149 | The Break-in at Gringotts
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149. A Invasão no Gringotes
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Puxaaa. Acho que a Sol se deu bem na vida.
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Os planos estavam traçados, os preparativos feitos; no quartinho mínimo, um único fio de cabelo negro, comprido e grosso (tirado do suéter que Hermione usara na Mansão dos Malfoy) estava enrolado em um frasquinho sobre o console da lareira.
— E você estará usando a varinha dela. — Falei, indicando com a cabeça a varinha de nogueira —, portanto, acho que estará bem convincente.
Hermione olhou assustada, quando a apanhou, como se a varinha pudesse picar ou morder.
— Odeio essa coisa. — Disse em voz baixa — Realmente odeio. Parece que não se amolda bem, que não funciona direito comigo... é como um pedaço dela.
Eu não pude deixar de lembrar como Hermione desconsiderara a minha repulsa pela varinha de ameixeira-brava, insistindo que eu estava imaginando coisas quando achei que não funcionava tão bem quanto a minha, dizendo-me que só precisava praticar. Preferi, porém, não repetir para ela o próprio conselho; achei que a véspera da tentativa de assalto ao Gringotes era o momento errado para antagonizá-la.
— Provavelmente ajudará quando você tiver assumido a personagem. — Disse Rony — Pense no que essa varinha já fez!
— Mas é disso que estou falando! — Retorquiu Hermione — Esta é a varinha que torturou os pais de Neville, e quem sabe quantas pessoas mais? Esta é a varinha que matou Sirius!
Eu não tinha pensado nisso: olhei para a varinha e senti um brutal impulso de parti-la, cortá-la ao meio com a espada de Gryffindor, que estava apoiada na parede ao meu lado. Destruir esse objeto que parece tão insignificante, mas fez coisas brutais demais pra ser contadas.
— Sinto falta da minha varinha. — Reclamou Hermione, infeliz — Gostaria que o sr. Olivaras pudesse ter feito outra para mim também.
O fabricante de varinhas mandara uma nova para Luna naquela manhã. Nesse momento, a garota estava no quintal, testando o seu potencial ao sol do entardecer. Dean, que perdera a varinha para os sequestradores, a observava, tristonho.
Eu olhei para a varinha de pilriteiro que pertencera a Draco Malfoy. Fiquei surpreso, mas satisfeito, em descobrir que ela funcionava tão bem comigo quanto a de Hermione. Lembrando o que Olivaras nos dissera sobre o mecanismo secreto das varinhas, julguei entender qual era o problema de Hermione: ela não conquistara a lealdade da varinha de nogueira tomando-a pessoalmente de Bellatrix.
A porta do quarto se abriu e Grampo entrou. Instintivamente levei a mão ao punho da espada e puxei-a para perto de mim, mas, na mesma hora, me arrependi do gesto: percebi que o duende vira. Procurando suavizar o momento embaraçoso, disse:
— Estivemos verificando umas coisinhas de última hora, Grampo. Avisamos a Bill e Fleur que estamos partindo amanhã e que não precisam se levantar para se despedir.
Tínhamos sido inflexíveis neste ponto, porque Hermione precisaria se transformar em Bellatrix antes de sairmos, e quanto menos Bill e Fleur soubessem ou suspeitassem do que íamos fazer, melhor. Explicamos também que não retornaríamos. Como tínhamos perdido a velha barraca de Perkins, na noite em que fomos pegos pelos sequestradores, Bill nos emprestara outra. Estava, agora, guardada na bolsinha de contas, e confesso que fiquei impressionado ao saber que Hermione a protegera dos sequestradores pelo simples expediente de enfiá-la dentro da meia.
É óbvio que eu sentiria falta de Bill, Fleur, Luna e Dean, além dos confortos de casa que tínhamos usufruído nas últimas semanas, mas no fundo confesso que será um grande alívio escapar do confinamento do Chalé das Conchas. Já estávamos cansados de sempre ter que nos certificarmos de que não estamos sendo ouvidos, cansados de ficar trancados em um quarto minúsculo e escuro. E, principalmente, cansados de Grampo. Contudo, ainda era uma dúvida presente o como faríamos para se separar do duende sem o entregar a espada de Gryffindor. Já era difícil bolar planos sobre isso, porque o duende dificilmente deixava Rony, Hermione e eu a sós por mais de cinco minutos por vez: "Ele podia dar aulas a minha mãe", rosnava Rony quando os longos dedos do duende apareciam nas bordas das portas. Com o aviso de Bill em mente, eu não podia deixar de suspeitar que Grampo estivesse alerta para uma possível trapaça. Hermione desaprovava tão vigorosamente a traição planejada que eu já tinha desistido de tentar lhe pedir ideias sobre a melhor maneira de executá-la; Rony, nas raras ocasiões em que tínhamos conseguido roubar alguns momentos à presença de Grampo, não propusera nada melhor do que "Simplesmente teremos que improvisar, colega".
Dormi mal aquela noite. Ainda deitado nas primeiras horas da manhã, pensei no seu estado de ânimo na véspera de nos infiltrarmos no Ministério da Magia e lembrei-me da minha determinação, quase uma excitação. Agora, experimentava choques de ansiedade e dúvidas persistentes: não conseguia me livrar do medo de que tudo fosse correr mal. Eu sabia bem uma grande diferença daquela ocasião para essa, naquela tínhamos Rox conosco, como sempre foi, nós quatro contra o mundo, estávamos temerosos, mas confiantes, estávamos juntos, agora eu olho para o meu grupo e é difícil não notar que falta uma parte nossa, perdemos uma amiga, pra Rony dá pra perceber que é bem pior, ele perdeu a irmã.
Depois de tudo que Rox e eu já vivemos, e de, até mesmo, irmos juntos até outra dimensão, pensar nela machuca bastante, a sensação de ser traído por alguém que confiamos tanto é mais do que horrível, e me pergunto se foi isso que Dumbledore sentiu quando Snape o matou, depois do professor lhe dar toda a confiança de que poderia. Tento evitar pensar no que levou Rox a fazer o que fez, porque quanto mais eu sinto, mais ódio me dá, porque ela me lembra Rabicho, ela me lembra o que ele fez ao meu pai e seus outros amigos, e isso dói, isso dói muito.
Afastando Rox da minha mente, eu tentava ao máximo me concentrar na missão. Não parava de dizer a mim mesmo que o nosso plano era bom, que Grampo sabia o que íamos enfrentar, que estávamos bem preparados para todos os obstáculos que pudéssemos encontrar; ainda assim, sentia-me inquieto. Uma ou duas vezes ouvi Rony se mexer, e tive certeza de que ele também estava acordado, mas dividíamos a sala de estar com Dean, por isso, não falei nada.
Foi um alívio quando deu seis horas e pudemos sair dos sacos de dormir, nos vestir na penumbra e sair furtivamente para o jardim, onde deveríamos encontrar Hermione e Grampo. A manhã estava gélida, mas havia pouco vento, agora em maio. Ergui os olhos para as estrelas que ainda refulgiavam palidamente no céu escuro e escutei o mar avançando e recuando no rochedo: ia sentir falta daquele som.
Plantinhas verdes irrompiam agora pela terra vermelha na sepultura de Dobby; dentro de um ano, o local estaria coberto de flores. A pedra branca gravada com o nome do elfo já adquirira uma aparência gasta. Eu percebia que não poderia ter enterrado Dobby em um lugar mais bonito, mas entristecia-me pensar que o deixaria para trás. Contemplando a cova, tornei a me perguntar como o elfo teria sabido aonde ir para nos salvar. Distraidamente, passei os dedos na bolsinha ainda pendurada ao meu pescoço, e senti, através do couro, o caco pontiagudo de espelho no qual tinha certeza de que vira o olho de Dumbledore. Então, o ruído de uma porta abrindo me fez virar a cabeça.
Bellatrix Lestrange atravessava o jardim ao meu encontro, acompanhada por Grampo. Enquanto andava, ia guardando a bolsinha de contas no bolso interno de outro conjunto de velhas vestes que trouxera do largo Grimmauld. E, embora eu soubesse perfeitamente que era, de fato, Hermione, não consegui refrear um arrepio de repugnância. Ela estava mais alta do que eu, seus longos cabelos negros ondulavam pelas costas, seus olhos espelhavam desdém ao pousarem em mim; mas, quando falou, ouvi a voz da minha amiga através da voz grave de Bellatrix.
— O gosto dela foi nojento, pior do que raiz-de-cuia! O.k., Rony, vem cá para eu poder dar...
— Certo, mas lembre, não gosto de barba comprida demais...
— Ah, pelo amor de Deus, a questão não é ficar bonito...
— Não é por isso, é que atrapalha! Mas gostei do meu nariz mais curto, tente deixá-lo como da última vez.
Hermione suspirou e se pôs a trabalhar, murmurando baixinho enquanto transformava vários traços na aparência de Rony. Precisava receber uma identidade completamente falsa, e estávamos confiando que a aura maligna que Bellatrix desprendia o protegesse. Entrementes, Grampo e eu deveríamos se ocultar sob a Capa da Invisibilidade.
— Pronto! — Exclamou Hermione — Que acha, Harry?
Ainda era possível distinguir Rony sob o disfarce, mas, pensei, só porque eu o conhecia muito bem. Os cabelos dele estavam agora longos e ondulados, ele tinha barba e bigodes castanhos e espessos, nenhuma sarda, um nariz curto e largo e sobrancelhas grossas.
— Bem, ele não faz o meu tipo, mas dará para o gasto. — Falei — Vamos então?
Nós três olhamos para o Chalé das Conchas, escuro e silencioso sob a luz evanescente das estrelas, então nos viramos e seguimos para o ponto, pouco além do muro divisório, onde cessava o efeito do Feitiço Fidelius e poderíamos desaparatar. Transposto o portão, Grampo falou:
— É agora que devo subir, Harry Potter, não?
Eu me curvei e o duende subiu em minhas costas, cruzando as mãos na frente do meu pescoço. Ele não era pesado, mas não gostei nenhum pouco do contato com o duende e a força surpreendente com que ele se agarrava às minhas costas. Hermione tirou a Capa da Invisibilidade da bolsinha de contas e atirou-a sobre nós dois.
— Perfeito. — Disse, abaixando-se para verificar os meus pés — Não se vê nada. Vamos.
Eu girei com Grampo nos ombros, concentrando-me com todas as forças no Caldeirão Furado, a estalagem por onde se entrava no Beco Diagonal. O duende me apertou ainda mais quando penetramos a escuridão compressora, e, segundos depois, os meus pés tocaram na calçada e abri os olhos em Charing Cross. Os trouxas passavam apressados com a expressão deprimida de quem acordou cedo demais, inconscientes da existência da pequena estalagem.
O bar do Caldeirão Furado estava quase deserto. Tom, o estalajadeiro corcunda e desdentado, polia os copos atrás do balcão; uns dois bruxos que conversavam em voz baixa no canto oposto olharam para Hermione e recuaram para as sombras.
— Madame Lestrange. — Murmurou Tom, quando Hermione passou, e inclinou a cabeça subservientemente
— Bom-dia. — Disse Hermione no momento em que eu passava por ela, ainda sob a capa, levando Grampo nas costas, e vi o ar surpreso de Tom
— Gentil demais. — Sussurrei no ouvido dela ao sairmos para o pequeno pátio interno — Você precisa tratar as pessoas como se fossem lixo!
— O.k., o.k.!
Hermione puxou a varinha de Bellatrix e bateu de leve em um tijolo na parede de aspecto comum à sua frente. Na mesma hora, os tijolos começaram a girar e se deslocar: apareceu uma abertura no meio deles, que foi se ampliando e, por fim, formou um arco para a estreita rua de pedras que era o Beco Diagonal.
Estava silencioso, ainda não era hora de abrirem as lojas, e havia raros compradores por ali. A via torta e calçada de pedras estava muito diferente do lugar movimentado que fora quando a visitei no meu primeiro ano de Hogwarts, anos atrás. Muito mais lojas fechadas com tábuas, embora vários novos estabelecimentos dedicados às Artes das Trevas tivessem sido abertos desde minha última visita. A minha própria imagem me encarava nos pôsteres colados sobre muitas vitrines, sempre legendada com os dizeres Indesejável Número Um.
Várias pessoas esfarrapadas se encolhiam nos batentes das portas. Eu as ouvi gemer para os poucos transeuntes, esmolando ouro, insistindo que eram realmente bruxos. Havia um homem com uma bandagem ensanguentada sobre o olho.
Quando começamos a andar pela rua, os mendigos avistaram Hermione. Todos pareciam desaparecer à sua aproximação, puxando os capuzes sobre os rostos e fugindo o mais depressa que podiam. Ela acompanhou-os com o olhar, curiosa, até que o homem com o curativo ensanguentado se colocou cambaleante em seu caminho.
— Meus filhos! — Berrou, apontando para ela. Sua voz era entrecortada, aguda, ele parecia louco — Onde estão meus filhos? Que foi que ela fez com os meus filhos? O que aquela garota fez com eles? Você sabe, você sabe!
— Eu... eu realmente... — Gaguejou Hermione
O homem se atirou sobre ela, procurando agarrar sua garganta: então, com um estampido e um clarão vermelho, ele foi arremessado ao chão, inconsciente. Rony ficou parado ali, a varinha ainda no ar e uma expressão de choque visível apesar da barba. Apareceram rostos às janelas de ambos os lados da rua, enquanto um grupinho de transeuntes de aparência próspera juntou as vestes com as mãos e saiu quase correndo, ansioso para deixar o local. Eu ainda pensava no que o homem disseram. "Aquela garota", Rox... o que será que Rox fez?
A nossa entrada no Beco Diagonal não poderia ter sido mais conspícua; por um momento, fiquei em dúvida se não seria melhor irmos embora logo e tentar pensar em um plano diferente. Antes que pudéssemos andar ou se consultar, no entanto, ouvimos um grito às suas costas.
— Ora se não é Madame Lestrange!
Eu girei nos calcanhares e Grampo apertou meu pescoço: um bruxo alto e magro com uma densa cabeleira grisalha e um nariz longo e curvo vinha ao seu encontro.
— É Travers. — Sibilou o duende ao meu ouvido, mas naquele momento eu não conseguia lembrar quem era Travers. Hermione se empertigou ao máximo e disse com o maior desprezo que conseguiu reunir:
— E o que é que você quer?
Travers parou de chofre, visivelmente ofendido.
— Ele é outro Comensal da Morte! — Murmurou Grampo, e eu me encostei de lado em Hermione para repetir a informação ao seu ouvido
— Só quis cumprimentá-la — Disse Travers, friamente —, mas se a minha presença não é bem-vinda...
Eu reconheci a voz; Travers era um dos Comensais da Morte que fora chamado à casa de Xenophillius.
— Não, não, de modo algum, Travers. — Hermione apressou-se a responder, tentando corrigir o seu erro — Como vai?
— Bem, confesso que estou surpreso de vê-la por aqui, Bellatrix.
— Sério? Por quê? — Perguntou Hermione
— Bem. — Travers tossiu — Ouvi dizer que os moradores da Mansão dos Malfoy estavam confinados em casa, depois da... ah... fuga.
Eu desejei que Hermione mantivesse o sangue-frio. Se aquilo fosse verdade, Bellatrix não devia estar andando em público...
— O Lorde das Trevas perdoa aqueles que o serviram mais lealmente no passado. — Disse Hermione, em uma magnífica imitação do tom mais insolente de Bellatrix — Talvez o seu crédito com ele não seja tão bom quanto o meu, Travers.
Embora o Comensal da Morte se mostrasse ofendido, pareceu também menos desconfiado mediante àquilo.
— Ela também teve permissão pra sair? — Perguntou Travers, mesmo parecendo um pouco receoso com a própria pergunta
— Ela quem? — Hermione franziu a testa
Travers desviou o olhar um pouco desconcertado.
— Não, nada, é que com esses boatos, claro, ninguém tem visto a... a 'princesa das trevas' por aí, imagino que saiba se ela também... se o Lorde das Trevas já permitiu que ela volte a fazer seus serviços muito... muito satisfatórios, claro, que ela vem fazendo. — Pela enrolação estava bem óbvio que Travers deseja muito que onde quer que "ela", a 'princesa das trevas', esteja, que ela vá pra bem mais longe dele
Hermione pareceu um pouco perdida, mas logo retomou a pose e perguntou o que eu, e tenho certeza que Rony também, já pensávamos.
— Está falando da Rox?
— Rox? — Repetiu Travers — Ah sim, a namorada do seu sobrinho, filho de Lucius, a feiticeira Médiumaga.
— Tem coisas que não lhe diz respeito, Travers. — Rosnou Hermione com uma perfeita imitação da frieza de Bellatrix
O Comensal pareceu assustado e se apressou a mudar o assunto, baixando, então, os olhos para o homem que Rony acabara de estuporar, perguntou:
— Como foi que ele a ofendeu?
— Não faz diferença, não tornará a fazê-lo. — Disse Hermione, friamente
— Alguns desses bruxos sem varinha podem ser importunos. — Comentou Travers — Não faço objeção quando estão apenas mendigando, mas, na semana passada, uma delas chegou a me pedir para defender o seu caso no Ministério. Sou bruxa, senhor, sou bruxa, me deixe lhe provar! — Disse, com voz de falsete para imitá-la — Como se eu fosse lhe entregar a minha varinha... mas de quem é a varinha — Perguntou Travers, curioso — que você está usando no momento, Bellatrix? Ouvi dizer que a sua foi...
— A minha varinha está aqui. — Respondeu Hermione, friamente, erguendo a varinha de Bellatrix — Não sei que boatos anda ouvindo, Travers, mas parece estar lamentavelmente mal informado.
O bruxo pareceu um pouco surpreso ao ouvir isso, e se virou, então, para Rony.
— Quem é o seu amigo? Não o estou reconhecendo.
— Este é Dragomir Despard. — Apresentou-o Hermione; tínhamos decidido que um falso estrangeiro seria o disfarce mais seguro para Rony — Ele não fala muito inglês, mas tem simpatia pelos objetivos do Lorde das Trevas. Veio da Transilvânia para conhecer o nosso novo regime.
— Verdade? Bom, com a pri... digo, a namorada do seu sobrinho decidindo matar até quem está do nosso lado, é bem mais recomendado estar sempre recrutando pessoas novas, não é? — Disse Travers casualmente fazendo o meu estômago embrulhar enquanto eu olhava as expressões de Rony e Hermione, eles tiveram que se apressar em não parecer surpresos com a nova descoberta que só nos abalava mais — Oh, desculpa. Bom, como está, Dragomir?
— Como você? — Respondeu Rony, estendendo a mão
Travers esticou dois dedos e apertou a mão de Rony como se tivesse medo de se sujar.
— Então que traz você e o seu... ah... simpático amigo tão cedo ao Beco Diagonal? — Perguntou Travers
— Preciso visitar o Gringotes.
— Infelizmente, eu também. O ouro, o vil metal! Não podemos viver sem ele, mas confesso que deploro a necessidade de conviver com os nossos amigos de dedos longos.
Senti as mãos de Grampo apertarem por um momento o meu pescoço.
— Vamos, então? — Disse Travers, convidando Hermione a prosseguir
A garota não teve escolha senão seguir ao seu lado pela sinuosa rua de pedras até o local em que o alvíssimo Gringotes se destacava sobre lojas vizinhas. Rony acompanhou-os meio de viés, e Grampo e eu os seguimos.
Um Comensal da Morte vigilante era a última coisa de que precisávamos, e o pior era que eu não via meios de se comunicar com Hermione e Rony, estando Travers ao lado da bruxa que supunha ser Bellatrix. Cedo demais, chegamos às escadas de mármore que levavam às grandes portas de bronze. Tal como Grampo nos prevenira, os duendes de libré que normalmente flanqueavam a entrada tinham sido substituídos por dois bruxos, ambos segurando longas e finas varas de ouro.
— Ah, os honestímetros — Suspirou Travers, teatralmente —, tão rudimentares... mas tão eficientes!
E começou a subir os degraus, acenando com a cabeça à esquerda e à direita para os bruxos, que ergueram as varas e as passaram de alto a baixo por seu corpo. Os honestímetros, eu sabia, detectavam feitiços de ocultamento e objetos mágicos escondidos. Sabendo que tinha apenas segundos, apontei a varinha de Draco para cada um dos guardas e, duas vezes, murmurei: "Confundo!"
Despercebido por Travers, que olhava através das portas de bronze para o saguão interno, os guardas estremeceram brevemente quando os feitiços os atingiram.
Os cabelos longos e negros de Hermione ondularam às suas costas quando subiu as escadas.
— Um momento, madame. — Disse um dos guardas, erguendo o honestímetro
— Mas você acabou de fazer isso! — Exclamou Hermione, na voz autoritária e arrogante de Bellatrix
Travers se virou, as sobrancelhas erguidas. O guarda ficou aturdido. Olhou para o seu fino honestímetro de ouro e em seguida para o colega, que falou com a voz ligeiramente pastosa:
— É, você acabou de revistá-los, Mário.
Hermione continuou a subir, Rony ao seu lado, Grampo e eu trotando invisíveis em sua cola. Olhei para trás ao cruzar o portal do banco: os guardas coçavam a cabeça.
Dois duendes estavam postados diante das portas internas, que eram feitas de prata e exibiam o poema alertando para a terrível retribuição que aguarda os ladrões potenciais. Ergui os olhos e de repente ocorreu-me uma lembrança muito nítida: parado naquele exato lugar, no dia em que completara onze anos, o aniversário mais fantástico de minha vida e Hagrid me dizendo: "Não te disse? Só um louco tentaria roubar o banco." Naquele dia, Gringotes me parecera um lugar assombroso, o repositório encantado de um tesouro em ouro que eu nunca soubera possuir, e nem por um instante poderia ter sonhado que voltaria ali para roubar... Segundos depois, porém, estávamos no vasto saguão de mármore do banco.
O longo balcão era ocupado por duendes sentados em banquinhos altos, que atendiam os primeiros clientes do dia. Hermione, Rony e Travers se dirigiram a um velho duende que examinava, com um óculos, uma grossa moeda de ouro. Hermione deixou Travers passar sua frente a pretexto de explicar algumas características do saguão a Rony.
O duende jogou a moeda que tinha nas mãos para o lado e falou sem se dirigir a ninguém em particular "Leprechaun", em seguida, cumprimentou Travers, que lhe entregou uma chaveta de ouro. O duende examinou-a e restituiu-a.
Hermione se adiantou.
— Madame Lestrange! — Disse o duende, evidentemente surpreso — Céus! Que... que posso fazer hoje pela senhora?
— Quero entrar no meu cofre. — Respondeu Hermione
O velho duende pareceu se encolher ligeiramente. Eu olhei para os lados. Não só Travers estava por perto observando, mas vários outros duendes tinham levantado a cabeça do seu trabalho para olhar Hermione.
— A senhora tem... identificação? — Perguntou o duende
— Identificação? Nun... nunca me pediram identificação antes!
— Eles sabem! — Sussurrou Grampo ao meu ouvido — Devem ter sido avisados de que poderia aparecer um impostor!
— A sua varinha será suficiente, madame. — Disse o duende. Ele esticou a mão trêmula, e, em um aflitivo lampejo de percepção, tive certeza de que os duendes do Gringotes sabiam que a varinha de Bellatrix tinha sido roubada
— Aja agora, aja agora — Sussurrou Grampo outra vez —, a Maldição Imperius!
Eu ergui a varinha de pilriteiro sob a capa, apontei-a para o velho duende e sussurrei pela primeira vez na vida:
— Imperio!
Uma curiosa sensação percorreu meu braço, uma sensação de quentura ardida que pareceu fluir do meu cérebro, e descer pelos tendões e veias que me ligavam à varinha e à maldição que acabara de lançar. O duende apanhou a varinha de Bellatrix, examinou-a atentamente e, então, exclamou:
— Ah, a senhora mandou fazer uma nova varinha, madame Lestrange!
— Quê? — Disse Hermione — Não, não, essa é a minha...
— Uma nova varinha? — Indagou Travers, aproximando-se outra vez do balcão; os duendes a toda volta continuavam a observar — Mas, como poderia ter feito, que fabricante de varinha usou?
Acabei agindo sem pensar: apontei a varinha para Travers e murmurei mais uma vez:
— Imperio!
— Ah, sim, estou vendo — Disse Travers, olhando para a varinha de Bellatrix —, é muito bonita. E está funcionando bem? Sempre acho que as varinhas precisam ser amaciadas, concorda?
Hermione parecia absolutamente aturdida, mas, para meu enorme alívio, ela aceitou, sem comentário, a bizarra virada nos acontecimentos.
O velho duende atrás do balcão bateu palmas e um duende jovem se aproximou.
— Precisarei dos cêmbalos. — Disse ao duende, que correu e voltou logo depois com uma bolsa de couro que parecia cheia de metais soltos e que ele entregou ao seu superior — Ótimo, ótimo! Então, se quiser me acompanhar, madame Lestrange — Convidou-a o velho duende, saltando do banquinho e desaparecendo de vista —, levarei a senhora ao seu cofre.
Ele reapareceu na extremidade do balcão, saltitando feliz ao encontro da cliente, o conteúdo da bolsa de couro ainda tilintando. Travers agora estava parado, muito quieto, de boca aberta. Rony atraía as atenções para o estranho fenômeno olhando confuso para o bruxo.
— Espere... Bogrode!
Outro duende contornou correndo o balcão.
— Temos instruções — Disse ele, curvando-se para Hermione —, me perdoe, madame Lestrange, mas recebemos ordens especiais com relação ao cofre de sua família.
Ele cochichou pressuroso ao ouvido de Bogrode, mas o duende sob o efeito da maldição se livrou dele.
— Estou ciente das instruções. Madame Lestrange quer visitar o seu cofre, família muito antiga... velhos clientes... acompanhem-me, por favor...
E ainda tilintando, ele se dirigiu apressado a uma das muitas portas de saída do saguão. Eu olhei para Travers, que continuava pregado no mesmo lugar, parecendo anormalmente alheado, e tomei uma decisão: com um aceno da varinha, fiz o bruxo nos acompanhar e se dirigir mansamente para a porta e o corredor de pedra rústica além, iluminado por archotes.
— Estamos enrascados, eles suspeitam. — Falei quando a porta bateu às nossas costas e eu me despi da Capa da Invisibilidade. Grampo pulou dos meus ombros; nem Bogrode nem Travers manifestaram a menor surpresa ao súbito aparecimento de Harry Potter entre eles — Amaldiçoei-os com a Imperius. — Acrescentei, em resposta às indagações confusas de Hermione e Rony sobre Travers e Bogrode, ambos agora parados, com o olhar vazio — Acho que não fiz com força suficiente, não sei...
E outra lembrança perpassou minha mente, da verdadeira Bellatrix Lestrange gritando quando eu tentei usar uma Maldição Imperdoável pela primeira vez: É preciso querer usá-las, Potter!
— Que faremos? — Perguntou Rony — Damos o fora já, enquanto podemos?
— Se pudermos. — Disse Hermione, olhando para a porta que dava acesso ao saguão principal, e além da qual ninguém sabia o que estava acontecendo
— Chegamos até aqui, proponho que continuemos. — Falei
— Ótimo! — Disse Grampo — Então, precisamos de Bogrode para controlar o vagonete; eu não tenho mais autoridade. Mas não haverá espaço para o bruxo.
Suspirando, tornei a apontar a varinha para Travers.
— Imperio!
O bruxo se virou e saiu pelo trilho escuro a passos rápidos.
— Que é que você mandou ele fazer?
— Se esconder. — Falei apontando a varinha para Bogrode, que assoviou para chamar um vagonete que surgiu do escuro, sacolejando pelos trilhos, em nossa direção. Tive certeza de ouvir gritos no saguão principal quando embarcamos, Bogrode na frente com Grampo, eu, Rony e Hermione espremidos atrás
Com um tranco, o vagonete deu partida e começou a acelerar: passamos velozes por Travers, que se contorceu para dentro de uma fenda na parede, depois o veículo começou a serpear e fazer curvas por um verdadeiro labirinto, sempre descendo. Eu não conseguia ouvir nada com o barulho do carro sobre os trilhos: meus cabelos voavam enquanto evitávamos estalactites, nos aprofundamos em alta velocidade na terra, mas eu não parava de olhar para trás. Poderíamos ter deixado enormes pegadas ao passar; quanto mais pensava no assunto, tanto mais idiota me parecia ter disfarçado Hermione de Bellatrix, ter trazido a varinha da bruxa, quando os Comensais da Morte sabiam que tinha sido roubada...
Estávamos mais fundo do que jamais antes penetrara no Gringotes; fizemos uma curva fechada em alta velocidade e vimos, tarde demais, uma cascata jorrando com violência sobre os trilhos. Ouvi Grampo gritar "Não!", mas não houve tempo de frear: nós a atravessamos disparados. A água encheu os meus olhos e a minha boca: eu não conseguia ver nem respirar; então, com uma guinada súbita e irresistível, o vagonete capotou e fomos atirados para fora. Ouvi o veículo se despedaçar contra a parede do labirinto, ouvi Hermione gritar alguma coisa e me senti planar de volta ao chão, como se não tivesse peso, e aterrissar sem dor no piso da passagem de pedra.
— F-feitiço Amortecedor. — Gaguejou Hermione, quando Rony a pôs de pé: mas, para meu horror, vi que ela deixara de ser Bellatrix. Em vez disso, usava vestes largas e encharcadas, e era ela própria; Rony estava novamente ruivo e imberbe. Eles foram percebendo isso ao se entreolharem, apalpando os próprios rostos
— A Queda do Ladrão! — Exclamou Grampo, se levantando e olhando para o dilúvio sobre os trilhos às suas costas, que agora eu sabia que fora mais do que água — Lava todos os encantamentos, todos os disfarces mágicos! Já sabem que há impostores em Gringotes e acionaram as defesas contra nós!
Eu vi Hermione verificando se ainda levava a bolsinha de contas e enfiei depressa a mão sob o blusão para me certificar de que não havia perdido a Capa da Invisibilidade. Virei-me, então, e vi Bogrode sacudindo a cabeça aturdido: a Queda do Ladrão aparentemente desfizera a Maldição Imperius.
— Precisamos dele — Disse Grampo —, não poderemos entrar no cofre sem um duende do Gringotes. E precisamos dos cêmbalos!
— Imperio! — Falei; minha voz ecoou pela passagem de pedra e senti mais uma vez a sensação intoxicante de controle que emanava do meu cérebro para a varinha. Bogrode voltou a se submeter à minha vontade, sua expressão de atordoamento se alterou para a de cortês indiferença, enquanto Rony corria a apanhar a bolsa de couro com as ferragens de metal
— Harry, acho que estou escutando gente vindo! — Disse Hermione e, apontando a varinha de Bellatrix para a cascata, gritou: — Protego! — Vimos o Feitiço Escudo interromper o jorro de água encantada ao subir passagem acima
— Bem pensado. — Falei — Mostre-nos o caminho, Grampo!
— Como vamos sair daqui? — Perguntou Rony, enquanto corríamos pela escuridão atrás de Grampo, Bogrode ofegando em seus calcanhares como um cachorro velho
— Vamos nos preocupar com isso quando for a hora. — Respondi. Estava tentando escutar: pensei ter ouvido alguma coisa metálica batendo e se mexendo ali perto — Grampo, ainda falta muito?
— Não muito, Harry Potter, não muito...
E, ao virarmos um canto, nos deparamos com a coisa para a qual estive preparado, mas que ainda assim fez todos estacarem de repente. Um dragão gigantesco achava-se acorrentado no chão à frente, barrando o acesso a quatro ou cinco dos cofres mais profundos do banco. As escamas do animal tinham se tornado pálidas e flocosas durante a longa prisão subterrânea; seus olhos estavam rosa-leitoso: as duas patas traseiras tinham pesadas argolas das quais saíam correntes ancoradas em enormes estacas enterradas no solo rochoso. Suas grandes asas, espiculadas e fechadas junto ao corpo, teriam enchido a câmara se ele as abrisse, e quando virou a feia cabeça para nós, rugiu com um estrondo que fez a rocha tremer, escancarou a boca e cuspiu um jato de fogo, fazendo-nos retroceder rapidamente.
— Que ótimo. — Suspirou Rony com ironia olhando para o animal
— Ele é parcialmente cego — Arquejou Grampo —, e por isso é ainda mais feroz. Mas temos meios de controlá-lo. Ele sabe o que esperar quando trazemos os cêmbalos. Me dê a bolsa aqui.
Rony passou a bolsa para Grampo e o duende tirou de dentro pequenos instrumentos de metal que, quando agitados, produziam um barulho como o de martelos e bigornas em miniatura. Grampo os distribuiu: Bogrode aceitou os dele, obedientemente.
— Vocês sabem o que fazer. — Disse Grampo a mim, Rony e Hermione — O dragão sabe que sentirá dor quando ouvir o barulho: recuará e Bogrode deverá encostar a palma da mão na porta do cofre.
O grupo juntamente comigo tornou a avançar pelo canto, sacudindo os cêmbalos, e os ruídos ecoaram pelas paredes rochosas, brutalmente amplificados, dando a mim a impressão de que os ossos do meu crânio vibravam com a zoeira. O dragão soltou outro rugido rouco e retrocedeu. Eu o vi tremer e, ao me aproximar, reparei nas cicatrizes deixadas por fundos cortes em sua cara, imaginei que aprendera a temer espadas em brasa quando ouvisse o som dos cêmbalos.
— Faça-o pôr a mão na porta! — Grampo insistiu comigo, que apontei a varinha para Bogrode. O velho duende obedeceu, comprimiu a palma da mão contra a madeira, e a porta do cofre se dissolveu, revelando uma espécie de caverna, atulhada do chão ao teto de moedas e taças de ouro, armaduras de prata, peles de estranhas criaturas, algumas com longas espinhas dorsais, outras com asas caídas, poções em frascos cravejados de pedras e um crânio ainda usando uma coroa
— Puxaaa. — Rony boquiabriu-se — Acho que a Sol se deu bem na vida.
— Nem todo o ouro do mundo é capaz de amenizar quem os pais dela são. — Retrucou Hermione
— Procurem, rápido! — Mandei, enquanto todos se precipitavam para dentro do cofre. Descrevi a taça de Hufflepuff para Rony e Hermione, mas, se fosse a outra, a Horcrux desconhecida, que estivesse guardada no cofre, eu não sabia que aparência teria. Mal tivemos tempo de olhar ao redor, quando ouvimos um ruído abafado: a porta reaparecera, encerrando-nos ali dentro, e fomos mergulhados na mais absoluta escuridão
— Não se preocupem, Bogrode poderá nos soltar. — Disse Grampo, ao mesmo tempo que Rony gritava, surpreso — Será que não podem acender as suas varinhas? E andem logo, temos muito pouco tempo!
— Lumos!
Girei a varinha acesa pelo cofre: a luz incidiu sobre joias cintilantes, eu vi a falsa espada de Gryffindor em uma prateleira alta, entre um emaranhado de correntes. Rony e Hermione tinham acendido as varinhas também e agora examinavam as pilhas de objetos que nos cercavam.
— Harry, poderia ser...? Aiii!
Hermione gritou de dor e iluminei-a em tempo de ver uma taça cravejada de pedras escorregando de sua mão: mas, ao cair, o objeto rachou e se transformou em uma inundação de taças, e, um segundo depois, com grande estrépito, o chão ficou coberto de taças idênticas rolando para todos os lados, a original indistinguível das demais.
— Ela me queimou! — Choramingou Hermione, chupando os dedos vermelhos
— Eles juntaram dois feitiços, o Duplicador e o Abrasador! — Disse Grampo — Tudo que tocarmos queimará e multiplicará, mas as cópias não têm valor... e se continuarem a mexer no tesouro, acabarão morrendo esmagados pelo peso do ouro em expansão!
— O.k., não toquem em nada! — Recomendei, desesperado, mas, no momento em que dizia isso, Rony acidentalmente empurrou uma das taças caídas com o pé e mais vinte surgiram de repente e, enquanto Rony saltava no mesmo lugar, parte do seu sapato queimou ao contato com o metal em brasa
— Fiquem parados, não se mexam! — Pediu Hermione, segurando Rony
— Olhem apenas! — Falei — Lembrem-se, a taça é pequena e de ouro, tem uma gravação, duas asas, ou então vejam se localizam o símbolo de Ravenclaw em algum lugar, a águia...
Apontamos a luz da varinha para todos os cantos e reentrâncias, virando-se cautelosamente sem sair do lugar. Era impossível não roçar em nada; acidentalmente fiz rolar para o chão uma volumosa cascata de galeões falsos que se juntaram às taças, e agora quase não havia espaço para os nossos pés, e o ouro reluzia, abrasador, transformando o cofre em um forno. A luz da minha varinha percorreu escudos e elmos feitos por duendes e guardados em prateleiras que iam até o teto. Sempre mais alto, eu erguia a varinha até que, de repente, incidiu sobre um objeto que fez o meu coração dar um salto e minha mão tremer.
— Está lá, está lá em cima!
Rony e Hermione apontaram suas varinhas para o lugar indicado fazendo com que a pequena taça cintilasse sob um foco triplo: a taça que pertencera a Helga Hufflepuff e passara ao poder de Hepzibá Smith, de quem fora roubada por Tom Riddle.
— E como vamos chegar lá em cima sem tocar em nada, pô? — Perguntou Rony
— Accio taça! — Ordenou Hermione, que evidentemente esquecera, em seu desespero, o que Grampo nos dissera durante as sessões de planejamento
— Não adianta, não adianta! — Rosnou o duende
— Então o que faremos? — Perguntei olhando feio para ele — Se você quiser a espada, Grampo, terá de nos ajudar mais... espere! Posso tocar nas peças com a espada? Hermione, me dê a espada aqui!
Hermione apalpou as vestes por dentro, tirou a bolsinha de contas, remexeu nela por alguns segundos, então tirou a espada brilhante. Eu a segurei pelo punho incrustado de rubis e encostei a ponta da lâmina em uma garrafa de prata próxima, que não se multiplicou.
— Se eu pudesse enfiar a ponta da espada em uma alça... mas como vou chegar lá em cima?
A prateleira em que repousava a taça estava fora de alcance, até mesmo para Rony que era o mais alto. O calor do tesouro encantado desprendia-se em ondas, e o suor escorria pelo meu rosto e pelas minhas costas enquanto eu procurava encontrar um meio de chegar à taça; ouvi, então, o dragão rugir do outro lado da porta do cofre e o som dos cêmbalos sempre mais alto.
Aparentemente, estávamos realmente encurralados: não havia saída exceto pela porta, e uma horda de duendes vinha se aproximando pelo outro lado. Eu olhei para Rony e Hermione e vi terror em seus rostos.
— Hermione! — Chamei, quando o tilintar se tornou mais forte — Tenho que chegar lá em cima, temos que nos livrar...
Ela ergueu a varinha, apontou-a para mim e sussurrou:
— Levicorpus!
Guindado para o alto pelo tornozelo, bati em uma armadura e as réplicas, como corpos incandescentes, encheram o espaço apertado. Com gritos de dor, Rony, Hermione e os dois duendes foram atirados contra outros objetos, que também começaram a se replicar. Meio soterrados por uma onda crescente de tesouros em brasa, eles se debateram e gritaram enquanto eu enfiava a espada na alça da taça de Hufflepuff e a enganchava na lâmina.
— Impervius! — Guinchou Hermione, em uma tentativa de proteger a si, Rony e os duendes do metal em combustão
Então o grito mais aterrorizante me fez olhar para baixo: Rony e Hermione estavam cercados por tesouros até a cintura, lutando para impedir Bogrode de escorregar para baixo da maré crescente, mas Grampo submergira, deixando visíveis apenas as pontas dos seus longos dedos. Eu agarrei os dedos do duende e puxei-os. Grampo, coberto de bolhas, reapareceu aos poucos, urrando.
— Liberacorpus! — Berrei e, com um estrondo, Grampo e eu caímos sobre a superfície do tesouro em progressão, e a espada voou da minha mão — Segure-a! — Gritei, resistindo à dor das queimaduras em minha pele, quando Grampo tornou a subir em meus ombros, decidido a evitar a massa abrasadora que se expandia — Cadê a espada? Tinha a taça engancha-da nela!
O tinido de metal do outro lado tornava-se ensurdecedor... era tarde demais...
— Ali!
Foi Grampo quem a viu, e ele quem se atirou para a espada e, naquele instante, percebi que o duende nunca esperara que cumprissemos a palavra dada. Com uma das mãos segurando firme um punhado dos meus cabelos, para não cair no mar de ouro quente, Grampo agarrou o cabo da espada e ergueu-a no alto, fora do meu alcance.
A pequena taça de ouro, espetada pela alça na lâmina da espada, foi arremessada no ar. Com o duende ainda montado em mim, eu mergulhei e apanhei-a e, embora a sentisse queimar minha pele, não a soltei, mesmo quando incontáveis taças irromperam do meu punho caindo sobre meu corpo. Nesse instante, o cofre se abriu e eu me vi deslizando, sem controle, sobre uma avalanche desmesurada de ouro e prata incandescente que me carregava, e a Rony e Hermione, para a câmara externa.
Sem tomar consciência da dor das queimaduras por todo o corpo, e ainda carregado pela onda de tesouros replicantes, enfiei a taça no bolso e estiquei a mão para recuperar a espada, mas Grampo desaparecera. Escorregando dos meus ombros quando pôde, correra a se abrigar entre os duendes que nos cercavam, brandindo a espada e gritando "Ladrões! Ladrões! Socorro! Ladrões!". E sumiu entre a multidão que avançava, armada com adagas, e que o aceitou sem discutir.
Deslizando sobre o metal quente, eu me levantei com dificuldade e entendi que só havia uma saída.
— Estupefaça! — Berrei, e Rony e Hermione se juntaram a mim: jatos de luz vermelha voaram contra a multidão de duendes, alguns tombaram, mas outros continuaram a avançar e vi vários guardas bruxos aparecerem correndo pelo canto da passagem
O dragão preso soltou um rugido, e um jorro de chamas voou sobre as cabeças dos duendes: os bruxos fugiram, curvados, voltando pelo caminho que tinham vindo, e uma inspiração, ou loucura, me acometeu. Apontando a varinha para as grossas algemas que prendiam a fera no chão, berrei:
— Relaxo!
As algemas se abriram estrepitosamente.
— Por aqui! — Berrei e, ainda lançando Feitiços Estuporantes, disparei em direção ao dragão cego
— Harry... Harry... que é que você está fazendo? — Bradou Hermione
— Subam, subam, andem logo...
O dragão não percebera que estava livre: o meu pé encontrou a dobra de sua perna traseira e o a usei para subir em seu dorso. As escamas do animal eram duras como aço: ele nem pareceu sentir. Eu estendi a mão; Hermione se guindou para o alto; Rony montou atrás de nós dois e, no segundo seguinte, o dragão sentiu que estava livre.
Com um rugido, empinou-se nas patas traseiras: eu firmei os joelhos contra seu corpo, me agarrei com força às escamas espiculadas e as asas do dragão se abriram, derrubando, como pinos de boliche, os duendes aos berros, e o animal levantou voo. Rony, Hermione e eu deitados em seu dorso, raspamos no teto quando o animal rumou para a abertura na passagem, perseguido pelos duendes, atirando adagas que resvalavam em seus flancos.
— Nunca sairemos daqui, é grande demais! — Gritou Hermione, mas o dragão abriu a boca e arrotou chamas explodindo o túnel cujos pisos e teto racharam e desmoronaram. Usando a força, o dragão abria caminho com as garras e o corpo. Eu mantinha os olhos bem fechados para protegê-los do calor e da poeira. Ensurdecido pela colisão das pedras e os rugidos do dragão, só me restava agarrar-se ao seu dorso, na expectativa de ser atirado longe a qualquer momento; então, ouvi Hermione berrar: — Defodio!
Ela estava ajudando o dragão a alargar a passagem, cavando o teto, enquanto o animal forcejava para subir em direção ao ar fresco e se distanciar dos duendes com seus guinchos e batidas de metal; Rony e eu imitamos, rompendo o teto a poder de feitiços. Passamos pelo lago subterrâneo e a enorme fera que rastejava e rosnava pareceu sentir a liberdade e o espaço à sua frente, enquanto, às costas, a passagem era entupida pelo movimento da cauda cristada, grandes pedaços de rocha, gigantescas estalactites partidas; o ruído metálico produzido pelos duendes foi ficando mais abafado e, à frente, as chamas expelidas pelo dragão desimpediam o seu avanço...
Então, com a força dos nossos feitiços somada à força bruta do dragão, finalmente abrimos uma saída da passagem para o saguão de mármore. Duendes e bruxos gritaram e correram a se proteger, e o dragão encontrou espaço para abrir as asas: virou a cabeça chifruda para o fresco ar exterior que sentia além e partiu; com Rony, Hermione e eu ainda agarrados ao seu dorso, ele abriu caminho pelas portas de metal, deixando-as dobradas e penduradas nas dobradiças, e se encaminhou vacilante para o Beco Diagonal, de onde se lançou em direção ao céu.
Atenção: Leia as notas até o fim, comunicado importante:
Hello bruxinhos!!
Sim, eu demorei pra trazer esse capítulo, tive uns problemas e desde já peço perdão pela demora, TW está cada dia mais e mais perto do fim, chega a me doer no peito, mas infelizmente é a verdade, a nova fanfic que vai substituir TW já tem cinquenta capítulos prontos, mas mesmo assim vou precisar dar uma pausa nas postagens momentaneamente bruxinhos, estou prestes a sair de férias e vou ter problemas pra atualizar enquanto isso já que vou viajar pra ver meus pais, então pleaseee não me matem kkkkk, prometo que volto logo logo.
Em agosto minhas aulas estão voltando e assim que eu souber a data certa eu informo a vocês quando as postagens voltarão, e ah, pra quem não quer ficar sem nada de TW durante esse tempo saibam que vou aproveitá-lo pra postar coisas da fanfic no insta e no tiktok do perfil, para quem não segue, caso queiram pode me seguir lá, e quem quiser ainda mais que isso, saibam que o grupo no WhatsApp de TW tá muito bem ativo, quem quiser entrar é só me mandar mensagem aqui mesmo no Wattpad que eu coloco no grupo.
Bom é isso bruxinhos, amo cada um de vocês!! Obrigada por estarem acompanhando The Weasley.
– Bjossss da tia Nick.
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