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66 | The Second War Begins

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66. Começa a Segunda Guerra
       
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  P-posso te dar um abraço?
 
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RETORNA-AQUELE-QUE-NÃO- DEVE-SER-NOMEADO

   Em breve declaração na sexta-feira à noite, o ministro da Magia Cornélio Fudge confirmou que Aquele-Que-Não-Deve-Ser- Nomeado retornou ao país e já começou a agir.

  “É com grande pesar que confirmo que o bruxo que se autodenomina Lorde, bom, vocês sabem a quem me refiro, está vivo e mais uma vez entre nós”, disse Fudge, parecendo cansado e nervoso ao se dirigir aos repórteres. “É quase com igual pesar que informamos a ocorrência de uma rebelião em massa dos Dementadores de Azkaban, que demonstraram sua insatisfação em continuar a servir ao Ministério. Acreditamos que os Dementadores estão presentemente recebendo ordens do Lorde... das quantas.

  “Pedimos à população mágica que se mantenha vigilante. O Ministério está presentemente publicando guias de defesa doméstica e pessoal que serão distribuídos gratuitamente em todas as residências bruxas no próximo mês.”

  A declaração do ministro foi recebida com consternação e sobressalto pela comunidade bruxa, que ainda na quarta-feira recebia garantias do Ministério de que não havia “fundamento algum nos persistentes boatos de que Você-Sabe-Quem estivesse mais uma vez agindo entre nós”.

   Os detalhes dos acontecimentos que provocaram essa reviravolta ministerial ainda são nebulosos, embora se acredite que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado e um seleto grupo de seguidores (conhecidos como Comensais da Morte) conseguiram entrar no próprio Ministério da Magia na noite de quinta-feira…

   Alvo Dumbledore, reconduzido ao cargo de diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e igualmente ao de membro da Confederação Internacional de Bruxos e de presidente da Suprema Corte dos Bruxos, ainda não fez declarações à imprensa. Durante o último ano ele insistiu que Você-Sabe-Quem não estava morto, como todos desejavam e acreditavam, mas andava novamente recrutando seguidores para outra tentativa de tomar o poder. Entrementes, “O-Menino-Que-Sobreviveu”...

— Taí, Harry, eu sabia que iam arranjar um jeito de meter você nessa história. — Disse Hermione, olhando por cima do jornal para o amigo

   Estávamos na ala hospitalar. Eu e Harry estávamos sentados na ponta da cama de Rony, e os três ouvíamos Hermione ler a primeira página do Profeta Dominical. Ginny, cujo tornozelo fora curado num instante por Madame Pomfrey, estava encolhida aos pés da cama de Hermione; Lavender, que retornara do St. Mungus no dia anterior para terminar a sua recuperação em Hogwarts, estava deitada na cama do lado de Rony, braços e pernas enfaixados, mas ela sorria enquanto conversava com Blaise Zabini que viera visitá-la; Neville, cujo nariz fora igualmente restaurado ao tamanho e forma naturais, se acomodara em uma cadeira entre as camas de Rony e Hermione; e Luna, que aparecera para visitá-los, trazendo a última edição do  Pasquim, estava lendo a revista de cabeça para baixo, aparentemente sem ouvir uma palavra do que Hermione dizia; Vega era a única que não estava presente, devia estar com a mãe, não tínhamos conseguido falar muito com ela desde a quinta-feira.

— Mas ele voltou a ser o “menino que sobreviveu” não é? — Comentei sombriamente — Não é mais um exibicionista delirante, eh?

   Rony se serviu de um punhado de Sapos de Chocolate na imensa pilha ao lado do seu armário de cabeceira, atirou alguns para mim, Harry, Ginny e Neville, e virou-se para a cama do seu lado esquerdo:

— Você quer? — Ergueu um dos sapos de chocolate pra Lavender, que tenho impressão de ter corado, enquanto Zabini, sem que ninguém visse, revirava os olhos

— Não, Ron, estou sem fome. — Sorriu Lav, meiga como sempre, ao se ajeitar para sentar-se direito na cama; segundo Madame Pomfrey não dava pra saber se as marcas de seu corpo seriam permanentes ou não, embora fosse bem possível que fossem, já que as queimaduras foram bastante graves, de modo que ela perdeu até uma parte da pele nas pernas, e a enfermeira mencionou que teria que trocar as ataduras três vezes ao dia para não infeccionar, além dela ser obrigada a beber dois tipos de poções diferentes, mas mesmo assim Lav parecia satisfeita e dificilmente tirava o sorriso do rosto, estava bem de ter se machucado fazendo uma boa ação — Mas obrigada.

  Meu irmão fez um “Hum” e se virou de novo, cortando a embalagem do sapo com os dentes. Ainda havia fundos vergões em seus braços, onde os tentáculos do cérebro tinham se enrolado. Segundo Madame Pomfrey, os pensamentos podiam deixar marcas mais profundas do que qualquer outra coisa, embora, depois que ela começara a aplicar generosas quantidades do Unguento do Olvido do Dr. Ubbly, parecesse ter havido alguma melhora.

— É, eles agora falam de você elogiosamente, Harry. — Disse Hermione, passando os olhos pelo artigo. Uma voz solitária da verdade... considerado desequilibrado, mas que jamais vacilou em sua história... forçado a suportar a ridicularia e a calúnia... — Hummm! — Exclamou ela franzindo a testa: — Pelo visto esqueceram de mencionar que foi o próprio Profeta que ridicularizou e caluniou você…

   Ela fez uma pequena careta e levou a mão às costelas. O feitiço que Dolohov usara contra ela, embora menos eficaz do que teria sido se o bruxo tivesse podido dizer o encantamento em voz alta, ainda assim causara, nas palavras de Madame Pomfrey, “estragos suficientes para ocupá-la”. Hermione precisava tomar dez tipos de poções todos os dias, melhorava visivelmente, e já se sentia chateada na ala hospitalar.

A última tentativa de Você-Sabe-Quem para assumir o poder (pp. 2, 3, 4), O que o ministro devia nos ter dito (p. 5), Por que ninguém deu ouvidos a Alvo Dumbledore (pp. 6, 7, 8), Entrevista exclusiva com Harry Potter (p. 9)... Bom — Comentou Hermione, fechando o jornal e atirando-o para o lado — não há dúvida de que tiveram muito assunto para comentar. E a entrevista com Harry não é exclusiva, é a que foi publicada no Pasquim há meses…

— Papai a vendeu ao Profeta — Disse Luna vagamente, virando a página do seu exemplar do Pasquim — E conseguiu um bom preço, então vamos fazer uma expedição à Suécia no verão para ver se capturamos um Bufador de Chifre Enrugado.

   Hermione pareceu se debater intimamente por um momento, então disse:

— Parece uma ótima ideia.

   Percebi o olhar de Ginny encontrar o de Harry, e ela o desviou depressa com um sorriso.

— Então — Disse Hermione, se sentando mais reta e fazendo outra careta — Que é que está acontecendo na escola?

— Bom, Flitwick fez desaparecer o pântano de Fred e George. — Disse Ginny — Em uns três segundos. Mas deixou um pedacinho debaixo da janela e passou um cordão de isolamento…

— Por quê? — Perguntou Hermione, espantada

— Ah, porque ele diz que foi uma mágica realmente muito boa. — Respondi despreocupadamente, guardando a figurinha de Hesper Starkey no meu bolso, depois de a ler e começando a finalmente comer a cabeça do sapo de chocolate

— Acho que deixou como um monumento a Fred e George. — Disse Rony, com a boca cheia de chocolate — Eles é que me mandaram tudo isso, sabe — Disse a mim e Harry, apontando para a pilha de Sapos — Devem estar faturando bem com aquela loja de logros, eh?

   Hermione fez uma cara de censura e perguntou:

— Então, todas as confusões terminaram agora que Dumbledore voltou?

— Bom, eu soube que as aulas de Estudo dos Trouxas, já agora no fim de ano, estão com professor substituto. — Disse Ginny — O Colin comentou… parece que a Profa. Misttigan não está em condições de dar aulas, se bem que ninguém pode a julgar, né?

— E ainda estranham o sumiço da Amélia Hughes. — Comentou Luna de forma despreocupada, lembrando-me do fato de Amélia/Sol não ter retornado a Hogwarts depois do que houve na batalha no Ministério

— Acredita que alguns falaram que acham que ela quis seguir o caminho dos gêmeos e agora está com o George!? — Exclamou Ginny, indignada — Como se meu irmão fosse querer algo com àquela garota, fala sério. Nome falso, uma falsa completa.

— Filha da Bellatrix Lestrange… — Hermione balançou a cabeça negativamente — Quem diria… né? E… — Ela voltou a folhear o Profeta Diário — não mencionaram a morte da mãe dela em nenhum lugar, digo da que criou ela…

— Carolla Burke. — Respondi revirando os olhos ao pensar naquela mulher — Conhecida como Alba Hughes… bom, vai ver eles estão tentando acobertar o fato de terem se deixado enganar por ela por tanto tempo, e que tinham uma Comensal da Morte como Auror.

— Com certeza foi isso mesmo. — Concordou Hermione

— Mas tirando isso — Disse Neville querendo mudar o clima tenso que o assunto de Carolla e Sol deixara — tudo voltou ao normal.

— Suponho que Filch esteja feliz, não? — Perguntou Rony, apoiando o cartão do Sapo de Chocolate com a cara de Dumbledore em sua jarra de água

— Que nada. — Disse Ginny — Está realmente muito, mas muito infeliz mesmo… — Ela baixou a voz e sussurrou: — Não para de repetir que Umbridge foi a melhor coisa que já aconteceu a Hogwarts…

   Nós sete olhamos para o lado. A Profa. Umbridge estava deitada na cama oposta, contemplando o teto. Dumbledore entrara sozinho na Floresta para salvá-la dos centauros; como fizera isso – como saíra do meio das árvores amparando a Profa. Umbridge, sem nem um arranhão –, ninguém soube, e Umbridge com certeza não iria contar. Desde que voltara ao castelo, e até onde sabíamos, não dissera uma única palavra. Ninguém realmente sabia qual era o problema dela, tampouco. Os cabelos cor de rato, em geral cuidadosamente penteados, estavam revoltos e ainda havia pedacinhos de gravetos e folhas presos neles, mas, de outro modo, parecia estar inteira.

— Madame Pomfrey diz que está sofrendo de choque. — Sussurrou Hermione

— Parece mais rabugice. — Arriscou Ginny

— Parece mesmo. — Não hesitei soltar uma risadinha concordando com minha irmã

— É, mas ela dá sinal de vida se você fizer isso. — Disse Rony, imitando o som de um galope com a língua. Umbridge se sentou imediatamente, olhando para os lados alucinada

— Algum problema, professora? — Perguntou Madame Pomfrey, metendo a cabeça para fora da porta do seu consultório

— Não... não... — Respondeu Umbridge, tornando a afundar nos travesseiros — Não, devo ter sonhado…

   Eu, Hermione e Ginny abafamos as risadas nas cobertas.

— E por falar em centauros... — Disse Hermione quando se recuperou um pouco do acesso de riso — Quem é o professor de Adivinhação agora? Firenze vai continuar?

— Tem de continuar. — Respondeu Harry — Os outros centauros não querem aceitá-lo de volta, ou querem?

— Parece que ele e Trelawney vão ensinar a disciplina. — Comentou Ginny

— Aposto como Dumbledore gostaria de ter conseguido se livrar da Trelawney para sempre. — Comentou Rony, agora mastigando o décimo quarto Sapo e me fazendo meio que arquear uma sobrancelha ao imaginar ele com cárie ou pegando diabetes —  Mas, veja bem, a disciplina não serve para nada, se querem saber a minha opinião, Firenze não é muito melhor…

— Como pode dizer uma coisa dessas? — Hermione o interpelou — A Rox consegue ver coisas.

— E já falei centenas de vezes que é um futuro incerto, as coisas que eu vejo podem ser modificadas dependendo do decorrer de acontecimentos, nunca é igual. — Expliquei roubando um dos sapos de Rony

— De qualquer forma. — Disse Hermione — Como ele pode dizer isso, depois de também, termos acabado de descobrir que existem profecias verdadeiras?

   O meu coração começou a disparar de leve, no momento em que eu e Harry nos entreolhamos. Não contamos a Rony e Hermione nem a ninguém o que dizia a profecia. Neville tinha falado a eles que a profecia se espatifara quando Harry o arrastava para o alto na Sala da Morte, e eu e Harry ainda não corrigimos essa impressão. Não estávamos preparados para ver a expressão no rosto deles quando disséssemos que Harry teria de ser ou assassino ou vítima, e a vitória ou derrota de Voldemort estava em minhas mãos, que não havia opção.

— Foi uma pena ter quebrado. — Comentou Hermione em voz baixa, balançando a cabeça

— Foi. — Concordou Rony — Mas pelo menos Você-Sabe-Quem também não descobriu o que dizia… aonde é que você vai? — Acrescentou, parecendo ao mesmo tempo surpreso e desapontado ao ver Harry se levantar

— Aa... à cabana de Hagrid. Sabe, ele acabou de chegar e prometi que iria até lá para vê-lo e dar notícias de vocês.

— Ah, tudo bem então. — Resmungou Rony, olhando pela janela da enfermaria para o pedaço de céu muito azul além — Gostaria que a gente pudesse ir também.

— Owww. — Me levantei da cama e fui até ele o abraçando de lado e lhe dando um beijo na bochecha — Logo logo você vai poder sair, irmãozinho.

— E você pra onde vai? — Perguntou ele

— Lee disse que tinha algo pra falar comigo, acabei de lembrar. — Respondi ajeitando a barra da minha saia — Me espera, Harry, eu te acompanho até o jardim.

   Harry fez um “tá” enquanto eu fui primeiro até a cama de Lavender, que ria de algo que Blaise, sentado na ponta de sua cama, acabara de falar.

— Já vai? — Perguntou Lav para mim

— Tenho que resolver uma coisa, mas talvez eu volte aqui mais tarde. — Respondi a abraçando — Se cuida, hem, mocinha.

— Pode deixar que eu cuido dela. — Blaise falou convencido, de modo que eu sorri pra ele agradecendo, enquanto Lav, brincalhona, nos dava língua

— Não me tratem como criança. — Resmungou ela

— Ok, ok. Tchau, amiga. — Acenei e acompanhei Harry até a porta da enfermaria enquanto dava tchau para Hermione e Rony agora

— Dá um alô a ele por nós, Harry! — Falou Hermione, quando Harry ía abrindo a porta — E pergunta a ele o que está acontecendo com... com o amiguinho dele!

   Harry fez um aceno para indicar que ouvira e entendera, e saímos juntos. O castelo parecia muito silencioso mesmo para um domingo. Era evidente que todos estavam nos jardins ensolarados, aproveitando o fim dos exames e a perspectiva de um finalzinho de trimestre sem revisões nem deveres de casa. Caminhamos calados e lentamente pelo corredor deserto, espiando pelas janelas no caminho; vi alguns alunos brincando por cima do campo de quadribol e outros nadando no lago, acompanhados pela lula-gigante.

   Lembrei-me aleatoriamente do que acontecera horas depois que Dumbledore liberara a mim e Harry de sua sala. O momento em que estava passando pela Torre de Astronomia e me encontrei com Draco Malfoy, parecia que ultimamente ele gostava de ficar lá, olhando simplesmente a vista.

— Oi… — Falei meio tímida e insegura ao dar alguns passos incertos para perto dele

  Ele se virou depressa. Vi a surpresa em seu rosto ao me ver e depois a raiva.

— Que você quer?

   Respirei fundo e coloquei a mão no bolso, tirando de lá a varinha dele  próprio e estendendo minha mão com ela para ele.

— D-desculpa. — Pedi e tentei abrir um sorriso sem vida; não era só uma desculpa por ter pego sua varinha, por ter o enganado e o beijado, não era por isso, era por saber o tipo de pai que ele tinha

   Acho que nunca esquecerei a cara que ele fez, a surpresa de ver a varinha, e um brilho nos olhos quando a pegou, e me olhou com um sorriso também vago.

   Até hoje eu tentava entender o que acontecera aquele dia. Desde que eu ouvi a profecia não me sentia mais eu mesma, era como se àquela Rox estivesse morta, e eu fosse outra pessoa presa nesse corpo dela, nessas roupas que não me satisfazem mais, até do meu cabelo eu enjoei. Porém, outra coisa que aconteceu depois daquele dia foi a minha conversa com Regulus Black, no fundo eu sabia que precisava saber o porquê ele mentiu por tantos meses e em nenhum momento o garoto quis que eu soubesse seu verdadeiro nome. Estava cansada de tantas mentiras.

   Foi na mesma noite depois que falei com Draco. Eu estava sentada na minha cama, a contemplar o dormitório vazio. Parvati devia estar no Salão Comunal, Hermione na enfermaria, Lavender no St. Mungus, já Sol Lestrange só Merlim devia saber. Marshall era minha única companhia, sentado em meu colo enquanto eu acariciava seu pelo e relembrava os últimos acontecimentos.

— Oi… — Disse uma voz hesitante; levantei meus olhos para o garoto de cabelos encaracolados — Posso sentar aqui?

   Eu assenti confirmando.

— Acho que… você está querendo saber porque eu menti, né?

   Sem falar coisa alguma eu toquei no braço esquerdo dele, aproveitando que ele sentara de meu lado direto, minhas mãos estavam naquele momento na natural áurea roxa, já que eu tocava em um espírito. Regulus, como sempre, usava camisa preta social de manga comprida, então só o que fiz foi desabotoar o botão do pulso e puxar a manga da camisa pra cima, antes que ele pudesse dizer algo, e então vi, bastante nítido mesmo para um espírito, a marca negra. O garoto suspirou ao ver o que eu olhava.

— É… — Disse ele tristonho — Sirius já tinha falado de mim pra vocês, não foi? Naquele dia no Largo Grimmauld… Sim, eu ouvi. O irmão mais novo, o idiota que não teve coragem o suficiente pra enfrentar os pais e se tornou um Comensal da Morte pra depois acabar morto aos dezoito anos...

— Arc, digo... Regulus, por que você nunca me disse quem você é?

— O que pensaria se eu dissesse? Você quase me julgou só por eu ter sido da Slytherin, imagina se soubesse que também fui Comensal.

— É… — Concordei imaginando minha reação de meses atrás — Você tem razão.

— Achei melhor que fosse assim por um tempo, te falaria meu nome em breve, quando você confiasse suficientemente em mim pra não… achar que sou mal. — Disse ele, parecendo meio nervoso ao mexer em seus dedos

— O Sirius nunca se referiu a você como vilão, que só entrou nisso para agradar seus pais e que depois não soube sair.

   Vi Regulus levar as mãos aos olhos e tive a quase certeza de que estava tentando não chorar.

— Meus pais, sabe, ou melhor, a minha mãe… ela sempre foi bem…

— Complicada?

— É, você viu lá no Largo Grimmauld, ela sempre foi dessa forma e eu e Sirius sofríamos com isso desde crianças, a pressão para sermos perfeitos, entende…? Eu nunca tive a coragem de Sirius, ele sempre enfrentou a mamãe e me defendia, mas eu era um frouxo, seguia tudo que a mamãe falava por medo. — Ele encarava o chão, a voz distante — Então Sirius foi para Hogwarts, eu fiquei sozinho e as coisas só pioraram, eu me vi mesmo sem querer me afastando do irmão que eu tanto admirava, ele foi pra Gryffindor e fez amigos, enquanto eu, no ano seguinte, fui mandado para Slytherin e fiz meus próprios amigos, futuros comensais da Morte. Não eram meus amigos de verdade, eram víboras com o mesmo pensamento de meus pais. Que a Supremacia Sangue puro é tudo que mais importa e todos os sangue ruins deviam morrer.

   Ele suspirou como se falar daquilo lhe doesse muito, eu pus a mão em seu ombro, o incentivando a continuar.

— Eu tinha inveja de Sirius, sabe. Quer dizer… não era inveja, mas era algo como… eu admirava as amizades dele, queria saber como era ter alguém que se importe. E de fato, eu odiava o James.

— O pai do Harry? — Perguntei franzindo a testa

   Regulus concordou com um sorriso culpado.

— Talvez eu tivesse ciúmes da amizade de Sirius com ele, eles eram como irmãos. E eu queria ser próximo do meu irmão.

   Eu assenti, entendia bem.

— Então Sirius saiu de casa, ele estava feliz, mas eu fiquei no inferno, a guerra se aproximando e meus pais iludidos com as palavras do Lorde das Trevas sobre a Supremacia Sangue puro, que estava a procura de aliados que fossem a favor da causa.

— Eles te obrigaram a entrar? — Eu o olhei sentida

   Regulus balançou a cabeça lentamente, confirmando com ressentimento enquanto olhava para as próprias mãos.

— Eu não sabia que eles estavam matando pessoas, não sabia que queriam resumir a população bruxa somente a Sangues Puro, eu não fazia a menor idéia, era só um menino frouxo e medroso que não tinha coragem de dizer não aos pais, só queria que… — Ele tremia, quase lacrimejando — só queria que tivessem orgulho de mim.

   Nesse momento eu suspirei fundo e olhei para o chão.

— Querer que os pais sinta orgulho… é digamos que eu te entenda bem. — E voltei a jogar pra ele — Como foi que você morreu?

— Traí o Lorde das trevas — Disse direto — Não me pergunte como foi, não posso dar detalhes agora, só o que importa é que eu tentei fazer algo bom, pelo menos uma vez na vida, no momento certo você vai saber o que foi. — Suspirou fundo então, mexendo nas mãos — Digamos que minha boa ação tendeu água entrando por cada partícula do meu organismo e te garanto que não é bom ter o cérebro nadando dentro da cabeça… não é nenhum pouco legal morrer afogado.

— Não é legal morrer de nenhum jeito. — Falei suspirando

— Afogado é agoniante, você viu naquele dia quando caiu no lado, deve ter sentido um pouco da agonia. — Retrucou — Mas de qualquer forma, no “Avada Kedavra” não se sente dor sabia? A Mia me disse, e fico feliz dela não ter sofrido, às vezes acho que nunca vou me esquecer a agonia e tortura que senti… no desespero antes do meu corpo finalmente ceder, meu coração parar e minutos depois meu corpo morto boiar pra superfície. Mentira… ele não boiou minutos depois, na verdade nunca subiu à superfície por causa da atmosfera da água. Já estudei sobre isso, ou simplesmente vi em um livro, normalmente os corpos boiam quando já estão em estado de decomposição, a atividade bacteriana em seu interior causa uma reação que libera gases que ficam armazenados em seu interior. Quando se acumula uma quantidade suficiente de gás, o corpo ganha flutuabilidade para subir de novo à superfície. Mas quanto mais frio a água estiver, menor atividade bacteriana haverá e menor volume terão os gases acumulados no interior do cadáver. Pode inclusive acontecer de o corpo ficar conservado pelo frio e jamais subir à superfície. Foi o que aconteceu com o meu, meu esqueleto continua no fundo do lago. Não se fosse adiantar de grande coisa ele boiar.

— No lago!? — Exclamei — Tipo, no Lago Negro?

— Quê? — Ele deu um riso sem graça — Claro que não, não é aqui. Na real, um dia você vai entender melhor a minha morte.

— Por que tudo é tão misterioso quando se trata de você?

— Porque motivos e consequências da minha morte ainda assombram ou podem assombrar os vivos. — Ele suspirou voltando a fixar o chão, pensativo

— Ah, Regulus… — Coloquei a mão em seu ombro, sem saber o que falar

— Bom, foi isso que aconteceu, agora você sabe porque eu não te disse meu nome. Primeiro porque não gosto de relembrar da minha vida e segundo porque eu não queria que você achasse que sou um vilão.

— Desculpa se algum dia desconfiei de você, Regulus. Você é tudo, menos mal.

   Ele me olhou e abriu um sorriso vago.

— Parece que morto eu sou mais feliz que vivo. — Comentou me fazendo rir e lhe dar um soco de leve no ombro — Sabe… Médiumagas podem se comunicar com qualquer morto, mas só três tem o dever de a acompanhar em qualquer momento, e estou feliz que o destino fez que seja eu a te acompanhar, e que você seja uma Médiumaga tão compreensiva e amiga. É bom ter alguém vivo pra conversar, embora seja estranho.

   Eu ri e ele me acompanhou.

— Então e o seu irmão? — Perguntei

— Não fez a travessia ainda, não sei quanto tempo vai demorar, a morte dele foi diferente.

— E como você está em questão a isso?

    Regulus suspirou novamente.

— A morte chega pra todos, mas nunca estamos preparados pra ir embora. Ok, eu queria que o Sirius tivesse tido uma vida melhor que a minha, ele merecia aproveitar mais, ele tinha uma esposa e uma filha… a Vega é a cópia fiel dele. — Regulus riu meio pensando na sobrinha e eu sorri da cara dele; ele então voltou a me olhar e acrescentou: — Mas coisas ruins acontecem a pessoas boas, não é? A vida é assim. Eu tô bem, estou morto e vou me encontrar com Sirius em breve, quem sabe fazemos as pazes antes dele ir se encontrar com James e Lillian Potter, e as amigas dele, as que namoravam… não lembro os nomes.

— Hum… — Concordei, embora minha mente estivesse longe — Não acha que Sirius deveria ter a chance de se despedir do Harry, da Vega e da Sienna?

   Nesse instante, Regulus franziu a testa.

— Não está pensando em…

— Sim, Regulus, é exatamente isso que estou pensando.

   Desde aquele dia só estava esperando que Regulus me trouxesse a notícia que Sirius fez a travessia, não aguentava mais ver a tristeza de Harry, Vega e da Profa. Misttigan sem que eu possa fazer nada.

   Olhei para o lado e vi que como sempre Harry estava no mundo da lua, se lamentando por algo com certeza. Tínhamos acabado de descer o último degrau de mármore para o Saguão de Entrada quando, pra minha infelicidade, Draco Malfoy, Crabbe e Goyle surgiram por uma porta da direita que eu sabia levar à sala comunal da Slytherin. Harry se imobilizou; o mesmo fizeram Malfoy e os outros, de modo que contra minha vontade, também fui forçada a parar. Os únicos sons que ouvíamos eram os gritos, as risadas e os mergulhos que entravam no saguão pelas portas abertas.

   Draco olhou para os lados –  eu sabia que o garoto estava verificando se havia sinal de professores – e depois para Harry, como sempre me ignorando, e disse em voz baixa.

— Você está morto, Harry.

   Eu suspirei, querendo cavar um buraco e me esconder nele pra não ter que ouvir os dois discutirem. Harry, porém, ergueu as sobrancelhas.

— Engraçado, então eu deveria ter parado de circular por aí…

   O loiro parecia mais furioso do que eu jamais o vira; eu deveria ter sentido uma espécie de satisfação distante à vista daquele rosto pontudo e pálido contorcido de raiva, mas, pelo contrário, tive pena.

— Você vai me pagar — Disse Malfoy em um tom que era quase um sussurro — Vou fazer você pagar pelo que fez ao meu pai…

   Eu me enfureci e quis bater em Draco. Como poderia ser tão idiota a ponto de defender o pai dele sendo que Lucius Malfoy nem liga pra ele!?

— Bom, agora fiquei aterrorizado. — Disse Harry sarcasticamente — Suponho que Lorde Voldemort tenha sido apenas um aquecimento comparado a vocês três... qual é o problema? — acrescentou, pois Malfoy, Crabbe e Goyle pareciam chocados ao ouvir aquele nome — Ele é um companheiro do seu pai, não é? Você não tem medo dele, tem?

— Você se acha um grande homem, Potter. — Disse Draco avançando agora, ladeado por Crabbe e Goyle — Espere só. Vou arrebentar você.

— Você não vai tocar nele. — Dei um passo a frente e os olhei séria; eu sabia que não era alta o suficiente pra cobrir Harry, de modo que minha atitude devia ter sido patética, mas eu tinha consciência de que conseguia derrubar os três sem muito esforço

   Draco ficou vermelho de raiva ao me ver defender Harry, já os cães de guarda riram.

— Quer que a gente pegue ela, Malfoy? — Perguntou Goyle

   Draco o lançou um olhar mortal.

— Eu não mandei ninguém tocar nela! — Exclamou, impaciente antes de tornar a olhar para mim e Harry — Meu assunto é com o Potter, ou será que você não consegue se defender sozinho? Precisa mesmo recorrer a feiticeiras?

— Uhh. — Debochei soltando um risinho e o fitando — Você já sabe o que eu sou, oh, óbvio. Alguns Comensais da Morte gritaram atordoado que eu sou um “Demônio” antes de serem levados à Azkaban, e notícias se espalham rápido, não?

   Draco fingiu não me ouvir.

— Também posso ler mentes, Draco. — Acrescentei convencida, o fazendo amarrar mais a cara

— E eu não preciso ler sua mente pra saber certas coisas. — Revidou parando seus olhos cinza em mim

   Eu assumi cara de raiva.

— Acha que seu namoradinho diria o quê se soubesse que você me beijou há apenas uns dias? — Acrescentou com um risinho vitorioso

— Qualquer idiota saberia que eu fiz isso pra conseguir fugir e você quem foi tão idiota que caiu como um patinho! — Rebati com a verdade a qual eu tentava me convencer ser real

— Isso é o que você diz.

— Seu idiota, acha que eu quero te beijar? — Perguntei alterada, me segurando no impulso de o socar

   Draco deu um risinho de desdém, logo me ignorando.

— Eaí, Potter, não sabe mesmo se defender, sozinho? — Disse em voz mais alta para eu não conseguir o cortar

   Harry soltou um muxoxo e deu um passo a frente, depois de me empurrar um pouco para o lado. Crabbe e Goyle avançaram.

— Ôu, ôu. — Repreendi os dois levantando minhas mãos e os fazendo parar — Quietinhos, cachorrinhos. A briga não é de vocês, o Draquinho sabe se defender, okay?

— Potter. — Esbravejou Draco, rilhando os dentes e o olhando com fúria — Pensa que pode meter meu pai na prisão…?

— Pensei que tivesse acabado de fazer isso.

— Os Dementadores abandonaram Azkaban. — Falou sem se alterar — Meu pai e os outros vão sair logo, logo.

— É, imagino que sim. Mas pelo menos agora todo o mundo sabe os canalhas que eles são…

   A mão de Draco voou para a varinha, mas Harry foi mais rápido; puxara a própria varinha antes que os dedos do loiro sequer tivessem entrado no bolso das vestes.

— Potter!

   A voz ecoou pelo Saguão de Entrada. Snape aparecera no alto da escada que levava ao seu escritório e, ao vê-lo, percebi um grande assomo de ódio que superou qualquer sentimento com relação a Malfoy, eram os sentimentos de Harry... Dumbledore dissesse o que dissesse, ele jamais perdoaria Snape… jamais…

— Que está fazendo, Potter? — Interpelou-o Snape, frio como sempre, ao caminhar decidido para nós cinco — E você, Weasley?

   Dando um sorriso culposo, abaixei minhas mãos e Crabbe e Goyle voltaram a se mexer, enquanto eu metia as mãos no bolso.

— Estou tentando me decidir que feitiço lançar no Malfoy, professor. — Respondeu Harry com ferocidade

— E eu só estou observando, professor. — Acrescentei Naturalmente

   Snape encarou Harry.

— Guarde essa varinha agora. — Disse secamente — Dez pontos a menos para Gryff…

   Snape olhou para as gigantescas ampulhetas nas paredes e sorriu com desdém.

— Ah, estou vendo que não restaram pontos na ampulheta da Gryffindor para se subtrair nada. Neste caso, Potter, teremos simplesmente de…

— Acrescentar mais alguns?

   A Profa. McGonagall acabara de subir mancando os degraus de entrada do castelo; trazia uma maleta de tecido escocês em uma das mãos e se apoiava pesadamente em uma bengala com a outra, mas de outro modo parecia bastante bem.

— Professora!? — Eu sorri animada em a ver

— Profa. McGonagall! — Exclamou Snape, se adiantando — Vejo que teve alta do St. Mungus!

— Olá, Srta. Weasley, e sim, eu tive, Prof. Snape. — Disse ela, tirando a capa de viagem com um trejeito de ombro. — Estou quase nova. Vocês dois... Crabbe... Goyle…

   Com um gesto autoritário, ela mandou que os garotos se aproximassem e eles obedeceram, desajeitados, arrastando os enormes pés.

— Tomem. — Disse a professora, atirando a maleta no peito de Crabbe e a capa no de Goyle — Levem isso para o meu escritório.

   Eles se viraram e se foram escada acima.

— Muito bem, então. — Disse a Profa. McGonagall, olhando para as ampulhetas na parede — Bom, acho que Potter, Weasley e seus amigos devem receber cada um cinquenta pontos por alertarem o mundo para o retorno de Você-Sabe-Quem! Que é que o senhor diz, professor?

— Quê? — Retorquiu Snape, embora eu soubesse que ele ouvira perfeitamente — Ah... bom… suponho…

— Então, são cinquenta para Potter e para a Srta. Weasley aqui, para os dois outros Weasley, para Longbottom e as Srtas. Granger, Brown e Misttigan. — E uma chuva de rubis desceu para a bolha inferior na ampulheta da Gryffindor enquanto ela falava — Ah... e cinquenta pontos para a Srta. Lovegood, suponho — Acrescentou, e o número mencionado de safiras caiu na ampulheta da Ravenclaw — Agora, o senhor queria descontar dez do Sr. Potter, Prof. Snape... então aí estão…

   Alguns rubis voltaram ao bulbo superior, mas deixaram embaixo uma respeitável quantidade.

— Bom, Potter, Weasley e Malfoy, acho que vocês deviam estar lá fora em um belo dia como este. — Continuou a professora com energia

   Não precisei que ela falasse duas vezes; e rumei para as portas de entrada, depois de acenar para Harry, e sem mais olhar para Snape nem Draco.

   O sol forte me atingiu com impacto quando atravessei os gramados em direção ao lago, à procura de Lee, e vi Harry, rumar para casa de Hagrid.

   Os estudantes que estavam deitados na grama tomando banho de sol, conversando, lendo o Profeta Dominical e comendo doces, se viraram para olhá-lo quando ele passou; alguns o chamaram, ou então acenaram, claramente pressurosos em mostrar que, tal como o Profeta, haviam decidido que ele era uma espécie de herói. Até comigo tentaram falar, embora, alguns ficaram com um pouco de receio. Harry, porém, não falou com ninguém e eu muito menos. Não fazia idéia do quanto eles sabiam sobre o que acontecera há três dias, mas não estava com a menor vontade de conversar sobre aquilo com alguém.

  Logo avistei quem eu procurava, sentado na sombra de uma árvore, quase na margem do Lago Negro, sentindo o vento do verão, e completamente sozinho, lá estava ele, Lee Jordan.

   Me aproximei dele sentindo um peso no coração, uma tristeza em saber que andávamos tão estranhos ultimamente e eu não fazia a menor idéia do que ele queria falar com tanta urgência.

— Oi… — Falei, hesitante, ao me aproximar o suficiente dele

   Lee se virou, parecendo estar em outro mundo, triste, ressentido.

— Oi. — Disse e voltou a virar-se para observar o lago

   Incerta, eu me sentei ao lado dele, ficando na margem do lago e balançando meus pés acima da água, observando o dia lindo que fazia enquanto meu cabelo voava junto com o vento.

— Não vai dizer nada? — Perguntei passado certo tempo — Achei que você queria falar comigo.

   Lee finalmente se virou, mas parecia está fazendo muito esforço para isso.

— Rox… — Disse ele — Eu te adoro. Sabe, eu realmente te adoro muito. Mas não dá… tipo não dá mais pra fingirmos que está tudo bem quando está tão claro que não está.

— Lee, do que você…

— Eu sei que você não gosta de mim. — Ele me cortou, seus olhos castanhos fixos nos meus azuis

— Como assim!? — Exclamei incrédula — É óbvio que eu gosto de você, eu…

— Você não me ama. — Ele se corrigiu, deixando-me ainda mais indignada, só que dessa vez calada — Eu sei que… você gosta do Malfoy, eu não sou cego, Rox…

  Meus olhos se arregalaram.

— Mas, Lee, eu…

— Sim, às vezes parece que você quem é cega pra não perceber isso.

— Mas, e-eu…

— Tudo bem. — Suspirou ele e tive a leve sensação de que estivesse segurando o choro — Ninguém escolhe por quem se apaixona. Rox, eu queria não te amar. Queria mesmo não gostar de você do jeito que eu gosto, mas… ninguém manda no coração.

   Escondi meu rosto nas mãos, meu coração agitado, enquanto sentia as lágrimas caindo.

— D-desculpa. — Pedi sem conseguir olhar nos olhos dele, e com a voz terrivelmente embargada — Desculpa, eu não queria… eu queria mesmo, mas… mas…

— Tá tudo bem… tá tudo bem… — Disse ele com a voz ligeiramente trêmula ao pegar minhas mãos e tentar me acalmar

— Não está. — Choraminguei sem o olhar e sentindo-me a pior pessoa da face da terra por ter magoado alguém tão doce quanto Lee Jordan — Eu gosto de você, Lee, e-eu…

— Esse é o problema. — E agora estava claro que ele chorava, e sua voz saia tão reprimida por conta das lágrimas — Você gosta de mim, e eu… e-u te amo Rox.

   Nesse momento abaixei a cabeça e desabei, chorando mais que antes.

— Lee...

— Um relacionamento — Ele me cortou, a tristeza era nítida em seu tom de voz — deve ser recíproco e verdadeiro… os dois tem que amar do mesmo jeito para que haja… equilíbrio. Sabe… — E fungou segurando o choro — já faz um tempo que eu tenho notado…  que nosso namoro não é assim, e eu tenho tentado… tentado tanto… de tudo… para que venha dá certo, para que você me ame… mas não dá…

   Pisquei os olhos, incrédula. Lentamente levantando minha cabeça para o encarar, as lágrimas escorrendo enquanto sentia meu corpo tremer.

— V-você tá terminando comigo?

— Eu não queria. — Ele se virou, olhando para o lago, sem querer me encarar, seus lábios tremiam junto com sua voz, e as lágrimas também escorriam — Meus planos não eram, nunca foram esses… eu queria casar com você, ter filhos, ser… feliz ao seu lado.  — Agora constantemente ele levava as mãos ao rosto para enxugar as lágrimas, porém, por mais que se esforçasse, não conseguia firmar a voz e nem parar de chorar — Queria mesmo. Mas não dá mais, eu percebi que você nunca vai me amar do jeito que eu te amo… isso não está sendo cem por cento… não importa o que eu faça e é melhor pararmos de nos enganar. Fingir que está tudo bem… sair empurrando com a barriga. Simplesmente não dá… assim ficamos os dois se machucando. E é porquê eu te amo que acho melhor terminarmos, é por isso que te deixo livre… — Passou a mão nos olhos de novo e, virando-se para mim, acrescentou: — Atração sexual, amizade e admiração não seguram um relacionamento… e eu sei que é só isso que você sente por mim.

   Eu, por minha vez, enxuguei minhas lágrimas com as costas da minha mão, pensando no que ele falara. E o pior de tudo é que eu sabia que ele estava certo, eu nunca senti nada mais por Lee a não ser admiração por ele ser tão bom em quadribol. Ele é mais velho, e eu sempre o achei um gato desde meus onze anos, mas amar? Não, eu nunca o amei.

— D-descul…

— Não precisa pedir desculpas… — Ele fazia muito esforço para não chorar mais — Não é sua culpa… não é culpa sua se não fomos feitos um para o outro.

   Respirei fundo, segurando as lágrimas e olhando fundo em seus olhos de avelã, tão doces.

— M-mas eu preciso… — Minha voz ainda estava fraca — porque eu fui horrível com você.

   Vi mais lágrimas escorrerem de seu rosto mas ele abriu um sorriso triste.

— Não, Rox. — Disse ele, chorando ainda mais — V-você é uma pessoa incrível… inteligente, talentosa, determinada, você merece o mundo.  — Entre as lágrimas, eu abri um sorriso e ele prosseguiu dizendo: — Não é porquê vamos terminar que temos que deixar de ser amigos… pode contar comigo, sempre. Vou está aqui torcendo por você… por sua felicidade e lembrando que você é maravilhosa pra cacete. Porra, você é incrível!

   Eu ri com o rosto molhado e ele fez fez o mesmo.

— Obrigada — Eu choraminguei — por ser você. Não me arrependo e nunca vou me arrepender do tempo que passamos juntos… Lee, você é uma pessoa maravilhosa, tão doce, centrado e incrível… você foi meu primeiro namorado… ah, e também o primeiro garoto com o qual eu dormi — E dei uma risadinha entre as lágrimas que ele retribuiu — , você sempre vai ser importante pra mim e vou está sempre… sempre… sempre mesmo torcendo por você.

  Lee enxugou as lágrimas com a manga do suéter e me olhou com um sorriso triste, mas um aceno de cabeça, enquanto fungava de novo.

— P-posso te dar um abraço? — Perguntei, a voz embargada; logo senti seus braços me envolverem, com aquele cheiro amadeirado de pastilha de hortelã com um toque de chocolate, sempre achei seu perfume tão interessante, doce como ele. Mas naquele momento era diferente o motivo do nosso abraço, do toque dos nossos corpos enquanto os dois choravam, mas não era uma despedida

   Percebi - logo depois que Lee me disse ter que ir resolver algo no castelo e me deixou sozinha embaixo da árvore, observando o Lago e pensando sobre a vida - que por mais que tivéssemos terminado, não é o fim. Um ciclo se encerrou, mas outro se inicia. Eu e Lee não somos mais namorados, voltamos a ser amigos.

    Mas tá tudo bem assim.

    Hello bruxinhoooos!!!

  Cá estou eu, quase 3h da tarde postando o capítulo que deveria ter postado ontem kkkk. Sorry, Sorry, perdon pela demora, ontem foi meio que... Complicado. ( leitores que estão no grupo de TW no whatsapp sabem o que aconteceu kkkk )

  Bom, cheguei quase 10h da noite da faculdade ontem e estava tão exausta que só consegui postar o capítulo hoje, mas cá está meus amores.

   Esse é tristinho quando paramos pra refletir que Lerox acabou, mas vamos ficar um pouco felizinhos já que no sexto ano nossa bbe vai estar ótima. Ahhhh, e outra coisa, eu acabei errando... esse é o penúltimo capítulo de TW. Na quarta próxima é o primeiro capítulo de Enigma do Príncipe.

  Espero que estejam preparados kkk.

  Nos vemos Segunda-feira com o último capítulo de Ordem da Fênix.

– Bjosss da tia Nick.

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