38 | Snake Attack
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38. Ataque de Cobra
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De volta, os pirralhos do traidor do sangue. É verdade que o pai deles está morrendo?
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As coisas foram passando na minha mente de forma muito rápida. Eu tinha visões, isso era normal, mas normalmente elas mostravam coisas que ainda iam me acontecer, mas algo me dizia que aquilo já acontecera. Acabara de acontecer.
— Harry. — Sussurrei para mim mesma e quando percebi já tinha me teletransportado do meu quarto, e meus pés tocavam o chão gelado do lado de fora de um dormitório
— Rox!? — Exclamou um Neville assustado que acabara de abrir a porta para sair, usando um pijama verde
— Neville, cadê o Harry? — Perguntei depressa, sem rodeios
— No quarto, ele teve um pesadelo... estava gritando... e vomitou agora... e... o que você está fazendo aqui?
— Vai chamar a Profa. McGonagall, rápido! — Ordenei passando pelo garoto e entrando dentro do quarto que ele acabara de sair
— Neville, você nã... — Dean tinha começado a falar, mas parou assim que percebeu que não era Nev quem entrara
— Que você está fazendo aqui? — Rony franziu a testa me olhando, mas não demorou muito com seu olhar em mim, já que estava preocupado com Harry, meio desconcertado na cama, logo notei a poça de vômito a um canto do quarto
Eu me adiantei em me aproximar de Harry, preocupada, explicar qualquer coisa não tinha importância alguma agora. Respirando o ar em grandes sorvos, Harry se levantou da cama, parecendo fazer força para não vomitar outra vez, a dor embaçando sua visão, ele olhava desconcertado para mim e Rony.
— Rox, seu pai. — Ofegou, seu peito subia e descia — O pai de vocês... foi atacado...
E aí se confirmou meus temores.
— Aconteceu agora? — Perguntei enquanto meu irmão soltava um “Quê?!” sem compreender
— Sim! Sim! Ele foi mordido, é grave, tinha sangue por toda parte... O pai de vocês!
— Harry, cara. — Disse Rony inseguro — Você... foi só um sonho...
— Não! — Protestou Harry enfurecido, enquanto eu tentava formular as coisas na minha cabeça — Não foi um sonho... não foi um sonho comum... eu estava lá, vi acontecer... fui eu que o ataquei...
Seamus e Dean resmungavam algo, mas não dei importância. Harry suava e tremia febrilmente. Ele tornou a vomitar, e Rony deu um salto para trás para sair do caminho.
— Harry, você não está bem. — Disse com a voz hesitante — Neville foi buscar ajuda.
— Eu estou ótimo! — Engasgou-se Harry, limpando a boca no pijama e tremendo descontrolado — Não tem nada errado comigo, é com o seu pai que você tem de se preocupar... precisamos descobrir onde é que ele está... está sangrando feito louco... eu era... foi uma cobra enorme. Rox, você acredita em mim, né?
— Sim. — Revelei fazendo os meninos me olharem — Eu também vi, por isso eu vim aqui. Eu vi a cobra o atacando.
— Não alimenta isso, Rox! — Rony me repreendeu — As pessoas já dizem que você é louca.
— Eu não... — Estava prestes a terminar a frase quando ao me virar, percebi uma coisa. Seamus Finnegan, não mais cochichava com Dean, pelo contrário, o garoto explosivo tinha os olhos castanhos fixos no meu pijama. Não seria nada demais se eu estivesse usando um pijama comum, casaco e calça, o problema era eu estar justamente com um baby doll vermelho que mamãe me deu no meu aniversário. Curto e com uma renda preta ridícula na altura dos seios, eu odiava, mas sempre vestia quando dava calor. E o garoto pareceu ter gostado — Perdeu alguma coisa, idiota?
— Quê? Quê? — Ele pareceu desconcertado levantando a cabeça e balançando de um lado a outro
— Você estava olhando para os meus peitos!
— Não... não... eu, nã...
— Então tava olhando o quê? Achou a renda bonita, ou gostou da cor do meu pijama?
— Eu ...
— Você quer apanhar, quer, Finnegan? Olha pros meus peitos de novo que eu quebro sua cara!
O garoto arregalou os olhos e deu um passo atrás assustado, eu olhei pra Rony.
— Viu isso? — Apontei para o amigo dele
— Eu odeio esse seu pijama, você sabe. — Rosnou um Rony irritado, enquanto ia até seu malão e pegava um moletom
— Eu estava com calor! — Exclamei, mas apanhei o moletom e o vesti; ficava grande em mim e ultrapassava o tamanho do short do meu pijama, mas ok — E isso não importa agora, o papai foi atacado!
— Ele tá sangrando e vocês falando de roupa... — Disse Harry, ainda meio desconcertado
Ele tentou sair da cama, mas Rony o empurrou de volta. Dean e Seamus voltaram a cochichar ali perto, eu estava começando a me irritar e ficar preocupada.
— Papai... — Sussurrei andando de um lado a outro — Temos que fazer algo logo, cadê a Profa. McGonagall?
— Rox, foi um sonho...
— NÃO FOI! — Exclamamos eu e Harry ao mesmo tempo fazendo Rony se calar
— Será que... — Pensei comigo mesmo, e tentei me teletransportar para o lugar onde o papai estava, no momento de desespero, mas senti uma espécie de curto circuito nos meus pulso e uma aura roxa na minha mão — Droga!
— Que foi? — Rony perguntou
— Nada. — E coloquei ambas minhas mãos no bolso do moletom para que eles não percebessem
Não sei se passaram um minuto ou dez; Harry simplesmente ficou sentado tremendo, Rony ao seu lado, e eu andando de um lado a outro, até que ouvimos passos apressados subindo as escadas e tornamos a ouvir a voz de Neville.
— Aqui, professora.
A Profa. McGonagall entrou correndo no dormitório, trajando o seu roupão escocês, os óculos tortos na ponte do nariz ossudo.
— Que foi, Potter? Onde está doendo?
Nunca senti tanto prazer em vê-la; era de um membro da Ordem da Fênix que estávamos precisando, e não de alguém que cuidasse de Harry e receitasse poções inúteis dizendo que o que ele e eu vira fora um sonho.
— É o pai de Rony. — Disse Harry, tornando a se sentar — Foi atacado por uma cobra e é grave, eu vi acontecer.
— Eu também vi, professora. — Tratei de dizer. Só então que ela notou minha presença, mas, felizmente sua pergunta não se referia ao o porquê de eu estar lá
— Como assim, vocês viram acontecer? — Perguntou a professora, contraindo as sobrancelhas escuras
— Não sei... eu estava dormindo e então estava lá...
— Eu também... eu vi a cobra atacar ele, meu pai tá sangrando muito, professora... por favor, faz alguma coisa...
— Vocês querem dizer que sonharam com isso?
— Não! — Disse Harry zangado; será que ninguém entendia? — Primeiro eu estava sonhando uma coisa completamente diferente, uma coisa boba... então o sonho foi interrompido. Foi real, eu não imaginei nada. O Sr. Weasley estava adormecido no chão e foi atacado por uma cobra gigantesca, tinha muito sangue, ele desmaiou, alguém tem de descobrir onde é que ele está...
— Não teria sentido sonharmos a mesma coisa, tem noção, professora? — Tirei minha mão do bolso e toquei o pulso da professora, a olhando com intensidade
— Seus olhos tão brancos! — Disse um Dean boquiaberto, eu, sem entender, soltei a mão da professora McGonagall
Ela olhava para mim e Harry através dos óculos tortos, como se horrorizada e surpresa com o que via.
— Eu não estou mentindo e não estou enlouquecendo. — Disse Harry, alteando a voz até gritar — Estou dizendo que vi acontecer!
— Eu acredito em vocês. — Disse McGonagall brevemente — Vista o roupão, Potter: vamos ver o diretor.
Harry pareceu tão aliviado que ela o tivesse levado a sério que nem hesitou, saltou da cama imediatamente, vestiu o roupão e repôs os óculos no nariz.
— Weasley, os dois, venham vocês também.— Disse a Profa. McGonagall
Passamos com a professora pelas figuras silenciosas de Neville, Dean e Seamus, saímos do dormitório, descemos a escada em espiral até a sala comunal, atravessamos o buraco do retrato e fomos pelo corredor da Mulher Gorda iluminado pelo luar. Senti que o pânico em meu estômago extravasaria a qualquer momento; nem me importava com o fato dos meus olhos terem ficado brancos de repente, queria correr, gritar por Dumbledore; meu pai estava sangrando enquanto percorriamos calmamente o corredor, e se aquelas presas contivessem veneno? Passamos por Madame Nora, que virou seus olhos de holofote para nós e bufou levemente, mas a Profa. McGonagall disse “Xô”, e a gata se enfurnou nas sombras, e poucos minutos depois chegamos à gárgula de pedra que guardava a entrada dos aposentos de Dumbledore.
— Delícia Gasosa. — Disse a professora
A gárgula ganhou vida e saltou para o lado; a parede atrás se dividiu em duas e revelou uma escada de pedra que se movia continuamente para o alto, como uma escada rolante em espiral. Nós quatro subimos; a porta se fechou com um baque surdo e subimos em círculos fechados até alcançar uma porta de carvalho excepcionalmente lustrosa com uma maçaneta de latão em forma de grifo.
Embora passasse muito da meia-noite, ouviam-se vozes no interior da sala, uma verdadeira babel. Parecia que Dumbledore estava recebendo no mínimo umas doze pessoas.
A Profa. McGonagall bateu três vezes com a aldrava em forma de grifo e as vozes cessaram abruptamente como se alguém as tivesse desligado. A porta se abriu sozinha e a professora entrou comigo, Rony e Harry.
A sala estava mergulhada em sombras; os estranhos instrumentos sobre as mesas estavam silenciosos e imóveis em vez de zumbir e expelir baforadas de fumaça como habitualmente faziam; os antigos diretores e diretoras nos retratos que cobriam as paredes dormiam contidos em suas molduras. Atrás da porta, um magnífico pássaro vermelho e dourado do tamanho de um cisne cochilava no poleiro com a cabeça sob uma das asas.
— Ah, é a senhora, Profa. McGonagall... e... ah.
Dumbledore estava sentado em uma cadeira de espaldar alto, à escrivaninha; inclinou-se para o círculo de luz das velas que iluminavam os papéis à sua frente. Usava um magnífico roupão bordado em púrpura e dourado sobre uma camisa de dormir muito branca, mas parecia bem acordado, seus penetrantes olhos azuis fixavam atentamente a professora.
— Prof. Dumbledore, Potter e a Srta. Weasley tiveram um... bom, um pesadelo. — Começou McGonagall — Eles dizem que...
— Não foi um pesadelo. — Completou Harry depressa
A professora olhou para Harry, franzindo ligeiramente a testa.
— Muito bem, então, Potter, conte ao Prof. Dumbledore.
— Eu... bom, eu estava dormindo... — Disse Harry e, mesmo em seu desespero de fazer Dumbledore compreender, sentia-se levemente irritado que o diretor não olhasse para ele, mas examinasse os próprios dedos entrelaçados — Mas não foi um sonho comum... foi real... eu vi acontecer... — Harry tomou fôlego — O pai de Rony, o Sr. Weasley, foi atacado por uma cobra gigantesca.
As palavras pareceram ecoar depois que ele as pronunciou, soando ligeiramente ridículas, até cômicas. Fez-se uma pausa em que Dumbledore se recostou e contemplou o teto, meditativo. Rony olhava de Harry para Dumbledore, o rosto pálido e chocado, eu sentia minhas mãos tremerem.
— Como foi que você viu isso? — Perguntou Dumbledore calmamente, ainda sem olhar para Harry
— Bom... não sei. — Disse Harry, meio zangado; que diferença fazia? — Na minha cabeça, suponho...
— Você não me entendeu. — Disse Dumbledore, mantendo a voz calma — Quero dizer... você se lembra... ah... em que posição você estava enquanto assistia a esse ataque? Você estava talvez parado ao lado da vítima, ou contemplava a cena do alto?
A pergunta era tão curiosa que Harry boquiabriu-se com Dumbledore; era quase como se ele soubesse...
— Eu era a cobra. Vi tudo do ponto de vista da cobra.
Ninguém falou por um momento, então Dumbledore, agora olhando para Rony, que continuava cor de coalhada, e depois para mim, que tinha os dedos cruzados, perguntou em um novo tom mais enérgico:
— E você, Srta. Weasley?
— Eu não estava dormindo, nem consegui pregar no sono essa noite, apenas fui teletransportada... não no sentido literal, sabe... bom, eu estava lá, e assisti tudo, estava ao lado da cobra. Tentei impedir ela de atacar meu pai, mas não conseguia a tocar, era como se ela fosse uma figura holográfica.
— Oclumente... — Resmungou Dumbledore em voz baixa
— Am? — Ergui as sobrancelhas
— Nada, então... Arthur ficou gravemente ferido?
— Ficou. — Respondeu Harry enfaticamente, eu senti seus pensamentos raivosos quase saltando de sua mente, por que eram tão lentos para compreender, será que não sabiam como uma pessoa sangrava quando presas daquele tamanho furavam o corpo dela? E por que Dumbledore não podia fazer a gentileza de encará-lo?, pensava ele
Mas o diretor se ergueu tão depressa que me deu um susto, e se dirigiu a um dos antigos retratos pendurados muito próximo do teto:
— Everardo? — Chamou repentinamente em voz alta — E você também Dilys!
Um bruxo de cara pálida, com uma franja preta curta, e uma bruxa idosa, com longos cachos prateados, no quadro ao lado, ambos parecendo profundamente adormecidos, abriram os olhos imediatamente.
— Vocês estavam escutando? — Perguntou Dumbledore
O bruxo assentiu e a bruxa respondeu:
— Naturalmente.
— O homem tem cabelos ruivos e usa óculos. — Disse Dumbledore — Everardo, você precisa dar o alarme, providencie para que ele seja encontrado pelas pessoas certas...
Os dois confirmaram com a cabeça e se deslocaram lateralmente de seus quadros, mas, em vez de surgirem nos quadros vizinhos (como normalmente acontecia em Hogwarts), nenhum dos dois reapareceu. Um quadro agora exibia apenas um pano de fundo escuro, o outro, uma bela poltrona de couro. Reparei que vários dos outros diretores e diretoras nas paredes, embora roncassem e babassem convincentemente, não paravam de espiar a mim e a Harry por baixo das pálpebras fechadas, e de repente eu entendi quem estava falando quando batemos na porta.
— Everardo e Dilys foram dois dos diretores mais famosos de Hogwarts. — Explicou Dumbledore, agora contornando a mim, Rony, Harry e a Profa. McGonagall para se aproximar do magnífico pássaro adormecido no poleiro ao lado da porta — A fama deles foi tão grande que ambos têm retratos pendurados em outras importantes instituições bruxas vizinhas. Como têm liberdade de se deslocar entre os próprios retratos, podem nos contar o que pode estar acontecendo em outros lugares...
— Mas o Sr. Weasley poderia estar em qualquer lugar! — Exclamou Harry
Não, ele não estava em qualquer lugar, era o que minha mente dizia, mas eu não conseguia ver claramente onde ele estava.
— Por favor, sentem-se, os quatro. — Pediu Dumbledore, como se Harry não tivesse falado — Everardo e Dilys talvez demorem a voltar. Profa. McGonagall, se puder providenciar mais umas cadeiras.
McGonagall puxou a varinha do bolso do roupão e acenou; do nada, apareceram quatro cadeiras, de madeira e espaldar reto. Eu me sentei, levando minha mente a trabalhar no que eu vira, e em onde meu pai poderia estar. Harry, porém, espiava o diretor por cima do ombro. O diretor agora acariciava com o dedo a cabeça dourada de Fawkes. A fênix acordou imediatamente. Esticou a bela cabeça para o alto, e ficou observando Dumbledore com seus olhos brilhantes e escuros.
— Vamos precisar — Disse ele à ave em voz baixa — de um aviso.
Uma labareda lampejou no ar e a fênix desapareceu.
Em seguida, Dumbledore se encaminhou para um dos frágeis instrumentos de prata cuja função eu não conhecia, levou-o para a escrivaninha, sentou-se em frente e tocou o instrumento com a ponta da varinha.
O instrumento ganhou vida, imediatamente, produzindo tinidos rítmicos. Pequeninas baforadas de fumaça verde pálido saíram de um minúsculo tubo de prata em cima. Dumbledore mirou a fumaça com atenção, a testa profundamente vincada. Passados alguns segundos, a fumacinha se transformou em um jorro constante de fumaça que espiralou pelo ar... e surgiu na ponta uma cabeça de cobra, com a boca muito aberta. Fiquei me perguntando se o instrumento estaria confirmando a história: olhei pressurosa para Dumbledore, buscando um sinal de que estava certa, mas o diretor não ergueu a cabeça.
— Naturalmente, naturalmente. — Murmurou Dumbledore, ainda observando a fumaça, sem manifestar o menor sinal de surpresa — Mas dividida na essência?
Para mim aquela pergunta não tinha pé nem cabeça. A cobra de fumaça, porém, se dividiu instantaneamente em duas cobras, que se enroscaram e ondearam no aposento mal iluminado. Com uma expressão de penosa satisfação, Dumbledore deu mais um leve toque com a varinha no instrumento; o tinido foi se tornando mais lento até morrer, e as cobras de fumaça empalideceram, viraram uma névoa difusa e desapareceram.
Dumbledore repôs o instrumento na mesinha frágil em que estava. Vi muitos dos diretores nos retratos acompanharem seus gestos com os olhos, então, percebendo que eu os observava, depressa fingiram que estavam dormindo como antes. Eu queria perguntar para que servia aquele curioso instrumento, mas, antes que pudéssemos fazê-lo, ouvimos um grito vindo do alto da parede à direita; o bruxo chamado Everardo reaparecera em seu quadro, ligeiramente ofegante.
— Dumbledore!
— Quais são as notícias? — Indagou o diretor imediatamente
— Gritei até alguém aparecer. — Disse o bruxo, que enxugava a testa com a cortina ao fundo — Falei que tinha ouvido alguma coisa andando no andar de baixo; eles não sabiam se deviam acreditar em mim, mas desceram para verificar; você sabe, não há quadros lá embaixo de onde se possa espiar. Seja como for, eles o trouxeram para cima alguns minutos depois. Não parecia nada bem, estava coberto de sangue; corri para o retrato de Elfrida Cragg para poder ver melhor quando saíram.
— Bom. — Disse Dumbledore ao mesmo tempo que Rony fazia um movimento convulsivo e eu arregalava os olhos nervosa — Suponho que Dilys o tenha visto chegar, então...
E, momentos depois, a bruxa de cachos prateados reapareceu em seu quadro, também; tossindo, ela afundou na poltrona e disse:
— Eles o levaram para o St. Mungus, Dumbledore... passaram pelo meu retrato carregando-o... ele me pareceu mal...
— Obrigado. — Dumbledore olhou para a Prof a. McGonagall — Minerva, preciso que você vá acordar os outros garotos Weasley.
— É claro...
A professora se levantou e se dirigiu apressada à porta. Lancei um olhar de esguelha para Rony, que parecia aterrorizado.
— Dumbledore... e a Molly? — Perguntou McGonagall, parando à porta
— Será uma tarefa para Fawkes quando ela terminar de vigiar se há alguém se aproximando. — Disse Dumbledore — Mas Molly talvez já saiba... aquele relógio maravilhoso que tem...
Eu sabia que o diretor estava se referindo ao relógio que informava não as horas, mas o paradeiro e a condição dos vários membros da minha família, e, com uma pontada, lembrei que o ponteiro correspondente ao papai devia, ainda agora, estar apontando para perigo mortal. Mas era muito tarde. Mamãe provavelmente estava dormindo e não olhando para o relógio. Senti um frio ao lembrar do bicho-papão que se transformara no corpo sem vida de papai, seus óculos tortos, o sangue escorrendo pelo seu rosto... mas ele não ia morrer... não podia... não posso perder meu pai.
Dumbledore agora remexia em um armário às minhas costas e dos meninos. Voltou carregando uma velha chaleira escurecida, que colocou cuidadosamente sobre a escrivaninha. Ergueu a varinha e murmurou: “Portus!” Por um momento, a chaleira estremeceu, emitindo uma estranha luz azul; em seguida deu um último estremeção e parou, escura como antes.
Dumbledore se dirigiu a outro retrato, desta vez o de um bruxo de cara inteligente e barba em ponta, que fora pintado usando as cores verde e prata da Slytherin, e, pelo jeito, dormia tão profundamente que não ouvira a voz do diretor tentando acordá-lo.
— Phineus. Phineus.
Os retratados que cobriam as paredes do aposento já não fingiam estar dormindo; mexiam-se em suas molduras para ver melhor o que estava acontecendo. Quando o bruxo inteligente continuou a fingir que dormia, alguns deles gritaram o seu nome também.
— Phineus! Phineus! PHINEUS!
Ele não pôde mais fingir; estremeceu teatralmente e arregalou os olhos.
— Alguém me chamou?
— Preciso que você visite outra vez o seu outro quadro, Phineus. — Disse Dumbledore — Tenho outra mensagem.
— Visitar meu outro quadro?! — Exclamou Phineus com voz aguda, fingindo um longo bocejo (seu olhar correu pelo aposento e se fixou em Harry) — Ah, não, Dumbledore, estou cansado demais esta noite.
Alguma coisa na voz de Phineus pareceu familiar a mim; onde a ouvira? Mas, antes que pudesse me lembrar, os retratos nas paredes à volta prorromperam em protestos. E eu os apoiava totalmente, tinha gravado minhas unhas na madeira da cadeira e senti que meus olhos deviam estar novamente brancos, pois Phineus arregalou seus próprios olhos pra mim enquanto sussurrava algo que me lembrou “profecia” e “aberração”.
— Insubordinação, senhor! — Bradou um corpulento bruxo de nariz vermelho, erguendo os punhos
— Negligência para com o dever!
— Temos o compromisso de honra de prestar serviços ao atual diretor de Hogwarts! — Exclamou o antecessor de Dumbledore, Armando Dippet — Que vergonha, Phineus!
— Devo persuadi-lo, Dumbledore? — Perguntou uma bruxa de olhos de verruma, erguendo uma varinha incomumente grossa que lembrava um bastão de vidoeiro
— Ah, muito bem. — Concordou o bruxo chamado Phineus, espiando a varinha com uma ligeira apreensão — Embora, a essa altura, ele talvez já tenha destruído o meu retrato, já se desfez da maioria da minha família...
— Sirius não sabe destruir o seu retrato. — Disse Dumbledore, e percebi imediatamente onde havia escutado a voz de Phineus antes: saía da moldura aparentemente vazia em meu quarto no Largo Grimmauld — Dê a ele o recado de que Arthur Weasley foi gravemente ferido e que a esposa dele, filhos e Harry Potter chegarão a sua casa daqui a pouco. Entendeu?
— Arthur Weasley, ferido, mulher, filhos e Harry Potter se hospedarão. — Recitou Phineus, entediado
— Sim, sim... muito bem.
— A garota da Pro...
— Phineus! — Exclamou Dumbledore o cortando, mas tive impressão de que Phineus estava a falar de mim
— Ok, estou indo.
Ele tornou a entrar na moldura do retrato e desapareceu de vista no mesmo instante em que a porta do aposento se abriu. Fred, George e Ginny vieram acompanhados pela Profa. McGonagall, os três parecendo amarfanhados e em estado de choque, ainda vestindo as roupas de dormir.
— Harry... que é que está acontecendo? — Perguntou Ginny, que parecia amedrontada — A Profa. McGonagall disse que você e Rox viram papai ser ferido...
— Seu pai foi ferido durante um serviço para a Ordem da Fênix. — Informou Dumbledore antes que Harry pudesse falar — Foi levado para o Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos. Vou mandar vocês para a casa de Sirius, que é muito mais próxima do hospital do que A Toca. Vocês vão se encontrar com sua mãe lá.
— Como é que nós vamos? — Perguntou Fred, abalado — Pó de Flu?
— Não. No momento o Pó de Flu não é seguro, a rede está sendo vigiada. Vocês vão usar uma Chave de Portal. — Ele indicou a velha chaleira que descansava inocentemente sobre a escrivaninha — Estamos apenas aguardando as informações de Phineus Nigellus... quero ter certeza de que não há perigo para despachar vocês...
Apareceu uma labareda bem no meio do aposento, depois uma única pena dourada que flutuou suavemente até o chão.
— É o aviso de Fawkes. — Disse Dumbledore, recolhendo a pena quando caiu — A Profa. Umbridge já deve saber que vocês estão fora de suas camas... Minerva, vá distraí-la, conte-lhe qualquer história...
A Profa. McGonagall saiu num ruge-ruge de tecido escocês.
— Ele diz que ficará encantado. — Disse uma voz cheia de tédio atrás de Dumbledore; o bruxo chamado Phineus reaparecera diante de sua bandeira da Slytherin — Meu trineto sempre teve um gosto esquisito em termos de hóspedes.
— Venham aqui, então. — Falou Dumbledore a mim e meus irmãos — E depressa, antes que mais alguém apareça.
Eu e os outros nos agrupamos em torno da escrivaninha de Dumbledore, não deixei de notar que ele me olhou estranho brevemente, mas logo disfarçou.
— Vocês já usaram uma Chave de Portal antes? — Perguntou ele, e confirmamos com a cabeça, cada um esticando a mão para tocar em alguma parte da chaleira enegrecida — Ótimo. Quando eu contar três, então... um... dois ... três.
Senti um forte puxão atrás do umbigo, o chão sumiu sob meus pés, minha mão colada à chaleira; colidi com os outros enquanto avançavamos velozmente em uma voragem de cores e uma lufada de vento, a chaleira puxando-nos para diante... até que meus pés bateram no chão com tanta força que meus joelhos dobraram, a chaleira caiu no chão com estrépito, e em algum lugar ali perto alguém falou:
— De volta, os pirralhos do traidor do sangue. É verdade que o pai deles está morrendo?
— FORA! — Vociferou uma segunda voz
Me levantei depressa e olhei à volta; tínhamos chegado à sombria cozinha do porão do largo Grimmauld, doze. As únicas fontes de luz eram o fogão e uma vela derretida, que iluminavam os restos de um jantar solitário. Monstro ia desaparecendo pela porta do corredor, lançando-nos olhares malévolos ao mesmo tempo que repuxava a tanga; Sirius veio correndo ao nosso encontro, parecendo ansioso. Estava barbado e com as roupas que usara durante o dia; havia nele também um ligeiro bafo de bebida que lembrava Mundungo.
— Que é que está acontecendo? — Perguntou, estendendo a mão para ajudar Ginny a se levantar — Phineus Nigellus falou que Arthur está gravemente ferido...
— Pergunte ao Harry ou a Rox. — Respondeu Fred
— É, quero ouvir isso com os meus próprios ouvidos. — Disse George
— Não tem como ouvir com outra coisa que não seja os ouvidos, né? — O alfinetei cruzando os braços, mas ele não pareceu se importar
Os gêmeos e Ginny olhavam fixamente para Harry ou para mim. Os passos de Monstro haviam parado na escada.
Harry me olhou como se pedisse para que eu contasse, eu bufei e fingi não notar, então ele decidiu falar, era óbvio que era bem pior do que contar à McGonagall ou a Dumbledore já que agora se tratavam dos filhos da pessoa que ele supostamente atacou.
— Foi. — Começou Harry — Tive uma... uma espécie de... visão...
E contou a todos o que vira, embora alterasse a história para parecer que assistira dos bastidores quando a cobra atacou, e não através dos olhos da própria cobra. Rony, que continuava muito pálido, lançou a Harry um olhar fugaz, mas não fez comentários. Meu irmão gêmeo conseguia ser bem diferente de mim em algumas ocasiões, Rony estava pálido de nervosismo, com medo do que possa ter acontecido com papai; eu, por outro lado, estava irritada por estar sem notícias e sem saber o que realmente aconteceu, mas sim, super preocupada. Quando Harry terminou de contar, Fred, George e Ginny continuaram de olhos nele. Eu não sabia se estava ou não imaginando, mas achei que havia um quê de acusação no olhar deles. Se iam culpá-lo só por ver o ataque, imagina se ele tivesse contado que na hora estava dentro da cobra.
— E você? — Fred, olhando para mim, arqueou uma sobrancelha — O que você viu?
— Tive a mesma visão. Eu presenciei tudo, tentei conter a cobra, mas parecia uma projeção holográfica, não pude fazer nada a não ser assistir e gritar. Tem idéia do desespero que eu senti quando vi o papai ser atacado daquela forma? — Suspirei balançando a cabeça ao relembrar a cena
— Mas é estranho vocês dois terem visto a mesma coisa no mesmo horário, não é? — George perguntou ainda intrigado
— Estranho é o jeito que a sua namorada vem agindo desde o ano passado e eu não tô julgando. — Deixei escapar, mas no mesmo momento me arrependi, afinal, Amélia era minha amiga
— Rox...! — Exclamou George parecendo bem sério, mas Fred o mandou ficar quieto enquanto virava-se para Sirius
— Mamãe já chegou? — Perguntou ele
— Provavelmente ela ainda nem sabe o que aconteceu. — Disse Sirius — O importante era vocês virem antes que a Umbridge pudesse interferir. Espero que Dumbledore esteja avisando a Molly agora.
— Temos de ir ao St. Mungus. — Disse Ginny em tom urgente. E olhou para mim e meus irmãos; nós, é claro, ainda estávamos de pijama, eu com o moletom de Rony por cima do baby doll, ela e os gêmeos com o pijama completo e Rony e Harry com o roupão por cima dos pijamas — Sirius, você pode nos emprestar capas ou outra coisa qualquer para vestir?
— Esperem, vocês não podem sair correndo para o St. Mungus! — Falou Sirius
— Claro que podemos ir ao St. Mungus se quisermos. — Disse Fred, com uma expressão obstinada — Ele é nosso pai!
— E como é que vocês vão explicar como souberam que Arthur foi atacado antes mesmo de o hospital avisar a mulher dele?
— Que diferença faz? — Perguntou George, exaltado
— Faz diferença, porque não queremos chamar atenção para o fato de que Harry e Rox estão tendo visões de coisas que acontecem a quilômetros de distância! — Disse Sirius aborrecido — Vocês têm ideia do que o Ministério faria com essa informação?
Fred e George fizeram cara de quem não se importava nem um pouco com o que o Ministério pudesse fazer com coisa alguma. Rony continuava extremamente pálido e silencioso. Ginny disse:
— Alguém poderia ter nos contado... poderíamos ter sabido o que aconteceu por outra pessoa que não o Harry.
— Quem, por exemplo? — Perguntou Sirius, impaciente
— Tira o Harry da história e falem que eu sou vidente, simples. — Falei com um dar de ombros, começando a ficar cada vez mais preocupada e irritada; Sirius bufou
— Escutem, o pai de vocês foi ferido a serviço da Ordem da Fênix e as circunstâncias já são bastante suspeitas sem os filhos dele saberem o que aconteceu segundos depois, vocês poderiam prejudicar seriamente a Ordem...
— Não estamos interessados nessa Ordem idiota! — Gritou Fred
— Estamos falando do nosso pai, que está morrendo! — Berrou George
— AI! — Gritei, fazendo todos me olharem; acabara de sentir outro curto circuito percorrendo meu pulso de ambas as mãos, minha magia estava descontrolada novamente e eu não sabia o que isso podia significar — Só machuquei minha mão. — Acrescentei para eles enquanto escondia rapidamente minhas mãos no bolso do casaco
— Me escutem vocês! — Suspirou Sirius — Seu pai sabia no que estava se metendo e não vai agradecer a vocês por estragarem as coisas para a Ordem! — Retorquiu, igualmente zangado como os gêmeos — É assim que é, e é por isso que vocês não pertencem à Ordem, vocês não entendem, há coisas pelas quais vale a pena morrer!
— É fácil para você falar, preso aqui! — Urrou Fred — Não vejo você arriscando o seu pescoço!
O pouco colorido que restava no rosto de Sirius desapareceu. Por um momento, pareceu que sua vontade era bater em Fred, mas quando voltou a falar, foi em um tom deliberadamente calmo.
— Sei que é difícil, mas todos temos de agir como se ainda não soubéssemos de nada. Temos de ficar quietos, pelo menos até sua mãe dar notícias, está bem?
Fred e George continuavam rebelados. Ginny, porém, foi até a cadeira mais próxima e se afundou nela. Harry olhou para Rony, que fez um movimento engraçado entre um aceno de cabeça e uma sacudidela de ombros, e sentaram-se também. Os gêmeos continuaram a olhar feio para Sirius por mais um minuto, então se acomodaram um de cada lado de Ginny. Sirius então olhou para mim, a única ainda em pé, mas logo fui até Rony e sentei-me ao seu lado, passando o meu braço pelo dele para o acalmar.
— Muito bem. — Disse Sirius, num tentativa de nos animar — Andem, vamos todos tomar alguma coisa enquanto esperamos. Accio cerveja amanteigada!
— Não tem Vodka? — Perguntei quase em suplica
— Você não pode tomar Vodka. — Ele falou como se fosse óbvio e eu soltei um muxoxo
Sirius ergueu a varinha, e sete garrafas vieram voando da despensa em nossa direção, espalhando os restos da refeição de Sirius e parando em ordem diante de cada um dos sete. Todos beberam e por algum tempo os únicos sons foram a crepitação das chamas no fogão da cozinha e as batidas surdas das garrafas na mesa. Eu só estava bebendo para ocupar as mãos com alguma coisa, a garrafa gelada quebrava um pouco da queimação das minhas mãos. Meu estômago estava cheio de remorsos que ferviam e borbulhavam. Não estaríamos aqui se não fosse por mim e Harry; todos ainda estariam dormindo em suas camas. Eu precisava de uma bebida mais forte.
Observei quando Harry repôs a garrafa na mesa, com um pouco mais de força do que pretendia, e derramou-a. Ninguém lhe prestou atenção, além de mim. Então uma erupção de chamas no ar iluminou os pratos sujos diante de nós e, enquanto gritavam assustados, um pergaminho caiu com um baque surdo na mesa, acompanhado por uma única pena da cauda da fênix.
— Fawkes! — Exclamou Sirius na mesma hora, apanhando o pergaminho — Não é a letra de Dumbledore: deve ser uma mensagem de sua mãe, tome...
Ele entregou a carta na mão de George, que rompeu o lacre e leu em voz alta: “Papai ainda está vivo. Estou indo para o St. Mungus agora. Fiquem onde estão. Mandarei notícias assim que puder. Mamãe.”
George olhou para todos.
— Ainda está vivo... — Disse lentamente — Mas dá a impressão que...
Ele não precisou terminar a frase. Também tive a impressão de que papai estava entre a vida e a morte. Ainda excepcionalmente pálido, Rony ficou olhando para o verso da carta de mamãe como se o pergaminho pudesse dizer alguma coisa que o consolasse, eu ainda segurava seu braço, e agora tremia com medo. Fred puxou-o da mão de George e leu, depois olhou para Harry, que sentindo novamente a mão tremer na garrafa de cerveja amanteigada, apertou-a com mais força para parar o tremor.
Não me lembrava de ter jamais feito uma vigília noturna mais longa. Sirius sugeriu uma vez, sem muita convicção, que fossem todos dormir, mas os olhares de desagrado dos meus irmãos foram resposta suficiente. A maior parte do tempo ficamos em silêncio ao redor da mesa, observando o pavio da vela minguar aos poucos até desaparecer na cera líquida, levando ocasionalmente uma garrafa à boca, falando apenas para saber as horas, perguntar em voz alta o que estaria acontecendo, e tranquilizar um ao outro que se houvesse más notícias as saberíamos na hora, porque mamãe já devia ter chegado havia muito tempo no St. Mungus.
Fred cochilou, a cabeça balançando frouxamente sobre o pescoço. Ginny se enroscou como um gato na cadeira, mas mantinha os olhos abertos; Harry observava as chamas do fogão. Rony deitara-se com a cabeça nas mãos, era impossível dizer se acordado ou adormecido, ainda segurando seu braço, encostei minha cabeça no ombro dele e fixei o chão, esperando... esperando...
Às cinco e dez da manhã, pelo relógio de Rony, a porta da cozinha abriu e mamãe entrou.
Estava muito pálida, mas quando todos se viraram e Fred, Rony e Harry fizeram menção de se levantar das cadeiras, ela deu um sorriso abatido.
— Ele vai ficar bom. — Disse com a voz enfraquecida pelo cansaço — Agora está dormindo. Podemos ir vê-lo mais tarde. Bill está lhe fazendo companhia no momento; vai tirar a manhã de folga.
Fred tornou a se sentar com as mãos no rosto. George e Ginny se levantaram, correram a abraçar a mãe. Rony deu uma risada muito trêmula e virou o resto de sua cerveja amanteigada de uma vez, eu o abracei de lado, de tão feliz que estava. Papai ia ficar bom, era tudo que importava.
— Café da manhã! — Anunciou Sirius em voz alta e feliz, levantando-se de um salto — Onde anda aquele maldito elfo doméstico? Monstro! MONSTRO!
Mas Monstro não atendeu ao seu chamado.
— Ah, esquece. — Resmungou Sirius, contando as pessoas presentes — Então, é café da manhã para... vejamos... oito... bacon e ovos, acho, chá e torradas...
Harry se levantou depressa e foi para o fogão ajudar. Parecia não querer se intrometer na alegria da minha família, e mal sabia ele que eu conseguia ver em sua mente que ele temia o momento em que mamãe iria lhe pedir para contar sua visão. Porém, o garoto mal acabara de apanhar os pratos no armário e ela já os tirava de sua mão e o puxava para um abraço.
— Não sei o que teria acontecido se não fosse você, Harry. — Disse com a voz abafada — Não teriam encontrado Arthur tão cedo, e então seria tarde demais, mas graças a você ele está vivo e Dumbledore pôde pensar em uma boa desculpa para Arthur estar onde estava, senão você nem faz ideia da encrenca em que ele se meteria, veja o que aconteceu com o coitado do Estúrgio...
Harry sorriu sem jeito, ela o soltou e se virou para mim.
— Querida, conversamos sobre isso melhor depois, mas você e Harry foram anjos. Seu pai está louco pra te ver. — Então me abraçou, beijando minha bochecha e me deixando claramente surpresa
Felizmente ela me soltou e se virou para Sirius para o agradecer por ter tomado conta dos seus filhos a noite inteira. Sirius disse que se alegrava de poder ajudar, e esperava que todos ficassem ali até o papai sair do hospital.
— Ah, Sirius, fico tão agradecida... acham que ele vai ficar hospitalizado durante algum tempo, e seria maravilhoso estar mais perto... naturalmente isto talvez signifique passar o Natal aqui.
— Quanto mais melhor! — Disse Sirius, com uma sinceridade tão óbvia que mamãe sorriu para ele radiante, vestiu um avental e começou a ajudá-lo a fazer o café da manhã
— Sirius. — Murmurou Harry, incapaz de aguentar nem mais um minuto sequer — Posso dar uma palavrinha? Ah... agora?
Ele entrou na despensa escura e Sirius o seguiu. Eu continuei no meu canto apenas pensando e repensando o que acontecera, então algo me veio a mente. Arc, ele devia estar aqui no Largo Grimmald.
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