muito próxima do arvoredo onde se situava a casa. Gaunt congelou, escutando de olhos arregalados. Morfino sibilou e virou o rosto para o lado dos ruídos, a expressão voraz. Mérope ergueu a cabeça. Seu rosto, eu vi, estava absolutamente branco.

— Meu Deus, que monstruosidade! — Ouvi uma voz de garota, claramente audível pela janela aberta como se estivesse na sala — Será que seu pai não podia mandar remover esse casebre, Tom?

— Não é nosso — Respondeu uma voz jovem — Tudo do outro lado do vale nos pertence, mas essa casa pertence a um velho pobretão chamado Gaunt e aos filhos dele. O rapaz é bem maluco, você devia ouvir as histórias que contam na aldeia…

   A moça riu. Os sons de metal e cascos aumentaram. Morfino fez menção de levantar da poltrona.

  O pai lhe disse algo em tom de aviso, em linguagem de cobra, dessa vez não consegui ler sua mente.

— Tom. — Falou a moça, agora tão próximo que deviam estar ao lado da casa —, será que me enganei ou alguém pregou uma cobra naquela porta?

— Santo Deus, você tem razão! — Disse a voz masculina — Deve ter sido o filho, eu não disse que ele não era bom da cabeça? Não olhe, Cecília, querida.

   Os sons de metal e cascos foram se distanciando.

Querida — Murmurou Morfino naquela linguagem, olhando para a irmã — Chamou a moça de querida. Então não ia mesmo querer você.

   Mérope estava tão pálida que tive certeza de que ela ia desmaiar.

Que foi, Morfino? — Perguntou Gaunt rispidamente, na mesma linguagem, seus
olhos indo do filho para a filha. Eu fiz força pra não deixar escapar nada do que eles falavam — Que foi que você disse, Morfino?

Ela gosta de olhar o trouxa. — Com uma expressão cruel, Morfino encarou a irmã, que agora parecia aterrorizada — Sempre no jardim quando ele passa, espiando pela cerca, não é? E a noite passada…

   Mérope sacudiu a cabeça freneticamente, implorando, mas Morfino continuou sem se condoer:

... Pendurada na janela esperando ele voltar para casa, não é?

Pendurada na janela para olhar um trouxa? — Disse Gaunt em voz baixa

   Os três Gaunt pareciam ter se esquecido de Ogden, que assistia ao mesmo tempo pasmo e irritado a essa nova erupção de silvos e estridências.

É verdade? — Perguntou Gaunt implacável, dando uns passos em direção à filha apavorada — Minha filha, uma pura descendente de Salazar Slytherin, suspirando por um trouxa nojento de veias imundas?

   Mérope sacudiu a cabeça com veemência, comprimindo-se contra a parede, aparentemente incapaz de falar.

Mas eu peguei ele, pai! — Disse Morfino às gargalhadas — Peguei quando passou por aqui e ele não ficou nada bonito coberto de urticária, ficou, Mérope?

Sua bruxinha abortada nojenta, sua traidorazinha do sangue! — Urrou Gaunt, descontrolado, apertando o pescoço da filha. Harry e Ogden berraram “Não!” ao mesmo tempo que eu arregalei os olhos, sem conseguir falar; Ogden ergueu a varinha e ordenou:

Relaxo! — Gaunt foi lançado para longe da filha; tropeçou em uma cadeira e estatelou-se de costas. Com um rugido de fúria, Morfino saltou da poltrona e avançou para Ogden, brandindo a faca ensanguentada e disparando, indiscriminadamente, azarações com a varinha.

   Ogden fugiu desabalado. Dumbledore fez sinal que devíamos segui-lo, e Harry e eu obedecemos, os gritos de Mérope ecoando em nossos ouvidos.

    Ogden disparou pela trilha e irrompeu pela estrada principal, os braços protegendo a cabeça, e colidindo com o lustroso cavalo de um rapaz muito bonito, de cabelos castanhos. Ele e a linda moça que cavalgava ao seu lado caíram na risada ao verem Ogden bater na ilharga do cavalo, quicar e retomar a corrida errante pela estrada, a casaca voando, coberto de pó da cabeça aos pés.

— Acho que já basta. — Disse Dumbledore, batendo em meu braço e no de Harry. No momento seguinte, estávamos voando imponderáveis pela escuridão; por fim, aterrissamos de pé no escritório de Dumbledore, agora iluminado pelo crepúsculo

   Eu estava horrorizada pelo que vimos, aquilo foi cruel.

— Que aconteceu com a garota na casa? — Foi a primeira pergunta de Harry quando Dumbledore acendia mais lâmpadas com um toque de varinha

— Sim. — Concordei ainda ofegante e horrorizada — O que houve com ela? A Mérope, ou o nome que fosse.

— Ah, ela sobreviveu. — Respondeu o diretor, se acomodando à escrivaninha e fazendo sinal para que eu e Harry nos sentassemos também — Ogden aparatou até o Ministério e voltou, quinze minutos depois, com reforços. Morfino e o pai tentaram lutar, mas os dois foram subjugados, levados da casa e, mais tarde, condenados pela Suprema Corte dos Bruxos. Morfino, já fichado por ataques a trouxas, foi condenado a três anos em Azkaban. Servolo, que ferira vários funcionários do Ministério além de Ogden, recebeu uma pena de seis meses de prisão.

— Servolo? — Repetiu Harry em tom de indagação, eu demorei a entender o motivo

— Exato. — Respondeu Dumbledore, aprovando-o com um sorriso — Fico satisfeito que esteja acompanhando.

— O velho era...? — Ergui uma sobrancelha quando compreendi

— O avô de Voldemort. Servolo, seu filho Morfino e sua filha Mérope foram os últimos Gaunt, uma família bruxa muito antiga conhecida por sua índole instável e violenta que se transmitiu através de gerações devido ao hábito de casarem entre primos. A falta de juízo associada à mania de grandeza redundou na dissipação do ouro da família muitas gerações antes de Servolo nascer. Ele viveu, como você bem viu, em condições sórdidas e miseráveis, dono de um péssimo gênio e uma arrogância e um orgulho desmedidos, além de alguns objetos de família que ele valorizava tanto quanto o filho e muito mais do que a filha.

— Então Mérope — Perguntou Harry, curvando-se para a frente e encarando Dumbledore —, então Mérope era... senhor, quer dizer que Mérope era... a mãe de Voldemort?

— Exato. E por acaso vimos de relance o pai de Voldemort. Você registrou?

— Espera… o tal Tom? — Perguntei juntando as peças — Que Mérope vivia observando, no caso? É o trouxa que Morfino atacou? O homem a cavalo?

— Muito bem — Elogiou Dumbledore com um largo sorriso — Aquele era Tom Riddle, pai, o trouxa bonitão que passava cavalgando pela casa dos Gaunt e por quem Mérope nutria uma paixão ardente e secreta.

— E eles acabaram se casando? —Perguntei incrédula e incapaz de imaginar duas pessoas com menos probabilidade de se apaixonarem

— Acho que você está esquecendo —Acrescentou Dumbledore — que Mérope era bruxa. Acredito que os seus poderes mágicos não se manifestassem favoravelmente enquanto esteve aterrorizada pelo pai. Mas uma vez que Servolo e Morfino foram trancafiados em Azkaban, uma vez que ela se viu livre e sozinha pela primeira vez na vida, estou certo que pôde dar rédeas à sua capacidade e planejar sua fuga da vida desesperada que levara durante dezoito anos.

  “Você não consegue pensar em nada que Mérope pudesse ter feito para obrigar Tom Riddle a esquecer a companheira trouxa e se apaixonar por ela?”

— A Maldição Imperius? — Arriscou Harry

— Uma poção de amor? — Olhei para o diretor, hesitante e horrorizada com a história

— Muito bom. Pessoalmente, me inclino mais para a poção de amor. Estou certo de que teria parecido a Mérope mais romântico e não teria sido muito difícil, em um dia de calor, quando Riddle estivesse cavalgando sozinho, persuadi-lo a beber uma água. Em todo caso, alguns meses depois da cena que acabamos de presenciar, a aldeia de Little Hangleton deliciou-se com um espantoso escândalo. Vocês podem imaginar o falatório que houve quando o filho do senhor das terras locais fugiu com Mérope, a filha do vagabundo.

  “Mas o choque dos aldeões não se comparou ao de Servolo. Ele voltou de Azkaban, imaginando que encontraria a filha aguardando obediente o seu retorno, com uma refeição quente à mesa. Em vez disso, encontrou bem uns três centímetros de poeira e um bilhete de adeus, em que ela explicava o que fizera.

   “Pelo que pude descobrir, daquele dia em diante ele nunca mais mencionou o nome da filha ou a sua existência. O choque de sua deserção talvez tenha contribuído para sua morte prematura – ou talvez ele simplesmente nunca tivesse aprendido a preparar a própria comida. Azkaban o enfraquecera muito, e Servolo não viveu o bastante para ver o regresso de Morfino a casa.”

— E Mérope? — Harry perguntou — Ela... ela morreu, não foi? Voldemort não foi criado em um orfanato?

— Sim, professor. — Me inclinei na cadeira bastante interessada com a história — O que houve com ela?

— É verdade. Aqui, temos de usar um pouco a imaginação, embora não ache que seja difícil deduzir o que aconteceu. Alguns meses depois de fugir para casar, Tom Riddle reapareceu na casa senhorial de Little Hangleton sem a mulher. Correu pela vizinhança o boato de que alegava ter sido “ludibriado” e “abusado em sua boa-fé”. O que quis dizer, sem dúvida, é que estivera enfeitiçado e finalmente se libertara, embora eu presuma que não se atrevesse a usar os termos exatos com medo de que o julgassem louco. Quando souberam da sua história, os aldeões imaginaram que Mérope tivesse mentido a Tom Riddle, fingindo que ia ter um filho dele, razão pela qual o rapaz se casara.

— Mas ela teve realmente um filho dele. — Falei

— Teve, mas somente um ano depois de casarem. Tom Riddle deixou-a quando ainda estava grávida.

— Qual foi o problema? — Perguntou Harry — Por que passou o efeito da poção de amor?

— Mais uma vez, estou imaginando — Explicou Dumbledore —, mas acredito que Mérope, que estava profundamente apaixonada pelo marido, não suportou a ideia de continuar a escravizá-lo por artes mágicas. Acredito que tenha decidido parar de lhe dar a poção. Talvez estivesse convencida de que, àquela altura, a paixão já fosse mútua. Talvez pensasse que ele não a deixaria por causa do bebê. Se assim foi, enganou-se em ambos os casos. Ele a abandonou, nunca mais a viu e nunca se preocupou em descobrir o que acontecera ao filho.

   O céu lá fora estava nanquim, e as luzes no escritório de Dumbledore pareciam brilhar mais fortemente do que antes. Eu estava praticamente horrorizada com a história e com muita pena de Mérope, o tanto que ela sofreu, e ainda foi abandonada pelo homem que amava, isso é horrível.

— Acho que já é o suficiente, por hoje, Harry e Rox. — Disse Dumbledore instantes depois

— Sim, senhor. — Disse Harry, eu só assenti

   Eu e Harry nos colocamos de pé, mas não se retiramos.

— Senhor... é importante conhecer tudo isso sobre o passado de Voldemort? — Perguntei

— Muito importante, acho.

— E... tem alguma coisa a ver com a profecia? — Dessa vez foi Harry quem perguntou

— Tem tudo a ver com a profecia.

— Certo. — Aceitou Harry um pouco confuso, mas ainda assim mais tranquilo

   Ele olhou pra mim e nos viramos para sair, então me ocorreu mais uma pergunta, e eu dei meia-volta.

— Professor, temos permissão para contar ao meu irmão e Hermione tudo que o senhor me contou?

   Dumbledore nos estudou por um momento e em seguida respondeu:

— Tem, acho que o sr. Weasley e a srta. Granger se provaram dignos de confiança. E a srta. Brown também, se for da sua vontade, Rox. Lembre-se do que falei antes das férias.

   Eu assenti.

— Mas — Continuou ele — vou pedir que recomendem a eles para não repetirem nada disso para mais ninguém. Não seria uma boa ideia se vazasse o quanto sei ou suspeito dos segredos de Lorde Voldemort.

— Não, senhor, vou garantir que apenas Rony e Hermione saibam. — Contei — E vou conversar com a Lav. Boa-noite.

   Fui até Harry e demos as costas ao diretor, estávamos quase na porta quando o vi. Em cima de uma das mesinhas de pernas finas que suportavam tantos objetos de prata de aparência frágil havia um feio anel de ouro com uma enorme pedra negra e rachada.

— Senhor — Comentou Harry fixando o objeto — Aquele anel...

— Sim?

— O senhor estava usando-o na noite em que visitamos o professor Slughorn.

— De fato estava — Concordou o bruxo

— Mas não é... senhor, não é o mesmo anel que Servolo Gaunt mostrou a Ogden?

   Dumbledore assentiu.

— O mesmíssimo.

   Eu me virei para o diretor, curiosa.

— Então como é...? O senhor sempre o teve?

— Não, eu o adquiri muito recentemente. Aliás, poucos dias antes de ir buscar Harry na casa de seus tios.

— Teria sido mais ou menos na época em que o senhor feriu sua mão, senhor?

— Mais ou menos naquela época, sim, Harry.
 
   Harry hesitou, eu olhei, curiosa. Dumbledore estava sorrindo.

— Senhor, como foi exatamente…?

— É muito tarde, Harry, Rox. Vocês ouvirão a história outro dia. Boa-noite.

— Boa-noite, senhor.

  Hello bruxinhoooos!!!

   Como estamos?? Ansiosos pelo que vem pela frente... kkkkk, guardem bem os mínimos detalhes.

   Nos vemos quarta-feira.

– Bjosss da tia Nick.

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