56 | N.O.M.s
╔╦══• •✠•❀•✠ • •══╦╗
56. N.O.M.s
╚╩══• •✠•❀•✠ • •══╩╝
─━━━━━⊱✿⊰━━━━━─
Desvirem o exame. Podem começar.
─━━━━━⊱✿⊰━━━━━─
Os jardins e terras do castelo refulgiam ao sol como se tivessem sido recém pintados; o céu sem nuvens sorria para o seu reflexo no lago liso e cintilante; o verde acetinado dos gramados ondeava ocasionalmente à brisa mansa. Junho chegara, mas para os quintanistas isto significava apenas uma coisa: estávamos às vésperas dos N.O.M.s.
Nossos professores não passavam mais deveres de casa; as aulas eram dedicadas a revisar os tópicos que eles achavam que mais provavelmente cairiam nos exames. A atmosfera premeditada e febril varreu quase tudo da minha cabeça ( tinha que esquecer a investigação, Tracey Davis, profecia, tudo, e por sorte Ced, Mia e Arc me deram um descanso ) exceto os N.O.M.s. Hermione andava ultimamente preocupada demais, passava muito tempo falando sozinha, e fazia dias que não deixava roupas para elfos. Ela não era a única pessoa a se comportar estranhamente à medida que se aproximavam dos exames. Ernesto Macmillan adquirira o irritante hábito de interrogar as pessoas sobre a maneira de fazerem revisões.
— Quantas horas vocês acham que estão gastando por dia? — Perguntou a mim, Harry e Rony na fila à porta da aula de Herbologia, com um brilho obsessivo nos olhos
— Não sei. — Respondi com sinceridade
— Algumas, eu acho. — Respondeu Rony
— Mais ou menos de oito?
— Suponho que menos. — Disse Rony, parecendo ligeiramente alarmado
— Estou gastando oito. — Informou ele estufando o peito — Oito ou nove. E estou encaixando mais uma hora antes do café da manhã todos os dias. Oito tem sido a minha média. Posso chegar a dez em um bom dia no fim de semana. Fiz nove e meia na segunda-feira. Não fui tão bem na terça: só sete e quinze. Depois, na quarta-feira…
Me senti profundamente grata que neste momento a Profa. Sprout nos tivesse mandado entrar na estufa número três, obrigando Ernie a abandonar sua enumeração. Entrementes, o babaca do Draco Malfoy encontrava um modo novo de induzir o pânico.
— Naturalmente, não é o que você sabe. — Ouvimos-o comentar com Crabbe e Goyle à porta de Poções poucos dias antes dos exames começarem — Mas quem você conhece. Agora, meu pai é amigo da chefe da Autoridade de Exames Bruxos há anos, a velha Griselda Marchbanks, ela já foi jantar lá em casa e tudo…
Eu senti uma forte vontade de o esbofetear e dizer um “ninguém liga”, mas me contive.
— Vocês acham que isso é verdade? — Sussurrou Hermione, alarmada, para eu e os meninos
— Se for não há nada que se possa fazer. — Comentou Rony tristemente
— Mas e se for, ela vai fazer o quê? —Perguntei cruzando os braços — Passar as respostas para ele? Dar nota máxima? Fala sério, né.
— Acho que não é verdade. — Disse Neville calmamente às nossas costas — Porque a Griselda Marchbanks é amiga da minha avó, e ela jamais mencionou os Malfoy.
— Como é que ela é, Neville? —Perguntou Hermione na mesma hora — É rigorosa?
— Na verdade lembra um pouco a minha avó. — Disse Neville em voz baixa
— Mas o fato de conhecê-la não vai prejudicar você, vai? — Perguntei animando-o
— Não acho que vá fazer diferença. — Retrucou ele, ainda mais infeliz — Vovó está sempre dizendo à Profa. Marchbanks que não sou tão bom quanto o meu pai... bom... vocês viram como ela é lá no St. Mungus…
Neville ficou olhando fixamente para o chão. Eu, Rony, Harry e Hermione nos entreolhamos, mas não soubemos o que dizer. Era a primeira vez que Neville mencionava que havíamos se encontrado no hospital dos bruxos.
Nesse meio-tempo, nascera entre os alunos de quinto e sétimo ano um florescente mercado negro de produtos para aumentar a concentração, a agilidade mental e a atenção. Eu, Rony e Harry nos sentimos muito tentados a comprar a garrafa de Elixir Baruffio para o Cérebro oferecida pelo sextanista e batedor de Quadribol da Ravenclaw, Eddie Carmichael, que jurou que o elixir fora o único responsável pelos seus nove “Excepcionais” nos N.O.M.s do verão anterior, e do qual estava vendendo meio litro por apenas doze galeões. Rony e eu garantimos a Harry que lhes pagaríamos a nossa parte assim que terminassemos Hogwarts e arranjassemos um emprego, mas, antes que pudéssemos fechar o negócio, Hermione confiscou a garrafa de Carmichael e despejou o conteúdo num
vaso sanitário.
— Hermione, nós queríamos comprar o elixir! — Gritou Rony
— Não seja burro. — Rosnou ela — Você poderá tomar o pó de garra de dragão de Harold Dingle que faria o mesmo efeito.
— Dingle tem pó de garra de dragão? — Indagou Rony, ansioso
— Não tem mais. Confisquei o pó também. Nenhuma dessas coisas faz realmente efeito, entende.
— Garra de dragão faz! — Exclamou Rony — Dizem que é incrível, realmente dá uma injeção de reforço no cérebro, a pessoa fica superperspicaz durante algumas horas… Hermione, me dá uma pitada, vai, não pode fazer mal…
— Essa droga faz. — Disse Hermione sombriamente — Dei uma examinada, e descobri que na realidade é excremento de Fada Mordente…
A informação tirou a minha vontade e dos garotos de comprar estimulantes para o cérebro. Mas não me impedia de me descabelar de nervosismo com a aproximação dos exames. Recebemos os horários dos exames e os detalhes de como proceder na aula de Transfiguração seguinte.
— Como vocês podem ver. — Disse a Profa. McGonagall à classe enquanto copiávamos as datas e os horários dos exames do quadro-negro — Os seus N.O.M.s estão distribuídos por duas semanas sucessivas. Vocês farão os exames de teoria pela manhã e os de prática à tarde. O exame prático de Astronomia, naturalmente, será realizado à noite.
“Agora, devo prevenir a vocês que os seus exames receberam os feitiços anticola mais fortes que existem. Não são permitidos na sala de exame Penas de Resposta Automática, nem tampouco Lembróis, Punhos-de-Cola Destacáveis nem Tinta Autocorretora. Todo ano, é preciso dizer, aparece no mínimo um estudante que acha que pode contornar o regulamento da Autoridade de Exames Bruxos. Minha esperança é que não seja ninguém da Gyffindor. Nossa nova... diretora... — A Profa. McGonagall pronunciou o nome com uma expressão de nojo — pediu aos diretores das Casas para avisar aos estudantes que a cola será punida com o máximo rigor, porque, naturalmente, os resultados dos seus exames refletirão o novo regime implantado pela diretora na escola...”
A professora deu um pequeno suspiro. Vi as narinas do seu nariz de linhas fortes se dilatarem.
— ... contudo, não há razão para vocês não se esforçarem ao máximo. Têm que pensar no seu futuro.
— Professora, por favor. — Disse Hermione erguendo a mão — Quando vamos saber os resultados dos nossos exames?
— Vocês receberão uma coruja em julho.
— Excelente. — Comentou Parvati, em um sussurro audível enquanto ajeitava uma presilha de borboleta em seu cabelo — Então não teremos de nos preocupar com isso até as férias.
Como Lee estava tão preocupado com os exames quanto eu, acabamos não nos falando muito, às vezes ficávamos juntos na Comunal, um ao lado do outro estudando, sem falar coisa alguma, ele parecia surtando, nunca o vi tão sério e determinado, mas eu sabia que ele tiraria boas notas. Era até estranho pensar como ele era amigo dos gêmeos e é tão dedicado aos estudos.
O primeiro exame, Teoria dos Feitiços, estava programado para a segunda-feira pela manhã. Acabei concordando em testar Hermione depois do almoço de domingo, mas me arrependi quase imediatamente: ela muito agitada não parava de puxar o livro das minhas mãos para verificar se respondera totalmente certo, e acabou me dando uma pancada no nariz com a borda afiada de Sucesso em feitiços.
— Por que é que você não se testa sozinha? — Falei com firmeza, devolvendo-lhe o livro com lágrimas nos olhos
Enquanto isso, Rony seguia lendo dois anos de anotações sobre Feitiços com os dedos nos ouvidos, movendo os lábios silenciosamente; Harry lia suas próprias anotações, sentado ao lado do meu irmão e parecendo ao ponto de arrancar os próprios cabelos. Seamus Finnegan deitara-se de costas no chão, e repetia a definição de Feitiço Substantivo enquanto Dean verificava a resposta no Livro padrão de feitiços, 5° série; já Lavender e Parvati praticavam Feitiços de Locomoção apostando corrida entre seus estojos de lápis em volta de uma mesa, Amélia, meramente se deitou de bruços no chão e olhava para suas anotações de Feitiços como se quisesse chorar e parecia seriamente com vontade de tacar o livro na parede ou o jogar pela janela.
O jantar foi uma refeição calma àquela noite. Eu, Rony e Harry não falamos muito, mas comemos com apetite depois de tanto estudo a tarde inteira. Por sua vez, Hermione não parava de descansar o garfo e a faca e mergulhar embaixo da mesa para apanhar a mochila, na qual pegava um livro para verificar algum fato ou número. Rony acabara de dizer que ela devia fazer uma refeição decente ou não conseguiria dormir àquela noite, quando o garfo escorregou de seus dedos dormentes e caiu com estrépito no prato.
— Ah, minha nossa. — Disse ela com a voz fraca, arregalando os olhos para o Saguão de Entrada — São eles? São os examinadores?
Eu e os meninos nos viramos imediatamente. Pelas portas que se abriam para o Saguão de Entrada, vimos Umbridge com um pequeno grupo de bruxos e bruxas de aparência idosa. Umbridge, me alegrei de ver, parecia muito nervosa.
— Vamos olhar mais de perto?— Convidou Rony
Eu, Harry e Hermione assentimos e corremos para a porta, abrandando a marcha ao cruzar o portal e continuando mais calmamente para passarmos pelos examinadores. Achei que a Profa. Marchbanks devia ser a bruxa miúda e curvada com o rosto tão enrugado que parecia coberto de teias de aranha; Umbridge se dirigia a ela com deferência. A examinadora parecia um pouco surda; respondia à Profa. Umbridge em voz muito alta, considerando que estavam a menos de meio metro de distância.
— A viagem foi ótima, a viagem foi ótima, já a fizemos muitas vezes antes! — Respondeu com impaciência — Agora, não tenho tido notícias de Dumbledore ultimamente! — Acrescentou, correndo o olhar pelo saguão como se esperasse ver o bruxo sair de repente de um armário de vassouras — Suponho que não tenha ideia de onde ele esteja?
— Nenhuma. — Respondeu a diretora, lançando um olhar malévolo a mim, Rony, Harry e Hermione, que agora nos demorávamos ao pé da escadaria enquanto Rony fingia amarrar os sapatos — Mas ouso afirmar que em breve o ministro da Magia descobrirá seu paradeiro.
— Duvido. — Gritou a Profa. Marchbanks — Não se Dumbledore não quiser ser encontrado! Eu sei… examinei-o pessoalmente em Transfiguração e Feitiços quando ele prestou os N.I.E.M.s... fez coisas com uma varinha que eu nunca tinha visto antes.
— É... bom... — Disse a diretora quando eu e os outros três subimos a escadaria de mármore arrastando os pés, o mais lentamente que nos atreviamos — Deixe-me levá-la à sala dos professores. Imagino que queira uma xícara de chá depois dessa viagem.
Foi uma noite meio tensa. Todos tentavam fazer alguma revisão de última hora, mas ninguém parecia estar conseguindo. Fui me deitar cedo, e tive a impressão de continuar acordada durante horas. Lembrou-me da orientação vocacional e da declaração furiosa de McGonagall de que me ajudaria a trabalhar no Ministério ou em Hogwarts nem que fosse a última coisa que fizesse. Eu gostaria de ter manifestado uma ambição mais realizável agora que chegara a hora dos exames. Sabia que não era a única acordada, mas nenhuma das minhas colegas de dormitório falou e, finalmente, um a um, todas adormecemos.
Nenhum dos quintanistas conversou muito durante o café na manhã seguinte, tampouco: Parvati praticava encantamentos em voz baixa, fazendo o saleiro à sua frente se mexer, Lav e Amélia davam uma passagem nas anotações; Hermione relia Sucesso em feitiços tão rápido que seus olhos pareciam se turvar; e Neville não parava de deixar cair os talheres e derrubar a geleia.
Quando terminamos, os alunos de quinto e sétimo anos se deixaram ficar pelo Saguão de Entrada enquanto os outros estudantes foram para as aulas, Natália McDonald veio me informar que cuidaria de Marshall enquanto isso e me desejou um Boa sorte nos exames. Lee estava meio nervoso, então aproveitei para lhe dar um boa sorte, e ele me desejou o mesmo, ambos com sorrisos nervosos, mas confiantes, confiando um no outro; então, às nove e meia, fomos chamados, turma por turma, a reentrar no Salão Principal, que tinha sido rearrumado, as mesas das quatro Casas tinham sido retiradas e substituídas por muitas mesas individuais, de frente para a mesa dos professores no fundo do salão, à qual estava a Profa. McGonagall, por sua vez, de frente para as mesas dos alunos. Depois que todos se sentaram e sossegaram, ela disse:
— Podem começar. — E virou uma enorme ampulheta na mesa ao lado, sobre a qual havia ainda penas, tinteiros e rolos de pergaminho de reserva.
Virei a folha do exame, o coração batendo forte – três fileiras à minha direita e quatro cadeiras à frente, Hermione já estava escrevendo –, e eu baixei os olhos para ler a primeira pergunta: a) cite o encantamento e b) descreva o movimento da varinha exigido para fazer os objetos voarem.
Tive uma lembrança fugaz de um pedaço de pergaminho voando para a mão de alguém no primeiro jogo de quadribol de 1991... com um ligeiro sorriso, me curvei para o exame e comecei a escrever.
— Bom, não foi muito ruim, foi? — Perguntou Hermione ansiosa no Saguão de Entrada duas horas mais tarde, ainda segurando as perguntas do exame — Acho que não fiz justiça ao que sei com Feitiços para Animar, esgotou-se o tempo. Vocês puseram o contrafeitiço para soluços? Não tive certeza se precisava, achei informação demais... e na pergunta vinte e três…
— Hermione. — Disse Rony com severidade — Já passamos por isso... não vamos repassar cada exame ao terminar, já é bastante ruim fazer uma vez.
Nós, os quintanistas, almoçamos com o restante da escola (as mesas das quatro Casas reapareceram na hora do almoço), depois marchamos para uma pequena sala ao lado do Salão Principal, onde devíamos esperar a chamada para o exame prático. À medida que pequenos grupos de alunos eram chamados, os que ficavam murmuravam encantamentos e praticavam movimentos com a varinha, ocasionalmente espetando o colega nas costas ou no olho, por engano.
Lavender foi uma das primeiras a ser chamada, já que seu sobrenome começa com “B” e ela parecia muito nervosa antes de sair aos tropeços com Emília Bulstrode, Tracey Davis e Justino Finch-Fletchey.
Chamaram Hermione. Tremendo, ela deixou a sala com Anthony Goldstein, Gregório Goyle e Daphne Greengrass. Os estudantes que eram testados não voltavam à sala, por isso eu, Rony e Harry não sabíamos como Hermione se saíra.
— Ela se saiu bem, lembra que tirou cento e doze por cento em um dos testes de Feitiços? — Perguntou Rony
Dez minutos depois, o Prof. Flitwick chamou:
— Hughes, Amélia… Longbottom, Neville… MacDougal, Mórag… Malfoy, Draco…
Amélia estava um pouco nervosa quando saiu, assim como Neville. Morag estava normal, já Draco estava todo convencido. Malone, Roger… Megalos, Anne… Moon, Wayne… Nott, Theodore foram os próximos, e então:
— Parkinson, Pansy... Patil, Padma... Patil, Parvati... Potter, Harry.
Parvati estava bem nervosa quando se despediu de mim e desejei boa sorte a ela e Harry, Rony fez o mesmo.
Então, finalmente, alguns minutos depois de mais uma rodada:
— Turpin, Lisa… Weasley, Ronald Weasley, Roxanne… Zabini, Blaise…
Eu e Ron nos entreolhamos, um sorriso vago e um boa sorte escaparam.
Entrei no Salão Principal, segurando a varinha com tanta força que minha mão tremia.
— O Prof. Tofty está livre, Srta. Weasley. — Esganiçou-se o Prof. Flitwick, que estava em pé à porta. E me orientou para um bruxo que parecia o examinador mais velho e mais careca, sentado a uma mesinha no canto mais distante, a uma pequena distância da Profa. Marchbanks, que, por sua vez, já estava na metade do exame de Pansy Parkinson.
— Weasley, não é? — Perguntou o Prof. Tofty, consultando suas anotações e espiando por cima do pincenê à minha aproximação — Roxanne Weasley?
Pelo canto do olho, vi claramente Parkinson me lançar um olhar fulminante; a taça de vinho que ela estava fazendo levitar caiu ao chão e se espatifou. Eu não pude conter um sorriso; o Prof. Tofty retribuiu o sorriso, me encorajando.
— Isso. — Disse com a voz trêmula de velho — Não precisa ficar nervosa. Agora, gostaria de pedir que você pegasse essa caixinha de papelão e a fizesse dar saltos mortais para mim.
No todo, eu achei que o exame correu muito bem. Meu Feitiço de Levitação foi muito melhor que o de Parkinson, embora eu desejasse não ter confundido os Feitiços de Crescimento com o de Silenciar, fazendo o corvo, que eu deveria estar aumentando de tamanho, ficar mudo, mas me apressei em o fazer crocitar antes que eu pudesse corrigir o meu engano. Fiquei feliz que Hermione não estivesse no Salão Principal na hora e me esqueci depois de mencionar o ocorrido para ela. Mas pude contar a Rony; ele fizera um prato se transformar em um grande cogumelo e não tinha a mínima ideia de como isso acontecera, já Harry acabou fazendo o rato, que deveria colorir de laranja, inchar de maneira chocante e ficar do tamanho de um texugo. Não houve tempo para relaxar naquela noite; fomos diretamente para a sala comunal depois do jantar e mergulhamos na revisão de Transfiguração para o dia seguinte; Fui me deitar sentindo a cabeça zunir com os complexos modelos e teorias de feitiços.
E esqueci a definição de um Feitiço de Substituição durante o exame teórico na manhã seguinte, mas achei que no prático poderia ter sido bem pior. Pelo menos eu consegui fazer desaparecer por inteiro o meu texugo, enquanto Anne Megalos na mesa ao lado perdeu a cabeça e conseguiu, inexplicavelmente, multiplicar seu furão em um bando de flamingos, obrigando os professores a interromper o exame durante dez minutos enquanto as aves eram capturadas e retiradas do salão.
Fizemos o exame de Herbologia na quarta-feira (e, a não ser por uma pequena mordida de um gerânio dentado, achei que me saí razoavelmente bem); depois, na quinta-feira, tivemos Defesa Contra as Artes das Trevas. Ali, pela primeira vez, depois de Feitiços, tive certeza de que passara. Não tive problema com nenhuma questão escrita, e tive especial prazer, durante o exame prático, de realizar todas as contra-azarações e feitiços defensivos bem diante da Umbridge, que observava calmamente, próxima às portas para o Saguão de Entrada.
— Bravo! — Exclamou o Prof. Tofty, que estava mais uma vez me examinando, quando eu demonstrei com perfeição um feitiço para fazer desaparecer bichos-papões — Realmente, muito bem! Bom, acho que já chega. Foi excelente! Muito bem, Weasley pode ir.
Quando passei por Umbridge junto à porta, nossos olhares se encontraram. Um sorriso desagradável brincava em torno da boca enorme e frouxa da diretora, mas eu não me importei. A não ser que estivesse muito enganada (e eu não pretendia contar a ninguém, caso estivesse), acabara de receber um “Excepcional” no exame.
Na sexta-feira, eu e os meninos tivemos um dia livre enquanto Hermione prestava seu exame de Runas Antigas, e com o fim de semana à frente, nos permitimos tirar uma folga das revisões. Enquanto eles jogavam xadrez de bruxo, eu lia novamente Paraíso Perdido, totalmente despreocupada. Me espreguicei e bocejei sentada ao lado da janela aberta, em frente aos meninos, pela qual entrava um ar cálido de verão. Vi Hagrid a distância, dando aula a uma turma na orla da Floresta. Tentei adivinhar que bichos estariam estudando – achei que deviam ser unicórnios, porque os alunos pareciam estar um pouco recuados –, quando o buraco do retrato se abriu e Hermione entrou parecendo muitíssimo mal-humorada.
— Como foram as Runas? — Perguntou Rony, bocejando e se espreguiçando
— Traduzi ehwaz errado. — Disse a garota, furiosa — A palavra quer dizer parceria e não defesa. Confundi com eihwaz.
— Ah, bom. — Disse Rony, cheio de preguiça — Foi só um errinho, não foi, você ainda vai tirar…
— Ah, cala a boca! — Replicou a garota com raiva — Pode ser o errinho que fará a diferença entre ser aprovada e reprovada. E tem mais, alguém pôs outro pelúcio na sala da Umbridge. Não sei como conseguiram enfiá-lo por aquela porta nova, mas acabei de passar por lá e a Umbridge está aos berros, pelo jeito, parece que o bicho tentou arrancar um pedaço da perna dela…
— Que bom! — Exclamaram Harry e Rony juntos
— Adoraria que ele tivesse conseguido. — Completei abaixando meu olhar para o livro e lendo despreocupadamente a cena que Hera manda matar Laisha
— Não é nada bom! — Retrucou Hermione, indignada — Ela acha que é o Hagrid que está fazendo isso, lembram? E não queremos que ele seja despedido!
— Hagrid está dando aulas neste momento; ela não pode culpá-lo. — Disse Harry, apontando pela janela
— Ah, às vezes você é tão ingênuo, Harry. Você acha realmente que a Umbridge vai esperar ter alguma prova? — Perguntou Hermione, que parecia decidida a ficar de mau humor, e saiu rodando as vestes para o dormitório das meninas, batendo a porta ao passar
— Que garota adorável e meiga! — Disse Rony, baixinho, avançando com sua rainha para comer um dos cavalos de Harry
O mau humor de Hermione durou a maior parte do fim de semana, embora eu, Rony e Harry achassemos fácil ignorá-lo, pois passamos a maior parte de sábado e domingo revisando Poções para segunda-feira, o exame que eu aguardava com menos ansiedade – e que eu tinha certeza de que minha nota talvez não fosse satisfatória. De fato, considerei o exame escrito difícil, a teoria de Poções é decididamente horrível, embora achei possível ter ganhado os pontos da pergunta sobre a Poção Polissuco; fui capaz de descrever seus efeitos com precisão, pois a tomara ilegalmente em meu segundo ano de escola… foi quando eu e o Draco nos beijamos pela primeira vez. Merda, eu não deveria me lembrar disso! Como faço pra esquecer esse idiota de uma vez!?
O exame prático à tarde não foi tão horrível quanto eu esperava. Com Snape ausente do exame, percebi que as coisas ficavam muito mais calmas e deixava as pessoas bem mais mais relaxadas do que o costume ao preparar poções. Neville, sentado muito próximo a mim, também parecia mais feliz do que eu já o vira em uma aula de Poções. Quando a Profa. Marchbanks disse: “Afastem-se dos seus caldeirões, por favor, o exame terminou”, eu arrolhei minha amostra com a sensação de que talvez não tivesse tirado uma boa nota, mas conseguira, com sorte, evitar uma reprovação.
— Só faltam quatro exames. — Comentou Parvati, preocupada, ao voltarmos à sala comunal da Gryffindor
— Só! — Retorquiu logo Hermione — Eu tenho Aritmancia, e provavelmente é a disciplina mais difícil que existe!
Ninguém foi tolo de contestar, de modo que ela não pôde extravasar sua irritação em ninguém, e ficou reduzida a ralhar com uns alunos de primeiro ano por rirem muito alto na sala comunal. Os pequenos ficaram todos acanhados, e eu até resolvi falar com eles depois pra não os deixarem com medo.
Eu estava decidida a fazer um bom exame de Trato das Criaturas Mágicas para não deixar Hagrid mal. O exame prático foi realizado à tarde no gramado em frente à Floresta Proibida, onde os examinadores pediram aos estudantes para identificarmos corretamente o ouriço escondido no meio de uma dúzia de porcos-espinhos (o truque era oferecer leite a cada um individualmente; os ouriços, bichos extremamente desconfiados, cujas cerdas têm propriedades mágicas, geralmente ficavam furiosos diante do que imaginavam ser uma tentativa de envenená-los); depois pediram para demonstrarmos como manusear corretamente um tronquilho; alimentar e limpar um caranguejo-de-fogo sem sofrer queimaduras graves; e escolher, em uma ampla variedade de alimentos, a dieta apropriada para um unicórnio doente.
Pude ver Hagrid observando ansioso da janela de sua cabana. Quando minha examinadora, desta vez uma bruxinha gorducha, sorriu para mim e disse que podia ir embora, ergui rapidamente o polegar e sorri para Hagrid antes de voltar ao castelo.
O exame teórico de Astronomia na quarta-feira de manhã correu bastante bem, Lee havia me ajudado a estudar no dia anterior, então tive certeza de que correria tudo ótimo. Eu não estava convencida de que tivesse acertado os nomes de todas as luas de Júpiter, mas pelo menos eu estava confiante de que nenhuma delas era habitada por ratinhos. Tivemos de esperar até a noite para fazer o exame prático de Astronomia; a tarde foi então dedicada à Adivinhação.
Mesmo pelos meus padrões baixos em Adivinhação, o exame foi bem mais ruim do que eu esperava. Teria feito melhor se tentasse ver imagens em movimento no tampo da mesa do que numa bola de cristal que teimava em nada mostrar; perdi a cabeça durante a leitura de folhas de chá, dizendo que me parecia que a Profa. Marchbanks iria virar uma Dragonologista e viajaria para África para pesquisar e estudar dragões, e completei meu fracasso total confudindo as linhas da vida e da cabeça afirmando que ela estava morta há cinco meses, e só não percebeu ainda.
Ok, que merda eu tinha falado? Só notei a besteira depois que saiu da minha boca.
— Bom, sempre achamos que íamos ser reprovados nesse. — Comentou Rony sombriamente ao subirmos a escadaria de mármore. Ele acabara de fazer a mim e Harry ( Que disse que a professora que o examinava iria encontrar em breve um estranho moreno gorducho e pegajoso com o qual iria se casar ) se sentir bem melhor contando em detalhe que dissera ao seu examinador estar vendo um homem feio com uma verruga no nariz em sua bola de cristal, e quando ergueu os olhos percebeu que estava apenas descrevendo o reflexo do examinador
— Não devíamos ter nos matriculado nessa disciplina idiota, para começar. — Disse Harry
— Eu só fui por causa de vocês dois. — Suspirei — Deveria ter ido pra Runas ou Aritmancia com a Hermione. Mas pelo menos podemos desistir de Adivinhação agora.
— É. — Apoiou Harry — Não precisamos mais fingir que nos interessa o que acontece quando Júpiter e Urano ficam muito próximos.
— Exatamente, e de agora em diante não vou me incomodar se as minhas folhas de chá soletrarem morra, Roxanne, vou simplesmente jogá-las na lata do lixo, onde é o lugar delas.
— O estranho é que você ver o futuro, não é? — Rony me olhou interessado — Como pode não ter visto nada?
— É um futuro incerto, e eu não escolho quando acontece, ok? — Resmunguei cruzando os braços — Nem muito menos o que vejo. E às vezes eu vejo o passado, ou o presente, não sei… Ah, o que importa é que nos livramos de adivinhação.
— Com certeza. — Confirmou Harry
Estávamos rindo na hora em que Hermione veio correndo atrás de nós. Paramos de rir instantaneamente, para não aborrecê-la.
— Bom, acho que me dei bem em Aritmancia. — Anunciou, e eu e os meninos suspiramos de alívio — Ainda temos tempo para uma olhada rápida nas nossas cartas estelares antes do jantar, então…
Quando chegamos ao alto da Torre de Astronomia, às onze horas, encontramos uma noite perfeita para ver estrelas, calma e sem nuvens. Os jardins e terrenos da escola estavam banhados de luar prateado e o ar, mais para frio. Cada aluno montou o próprio telescópio e, quando a Profa. Marchbanks deu a ordem, começamos a preencher as cartas estelares em branco que havíamos recebido.
Os professores Marchbanks e Tofty caminharam entre nós, observando-nos marcarmos as posições exatas das estrelas e planetas que víamos. Tudo estava silencioso exceto pelo farfalhar dos pergaminhos, o rangido ocasional de um telescópio ao ser ajustado no suporte, e o ruído de muitas penas escrevendo. Passou-se meia hora, depois uma hora; os quadradinhos de luz dourada refletida que lampejavam no solo abaixo começaram a desaparecer à medida que as luzes das janelas do castelo foram se apagando.
Quando completei a constelação Órion e Scorpius em minha carta, porém, as portas do castelo se abriram sob o parapeito em que eu estava, fazendo com que a luz jorrasse pelos degraus de pedra e um pouco além. Olhei para baixo ao fazer um pequeno ajuste na posição do telescópio, e vi cinco ou seis sombras alongadas se deslocarem pelo gramado bem iluminado antes das portas se fecharem e o jardim voltar a ser um mar de escuridão. Voltei a encostar o olho ao telescópio e reajustei-o agora para examinar Vênus. Baixei os olhos para a carta para registrar ali o planeta, e então voltei a reajustar o telescópio, agora para a Constelação Lira, e vi a estrela mais brilhante de Lira, que ironicamente - ou nem tanto - se chama Vega, eu queria mesmo ter visto o chamado “Triângulo de verão”, que é quando Vega se junta com Altair, da Constelação Aquila, e Deneb, da Constelação Cygnus, e juntos formam esse triângulo, sendo cada um a estrela mais brilhante de sua Constelação, é lindo de ver. Mas infelizmente só pode ser visto na época de verão, lembro bem quando aprendi isso e li sobre no livro que Lee me deu. Sorrindo eu lembrei da mitologia por trás da história dessas estrelas, mas soltei um leve suspiro ao acidentalmente olhar para a Constelação Draco, que fica bem próxima a Lira. Felizmente não tínhamos que examinar ela, o nome é definitivamente horrível.
Estava passando as informações da constelação Lira para a carta, mas alguma coisa me distraiu; eu parei com a pena suspensa sobre o pergaminho, apertei os olhos para ver melhor o terreno na sombra e distingui cinco vultos andando. Se não estivessem se movendo, e o luar não estivesse refletindo em suas cabeças, eles teriam sido indistinguíveis do chão escuro em que caminhavam. Mesmo a esta distância, tive a sensação engraçada de que reconhecia o modo de andar do mais atarracado, que parecia liderar o grupo.
Eu não conseguia imaginar por que Umbridge estaria dando um passeio depois da meia-noite, e menos ainda acompanhada por outros. Então alguém tossiu às minhas costas, e eu me lembrei de que estava no meio de um exame. Esqueci completamente da Constelação Lira e da posição de Vega. Comprimindo o olho no telescópio, reencontrei a estrela, e mais uma vez ia registrá-la na carta quando, atenta a ruídos estranhos, ouvi uma batida distante que ecoou pelos terrenos desertos, seguida imediatamente pelos latidos abafados de um cão de grande porte.
Ergui a cabeça, o coração batendo forte. Havia luzes nas janelas de Hagrid, e as pessoas que eu observara atravessando o gramado estavam agora recortadas na claridade. A porta abriu e eu vi nitidamente cinco figuras bem definidas cruzarem o portal. A porta tornou a fechar e fez-se silêncio. Me senti inquieta. Olhei ao redor para ver se Rony, Harry ou Hermione haviam notado a movimentação, mas a Profa. Marchbanks veio andando às minhas costas naquele momento e, não querendo parecer que estava espiando o trabalho dos meus colegas, rapidamente me curvei para o meu mapa estelar e fingi estar acrescentando informações enquanto realmente espiava por cima do parapeito para a cabana de Hagrid. Os vultos agora passavam diante das janelas, bloqueando temporariamente a claridade. Senti os olhos da Profa. Marchbanks em minha nuca e tornei a apertar o olho contra o telescópio, olhando para a lua, embora já tivesse marcado sua posição há uma hora, mas quando a professora recomeçou a andar eu ouvi um rugido na cabana distante que ecoou pela noite até o alto da Torre de Astronomia. Várias pessoas a minha volta saíram de trás dos telescópios e foram espiar em direção à cabana de Hagrid.
O Prof. Tofty deu uma tossidinha seca.
— Tentem se concentrar, vamos, garotos. — Disse ele suavemente
A maioria voltou aos telescópios. Eu olhei para a esquerda. Hermione contemplava petrificada a cabana de Hagrid.
— Hã-hã... faltam apenas vinte minutos. — Lembrou o professor
Hermione se assustou e voltou imediatamente para sua carta estelar; eu olhei para a minha, e reparei que não faltava muita coisa, só precisava terminar de registrar a Constelação Canis Major. Curvei-me para registrar a localização da estrela Sirius. Ouvi um estampido forte vindo dos jardins. Várias pessoas gritaram “Ai!”, ao espetarem o rosto nas pontas dos telescópios, no afã de ver o que estava acontecendo lá embaixo.
A porta de Hagrid se escancarou com violência e, à luz que saía da cabana, o vimos claramente, uma figura maciça urrando e brandindo os punhos, cercado por cinco pessoas, todas, a julgar pelos finos fios de luz vermelha lançados em sua direção, aparentemente tentando estuporá-lo.
— Não! — Exclamou Hermione, enquanto eu arregalava os olhos, atordoada
— Minha nossa! — Disse o Prof. Tofty em tom escandalizado — Estamos em um exame!
Mas ninguém estava mais prestando a menor atenção às cartas estelares. Jatos de luz vermelha continuavam a voar pelo ar junto à cabana de Hagrid, mas, por alguma razão, pareciam ricochetear em seu corpo; ele continuava ereto e imóvel, e, pelo que eu conseguia ver, resistindo. Gritos e berros ecoavam pelos gramados; um homem bradou:
— Seja razoável, Hagrid!
Hagrid urrou:
— Razoável uma ova, vocês não vão me levar assim, Dawlish!
Vi a pequena silhueta de Canino procurando proteger o dono, saltando repetidamente contra os bruxos que o cercavam até que um Feitiço Estuporante o atingiu, fazendo-o tombar no chão. Hagrid deu um uivo de fúria, ergueu o responsável do chão e atirou-o longe; o homem voou uns três metros e não tornou a se levantar. Hermione prendeu a respiração, as duas mãos na boca; Eu me virei para Rony e Harry e vi que os dois, também, estavam apavorados. Nenhum de nós jamais vira Hagrid realmente enfurecido.
— Olhem! — Esganiçou-se Parvati, que estava debruçada no parapeito e apontava para o castelo embaixo, onde as portas de entrada haviam tornado a se abrir; novamente a luz se derramou pelo jardim escuro e uma sombra preta e solitária ondeava agora pelos gramados
— Francamente! — Exclamou o Prof. Tofty, ansioso — Sabem, restam dezesseis minutos!
Mas ninguém lhe prestou a menor atenção; todos observavam a pessoa que corria em direção à batalha ao lado da cabana de Hagrid. Eu sabia que deviam faltar só três estrelas para eu completar a carta, mas tinha outras preocupações.
— Como é que você se atreve! — Gritava a figura enquanto corria — Como se atreve!
— É McGonagall! — Sussurrou Hermione
— Deixem-no em paz! Em paz, estou dizendo. — Ouvimos a voz da Profa. McGonagall no escuro — Por que razão vocês o estão atacando? Ele não fez nada, nada que justifique essa…
Hermione, Lavender e Parvati gritaram ao mesmo tempo que eu levei as mãos a boca, horrorizada. Os vultos junto à cabana haviam lançado nada menos de quatro raios Estuporantes contra a professora. A meio caminho entre a cabana e o castelo, os feixes de luz vermelha a atingiram; por um momento ela pareceu emitir uma luz vermelha e fantasmagórica, então subiu no ar, caiu pesadamente de costas e não se mexeu mais.
— Gárgulas galopantes! — Gritou o Prof. Tofty, que parecia ter esquecido totalmente o exame — Não deram nem aviso! Que comportamento chocante!
— COVARDES! — Berrou Hagrid; sua voz se propagou limpidamente até o alto da torre, e várias luzes se acenderam no castelo — COVARDÕES! TOMEM ISSO... E MAIS ISSO.
— Nossa! — Exclamou Hermione
Hagrid deu dois golpes pesados em seus atacantes mais próximos; a julgar por sua queda imediata, foram nocauteados. Vi Hagrid se dobrar e pensei que finalmente ele fora dominado por um feitiço. Mas, muito ao contrário, no momento seguinte ele estava de pé com uma espécie de saco nas costas – então percebi que ele havia passado o corpo inerte de Canino por cima dos ombros.
— Peguem-no, peguem-no! — Berrou Umbridge, mas o auxiliar que restara parecia extremamente relutante em se aproximar dos punhos de Hagrid; de fato, recuou com tanta pressa que tropeçou em um dos colegas desacordados e caiu por cima deles. Hagrid se virara e começara a correr com Canino ainda pendurado em volta do pescoço. Umbridge lançou um último Feitiço Estuporante nas costas dele, mas não acertou; e Hagrid, numa corrida desabalada em direção aos portões distantes, desapareceu na escuridão
Seguiu-se um longo minuto palpitante enquanto todos contemplavam boquiabertos os jardins. Então o Prof. Tofty disse com a voz fraca:
— Hum... faltam cinco minutos, garotos.
Preenchi o que faltava na minha cartela estelar, louca para o exame terminar logo. Quando isso finalmente aconteceu, eu, Rony, Harry e Hermione encaixamos os telescópios de qualquer jeito nos suportes e descemos correndo a escada circular. Nenhum dos estudantes ia se deitar; todos falavam excitados, em altas vozes, ao pé da escada, sobre o que tínhamos acabado de presenciar.
— Aquela mulher maligna! — Exclamou Hermione, que tinha dificuldade em falar de tanta raiva — Tentando surpreender Hagrid na calada da noite!
— Ela quis claramente evitar outra cena como a da Trelawney. — Disse Ernesto Macmillan sensatamente, comprimindo-se para se reunir a nós
— Hagrid se defendeu bem, não foi? — Comentou Rony, que parecia mais assustado do que impressionado — Por que é que todos os feitiços ricocheteavam nele?
— Deve ser o sangue de gigante. — Disse Hermione, trêmula — É muito difícil estuporar um gigante, eles são como os trasgos, muito resistentes... mas a coitada da Profa. McGonagall... quatro ataques diretos no peito, e ela não é mais jovem, não é?
— Pelas barbas de Merlim. — Suspirei — Foi horrível.
— Pavoroso, pavoroso. — Disse Ernesto, balançando a cabeça pomposamente — Bom, eu vou dormir. Boa-noite a todos.
— Boa noite, Ernie.
As pessoas em volta começaram a dispersar, ainda comentando excitadamente o que tinham acabado de ver.
— Pelo menos não conseguiram levar Hagrid para Azkaban. — Comentei — Será que ele foi se juntar a Dumbledore, vocês acham?
— Suponho que sim. — Disse Hermione, que parecia lacrimosa — Ah, isto é horrível, pensei realmente que Dumbledore não demoraria a voltar, mas agora perdemos Hagrid também.
Voltamos sem pressa para a sala comunal da Griyffindor, e a encontramos cheia. A confusão nos jardins acordara várias pessoas, que correram a acordar os amigos. Seamus e Dean, que haviam chegado antes de nós, na companhia de Pati, Lav e Amélia, agora se revezavam e contavam a todos o que tinham visto e ouvido do alto da Torre de Astronomia.
— Mas por que demitir Hagrid agora? — Perguntou Angelina Johnson, balançando a cabeça — Não é como a Trelawney; ele tem ensinado muito melhor do que o normal este ano!
— Umbridge detesta gente que é parte-humana. — Disse Hermione, amargurada, largando-se em uma poltrona — Sempre ia tentar expulsar Hagrid.
— O que é uma idiotisse! — Esbravejou cruzando os braços — Ela odeia mestiços, porque é uma mestiça!
— Como você sa… — Vega começara a perguntar, mas então balançou a cabeça — Deixa pra lá.
— É, mas ela também achou que Hagrid estava pondo pelúcios na sala dela. — Disse a vozinha fina de Katie Bell
— Caracas! — Exclamou Lee, tampando a boca — Fui eu que andei pondo pelúcios na sala dela. Fred e George me deixaram uns dois; e eu os fiz levitar e entrar pela janela.
— Que exemplo, amor. Lindo exemplo. — Comentei ironicamente ao me sentar, despreocupadamente, no colo dele, que estava sentado em uma poltrona, ele só fez se ajeitar pra me acomodar melhor e começar a mexer no meu cabelo, quando eu deitei a cabeça em seu ombro, olhando pro teto e cruzei os braços
— Tem poltronas vazias. — Sibilou Rony, me lançando um olhar mortal
— Mas Umbridge teria despedido Hagrid de qualquer jeito, gente. — Suspirou Parvati
— Teria mesmo. — Disse Dean — Hagrid é muito chegado a Dumbledore.
— Ela ia arrumar qualquer motivo pra o colocar pra fora, nem que inventasse um próprio ataque a ela própria. — Disse Vega, emburrada, vestida em seu pijama e sentada ao lado de Colin, na mesma poltrona
— Isso é verdade. — Concordou Harry, afundando em uma poltrona ao lado de Hermione
— Só espero que a Profa. McGonagall esteja bem. — Disse Lav, nervosa
— Eles a carregaram para o castelo, assistimos da janela do dormitório. — Disse Colin, que em vez de olhar para os demais enquanto falava, tinha seus olhos castanhos fixos em sua mão entrelaçada a de Vega — Ela não parecia muito bem.
— Madame Pomfrey dará um jeito. — Comentou Ginny com firmeza — Ela até hoje nunca falhou.
Eram quase quatro horas da manhã quando a sala comunal se esvaziou. Eu me sentia completamente acordada; a imagem de Hagrid fugindo no escuro me atormentava; estava com tanta raiva da Umbridge que não conseguia pensar num castigo suficientemente ruim para ela, embora a sugestão de Rony de dá-la de comer a explosivins famintos tivesse seu mérito e lembrar da visão com os centauros me satisfazia. Adormeci imaginando vinganças medonhas e me levantei três horas depois sentindo nitidamente que não descansara nada.
O exame final de História da Magia não deveria se realizar até a tarde. Eu teria gostado muito de voltar para a cama depois do café da manhã, mas contara em fazer uma revisãozinha de última hora pela manhã, então sentei-me com a cabeça apoiada nas mãos ao lado da janela da sala comunal, fazendo um grande esforço para não cochilar enquanto relia algumas anotações da pilha de quase meio metro de altura que Hermione me emprestara.
Os quintanistas entraram no Salão Principal às duas horas e se sentaram em seus lugares diante do exame virado para baixo. Eu me sentia exausta, mas Lavender me dera outra barrinha daquela, de modo que de pouco em pouco comecei a me sentir melhor. Mesmo assim só queria que aquilo terminasse para poder dormir; então amanhã, eu, Rony e Harry íamos descer ao campo de quadribol – ele ia dar uma voltinha na minha vassoura ou na de Rony e saborearíamos o término das revisões
— Desvirem o exame. — Disse a Profa. Marchbanks à frente do salão, invertendo a gigantesca ampulheta — Podem começar.
Eu olhei fixamente para a primeira pergunta. Passaram-se vários segundos até finalmente me ocorrer a resposta, que eu tratei de escrever depressa. Estava achando muito difícil lembrar os nomes, eu conseguia inexplicavelmente lembrar datas, mas nomes não eram meu forte. Saltei simplesmente a pergunta quatro (Em sua opinião, a legislação sobre varinhas contribuiu para um melhor controle das revoltas dos duendes no século XVIII ou levou a esse controle?), pensando em voltar no fim, se houvesse tempo. Então fui responder à pergunta cinco (Como foi violado o Estatuto de Sigilo em 1749 e que medidas foram introduzidas para impedir que o fato se repetisse?), mas senti uma suspeita insistente de que omitira vários pontos importantes; tive a impressão de que os vampiros haviam participado em algum momento do episódio, então vasculhando um pouco minha mente, consegui responder certamente. Então li mais adiante as últimas questões e meus olhos bateram na décima: Descreva as circunstâncias que levaram à formação da Confederação Internacional de Bruxos e explique por que os bruxos de Liechtenstein se recusaram a aderir.
Eu sei essa, pensei sorrindo. Visualizava um título, na caligrafia de Hermione: A formação da Confederação Internacional de Bruxos... li as anotações ainda esta manhã.
E comecei a escrever, erguendo os olhos de vez em quando para verificar a grande ampulheta ao lado da Profa. Marchbanks. Eu estava sentada logo atrás de Parvati, cujos longos cabelos negros caíam abaixo do espaldar da cadeira. Uma ou duas vezes eu me surpreendi contemplando as luzes douradas que brilhavam nos cabelos quando ela mexia levemente a cabeça e tive de sacudir a minha própria para clareá-la.
... o primeiro chefe supremo da Confederação Internacional de Bruxos foi Pierre Bonaccord, mas sua nomeação foi contestada pela comunidade bruxa de Liechtenstein, porque...
Ao meu redor as penas arranhavam os pergaminhos como ratinhos que corressem para se esconder. Que fizera Bonaccord para ofender os bruxos de Liechtenstein? Tive uma sensação de que fora alguma coisa ligada aos trasgos... e o que era mesmo? Ah, Bonaccord tinha querido impedir a caça aos trasgos e conceder-lhes direitos... mas Liechtenstein estava enfrentando problemas com uma tribo particularmente violenta de trasgos montanheses... era isso.
Devagar, escrevi quase cinco linhas sobre os trasgos, e li o que já fizera até ali. Não me pareceu muito informativo nem detalhado, no entanto tinha certeza de que as anotações de Hermione sobre a Confederação tinham ocupado páginas. Fechei os olhos e lentamente me lembrei do que se tratava, sorrindo eu escrevi a resposta concreta ocupando mais de vinte linhas.
Pulei para a questão onze, era sobre como os dragões foram proibidos de ser domesticados, fácil, essa eu sabia bem…
Então um grito… um berro alto ecoou pelo Salão Principal, me assustando. Todos viraram seu olhar ao mesmo tempo para o motivo do som. Harry, sentado duas cadeiras atrás de mim, na esquerda, acabara de escorregar da cadeira, batendo no chão frio e gritava com as mãos apertando a cicatriz.
A partir daqui é ladeira abaixo kkkkkk.
Rindo de nervoso.
HELLO BRUXINHOOOOS!!!
Tia Nick demorou? Demorou, não me julguem, estava apenas maratonando Heartstopper, não aguentava de ansiedade. Já assistiram Heartstopper??
Não?? Estão esperando o quê? Cuida cuida cuida kkkkk.
Bom... Esse capítulo é enorme, mas é apenas sobre as provas dos nossos maravilhosos e aqui vemos como Rox é uma ótima aluna, né? Kkkkkkkk
A guria voando kkkkkkkkkk
É isso... Nos vemos Segunda-feira com um capítulo bemmmmm tenso.
– Bjooos da tia Nick.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro