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34 | Hagrid's Story

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34. A História do
Hagrid
       
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  Você ver o futuro, Rox. Que tipo de pergunta é essa?
 
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    Harry correu ao dormitório dos meninos para apanhar a Capa da Invisibilidade e o Mapa do Maroto em seu malão; Rony foi junto com ele para se aprontarem enquanto eu e Hermione íamos apressadas para o dormitório das meninas. Apanhamos cachecol e luvas, Hermione também me ofereceu um dos gorros que fizera para os elfos. E mesmo intrigada peguei o sobretudo de Draco que estava em cima do meu malão e o vesti.

— Você viu algo, não foi? — Comentou Hermione e eu apenas a olhei intrigada — Quando eu estava contando o que aconteceu com o Harry, você paralisou.

— Ah... — Falei lembrando-me — Meio estranho, mas acho que entrei na mente do Harry. Enquanto você falava eu fui transportada para a sala da Profa. McGonagall e vi ao vivo e a cores a vaca cor-de-rosa passar o castigo para eles.

  Mione suspirou, mas assentiu confirmando que entendeu.

— Melhor descermos logo, antes que os meninos subam aqui. — Falei meio rindo. Mione se adiantou, eu dei uma última olhada nas meninas que dormiam tranquilamente e fechei a porta do quarto

— Ora, está frio lá fora! — Defendeu-se Hermione, quando Rony deu um muxoxo de impaciência

   Passamos sorrateiros pelo buraco do retrato, e nos cobrimos depressa com a capa – Rony crescera tanto que agora precisava se encolher para impedir que os pés aparecessem –, então, andando devagar e cautelosamente, descemos as várias escadas, parando a intervalos para verificar no mapa sinais de Filch ou de Madame Nora. Tivemos sorte; não vimos ninguém exceto Nick Quase Sem Cabeça, que flutuava distraído, cantarolando de boca fechada algo que lembrava horrivelmente “Weasley é nosso rei”. Nos esquivamos pelo saguão de entrada e daí para os terrenos nevados e silenciosos da escola. Com o coração batendo forte, vi quadradinhos de luz dourados à frente e fumaça saindo em espirais pela chaminé de Hagrid. Harry saiu em passo acelerado, eu, Mione e Ron se acotovelando e dando encontrões para acompanhá-lo. Excitados, esmagávamos ao caminhar a neve que se adensava, e finalmente chegamos à porta de madeira da cabana. Quando Harry levantou o punho e bateu três vezes, um cachorro começou a latir excitado dentro da casa.

— Hagrid, somos nós! — Disse Harry pelo buraco da fechadura

— Eu devia saber! — Exclamou uma voz rouca

   Sorrimos um para o outro sob a capa; podíamos adivinhar pela voz de Hagrid que ele estava satisfeito.
  
— Cheguei há três minutos... sai da frente, Canino... sai da frente, cachorro burro...

   A tranca foi retirada, a porta se abriu com um rangido e a cabeça de Hagrid apareceu na fresta. Eu me assustei e Hermione gritou.
  
— Pelas barbas de Merlim, fale baixo! — Disse Hagrid depressa, olhando assustado por cima das nossas cabeças — Debaixo da capa, é? Vamos, entrem, entrem!

— Desculpe! — Exclamou Hermione, enquanto nós quatro nos espremiamos para entrar na casa de Hagrid e puxávamos a capa para ele nos poder ver — Eu só... ah, Hagrid!

— Não foi nada, não foi nada! — Apressou-se Hagrid a dizer, fechando a porta e correndo para fechar todas as cortinas, mas Hermione continuava a contemplá-lo horrorizada

   Os cabelos dele estavam empastados de sangue e o olho esquerdo fora reduzido a uma fenda inchada, no meio de uma massa roxa e preta. Havia muitos cortes em seu rosto e em suas mãos, alguns ainda sangrando, e ele andava desengonçado, fazendo-me suspeitar de que tivesse quebrado algumas costelas. Era óbvio que acabara de chegar; uma grossa capa de viagem estava jogada por cima de uma cadeira e uma mochila suficientemente grande para caber várias criancinhas estava apoiada na parede ao lado da porta. Hagrid, duas vezes o tamanho de um homem normal, agora mancava até a lareira para pendurar nela uma chaleira de cobre.

— Que foi que aconteceu com você? — Quis saber Harry, enquanto Canino dançava em volta de nós quatro, tentando lamber nossos rostos

— Ele estava lutando MMA. — Disse uma voz infantil, mas devidamente emburrada. Ao me virar vislumbrei Mia Lourence sentada de pernas cruzadas no braço da poltrona de Hagrid. Arqueei um pouco a sobrancelha pra ela, não só pelo que ela falara, que eu com certeza não entendi, mas pela forma que ela estava. Pela primeira vez Mia não usava vestidos de cores suaves ou mesmo floridos; seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e ela usava uma blusa preta escrita “Sunset curve”, com um desenho que lembrava uma curva talvez, ela estava com uma calça mom jeans escuro, meio rasgada nos joelhos, isso sem falar nas suas botas cotturno. Seus braços estavas cruzados e ela usava uma maquiagem bem escura

— Ela é sangue-puro, Lourence! — Exclamou Cedric ao aparecer próximo a ela, revirando os olhos para garota de cabelos caramelos e cruzando os braços também — E nem pergunte o problema da roupa dela, Rox. Ela disse que agora é roqueira.

  A garota deu língua para ele e mostrou o dedo do meio, ele, por outro lado só suspirou, eu arregalei os olhos intrigada. Que diacho aconteceu com eles?

— Já disse, nada. — Respondeu Hagrid com firmeza e eu voltei a o olhar — Quer uma xícara?

— Para com isso. — Disse Rony — Você está todo arrebentado.

   Eu tentei entrar na mente de Hagrid para ver o que acontecera, mas apenas senti uma tontura.
  
— Estou dizendo, estou bem. — Insistiu Hagrid, se erguendo e tentando sorrir, mas fazendo caretas — Caramba, como é bom ver vocês quatro de novo, foram boas as férias, eh?

— Péssimas. — Falei com naturalidade — Mas as suas parecem ter sido pior.

— Hagrid você foi atacado! — Comentou Rony

— Pela última vez, não foi nada! — Repetiu Hagrid

— Se por um acaso do destino, um de nós aparecesse aqui com um quilo de carne moída no lugar da cara, você diria que não foi nada, Hagrid? — Perguntei — Por que, sinto muito, mas você tá arrebentado.

— Você devia procurar Madame Pomfrey. — Disse Hermione com ansiedade na voz — Alguns desses cortes estão bem feios.

— Vou cuidar deles, está bem? — Retrucou ele, desencorajando perguntas

  Hagrid foi até a enorme mesa de madeira que ficava no centro da cabana e puxou para o lado uma toalha de chá que a cobria. Embaixo, havia um pedaço de carne crua, sangrenta e levemente esverdeada, um pouco maior que um pneu normal.

— Você não vai comer isso, vai, Hagrid? — Perguntou Rony se aproximando da carne para ver melhor — Parece envenenada.

— É carne de dragão, não é? — Perguntei ao me aproximar também

— Sim, Rox, é carne de dragão, e Rony, é assim que ela deve parecer, e não, eu não a trouxe para comer.

   Ele apanhou a carne e chapou-a do lado esquerdo do rosto. Sangue esverdeado escorreu para sua barba, e ele deu um gemido de satisfação.

— Assim está melhor. Alivia a dor, sabem.

— Charlie comentou comigo uma vez. — Comentei ainda olhando apreensiva para a ferida dele

— Então, vai nos contar o que aconteceu com você? — Perguntou Harry

— Não posso, Harry. Ultra confidencial. Vai custar mais do que o meu emprego se eu lhe contar.

— Foram os gigantes que o espancaram, Hagrid? — Perguntou Hermione baixinho

  Os dedos de Hagrid afrouxaram sobre a carne de dragão, e ela escorregou sumarenta para o seu peito.

— Gigantes?! — Exclamou ele, segurando o enorme bife antes que chegasse ao cinto e repondo-o no rosto — Quem foi que falou em gigantes? Com quem vocês andaram conversando? Quem disse a vocês que eu estive... quem disse que eu estive... eh?

— Adivinhamos. — Disse Hermione em tom de quem se desculpa

— Ah, claro. Videntes. — Sibilou Mia e Cedric soltou um muxoxo de impaciência

— Ah, foi é, foi é? — Tornou Hagrid, fixando Mione severamente com o olho que não estava tapado pela carne

— Estava meio... óbvio. — Aleguei. Rony e Harry confirmaram com a cabeça

   Hagrid arregalou os olhos para nós, em seguida bufou, atirou a carne de volta à mesa e foi ver a chaleira, que agora assobiava.

— Nunca vi garotos para saber mais do que devem como vocês. — Murmurou, derramando água fervendo em quatro dos seus canecões em forma de balde — E isso não é um elogio, não. Abelhudos, é como chamam. Intrometidos.

   Mas sua barba tremeu.

— Foi o que o falso olho-tonto disse quando me torturou no ano passado. — Comentei me abaixando para acariciar a cabeça de Canino e fazendo de conta que não notara os olhares deles sobre mim — Disse que éramos bastante intrometidos, que estávamos sempre se metendo no que não devia e eu merecia morrer por causa disso.

— Er... — Hagrid de repente pareceu atrapalhado e nervoso — Rox, não queria lhe lembrar dessas coisas, sinto muito.

— Tá, tudo bem. — Falei me levantando e forçando um sorriso — Então você foi procurar os gigantes, Hagrid?

   Me aproximei e sentei-me à mesa, Rony, Harry e Mione fizeram o mesmo. Hagrid pôs o chá diante de cada um, sentou-se, tornou a apanhar a carne e a chapá-la no rosto.

— Está bem. — Resmungou — Fui.

— E encontrou-os? — Perguntou Hermione, abafando a voz

Clocks move forward... — Cantarolou uma vozinha infantil às nossas costas — But we don't get older, no...

— Mirian Joyce Lourence, cala a boca pelo amor de Merlim! — Pediu Cedric, e eu não pude evitar colocar a mão na boca pra impedir uma risada

— Bom, eles não são difíceis de encontrar, para ser sincero. — A voz de Hagrid me trouxe a tona e esqueci um pouco o cantarolar de Mia e os resmungos de Cedric — Bem grandinhos, sabem.

— Onde é que eles ficam? — Perguntou Rony

— Nas montanhas. — Disse Hagrid de má vontade

— Sério? — Franzi a testa — Então por que os trouxas não...?

— Encontram, sim. — Disse Hagrid sombriamente — Só que as mortes deles sempre são divulgadas como acidentes de montanhismo, não é mesmo?

   Ele ajeitou melhor a carne de modo a fazê-la cobrir a parte mais machucada, e eu estremeci quando vislumbrei na minha mente um gigante atacando trouxas que escalavam.
  
— Vamos, Hagrid, conte pra gente o que você andou fazendo! — Disse Rony — Conte pra gente como foi atacado pelos gigantes e Harry pode lhe contar como foi atacado pelos Dementadores...

   Hagrid engasgou dentro da caneca e largou a carne, tudo ao mesmo tempo: uma grande quantidade de cuspe, chá e sangue de dragão salpicou a mesa, enquanto o gigante tossia e tentava falar e a carne escorregava devagarinho e batia com suavidade no chão.

— Como assim, atacado por Dementadores? — Rosnou Hagrid

— Você não soube? — Perguntei, arregalando os olhos

— Não sei nada do que andou acontecendo desde que viajei. Estive em uma missão secreta, e não queria corujas me seguindo por toda parte. Dementadores desgraçados! Você não está falando sério!

— Estou, sim, apareceram em Little Whinging e atacaram a mim e meu primo, e então o Ministério da Magia me expulsou...

— QUÊ?

— ... e tive de comparecer a uma audiência e tudo, mas conte à gente sobre os gigantes, primeiro.

— Você foi expulso?

— Conte as suas férias de verão e lhe contarei as minhas.

   Hagrid lhe deu um olhar penetrante com o único olho aberto. Harry sustentou esse olhar, com uma expressão de inocente determinação no rosto.

— Ah, tá bem. — Conformou-se Hagrid

  Ele se abaixou e arrancou a carne de dragão da boca de Canino.
 
— Ah, Hagrid, não faz isso, não é higiê... — Começou Hermione, mas Hagrid já tacara a carne no olho inchado

  Tomou outro gole restaurador de chá, depois contou:
 
— Bom, viajamos assim que o ano letivo terminou...

— Madame Maxime foi com você, então? — Interrompeu Hermione

— É, foi sim. — Confirmou Hagrid, e uma expressão branda apareceu nos poucos centímetros de rosto que não estavam sombreados pela barba ou pela carne verde — É, fomos só nós dois. ( “Viagem super romântica para visitar os parentes gigantes.”, Cantarolou Mia, ao qual recebeu mais um “Cala a boca!” de Cedric ) E vou dizer uma coisa, ela não tem medo de dureza, a Olímpia. Sabem, é uma mulher fina e bem vestida, e, sabendo aonde íamos, fiquei imaginando como iria se sentir escalando montanhas e dormindo em grutas e tudo, mas ela não reclamou nem uma vez.

— Você sabia aonde estavam indo? — Perguntou Harry — Sabia onde os gigantes estavam?

— Bom, Dumbledore sabia e nos disse.

— Eles ficam escondidos? — Perguntou Rony — É segredo onde eles moram?

— Não, não é. — Respondeu Hagrid, sacudindo a cabeça peluda — É só que a maioria dos bruxos não tem interesse em saber, desde que estejam bem longe. Mas o lugar em que eles moram é bem difícil de se alcançar, pelo menos para os humanos, então precisávamos das instruções de Dumbledore. Levamos um mês para chegar lá...

— Um mês?! — Exclamamos eu e Rony, juntos, como se nunca tivéssemos ouvido falar em uma viagem que durasse um tempo tão ridiculamente longo, e de fato eu nunca havia ouvido mesmo

— Mas por que você não podia simplesmente pegar uma Chave de Portal ou outro transporte qualquer? — Rony tornou a perguntar

   Passou uma expressão curiosa pelo olho destampado de Hagrid ao fitar a mim, e depois Rony; era quase um olhar de pena.

— Estávamos sendo vigiados. — Respondeu rouco.

—  Como assim?

— Você não entende. O Ministério está de olho em Dumbledore e em todo o mundo que acha que é partidário dele, e...

— Nós sabemos disso. — Harry apressou-se a dizer, mais interessado em ouvir o resto da história — Nós sabemos que o Ministério está vigiando Dumbledore.

— Por isso você não podia usar magia para chegar lá? — Perguntou Rony, perplexo — Vocês tiveram de agir como trouxas o caminho todo?

— Uhh, tô imaginando eles com equipamento de escalada trouxa, bem romântico. — Sibilou Mia entre risinhos

— Mia... por Deus, mulher! — Lamentou-se Cedric

— Bom, não foi bem o caminho todo — Explicou Hagrid com ar astuto — Só precisamos ter cuidado, porque Olímpia e eu damos um pouco na vista...

   Rony fez um ruído entre um bufo e uma fungada, e tomou depressa um gole de chá. Bati com o cotovelo no menino que se aquietou.
  
— ... então não somos difíceis de seguir. Fingimos que estávamos tirando umas férias juntos, então chegamos à França ( “O País do amor.”, Cantarolou Mia novamente, “Pergunta se eles foram na Pont des Arts em Paris selar o romance deles, Rox”; Nem preciso dizer que Cedric a mandou se calar de novo, né? ) e agimos como se estivéssemos indo para o lugar onde fica a escola de Olímpia, porque sabíamos que estávamos sendo seguidos por alguém do Ministério. Tivemos de viajar devagar, porque não tenho permissão de usar magia, e sabíamos que o Ministério estava procurando uma desculpa para nos prender. Mas conseguimos enganar a anta que estava nos seguindo nos arredores de Di-Jão...

— Aaaah, Dijon?! — Exclamou Hermione, excitada — Estive lá nas férias. Você viu...?

  Calou-se ao ver a cara que Rony a lançara.
 
— Depois disso, nos arriscamos a usar um pouco de magia e não foi uma viagem ruim. Demos de cara com uns trasgos malucos na fronteira com a Polônia e tive uma ligeira discordância com um vampiro em um pub de Minsk, mas, fora isso, não poderia ter sido mais tranquila. Então, chegamos ao lugar e começamos a subir as montanhas procurando sinais deles.

  “Tivemos de abandonar a magia quando nos aproximamos mais. Em parte, porque eles não gostam de bruxos e não queríamos deixá-los irritados muito cedo e, em parte, porque Dumbledore nos prevenira que Você-Sabe-Quem devia estar atrás dos gigantes e tudo. Disse que era quase certo que já tivesse despachado um mensageiro. Disse que tivéssemos muito cuidado para não chamar atenção quando nos aproximássemos, para o caso de haver Comensais da Morte por perto.”

  Hagrid fez uma pausa para tomar um grande gole de chá.
 
— Continua! — Pediu Harry pressuroso no instante que eu queimei a língua ao tomar um pouco de chá e soltei uma exclamação

— Encontrei eles. — Disse Hagrid, resumindo — Passamos por uma crista de montanha uma noite e lá estavam eles, acampados do outro lado. Pequenas fogueiras acesas embaixo e enormes sombras... parecia que estávamos vendo partes da montanha se mexendo.

— Que tamanho eles têm? — Perguntei com a voz abafada — Chegam a mais de cinco metros, Hagrid?

— Eles têm uns seis metros, Rox. — Dsse Hagrid com displicência — Alguns dos maiores talvez tivessem sete.

— Uow. — Arregalei os olhos boquiaberta

— Uns com tanto, outros com tão pouco. — Disse Rony entre risinhos, eu o olhei intrigada — Minha irmãzinha aqui é um claro exemplo. O destino fez a coitada só ter meio metro de altura, tadinha.

   Estava prestes a o responder, com o olhar sério e bastante irritada, logo lhe dando um tapa, quando Harry se apressou a perguntar:

— E quantos havia, Hagrid? Dá pra parar vocês dois!?

   Eu e Rony se aquietamos.

— Calculo que uns setenta ou oitenta.

— Só? — Admirou-se Hermione

— É. — Respondeu Hagrid com tristeza — Restam oitenta e havia muitos mais, devia ter umas cem tribos diferentes em todo o mundo. Mas já faz muito tempo que estão morrendo. Os bruxos mataram alguns, é claro, mas principalmente os gigantes se mataram uns aos outros e agora estão morrendo mais rápido que nunca. Não foram feitos para viver agrupados. Dumbledore diz que a culpa é nossa, foram os bruxos que os forçaram a morar bem longe, e que eles não tiveram escolha senão ficar juntos para a própria proteção.

— Então, você os viu e aí?

— Bom, esperamos até amanhecer, não queríamos nos aproximar no escuro, escondidos, para nossa própria segurança. — Disse Hagrid — Lá pelas três horas da manhã, eles dormiram onde estavam sentados mesmo. Não tivemos coragem de dormir. Primeiro porque queríamos ter certeza de que nenhum deles ia acordar e subir até onde estávamos, e segundo porque os roncos eram incríveis. Provocaram uma avalanche pouco antes do dia clarear. Em todo o caso, quando clareou descemos para falar com eles.

— Assim? — Perguntou Rony, parecendo assombrado — Vocês simplesmente entraram em um acampamento de gigantes?

— Bom, Dumbledore disse à gente como fazer. Dar presentes ao Gurgue, apresentar os respeitos, vocês sabem.

— Dar presentes ao quê?

— Ah, ao Gurgue, Rox, quer dizer, chefe.

— Como é que você sabia qual era o Gurgue?— Perguntou Rony

  Harry achou graça.

— Sem problema. Era o maior, o mais feio e o mais preguiçoso. Sentado ali, esperando que os outros lhe levassem comida. Cabras mortas e coisas do gênero. O nome era Karkus, calculo que tivesse uns vinte e dois, vinte e três anos, e o peso de um elefante macho adulto. A pele feito couro de rinoceronte e tudo.

— E você simplesmente foi até ele? — Perguntei, ofegante

— Bom... desci até ele, até onde estava deitado no vale. Os gigantes acamparam nessa depressão entre quatro montanhas bastante altas, entendem, à margem de um lago, e Karkus estava deitado ali, bradando para os outros alimentarem ele e a mulher. Olímpia e eu descemos a encosta da montanha...

— Mas eles não tentaram matar vocês quando os viram? — Perguntou Rony incrédulo

— Com certeza era o que estava na cabeça de alguns. — Disse Hagrid, encolhendo os ombros — Mas fizemos o que Dumbledore nos tinha dito para fazer, erguer o presente bem alto, manter os olhos no Gurgue e não dar atenção aos outros. Então, foi o que fizemos. E eles ficaram quietos, observando a gente passar, chegamos até os pés de Karkus, nos curvamos e colocamos o nosso presente na frente dele.

— Que é que se dá a um gigante? — Perguntou Rony curioso — Comida?

—  São gigantes e não “Ronys”. — Falei fazendo-o revirar os olhos

— E, na verdade, eles não tem problema para arranjar comida. — Disse Hagrid — Levamos uma coisa mágica. Gigantes gostam de magia, só não gostam quando a usamos contra eles. Em todo o caso, naquele primeiro dia demos um ramo de fogo gubraiciano.

Hermione exclamou baixinho:

— Uau! — Mas Harry e Rony enrugaram a testa intrigados

— Um ramo de...?

— Fogo perpétuo. — Falei com naturalidade, como se fosse um tipo de informação básica que todos deveriam saber. E era. Harry e Rony se entreolharam — Sério, mesmo!? O que vocês fazem na aula?

— Vocês já deviam conhecer! — Se adiantou Hermione, irritada — O Prof. Flitwick já mencionou esse tal fogo no mínimo duas vezes em aula.

— Bom, em todo o caso. — Disse Hagrid depressa, intervindo antes que Rony pudesse responder — Dumbledore enfeitiçou o ramo para arder para sempre, o que não é coisa que qualquer bruxo possa fazer, então eu o depositei na neve aos pés de Karkus e disse: Um presente para o Gurgue dos gigantes de Alvo Dumbledore, que lhe envia respeitosos cumprimentos.

— E que foi que Karkus disse? — Perguntei, ansiosa

— Nada. Não falava inglês.

— Tá brincando!

— Não fez diferença.— Continuou Hagrid, imperturbável — Dumbledore tinha avisado que isso podia acontecer. Karkus sabia o suficiente para dar um berro e chamar uns gigantes que sabiam a nossa língua, e eles traduziram para nós.

— E ele gostou do presente? — Perguntou Rony

— Ah, sim, fizeram um alvoroço quando entenderam o que era. — Disse Hagrid, virando o pedaço de carne para pôr o lado mais frio sobre o olho inchado — Ficou muito satisfeito. Então eu disse: “Alvo Dumbledore pede ao Gurgue para falar com o seu mensageiro quando ele voltar amanhã com outro presente.”

— E por que você não podia falar naquele dia mesmo? — Perguntou Hermione

— Dumbledore queria que a gente fosse muito devagar. Deixasse eles verem que cumprimos nossas promessas. Voltaremos amanhã com outro presente, e então voltar com outro presente, dá uma boa impressão, entende? E dá tempo a eles para experimentarem o primeiro presente e descobrir que é bom, e fazer eles quererem mais. Em todo o caso, gigantes como Karkus... se a gente dá informações demais, nos matam só para simplificar as coisas. Então, recuamos com uma reverência e fomos embora, arranjamos uma pequena gruta para passar a noite e, na manhã seguinte, voltamos e desta vez encontramos Karkus sentado esperando por nós e demonstrando ansiedade.

— E você falou com ele?

— Ah, sim. Primeiro lhe demos de presente um bonito elmo de guerra, indestrutível, feito por duendes, sabem, e então sentamos e conversamos.

— Que foi que ele disse?

— Não falou muito. Ouviu a maior parte do tempo. Mas fez sinais positivos. Ele já ouvira falar de Dumbledore, ouvira que ele fora contra matar os últimos gigantes na Inglaterra. Karkus pareceu estar muito interessado no que Dumbledore tinha a dizer. E alguns dos outros, principalmente os que sabiam algum inglês, se reuniram a nossa volta e também escutaram. Estávamos muito esperançosos quando nos despedimos naquele dia. Prometemos voltar no dia seguinte com outro presente.

  “Mas naquela noite tudo desandou.”
 
— Como assim? — Perguntou Rony depressa

   Eu olhei a cara de Hagrid, e de repente vi um flashe. Tudo em questão de segundos. Gritos, berros, brigas, sangue, uma barulheira infernal, e de repente uma cabeça enorme e decepada no fundo do lago. Senti todo meu corpo tremer, pisquei e levei minhas mãos ao meu pescoço, assustada, meus olhos arregalados. Mas eu já estava de volta a cabana de Hagrid, embora fosse difícil tirar aquela cabeça decepada da mente.
  
— ...eles não nasceram para viver juntos, os gigantes. — Dizia Hagrid tristemente — Não em grupos grandes como aquele. Não conseguem se refrear, quase se matam uns aos outros a intervalos de semanas. Os homens lutam entre eles e as mulheres lutam entre elas; os que sobram das antigas tribos lutam entre si, e isso sem falar nas disputas por comida e melhores fogueiras e lugares para dormir. Seria de se esperar, já que a raça toda está quase desaparecendo, que parassem com isso, mas...

  Hagrid deu um profundo suspiro.
 
— Naquela noite houve uma briga, assistimos da entrada da nossa caverna, de onde se via o vale. Durou horas, você não acreditaria no barulho. E, quando o sol nasceu, a neve estava vermelha e a cabeça dele no fundo do lago.

— A cabeça de quem?! — Exclamou Hermione

— De Karkus... — Suspirei ainda com as mãos no pescoço e os olhos sem foco, apenas vislumbrando a cabeça de Karkus no fundo do lago

— Exato. — Confirmou Hagrid, pesaroso — Havia um novo Gurgue, Golgomate. — Ele tornou a suspirar — Bom, não tínhamos contado com um novo Gurgue dois dias depois de fazer contato amigável com o primeiro, e tínhamos a estranha impressão de que Golgomate não estaria tão interessado em nos escutar, mas precisávamos tentar.

— Vocês foram falar com ele? — Perguntou Rony, incrédulo — Depois de terem visto ele arrancar a cabeça de outro gigante? ... E que raios você tem, Rox?

— Quê? — Olhei pra ele sem entender — Ah... nada. Pode continuar, Hagrid. — E abaixei minhas mãos do pescoço ainda em choque com a visão de Karkus

— Onde eu estava? Ah... sim, claro que fomos lá falar com ele, Rony. — Disse Hagrid — Não tínhamos viajado tão longe para desistir em dois dias! Descemos com o presente que pretendíamos dar a Karkus. Percebi que não ia adiantar antes mesmo de abrir a boca. Ele estava sentado lá com o elmo de Karkus na cabeça, rindo da gente, quando nos aproximamos. Ele é vigoroso, um dos maiores do grupo. Cabelos pretos e dentes da mesma cor e um colar de ossos. Alguns dos ossos me pareceram humanos. ( “Com certeza eram.”, sussurrei para mim mesma abaixando meus olhos para o chão tentando ver qualquer outra coisa, se não o que passava na mente de Hagrid enquanto ele relembrava sua viagem ) Bom, resolvi tentar, entreguei a ele um enorme rolo de couro de dragão, e disse: ‘Um presente para o Gurgue dos gigantes.’ No instante seguinte eu estava pendurado no ar de cabeça para baixo, agarrado por dois companheiros dele.”

  Hermione levou as duas mãos à boca. E eu levantei a cabeça para olhar Hagrid, rapidamente.
  
— E como foi que você saiu dessa? — Perguntou Harry

— Não teria saído se Olímpia não estivesse lá. — Disse Hagrid — Ela puxou a varinha e executou feitiços com a maior velocidade que já vi alguém executar. Fantástico. Atingiu os dois que estavam me segurando bem no olho, com Feitiços Conjunctivitus, e eles me largaram na mesma hora no chão, mas aí entramos em uma roubada porque tínhamos usado magia contra eles, e isso é o que os gigantes odeiam nos bruxos. Tivemos de dar no pé e sabíamos que depois disso não poderíamos voltar ao acampamento deles.

— Caramba, Hagrid! — Exclamou Rony baixinho

— Então como é que você levou tanto tempo para voltar pra casa se só passou três dias lá? — Admirou-se Hermione

— Não partimos três dias depois! — Disse Hagrid, indignado — Dumbledore estava confiando na gente!

— Mas você acabou de dizer que não poderiam voltar lá!

— Não de dia, não poderíamos, não. Tivemos de repensar a coisa toda. Passamos uns dois dias escondidos em uma gruta, observando. E o que vimos não foi nada bom.

— Eles arrancaram mais cabeças? — Perguntei com repugnância

— Você ver o futuro, Rox.  — Sibilou Mia meio rindo — Que tipo de pergunta é essa?

— Não. — Respondeu Hagrid — Gostaria que sim.

— Como assim?

— Não tardamos a descobrir que ele não fazia objeções a todos os bruxos: só a nós.

— Comensais da Morte? — Indaguei depressa

— É. — Disse Hagrid sombriamente — Uns dois apareciam para visitá-lo todos os dias, levando presentes para o Gurgue, e ele não pendurava essas visitas pelos pés.

— Como é que você sabe que eram Comensais da Morte? — Perguntou Rony

— Porque reconheci um deles. — Respondeu em voz baixa e zangada — Macnair, se lembram? O cara que mandaram vir sacrificar o Bicuço? É tarado, ele. Gosta de matar tanto quanto o Golgomate; não admira que estejam se dando tão bem.

— Então Macnair convenceu os gigantes a se unirem a Você-Sabe-Quem? — Perguntou Hermione, desesperada

— Calma aí, ainda não terminei minha história! — Exclamou Hagrid, indignado, e, considerando que a princípio não queria contar nada, agora parecia estar gostando — Eu e Olímpia discutimos o problema e concordamos que só porque o Gurgue parecia estar favorecendo Você-Sabe-Quem não significava que todos iriam segui-lo. Tínhamos de tentar convencer alguns dos outros, os que não tinham querido Golgomate para Gurgue.

— Como é que vocês iam saber quem eram? — Perguntou Rony

— Ora, eram os que estavam sendo espancados, ou não? — Disse Hagrid paciente — Os que tinham juízo estavam saindo do caminho de Golgomate, se escondendo nas grutas em torno da ravina exatamente como nós. Então, resolvemos explorar as grutas à noite, e ver se não conseguiríamos convencer alguns.

— Vocês saíram explorando as grutas à procura de gigantes? — Disse Rony, com assombro na voz

— Bom, não eram os gigantes que nos preocupavam mais. Estávamos mais preocupados com os Comensais da Morte. Dumbledore nos recomendara que não nos metêssemos com eles se pudéssemos evitar, e o problema era que sabiam que andávamos por perto, imagino que Golgomate tenha contado. À noite, quando os gigantes estavam dormindo e queríamos sair rondando as grutas, Macnair e o outro estavam explorando as montanhas à nossa procura. Foi difícil impedir Olímpia de saltar em cima deles. — Disse Hagrid, os cantos da boca repuxando para cima sua barba desgrenhada — Ela estava doida para atacá-los... tem uma coisa quando se encrespa, a Olímpia... impetuosa, sabem, imagino que seja o sangue francês dela...

   Hagrid contemplou o fogo com os olhos embaçados. Nós quatro lhe permitimos trinta segundos de reminiscências antes de Harry pigarrear alto.
  
— Então, que foi que aconteceu? Você chegou a se aproximar de algum dos outros gigantes?

— Quê? Ah... ah, claro que sim. Na terceira noite depois que mataram Karkus, nos esgueiramos para fora da gruta em que estávamos escondidos e voltamos à ravina, mantendo os olhos muito abertos para os Comensais da Morte. Entramos em algumas grutas, mas nada, então, lá pela sexta gruta, encontramos três gigantes escondidos.

— A gruta devia estar apertada. — Comentei

— Não tinha lugar nem para um amasso. — Disse Hagrid

— Eles não atacaram vocês quando os viram? — Perguntou Hermione

— Provavelmente teriam atacado se tivessem condições, mas estavam muito feridos, os três; o bando de Golgomate deixou-os desacordados de tanta pancada; eles tinham recuperado a consciência e se arrastado até o abrigo mais próximo que encontraram. Em todo o caso, um deles sabia um pouquinho de inglês e traduziu para os outros, e o que tínhamos a dizer parece que não caiu muito mal. Então voltamos várias vezes para visitar os feridos... calculo que em um determinado momento tínhamos convencido uns seis ou sete.

— Seis ou sete?! — Exclamou Rony ansioso — Não é nada mal, eles vêm ajudar a gente a lutar contra Você-Sabe-Quem?

   Mas eu, que havia percebido outra coisa, perguntei:
  
— O que você quis dizer com “em um determinado momento”, Hagrid?

   Hagrid me olhou entristecido.
  
— O grupo de Golgomate tomou a gruta de assalto. Depois disso, os que sobreviveram não quiseram mais nada conosco.

— Então não virá gigante nenhum? — Perguntou Rony, parecendo desapontado

— Não. — Confirmou Hagrid, soltando um grande suspiro e tornando a virar o pedaço de carne para aplicar o lado mais frio no rosto — Mas cumprimos o que fomos fazer, levamos a mensagem de Dumbledore, e alguns a ouviram, e espero que um dia se lembrem. Talvez, os que não quiserem ficar perto de Golgomate se mudem das montanhas e é até possível que se lembrem que Dumbledore é a favor deles... talvez eles venham então.

   A neve agora cobria a janela. Percebi que os joelhos das vestes de Harry estavam encharcados. Canino estava babando em seu colo.

— Ok, eles não tem os gigantes, mas têm uma Médiumaga. Alguém avisa! — Disse Mia em um tom de naturalidade, e eu apenas pensei que raios eu podia fazer contra Voldemort

— Hagrid? — Disse Hermione, baixinho, passado algum tempo

  — Humm?
 
— Você ouviu... viu algum sinal de... descobriu alguma coisa sobre su... sua... mãe enquanto esteve lá?

   O olho destampado de Hagrid se fixou nela, e Hermione sentiu medo.
  
— Desculpe... eu... esquece...

— Morta. Há anos. Eles me contaram.

— Ah... eu... realmente lamento. — Disse Hermione, com a voz fraquinha. Hagrid encolheu os ombros enormes

— Não precisa. — Disse brusco — Não me lembro muito dela. Não foi uma boa mãe.

   Eles ficaram em silêncio. Hermione olhou nervosa para mim, Harry e Rony, claramente querendo que dissessemos alguma coisa.

— Mas você ainda não nos explicou como foi que ficou nesse estado, Hagrid. — Disse meu irmão, indicando o rosto manchado de sangue de Hagrid

— Ou por que demorou tanto a voltar. — Acrescentei — Sirius falou que Madame Maxime voltou há séculos...

— Quem atacou você? — Perguntou Harry

— Não fui atacado! — Respondeu Hagrid enfaticamente — Eu...

   Mas o restante de sua frase foi abafada por uma sucessão de batidas na porta. Hermione prendeu a respiração; sua caneca escorregou por entre os dedos e se espatifou no chão; Canino latiu. Nós cinco se voltamos para a janela ao lado da porta. Mia e Cedric fizeram o mesmo. A sombra de um vulto pequeno eatarracado se mexeu por trás da cortina fina.

— É ela! — Sussurrou Rony

— Umbridge... — Suspirei já imaginando o que viria pela frente

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