162 | The Final Battle
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162. A Batalha Final
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Por que? Não quer lutar comigo, Bellatrix? Medinho de perder pra mim, titia Bella?
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ᴿᵒˣᵃⁿⁿᵉ ᵂᵉᵃˢˡᵉʸ
Eu senti que Harry estava vivo no momento que Narcissa Malfoy voltou a sentar-se do meu lado, eu sabia de tudo enquanto caminhávamos, tudo, e isso foi o que me motivou a não desistir, tinha solução, é claro que tinha.
Quando Draco veio até os Comensais, obedecendo o chamado dos seus pais, conversamos mentalmente e eu lhe contei tudo, o plano continuava de pé. Estávamos de mãos dadas observando Neville conversar com Voldemort, e percebi que Harry estava atento, embora não me ouvisse, mas precisávamos esperar a hora certa, ainda não, ainda não.
— Neville agora vai demonstrar o que acontece com quem é suficientemente tolo para continuar a se opor a mim. — O Lorde anunciara, antes mesmo dele virar e me indicar, eu já sabia o que viria a seguir. Estava preparada — Estão prontos para sentirem o poder da Grande Feiticeira!?
Me aproximei nervosa, mas não podia perder a pose. Doeu ver como as pessoas de Hogwarts me olhavam, como achavam que eu tinha os traído, mas logo tudo se resolveria, logo logo. Sorri mentalmente quando ele usou a voz de poder para mim, não ia funcionar, não de novo.
— Roxanne — O Lorde chamava —, mate-o e acabe com todos!
"Amor...", veio a voz de Draco em minha mente, suave, mas temerosa
Então um sorriso começou a formar-se em meus lábios quando meus olhos ficaram brancas e ergui as mãos.
— Eu acho que não.
Tudo o que aconteceu a seguir foi um misto de fogo, sombras e confusão. Eu não tinha tempo para contemplar os rostos atônitos das pessoas percebendo que eu tinha investido contra os Comensais e que Harry Potter estava vivo.
— CONFRINGO! — Veio o berro de Narcissa Malfoy investindo contra um Comensal que tentara acertar Draco ao notar o que ele fez
— Nãnãnão. — Sorri divertida fazendo um movimento com a mão direita que fez com que Yaxley – que agora tentava acertar a minha sogra – fosse engolido por uma sombra negra e sugado pela terra
Percebi quando com um único movimento rápido e fluido, Neville se libertou do Feitiço do Corpo Preso que o imobilizava, conseguira de alguma forma pegar o Chapéu Seletor, e, do fundo dele, o garoto puxou um objeto prateado com um punho cravejado de rubis.
O ruído da espada de prata cortando o ar não pôde ser ouvido acima do vozerio da multidão que se aproximava, ou o estrépito dos gigantes se enfrentando, ou a cavalgada dos centauros, ou mesmo dos espíritos, contudo, pareceu atrair todos os olhares. Com um único golpe, Neville decepou a cabeça de Nagini, que girou no alto, reluzindo à luz que vinha do saguão de entrada, e a boca de Voldemort se abriu em um berro de fúria, que ninguém pôde ouvir, e o corpo da cobra bateu com um baque surdo aos seus pés...
Harry puxava a Capa da Invisibilidade das suas vestes quando notei ele apontar a varinha para Neville e Voldemort, logo entendi que ele lançara um feitiço escudo. No meio daquilo tudo Hagrid ainda estava atônito com o fato de Harry ter pulado de seus braços.
Reinou o caos. A investida dos centauros dispersava os Comensais da Morte, tal como a aparição das sombras, todos fugiam das pisadas dos gigantes, e, cada vez mais próximos, estrondeavam os reforços que ninguém sabia de onde tinham vindo; eu vi grandes criaturas aladas, os testrálios e Bicuço, o hipogrifo, rodeando as cabeças dos gigantes de Voldemort, gadunhando seus olhos, enquanto Grope os esmurrava; e agora os bruxos, defensores de Hogwarts, bem como os Comensais de Voldemort, estavam sendo empurrados para dentro do castelo.
Eu agarrei a mão de Draco enquanto corria, a adrenalina presente no meu corpo, ofegante. Meu namorado lançava feitiços contra cada Comensal da Morte à vista, e eles caíam, logo seus corpos eram pisoteados pela multidão em retirada antes que pudessem revidar.
Eu escutava as vozes de Mia, Cedric e Regulus, mas não só a deles, havia espíritos demais, prontos para obedecerem ao meu comando.
Éramos empurrados para dentro do saguão de entrada: procurei por Voldemort e o vi do lado oposto, a varinha disparando feitiços para todo lado enquanto recuava para dentro do Salão Principal, ainda berrando ordens para os seus seguidores; Draco balançou a varinha que segurava e lançou dois Feitiços Escudo, e as supostas vítimas de Voldemort, Seamus Finnegan e Ana Abbott, passaram por ele correndo e entraram no Salão Principal, onde se uniram à luta que já se desenvolvia ali.
— Essa não é a varinha da sua mãe. — Falei ao soltar a mão dele, e nós dois ficamos de costas um para o outro, ele recitando feitiços e eu usando a minha magia
O garoto deu uma risadinha.
— Digamos que eu perdi a de mamãe — Falou no momento que eu joguei o corpo de Travers na parede —, e alguém perdeu essa.
— Ai, amor... — Eu ri enquanto investíamos em lançar mais feitiços contra os Comensais
— Rox! — Escutei a voz muito insistente, mas não a olhei, não sabia se estava pronta
— Você pode contar com a gente. — Disse uma voz suave, e quando me virei vi duas pessoas que eu só conhecia por fotos, eram os irmãos de mamãe. Gideon e Fabian
— Sabe disso, não é? — Fabian sorria
Eu suspirei fundo, esse tempo sucumbindo às trevas deveria ser o suficiente pra eu me sentir mais que pronta para realizar feitiços inimagináveis, mais que pronta pra fazer um exército de espíritos, mas eu estava com medo.
Pisquei os olhos tentando manter a cabeça no lugar, bem a tempo de ver um mascarado que tentava acertar Draco, isso foi o suficiente pra fúria irradiar de mim, e eu fiz um breve movimento com as mãos, o resultado quase me fez saltar para trás: Lá estavam Mia, Cedric, Regulus, Fabian, Gideon, Sirius e Sienna, cinzentos como fantasmas, mas suas varinhas causavam efeito para onde apontavam.
— O meu namorado não, seu babaca! — Gritei sorrindo quando o Comensal foi lançado longe por um feitiço lançado por Regulus Black; enquanto os outros investiam contra outros Comensais, que pareciam aterrorizados
Eu continuava ainda com a mão erguida sustentando visíveis os espíritos, quando percebi que Draco sorria pra mim, orgulhoso. Senti meu coração quentinho, eu própria feliz de ter conseguido fazer aquilo.
Nós corremos logo em seguida, sem parar de acertar quantos Comensais podíamos, e cada vez mais eu conseguia fazer com que espíritos aparecessem, se mantendo visíveis por muito mais tempo e acertando quantos mais podiam.
E agora havia mais, muito mais gente irrompendo pela escadaria da entrada, eu sorri ao ver meu irmão Charlie alcançar Horácio Slughorn, que usava um pijama verde-esmeralda. Pareciam ter reassumido a liderança dos familiares e amigos de cada estudante de Hogwarts que ficara para lutar, acompanhados dos lojistas e habitantes de Hogsmeade. Os centauros Agouro, Ronan e Magoriano invadiram o saguão em um forte tropel, no momento em que a porta que levava à cozinha era arrancada das dobradiças.
Uma enxurrada de elfos domésticos de Hogwarts adentrou o saguão, gritando e brandindo seus trinchantes e cutelos, e à frente deles, com o medalhão de Regulus Black pendurado ao peito, vinha Monstro, sua voz de rã audível, apesar da zoeira:
— À luta! À luta! À luta pelo meu senhor, defensor dos elfos domésticos! À luta contra o Lorde das Trevas, em nome do corajoso Regulus! À luta!
Eles cortavam e furavam os tornozelos e canelas dos Comensais da Morte, seus pequenos rostos brilhando de malícia, e, por onde quer que eu olhasse, os Comensais estavam se dobrando à superioridade dos números, vencidos pelos espíritos, por feitiços, arrancando flechas dos ferimentos, esfaqueados na perna pelos elfos, ou, simplesmente, tentando fugir, mas engolidos pela horda invasora.
A batalha, contudo, ainda não terminara: lancei chamas roxas entre os duelistas, passei por prisioneiros que se debatiam e entrei no Salão Principal.
Voldemort estava no centro da luta e atacava e fulminava tudo ao seu alcance. Vi Perseus Parkinson ser nocauteado por George e Lee Jordan, vi Dolohov cair com um grito às mãos de Flitwick, vi Walden Macnair ser atirado do outro lado do salão por Fred e Rony, bater na parede de pedra e escorregar, inconsciente, para o chão. Vi Neville abater Jonathan Burke, Aberforth estuporar Rookwood, papai e Percy derrubarem Thicknesse, Lavender e Parvati investirem contra Hadley Burke, e foi com horror que notei que Theodore lutava contra a própria irmã.
Voldemort agora duelava com McGonagall, Slughorn e Kingsley ao mesmo tempo, e seu rosto transparecia um ódio frio ao vê-los trançar e se proteger ao seu redor, incapazes de acabar com ele...
Courtney Burke também continuava a lutar, a uns cinquenta metros de Voldemort e, como seu senhor, ela duelava com três de uma vez: Hermione, Ginny e Luna, todas empenhadas ao máximo, mas Courtney valia por todas juntas, e a minha atenção foi desviada quando uma Maldição da Morte passou tão perto de Ginny que por menos de três centímetros não a matou...
Mudei de rumo abruptamente, irada, avançando para Courtney.
— Não toca na minha irmã, vadia! — Berrei e com um movimento das minhas mãos Courtney foi engolida por uma sombra negra e sugada pelo piso; as três meninas viraram pra mim
— Eu sempre soube que você não tinha nos traído. — Ginny abrira um sorriso pra mim
— Nunca. — Falei ao retribuir, mas eu não tive tempo de fazer mais nada além disso, a guerra continuava
Me abaixei para me proteger de um lampejo vermelho e olhei ao redor, percebendo que Draco não se encontrava mais por perto. Continuei vasculhando o Salão até ver Bellatrix e Sol, a garota de tranças apertava a varinha com força, convicta, mas seus olhos a traiam.
— Então você achou que podia trair a mamãe? Então você gosta do menininho de cabelos vermelhos? — Bellatrix ria-se cruelmente se aproximando dela
— Eu o amo. — A garota disse com convicção, embora tremesse — E eu escolhi o meu lado, é aqui, lutando com Hogwarts contra pessoas como você!
Meus olhos se arregalaram quando, com um breve movimento da varinha, Bellatrix fez Sol cair no chão, não havia piedade nenhuma no olhar dela.
— Eu só tive uma filha — Recitava Bellatrix calmamente olhando para a garota caída —, para servir ao Lorde, de que adianta você viver se não está disposta a isso?
Percebi que a garota estava imobilizada, mas seu rosto demonstrava dor, e eu avancei depressa sem hesitar.
— Você não! — Bellatrix rosnou ao me encarar, esquecendo-se por instantes da filha — Esse assunto é meu e da Sol, feiticeira. Meu e da minha filha!
— Por que? Não quer lutar comigo, Bellatrix? — Eu sorri com desdém erguendo a minha mão com chamas de fogo roxos — Medinho de perder pra mim, titia Bella?
— Você se acha a poderosa, não? — A mulher desdenhou dando um passo à frente e me fitando — Oh, saúdam a princesa feiticeira, olha só como ela conseguiu convencer o meu sobrinho e se passar por enfeitiçada por... há quanto tempo faz que você não é mais a princesinha das trevas, hem?
— Posso voltar a ser ela se for pra te matar! — Rosnei furiosa querendo esganar o pescoço daquela vaca
— Acha que tem mais poder do que eu? — E Bellatrix balançou a varinha contra mim enquanto eu desviava e lançava chamas roxas que ricocheteavam o couro do seu vestido — Acha que pode me vencer? É tão tola assim criança? Pensa mesmo que pode vencer a serva mais leal do Lorde das Trevas!?
Eu tinha erguido minhas mãos furiosa, pronta pra matá-la, mas antes que eu pudesse lançar-lhe qualquer coisa, ouvi um grito:
— A MINHA FILHA NÃO, SUA VACA!
Mamãe atirou sua capa para longe enquanto corria, deixando os braços livres. Bellatrix girou nos calcanhares, às gargalhadas, ao ver quem era sua nova desafiante.
Bellatrix me esquecera completamente, e eu só olhava boquiaberta para mamãe que fazendo um gesto largo com a varinha, começou a duelar. Eu observei com terror e animação a varinha da minha mãe golpear e girar, e o sorriso de Bellatrix Lestrange vacilar e se transformar em um esgar. Jorros de luz voavam de ambas as varinhas, o chão em torno dos pés das bruxas esquentou e fendeu; as duas mulheres travavam uma luta mortal.
— Mãe, eu...
— Não! — Gritou ela me vendo tentar ir ao seu auxílio — Para trás! Para trás! Ela é minha!
Centenas de pessoas agora se encostaram às paredes observando as duas lutas, Voldemort e seus três oponentes, e Bellatrix e mamãe, e eu paralisada próximo as duas, querendo atacar e ao mesmo tempo proteger, incapaz de garantir que não iria atingir um inocente.
— Que vai acontecer com seus filhos depois que eu matar você? — Provocou Bellatrix, tão desvairada como o seu senhor, saltando para evitar os feitiços de mamãe que dançavam ao seu redor
— Você... nunca... mais... tocará... em... nossos... filhos! — Gritou mamãe. Bellatrix deu uma gargalhada, a mesma gargalhada exultante que seu primo Sirius dera ao tombar para trás e atravessar o véu, e de repente eu previ o que ia acontecer, não precisava fazer nada
O feitiço de mamãe voou por baixo do braço esticado de Bellatrix e atingiu-a no peito, diretamente sobre o coração.
A risada triunfante de Bellatrix congelou, seus olhos pareceram saltar das órbitas: por uma mínima fração de tempo, ela percebeu o que ocorrera e, então, desmontou, e a multidão que assistia bradou, e Voldemort deu um grito.
Eu senti como se estivesse virando em câmara lenta; vi McGonagall, Kingsley e Slughorn serem arremessados para trás, debatendo-se e contorcendo-se no ar, quando a fúria de Voldemort, face à queda de sua última e melhor tenente, explodiu com a força de uma bomba. Voldemort ergueu a varinha e apontou-a para a minha mãe.
— NÃO! — Gritei empurrando minha mãe para o lado e passando em sua frente, mas outro grito viera em nosso favor
— Protego! — E o Feitiço Escudo expandiu-se no meio do Salão Principal, e Voldemort não foi o único a olhar admirado ao redor, procurando de onde viera, ao mesmo tempo que Harry despia, finalmente, a Capa da Invisibilidade
O berro de choque, os vivas, os gritos de todos os lados de "HARRY!" foram imediatamente sufocados. A multidão se amedrontou, e o silêncio caiu brusca e completamente quando Voldemort e Harry se encararam e começaram no mesmo instante a se rodear.
— Não quero que mais ninguém tente ajudar. — Disse Harry em voz alta e, no silêncio total, sua voz ecoou como o toque de uma trompa — Tem que ser assim. Tem que ser eu.
Voldemort sibilou.
— Potter não está falando sério. — Disse ele, arregalando os olhos vermelhos — Não é assim que ele age, é? Quem você vai usar como escudo hoje, Potter?
— Ninguém. — Respondeu Harry, com simplicidade — Não há mais Horcruxes. Só você e eu. Nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver, e um de nós está prestes a partir para sempre...
— Um de nós? — Caçoou Voldemort, e todo o seu corpo estava tenso e seus olhos vermelhos atentos, uma cobra armando o bote — Você acha que vai ser você, não é, o garoto que sobreviveu por acaso e porque Dumbledore estava puxando os cordões?
— Acaso, foi? Quando minha mãe morreu para me salvar? — Desafiou Harry. Eles continuaram a se movimentar de lado, os dois, em um círculo perfeito, mantendo a mesma distância entre si — Acaso, quando decidi lutar naquele cemitério? Acaso, quando não me defendi hoje à noite e, ainda assim, sobrevivi e retornei para lutar?
— Acasos! — Berrou Voldemort, mas ainda assim não atacou, e os circunstantes permaneceram imóveis como se estivessem petrificados, e, das centenas de pessoas no salão, ninguém parecia respirar, exceto os dois — Acaso e sorte e o fato de você ter se escondido e choramingado atrás das saias de homens e mulheres superiores a você, e me permitido matá-los em seu lugar!
— Você não matará mais ninguém hoje à noite. — Disse Harry, enquanto se rodeavam e se encaravam nos olhos, verdes e vermelhos — Você não será capaz de matar nenhum deles, nunca mais. Você não está entendendo? Eu estive disposto a morrer para impedir que você ferisse essas pessoas...
— Mas você não morreu!
— ... mas tive intenção, e foi isso que fez a diferença. Fiz o que minha mãe fez. Protegi-os de você. Você não reparou que nenhum dos feitiços que lançou neles são duradouros? Você não pode torturá-los. Você não pode atingi-los. Você não aprende com os seus erros, Riddle, não é?
— Você se atreve...
— Me atrevo, sim. Sei coisas que você ignora, Tom Riddle. Sei muitas coisas importantes que você ignora. Quer ouvir algumas, antes de cometer outro grande erro?
Voldemort não respondeu, continuou a rondá-lo em círculo, e eu percebi que Harry o mantivera temporariamente hipnotizado e acuado, detido pela tênue possibilidade de que Harry pudesse, de fato, conhecer o segredo final...
— É o amor de novo? — Disse Voldemort, a zombaria em seu rosto ofídico — A solução favorita de Dumbledore, amor, que ele alegava conquistar a morte, embora o amor não o tivesse impedido de cair da Torre e se quebrar como uma velha estátua de cera? Amor, que não me impediu de matar sua mãe sangue-ruim como uma barata, Potter; e ninguém parece amá-lo o suficiente para se apresentar desta vez e receber a minha maldição. Então, o que vai impedir que você morra agora quando eu atacar?
— Só uma coisa. — Respondeu Harry, e eles continuavam a se rodear, absortos um no outro, separados apenas por aquele último segredo
— Se não for o amor que irá salvá-lo desta vez — Retrucou Voldemort —, você deve acreditar que é dotado de uma magia que não tenho, ou, então, de uma arma mais poderosa do que a minha?
— Que arma, Tom? — Replicou Harry — Ou você foi o único que ainda não percebeu que Rox nunca esteve do seu lado? E que foi o Amor que a livrou do feitiço que você a lançou, da maldição que você a prendeu.
Eu sorri observando a ira naquele rosto de cobra.
— Mas respondendo sua pergunta, Riddle, creio que as duas coisas.
Voldemort começou a rir, e o som era mais apavorante do que os seus gritos; desprovido de humor e sanidade, o riso ecoou pelo salão silencioso.
— Você acha que conhece mais magia do que eu? Do que eu, do que Lorde Voldemort, capaz de magia com que o próprio Dumbledore jamais sonhou?
— Ah, ele sonhou, sim, mas sabia mais do que você, sabia o suficiente para não fazer o que você fez.
— Você quer dizer que ele era fraco! — Berrou Voldemort — Fraco demais para ousar, fraco demais para se apoderar do que poderia ser dele, do que será meu!
— Não, ele era mais inteligente do que você, um bruxo melhor e um homem melhor.
— Eu causei a morte de Alvo Dumbledore!
— Você pensa que causou, mas se enganou.
Pela primeira vez a multidão que assistia se moveu quando as centenas de pessoas em torno das paredes unanimemente prenderam o fôlego.
— Dumbledore está morto! — Voldemort atirou as palavras para Harry como se pudessem lhe causar uma dor insuportável — O corpo dele está apodrecendo no túmulo de mármore nos jardins deste castelo, eu o vi, Potter, e ele não irá retornar!
— Dumbledore está morto, sim — Respondeu Harry, calmamente —, mas não foi você que mandou matá-lo. Ele escolheu como queria morrer, escolheu meses antes de morrer, combinou tudo com o homem que você julgou que era seu servo.
— Que sonho infantil é esse?! — Exclamou Voldemort, mas, ainda assim, ele não atacou, e seus olhos vermelhos não se afastaram dos de Harry
— Severo Snape não era homem seu. Snape era de Dumbledore, desde o momento em que você começou a caçar minha mãe. E você nunca percebeu, por causa daquilo que não pode compreender. Você nunca viu Snape conjurar um Patrono, viu, Riddle?
Voldemort não respondeu. Eles continuaram a se rodear como dois lobos prestes a se estraçalhar.
— O Patrono de Snape era uma corça — Disse Harry —, o mesmo que o de minha mãe, porque ele a amou quase a vida toda, desde que eram crianças. Você devia ter percebido — Disse Harry quando viu as narinas de Voldemort incharem —, ele lhe pediu para poupar a vida dela, não foi?
— Ele a desejava, nada mais — Desdenhou Voldemort —, mas, quando ela se foi, ele concordou que havia outras mulheres, de sangue mais puro, mais dignas dele...
— Naturalmente foi o que Snape lhe disse, mas ele se tornou espião de Dumbledore a partir do momento em que você a ameaçou, e dali em diante trabalhou contra você! Dumbledore já estava morrendo quando Snape o matou!
Nada daquilo era um choque pra mim, mas me surpreendia muito.
— Não faz diferença! — Guinchou Voldemort, que acompanhara cada palavra com extasiada atenção, mas, em seguida, soltou uma gargalhada demente — Não faz diferença se Snape era meu seguidor ou de Dumbledore, ou que mesquinhos obstáculos ele tentou colocar em meu caminho! Eu os esmaguei como esmaguei sua mãe, o pretenso grande amor de Snape! Ah, mas tudo isso faz sentido, Potter, e de modos que você não compreende!
"Dumbledore tentou me impedir de possuir a Varinha das Varinhas! Queria que Snape fosse o verdadeiro senhor da varinha! Mas passei à sua frente, garotinho: cheguei à varinha antes que você pudesse pôr as mãos nela, compreendi a verdade antes que você a percebesse. Matei Severo Snape há três horas, e a Varinha das Varinhas, a Varinha da Morte, a Varinha do Destino é realmente minha! O último plano de Dumbledore falhou, Harry Potter!"
— É, falhou. Você tem razão. Mas, antes de você tentar me matar, eu o aconselharia a pensar no que fez... pensar, e tentar sentir algum remorso, Riddle...
— Que é isso?
De tudo que Harry lhe dissera, acima de qualquer revelação ou zombaria, nada chocara tanto Voldemort. Eu via suas pupilas se contraírem até virarem finos traços, vi a pele em torno dos seus olhos embranquecer, e por mais que eu quisesse interferir, sabia que não podia.
— É a sua última chance — Continuou o garoto —, e é só o que lhe resta... vi em que se transformará se não aproveitá-la... seja homem... tente sentir algum remorso...
— Você ousa...
— Ouso, sim, porque o último plano de Dumbledore não saiu às avessas para mim. Saiu às avessas para você, Riddle.
A mão de Voldemort estava tremendo em torno da Varinha das Varinhas e observei Harry apertar a de Draco com força. O momento, eu sabia, estava apenas a segundos de distância.
— A varinha não está funcionando corretamente para você, porque você matou a pessoa errada. Severo Snape jamais foi o verdadeiro senhor da Varinha das Varinhas. Ele jamais derrotou Dumbledore.
— Ele matou...
— Você não está prestando atenção? Snape nunca derrotou Dumbledore! A morte de Dumbledore foi planejada pelos dois! Dumbledore pretendia morrer sem ser derrotado, o último e verdadeiro senhor da varinha! Tudo correu conforme ele planejou, o poder da varinha morreria com ele, porque jamais foi arrebatada de suas mãos!
— Mas, então, Potter, Dumbledore praticamente me entregou a varinha! — A voz de Voldemort tremeu de malicioso prazer — Roubei a varinha do túmulo do seu último senhor! Retirei-a, contrariando o desejo do seu último senhor! O seu poder é meu!
— Você ainda não entendeu, não é, Riddle! Possuir a varinha não é o suficiente! Empunhá-la, usá-la, não a torna realmente sua. Você não escutou o que Olivaras disse? A varinha escolhe o bruxo... A Varinha das Varinhas reconheceu um novo senhor antes de Dumbledore morrer, alguém que jamais tinha posto a mão nela. O novo senhor tirou a varinha de Dumbledore contra sua vontade, sem perceber exatamente o que tinha feito, ou que a varinha mais perigosa do mundo lhe dedicara a sua fidelidade...
O peito de Voldemort subia e descia rapidamente, e Harry sentiu a maldição a caminho, sentiu-a crescer no cerne da varinha apontada para o seu rosto. Mas eu acabara de notar outra coisa, tremendo, meus olhos agora procuraram por algum sinal dele.
— O verdadeiro senhor da Varinha das Varinhas era Draco Malfoy. — Recitou Harry enquanto eu ainda procurava algum sinal do garoto
Percebi que absoluto aturdimento surgiu no rosto de Voldemort por um momento, mas logo desapareceu.
— Que diferença faz? — Perguntou, brandamente — Mesmo que você tenha razão, Potter, não faz a menor diferença para você nem para mim. Você não possui mais a varinha de fênix: duelaremos apenas com a perícia... e depois de tê-lo matado, posso cuidar de Draco Malfoy...
Senti a fúria invadir o meu corpo ao perceber que mais uma vez ele estava mesmo ameaçando o meu namorado, mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Harry o fez:
— Mas é tarde demais. Você perdeu sua chance. Cheguei primeiro. Subjuguei Draco faz semanas. Arrebatei a varinha dele.
Harry girou a varinha de pilriteiro e todos os olhares no salão se convergirem sobre ela.
— Então, a questão se resume nisso, não é? — Sussurrou Harry — Será que a varinha em sua mão sabe que o seu último senhor foi desarmado? Porque se sabe... eu sou o verdadeiro senhor da Varinha das Varinhas.
Um brilho ouro-avermelhado irrompeu subitamente no céu encantado e incidiu sobre eles, quando um retalho ofuscante de sol surgiu no parapeito da janela mais próxima. A luz iluminou o rosto dos dois ao mesmo tempo, de modo que Voldemort se tornou subitamente um borrão chamejante. Então os dois berraram ao mesmo tempo sob o sol que nascia:
— Avada Kedavra!
— Expelliarmus!
O estampido foi o de um tiro de canhão e as chamas douradas que jorraram entre as duas, no centro absoluto do círculo que eles tinham descrito, marcaram o ponto em que os feitiços colidiram. Eu vi o jato verde da maldição de Voldemort ir de encontro ao feitiço de Harry, vi a Varinha das Varinhas voar para o alto, escura contra o nascente, girar pelo céu encantado como a cabeça de Nagini, girar pelo ar em direção ao senhor que se recusava a matar e que viera, enfim, tomar legitimamente posse dela. E Harry, com a habilidade infalível de um apanhador, agarrou a varinha com a mão livre ao mesmo tempo que Voldemort caía para trás de braços abertos, as pupilas ofídicas dos olhos vermelhos virando para dentro. Tom Riddle bateu no chão com uma finalidade terrena, seu corpo fraco e encolhido, as mãos brancas vazias, o rosto de cobra apático e inconsciente.
Voldemort estava morto, atingido pelo ricochete de sua própria maldição, e Harry ficou parado com as duas varinhas na mão, contemplando o invólucro do seu inimigo.
Hello bruxinhooos!!!
Como estamos? Penúltimo capítulo de TW ihhhh... nos vemos segunda-feira para o fim. Preparados??
– Bjosss da tia Nick.
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