118 | Fallen Warrior
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118. Guerreiro Caído
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Patético! Patético! Com um mundo de piadas sobre ouvidos para escolher, você me sai com “mouco”?
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ᴿᵒˣᵃⁿⁿᵉ ᵂᵉᵃˢˡᵉʸ
Já fazia um bom tempo. Não sabia como realmente esperavam que eu conseguisse ficar sentada na poltrona da minha casa, me sentindo totalmente inútil, a esperar que eles voltassem. Eu já estava com tique. Era tão injusto que eu não pudesse ir junto.
— Rox, pelo amor de Deus, quer parar de rodar!? — Pediu minha mãe, sentada no sofá e decididamente nervosa, Ginny estava do seu lado e Vega também — Assim você nos deixa mais nervosas.
— Não consigo. Sem notícias não dá! —Reclamei voltando a andar de um lado pra outro
A sensação ruim invadia todo o meu corpo, como podia ficar bem com essa sensação ruim?
— Vou pro meu quarto. — Falei batendo o pé e saí antes mesmo que alguém pudesse retrucar alguma coisa
Já fazia um bom tempo que eu estava perturbada e com o sentimento ruim, como se a morte estivesse nos rondando e já estava me sentindo inútil. Quando segui para o meu quarto deixando mamãe, Ginny e Vega para trás, meu pensamento não era o de que eu iria deitar pra me acalmar… não, eu vou na casa dos pais de Tonks. Preciso saber se Harry já chegou.
Fiz um coque frouxo e enfiei minha varinha nele enquanto fechava os olhos e refletia sobre o local. Harry vai ser levado pra lá antes de vim a Toca, então não tem problema se eu o esperar lá.
Casa dos Tonks, Windsor.
Meus olhos estavam fechados bem forte quando senti o frio na barriga enquanto tentava imaginar bem o local. Só abri os olhos quando senti o vento fazendo meu cabelo voar e um frio intenso, então um grito.
— Hagrid?
Captei os detalhes muito rapidamente na noite escura. Os destroços de metal e couro, um laguinho de água lamacenta e então uma grande massa escura no chão, que era Hagrid. Então vi um garoto de cabelos castanhos e óculos redondos se atirar em cima dele, desesperado.
— Hagrid? Hagrid, fala comigo…
Mas a massa escura não se mexeu. Eu me aproximei e me ajoelhei perto dele, os olhos arregalados.
— Eu sabia que algo tinha acontecido… — Falei com a voz trêmula
— Rox? — Harry me olhou intrigado
— Quem está aí? É o Potter? Você é Harry Potter?
— Eles estão machucados. — Falei me levantando ao reconhecer a voz do homem — Acabei de chegar, não sei o que aconteceu.
Então uma mulher gritou:
— Eles sofreram um acidente, Ted! Caíram no jardim! É, você, Rox?
— Sim, sou eu. — Respondi, então voltei a olhar pra Harry
— Hagrid. — O ouvi repetir, abobado, e seus joelhos cederam
— Pelas barbas de Merlim! — Exclamei me adiantando para perto do meu amigo que estava agora desacordado
Os pais de Tonks se aproximaram.
— Mas, pelo amor de Deus, o que você está fazendo aqui? — A mulher me perguntou, assustada enquanto com magia ela e o marido tentavam fazer Harry e Hagrid entrarem na casa
— Não podem me julgar, eu não consegui ficar sem notícias, estava desesperada e precisava urgentemente de notícias. Além de sensações ruins. — Falei quase trêmula enquanto cruzava os braços por conta do frio intenso
— Entre, entre, vou fazer chocolate quente, se proteja do frio. — Mandou a mulher e eu me adiantei em entrar na frente deles, mesmo que receosa com tudo que tinha acontecido
Quando Harry finalmente acordou, estava deitado de costas nas almofadas do sofá da sala dos Tonks. Parecia abalado e com dor, e o vi levar a mão a cicatriz.
— Hagrid?
Ele abriu os olhos e olhou ao redor. Sua mochila estava no chão a uma pequena distância, molhada e suja de lama. Então ele olhou pra mim, nervosa, sentada em uma poltrona com uma xícara de chocolate quente na mão e ao lado de um homem louro, barrigudo, que o observava com ansiedade.
— Hagrid está bem, filho. — Disse ele —Minha mulher está cuidando dele agora. Como está se sentindo? Mais alguma coisa quebrada? Consertei suas costelas, seu dente e seu braço. A propósito, sou Ted, Ted Tonks, o pai de Dora.
— Ah, Harry, eu fiquei tão nervosa. —Falei quase tremendo enquanto largava a xícara na mesinha de centro e me aproximava dele para o abraçar
Ele gemeu levemente e eu o soltei.
— Desculpa. — Pedi com um sorriso culpado
Ele se sentou depressa demais, parecia enjoado e tonto.
— Voldemort…
— Tenha calma — Disse Ted Tonks, apoiando a mão no seu ombro e empurrando-o contra as almofadas, enquanto eu me levantava — Você acabou de sofrer um acidente sério. Afinal, que aconteceu? Alguma coisa enguiçou na moto? Arthur Weasley exagerou outra vez, ele e suas geringonças de trouxas?
— Não. — Respondeu Harry, apertando a cicatriz — Comensais, montes deles... fomos perseguidos…
Eu levei as mãos e boca, horrorizada, entendendo porque estava com uma sensação tão ruim.
— Comensais? — Interrompeu-o Ted —Você quer dizer, Comensais da Morte? Pensei que não soubessem que você ia ser transferido hoje à noite, pensei...
— Eles sabiam.
Ted Tonks olhou para o teto como se pudesse ver o céu lá fora.
— Ora, então sabemos que os nossos feitiços de proteção funcionam, não? Não deveriam poder chegar a novecentos metros deste lugar em qualquer direção.
Eu olhei para Harry sentindo seus pensamentos. Voldemort desaparecera no ponto em que a moto cruzou a barreira de feitiços da Ordem. Ele esteve a milímetros de Harry, mas então desapareceu.
Harry pôs as pernas para fora do sofá. Mal se levantara, porém, a porta se abriu e Hagrid se espremeu por ela, o rosto coberto de lama e sangue, mancando um pouco, mas vivo.
— Harry!
Derrubando duas frágeis mesas e uma aspidistra, o gigante cobriu a distância que os separava em dois passos e puxou o garoto para um abraço que pareceu quase partir suas costelas recém-emendadas.
— Caramba, Harry, como foi que você se safou? Pensei que nós dois estávamos ferrados.
— Eu também. Nem acredito…
Harry se calou: acabava de notar a mãe de Tonks que entrara na sala depois de Hagrid.
— Você! — Gritou ele, enfiando a mão no bolso, mas encontrou-o vazio
— Sua varinha está aqui, filho. — Disse Ted, batendo de leve em seu braço com o objeto — Caiu bem do seu lado, e eu a recolhi. E essa com quem você está gritando é a minha mulher.
— Ah, me... me desculpe.
Eu entendi porque Harry tinha gritado. Quando a bruxa se adiantou, a semelhança da sra. Tonks com a irmã, Bellatrix, se tornou menos acentuada: o castanho dos seus cabelos era suave e claro, e seus olhos maiores e mais bondosos. Contudo, ela pareceu um pouco arrogante ao ouvir a exclamação de Harry.
— Que aconteceu com a nossa filha? —Perguntou ela — Hagrid me contou que vocês foram vítimas de uma emboscada; onde está Ninfadora?
— Não sei. — Respondeu Harry — Não sabemos o que aconteceu com mais ninguém.
A bruxa e o marido se entreolharam. Eu estava igualmente assustada. Rony estava lá, Hermione… papai… os gêmeos. Eles tem que está bem.
— A Chave de Portal — Lembrou Harry subitamente — Temos que voltar À Toca e descobrir… poderemos, então, mandar avisá-los, ou... ou Tonks virá avisar se...
— Dora ficará bem, Drômeda. —Tranquilizou-a Ted — Ela conhece o ofício, já esteve em muitas situações críticas com os aurores. A Chave de Portal é por aqui — Acrescentou ele para Harry — Deve partir em três minutos, se quiserem pegá-la. Imagino que vá voltar agora também, Rox.
— Ah. — Passei uma mão pelos meus cabelos — Sim, sim. — Olhei para Andrômeda Tonks — Obrigada pelo chocolate e por me receber, Sra. Tonks.
— Sabe que pode vim quando quiser, querida. — Disse com um sorriso triste, mas me olhando com carinho
— Então, vamos? — Chamou Ted
— Sim, sim. — Harry apanhou a mochila, atirou-a sobre os ombros — Eu…
Olhou, então, para a sra. Tonks, parecia querer se desculpar pelo medo que lhe infundira e por tudo por que se sentia profundamente responsável, mas não lhe ocorreram palavras que não parecessem vazias e insinceras.
— Direi a Tonks... Dora... para avisar, quando ela... obrigado pelos consertos, obrigado por tudo. Eu…
Ele pareceu imensamente satisfeito de sair da sala comigo e acompanharmos Ted Tonks por um pequeno corredor que dava acesso a um quarto. Hagrid nos acompanhou abaixando-se bem para evitar bater a cabeça na moldura superior da porta.
— Aí está, filho. A Chave de Portal.
O sr. Tonks apontava para uma pequena escova de cabelos com o cabo de prata que se encontrava em cima da penteadeira.
— Obrigado. — Disse Harry, esticando-se para colocar um dedo no objeto, pronto para partir
— Espere um instante. — Disse Hagrid, olhando para os lados — Harry, cadê Edwiges?
— Você não esqueceu ela, não é Harry? — Perguntei
— Ela... ela foi atingida.
A percepção da realidade pareceu desabar sobre ele e vi as lágrimas queimaram seus olhos.
Eu tremi, quando paralisada vi um vislumbre do pesadelo que tive há tantos tempos atrás com o corpo de Edwiges caindo de cima do guarda-roupa, morta.
Não acreditava que ela estivesse morta. Hagrid estendeu a enorme mão e deu uma dolorosa palmada nas costas de Harry.
— Não fique assim. — Disse, rouco — Não fique assim. Ela teve uma vida boa e longa.
Eu tentei expressar meus pêsames a ele, mas ainda estava em choque em lembrar-me daquele sonho.
— Hagrid! — Exclamou Ted, alertando-o quando a escova se iluminou com uma forte luz azul, e Hagrid e eu só tivemos tempo para encostar o dedo nela
Sentindo um puxão por dentro do umbigo como se um anzol invisível me arrastasse para a frente fui sugada para o vazio, e rodopiei inerte, o dedo preso na Chave de Portal, enquanto Harry, Hagrid e eu éramos arremessados para longe da casa do sr. Tonks. Segundos depois, os meus pés bateram em solo firme e eu caí de quatro no quintal d’A Toca. Ouvi gritos. Atirando para um lado a escova que já não luzia, Harry se ergueu, um pouco tonto, e eu me levantei em seguida, vendo mamãe, Ginny e Vega descerem correndo a escada da entrada dos fundos enquanto Hagrid, que também desmontara à chegada, levantava-se com dificuldade do chão.
— Harry? Você é o Harry verdadeiro? Que aconteceu? Onde estão os outros?! — Exclamou mamãe — E que diabos você está fazendo aqui, Rox!?
— Não aguentava esperar, fui na casa dos Tonks encontrar com o Harry. — Expliquei novamente com frio
— Como assim? Ninguém mais voltou? — Ofegou Harry
A resposta estava claramente estampada no rosto pálido da minha mãe.
— Os Comensais da Morte estavam à nossa espera. — Contou-lhe Harry — Fomos cercados no instante em que levantamos voo... eles sabiam que era hoje... não sei o que aconteceu com os outros. Quatro Comensais vieram atrás de nós, só pudemos escapar, então Voldemort nos alcançou…
Ele estava usando um tom de autojustificação em sua voz, a súplica para que mamãe compreendesse por que ele não sabia o que tinha acontecido com os meus irmãos ou papai, mas…
— Graças aos céus vocês estão bem. —Disse ela, puxando-o para um abraço que ele não achava merecer
— Você não teria conhaque aí, teria, Molly? — Perguntou Hagrid um pouco abalado — Para fins medicinais?
Mamãe poderia ter conjurado a bebida usando magia, mas quando entrou, apressada, na casa torta, percebi que ela queria esconder o rosto. Harry virou, então, para Ginny e Vega que responderam mediatamente ao seu mudo pedido de informação.
— Rony e Tonks deviam ter voltado primeiro, mas perderam a hora da Chave de Portal, que chegou sem eles — Disse ela, apontando para uma lata de óleo enferrujada ali perto no chão — E aquela outra — Ginny apontou para um velho tênis de escola — era a de papai e Fred, que deviam ser os segundos. Você e Hagrid eram os terceiros e — Consultando o relógio — se conseguirem, George e Lupin devem chegar no próximo minuto.
— Se conseguirem. — Repeti tremendo
Mamãe reapareceu trazendo uma garrafa de conhaque, que entregou a Hagrid. O gigante desarrolhou-a e tomou a bebida de um gole.
— Mamãe! — Gritei, apontando para um lugar a vários passos de distância
Uma luz azul brilhou na escuridão: foi crescendo e se intensificando, Lupin e George apareceram aos rodopios e, em seguida, caíram no chão. Percebi imediatamente que havia alguma coisa errada: Lupin vinha carregando George, que estava inconsciente e tinha o rosto ensanguentado.
— Ah, não… — Meus olhos estavam arregalados quando observei Harry correr para os dois e segurar as pernas do rapaz
Juntos, ele e Lupin carregaram George para dentro de casa, e da cozinha para a sala de visitas, onde o deitaram no sofá. Quando a luz do candeeiro iluminou a cabeça dele, Ginny prendeu a respiração, Vega soltou um gritinho, Harry arregalou os olhos e o meu estômago se revirou: George perdera uma das orelhas. O lado de sua cabeça e o pescoço estavam empapados de sangue espantosamente vermelho.
Nem bem mamãe se curvou para o filho, Lupin segurou Harry pelo braço e arrastou-o, sem muita gentileza, de volta à cozinha, onde Hagrid continuava tentando passar o corpanzil pela porta dos fundos. Sem entender eu os segui, tentando impedir lágrimas de cair.
— Ei! — Exclamou Hagrid indignado —Solte ele! Solte o braço de Harry!
Lupin não lhe deu atenção.
— Lupin, o que aconteceu? — Perguntei sem entender
— Que criatura estava em um canto na primeira vez que Harry Potter visitou o meu escritório em Hogwarts? — Perguntou ele, dando uma sacudidela no garoto — Responda!
— Um... um grindylow em um tanque, não era?
Lupin soltou Harry e recuou de encontro ao armário da cozinha.
— Que foi isso? — Rugiu Hagrid
— Desculpe, Harry, mas eu precisava verificar. — Disse Lupin tenso — Fomos traídos. Voldemort sabia que íamos transferir você hoje à noite, e as únicas pessoas que poderiam ter-lhe contado estavam participando diretamente do plano. Você poderia ser um impostor.
— Então, por que não está me testando? — Arquejou Hagrid, ainda lutando para passar pela porta
— Você é meio gigante. — Respondeu Lupin, erguendo os olhos para Hagrid — A Poção Polissuco foi concebida apenas para uso humano.
— Eu mereço teste? — Perguntei erguendo uma das mãos
Lupin suspirou com um aceno de cabeça impaciente.
— Ninguém da Ordem contou a Voldemort que ia ser hoje. — Disse Harry — Voldemort só me alcançou quase no fim, não sabia qual era o Harry. Se estivesse por dentro do plano, teria sabido desde o início que eu estava com Hagrid.
— Voldemort o alcançou? — Perguntou Lupin bruscamente — Que aconteceu? Como foi que você escapou?
Harry explicou brevemente que os Comensais da Morte que vieram em seu encalço pareceram reconhecer que ele era o verdadeiro. Depois, abandonaram a perseguição e foram avisar Voldemort, que apareceu pouco antes de ele e Hagrid chegarem ao santuário da casa dos pais de Tonks.
— Eles reconheceram você? Mas como? Que foi que você fez?
— Eu... — Harry tentou lembrar-se; a viagem toda parecia-lhe um borrão de pânico e confusão — Eu vi Lalau Shunpike... sabe o condutor do Nôitibus? E tentei desarmá-lo em vez de... bem, ele não sabe o que faz, não é? Deve estar sob o efeito de uma Maldição Imperius.
Lupin se horrorizou.
— Harry, o tempo de desarmar alguém já acabou! Essa gente está tentando capturar você para matá-lo! Pelo menos estupore, se não está preparado para matar!
— Eu teria usando uma maldição sem problemas. — Suspirei
— Estávamos à grande altitude! Lalau não estava normal, e se fosse estuporado teria caído e morrido como se eu tivesse usado o Avada Kedavra! O Expelliarmus me salvou de Voldemort dois anos atrás — Acrescentou, em tom de desafio
— É verdade, Harry. — Disse Lupin, contendo-se a custo — E um grande número de Comensais da Morte presenciaram o acontecido. Perdoe-me, mas foi uma tática muito insólita para alguém usar sob iminente risco de vida. Repeti-la hoje à noite, diante de Comensais da Morte, que ou presenciaram ou ouviram contar sobre aquela primeira ocasião, foi quase suicídio!
— Então você acha que eu devia ter matado Lalau Shunpike? — Indagou Harry enraivecido
— Claro que não, mas os Comensais, e francamente a maior parte das pessoas, esperariam que você contra-atacasse. Expelliarmus é um feitiço útil, Harry, mas os Comensais da Morte começam a achar que tem a sua assinatura, e insisto que você não deixe isso se confirmar!
Então entendi o que Lupin estava falando, os Comensais só o reconheceram por causa do feitiço.
— Não vou eliminar as pessoas só porque estão no meu caminho. Esse é o ofício de Voldemort.
A resposta de Lupin se perdeu. Tendo finalmente conseguido se espremer pela porta, Hagrid cambaleou até uma cadeira, que desabou sob seu peso. Sem dar atenção aos seus xingamentos e pedidos de desculpas, Harry tornou a se dirigir a Lupin.
— George vai ficar bom?
Toda a frustração de Lupin com relação a Harry pareceu se esgotar ao ouvir a pergunta.
— Acho que sim, embora não haja possibilidade de se recompor a orelha, não quando foi decepada com um feitiço.
— Nã-não tem jeito? Meu irmão vai ficar assim!? — Perguntei horrorizada, sentindo vontade de chorar em pensar que Fred e George nunca mais seriam confudidos por causa disso
Ouvimos então passos do lado de fora. Lupin precipitou-se para a porta; Harry pulou por cima das pernas de Hagrid e correu para o quintal, enquanto eu me teletransportava.
Dois vultos tinham se materializado ali, e ao correr ao nosso encontro, percebi que eram Hermione, agora retomando sua aparência normal, e Kingsley, ambos agarrados a um cabide de casacos, amassado. Hermione atirou-se nos nossos braços, agarrando o meu pescoço e o de Harry juntos, mas Kingsley não demonstrou prazer algum ao nos ver. Por cima do ombro de Hermione, Harry o viu erguer a varinha e apontá-la para o peito de Lupin.
— Quais foram as últimas palavras de Alvo Dumbledore para nós dois?
— “Harry e Rox são a melhor esperança que temos. Confiem neles.” — Respondeu Lupin calmamente
Kingsley apontou a varinha para Harry, mas Lupin disse:
— É ele mesmo, já verifiquei.
— Tudo bem, tudo bem! — Concluiu Kingsley, guardando a varinha sob a capa — Mas alguém nos traiu! Eles sabiam, sabiam que era hoje à noite!
— É o que parece — Replicou Lupin —, mas aparentemente não sabiam que haveria sete Harry.
— Grande consolo! — Rosnou Kingsley —Quem mais voltou?
— Só Harry, Hagrid, George e eu.
Hermione abafou um gemido com a mão.
— Que aconteceu com você? — Lupin perguntou a Kingsley
— Fui seguido por cinco, feri dois, talvez tenha matado um. — Enumerou o auror — E vimos Você-Sabe-Quem, ele se juntou aos Comensais mais ou menos no meio da perseguição, mas desapareceu em seguida. Remo, ele é capaz de…
— Voar. — Completou Harry — Eu o vi também, veio atrás de mim e Hagrid.
— Então foi por isso que sumiu: para seguir você! — Concluiu Kingsley — Não consegui entender por que tinha desistido. Mas o que o levou a mudar de alvo?
— Harry foi bondoso demais com Lalau Shunpike. — Disse Lupin
— Lalau? — Repetiu Hermione — Pensei que ele estava em Azkaban, não?
Kingsley deu uma risada sem graça.
— Obviamente, Hermione, houve uma fuga em massa que o Ministério abafou. O capuz de Steven Travers caiu quando eu o amaldiçoei, ele deveria estar preso também. Mas que aconteceu com você, Remo? Onde está George?
— Perdeu uma orelha. — Innformou-o Lupin.
— Perdeu uma...? — Repetiu Hermione com a voz esganiçada
— Obra de Snape. — Disse Lupin
— Snape!? — Eu gritei me virando pra Lupin
Harry pareceu vermelho de raiva quando também o olhou.
— Você não disse…
— Ele perdeu o capuz durante a perseguição. O Sectumsempra sempre foi uma especialidade de Snape. Eu gostaria de poder dizer que lhe paguei na mesma moeda, mas pude apenas manter George montado na vassoura depois que foi ferido, estava perdendo muito sangue.
— Rox, seus olhos e abaixa essas mãos pelo amor de Merlim, o Snape não tá aqui. — Pediu Hermione segurando minhas mãos e fazendo meus olhos voltarem a cor normal
O silêncio se abateu sobre nós cinco ao erguermos os olhos para o céu. Não havia sinal de movimento; as estrelas retribuíram meu olhar, sem piscar, indiferentes, sem sombra de amigos em voo. Onde está o meu irmão, onde está o Rony? Onde estavam Fred e o papai? Onde estavam Bill, Fleur, Tonks, Olho-Tonto e Mundungo?
— Harry, me ajuda aqui! — Chamou Hagrid, rouco, da porta na qual tornara a se entalar. Feliz de ter o que fazer, Harry empurrou-o enquanto eu resolvia voltar pra dentro para ver como meu irmão estava
Atravessei a cozinha para voltar à sala de visitas e encontrei mamãe e Ginny que ainda cuidavam de George. Vega parecia nervosa sentada ao lado.
Mamãe estancara a hemorragia e, à luz do candeeiro, vi um buraco aberto onde antes havia uma orelha.
— Como ele está?
Mamãe se virou para responder:
— Não posso recompor uma orelha que foi decepada por Artes das Trevas. Mas poderia ter sido muito pior... ele está vivo.
— Graças a Deus.
— Ouvi a voz de mais alguém no quintal? — Perguntou Ginny
— Hermione e Kingsley
— Felizmente. — Sussurrou Ginny
E antes que eu pudesse responder mais alguma coisa, ouvimos um grande estrondo na cozinha.
— Vou provar quem sou, Kingsley, depois que ver o meu filho, agora saia da frente se sabe o que é bom para você!
Eu nunca ouvi papai gritar assim. Ele irrompeu na sala, a careca brilhando de suor, os óculos tortos, Fred em seus calcanhares, os dois pálidos e ilesos.
— Arthur! — Soluçou mamãe — Graças aos céus!
— Como é que ele está?
Papai ajoelhou-se ao lado de George. Pela primeira vez em muitíssimo tempo, Fred parecia não saber o que dizer. De pé, atrás do sofá, olhava boquiaberto para o ferimento do irmão gêmeo como se não conseguisse acreditar no que via. Despertado talvez pelo barulho da chegada de Fred e do pai, George se mexeu.
— Como está se sentindo, Georginho? —Sussurrou mamãe
O rapaz levou os dedos ao lado da cabeça no instante que eu me aproximei mais.
— Mouco. — Murmurou
— Que é que ele tem? — Perguntou Fred lugubremente, com um ar aterrorizado — A perda afetou o cérebro dele?
— Mouco. — Repetiu George, abrindo os olhos e erguendo-os para o irmão —Entende... Surdo e oco, Fred, sacou?
Mamãe soluçou mais forte que nunca. A cor inundou o rosto pálido de Fred, enquanto eu abria um sorriso mesmo que triste.
— Patético. — Respondeu Fred ao irmão — Patético! Com um mundo de piadas sobre ouvidos para escolher, você me sai com “mouco”?
— Ah, bem. — Disse George, sorrindo para a mãe debulhada em lágrimas — Agora você vai poder distinguir quem é quem, mamãe.
Ele olhou para os lados.
— Oi Harry... você é o Harry, certo?
— Sou. — Respondeu Harry, aproximando-se do sofá
— Bom, pelo menos você voltou inteiro. — Comentou George — Por que Rony e Bill não estão rodeando o meu leito de enfermo? Cadê o seu clone mal feito, Rox?
Meu semi-sorriso morreu com a preocupação voltando.
— Eles ainda não voltaram, George. — Disse mamãe. O sorriso de George desapareceu
Abracei meu próprio corpo e me levantei, achando melhor ir para o quintal esperar por Rony. Quando estava passando pela cozinha, Vega me acompanhou.
— Eles já deviam ter voltado, não é? —Comentou em voz baixa.
— Sim. Rony já devia está aqui há tempos. A viagem não era demorada; a casa de tia Muriel não é tão longe daqui.
Eu tentava afastar o medo, mas agora o sentimento me envolveu, pareceu deslizar por minha pele, vibrar em meu peito, obstruir minha garganta. Quando descemos os degraus para o quintal escuro, Vega suspirou:
— Ele vai chegar, calma…
Eu não respondi.
Kingsley estava dando grandes passadas para lá e para cá, olhando para o céu cada vez que completava uma volta. Hagrid, Hermione e Lupin se achavam parados, ombro a ombro, contemplando o céu em silêncio. Nenhum deles se virou quando Vega e eu nos unimos à sua muda vigília, e logo depois Harry e Ginny – de mãos dadas – também se aproximaram.
Os minutos se prolongaram como se fossem anos. O mais leve sopro de vento nos sobressaltava e nos fazia virar para o arbusto ou árvore que farfalhava, na esperança de que algum membro da Ordem, ainda ausente, saltasse ileso da folhagem...
Então uma vassoura se materializou diretamente sobre nós, e, como um raio, foi em direção ao chão…
— São eles! — Gritou Hermione
Tonks fez uma longa derrapagem que levantou terra e pedras para todo lado.
— Remo! — Gritou ela ao descer entorpecida da vassoura para os braços de Lupin. O rosto do marido estava sério e pálido: parecia incapaz de falar. Rony desmontou tonto e saiu aos tropeços ao nosso encontro
— Você tá vivo! — Me atirei no pescoço do meu irmão o abraçando com força e com um sorriso que ia de orelha a orelha
Me afastei e vi sua cara de incredulidade que me olhava sem entender.
— Claro que eu estou vivo. — Murmurou ele, antes de Hermione se precipitar para ele e abraçá-lo com força.
— Pensei... pensei...
— Tô inteiro. — Disse Rony, dando-lhe palmadinhas nas costas — Tô inteiro.
— Rony foi o máximo. — Comentou Tonks calorosamente, soltando Lupin — Fantástico. Estuporou um dos Comensais da Morte direto na cabeça, e olha que quando se está mirando um alvo móvel montado em uma vassoura...
— Você fez isso? — Peguntou Hermione, olhando para Rony ainda com os braços em seu pescoço
— Sempre o tom de surpresa. — Disse o garoto se desvencilhando, rabugento — Somos os últimos a chegar?
— Não. — Disse Ginny —, ainda estamos esperando Bill e Fleur e Olho-Tonto e Mundungo. Vou avisar mamãe e papai de que você está bem, Rony…
Ela correu para dentro de casa.
— Então, qual foi a razão do atraso? Que aconteceu? — Lupin perguntou a Tonks quase zangado
— Bellatrix. — Respondeu ela — Me quer tanto quanto quer o Harry, Remo, fez tudo para me matar. Eu gostaria de tê-la acertado, fiquei devendo. Mas, definitivamente, ferimos Rodolphus... então chegamos à casa da tia de Rony, Muriel, onde perdemos a nossa Chave de Portal, e ela ficou nos paparicando…
Um músculo tremia no queixo de Lupin. Ele assentiu, mas parecia incapaz de dizer qualquer outra coisa.
— E que aconteceu com vocês? —Perguntou Tonks, virando-se para Harry, Hermione e Kingsley
Eles contaram o que acontecera em suas jornadas, mas todo o tempo a ausência continuada de Bill, Fleur, Olho-Tonto e Mundungo parecia nos recobrir como gelo, a frialdade a cada momento mais difícil de ignorar.
— Vou ter que voltar à residência do primeiro-ministro. Já deveria ter chegado lá há uma hora — Disse Kingsley por fim, após esquadrinhar o céu uma última vez — Avisem quando eles chegarem.
Lupin assentiu. Com um aceno para os demais, Kingsley se afastou no escuro em direção ao portão. Pensei ter ouvido um levíssimo estalido quando Kingsley desaparatou pouco além do perímetro d’A Toca.
Papai e mamãe desceram correndo os degraus dos fundos, seguidos por Ginny, e abraçaram Rony antes de falarem com Lupin e Tonks.
— Obrigada — Disse mamãe —, pelos nossos filhos.
— Não seja boba, Molly. — Protestou Tonks na mesma hora
— Como está George? — Perguntou Lupin
— Que aconteceu com ele? — Esganiçou-se Rony
— Perdeu…
O final da frase de mamãe, porém, foi abafado por uma gritaria geral: um testrálio acabara de surgir no céu e aterrissar a pouca distância do grupo. Bill e Fleur desceram do animal, descabelados pelo vento, mas ilesos.
— Bill! Graças a Deus, graças a Deus…
Mamãe se adiantou para o casal, mas o abraço que Bill lhe concedeu foi superficial. Olhando diretamente para o pai, comunicou:
— Olho-Tonto morreu.
Ninguém falou, ninguém se mexeu. Eu senti uma sensação horrível.
— Vimos acontecer. — Continuou Bill; Fleur confirmou com a cabeça, lágrimas brilhantes escorrendo por suas faces à claridade da janela da cozinha — Foi logo depois que rompemos o cerco: Olho-Tonto e Dunga estavam perto de nós, rumando também para o norte. Voldemort, que é capaz de voar, partiu direto para cima deles. Dunga entrou em pânico, ouvi-o gritar, Olho-Tonto tentou fazê-lo parar, mas ele desaparatou. A maldição de Voldemort atingiu Olho-Tonto em cheio no rosto, ele caiu da vassoura e… nada pudemos fazer, nada, havia meia dúzia deles nos perseguindo…
A voz de Bill quebrou.
— Claro que você não poderia ter feito nada. — Disse Lupin
Todos pararam, se entreolhando. Eu não conseguia absorver. Olho-Tonto morto; não podia ser… Olho-Tonto, tão resistente, tão corajoso, um perfeito sobrevivente…
Por fim, as pessoas começaram a compreender, embora ninguém falasse, que não havia mais razão para continuar aguardando no quintal e, em silêncio, acompanhamos papai e mamãe de volta à casa e à sala de visitas, onde Fred e George riam juntos.
— Que aconteceu? — Perguntou Fred, vendo os rostos das pessoas à medida que entravam — Que aconteceu? Quem...?
— Olho-Tonto. — Disse papai — Morto.
As risadas dos gêmeos se transformaram em caretas de sobressalto. Ninguém parecia saber o que fazer. Tonks chorava silenciosamente, levando o lenço ao rosto: eu sabia que ela fora muito chegada a Olho-Tonto, sua aluna favorita e protegida no Ministério da Magia. Hagrid, que se sentara no chão, a um canto mais espaçoso, enxugava os olhos com um lenço do tamanho de uma toalha de mesa. Bill foi ao aparador e apanhou uma garrafa de Whisky de fogo e alguns copos.
— Peguem — Disse ele e, com um aceno da varinha, lançou no ar quinze copos cheios, um para cada pessoa, mantendo o décimo quinto no ar — A Olho-Tonto.
— A Olho-Tonto. — Disseram todos, e bebemos
— A Olho-Tonto. — Secundou Hagrid, atrasado com um soluço
O Whisky de fogo queimou a minha garganta: me deu a impressão de instilar sentimento, dissipar a insensibilidade e a sensação de irrealidade, despertar em mim algo semelhante à coragem. Até eu perceber alguém me dá uma cotovelada de leve.
— Eu não bebo. — Vega sussurrou tão baixo que eu quase não ouvi, logo entendi que ela estava pedindo para que eu bebesse o dela; eu nem lembrava que ela tinha aversão a álcool
Dando um sorriso mesmo que fraco eu peguei o copo de sua mão e o virei na minha garganta.
— Então Mundungo desapareceu? — Disse Lupin, que bebera todo o Whisky de um gole
Houve uma mudança instantânea na atmosfera. Todos pareceram se tensionar e observar Lupin, dando a mim a impressão de que desejavam que ele continuasse a falar e, ao mesmo tempo, receavam o que poderiam ouvir.
— Sei o que está pensando — Disse Bill —, e me ocorreu o mesmo pensamento quando estava voltando para cá, porque eles pareciam estar nos esperando, não é? Mas Mundungo não poderia ter nos traído. Eles não sabiam que haveria sete Harry, isto os confundiu no instante em que aparecemos, e, caso tenham esquecido, foi Mundungo que sugeriu esse pequeno ardil. Por que omitiria esse ponto essencial para os Comensais? Acho que Dunga entrou em pânico, foi só. Primeiro não queria ir, mas Olho-Tonto o obrigou, e Você-Sabe-Quem investiu direto contra os dois: isto é suficiente para fazer qualquer um entrar em pânico.
— Você-Sabe-Quem agiu exatamente como Olho-Tonto previu. — Disse Tonks, fungando — Olho-Tonto disse que ele calcularia que o verdadeiro Harry estaria com os aurores mais fortes e capazes. Perseguiu, primeiro, Olho-Tonto, e, quando Mundungo os denunciou, virou-se para Kingsley…
— É, tude stá muite bem — Retrucou Fleur —, mes inde nam exxplique come sabiem qu’ iamos trransferrir Arry hoje à noite. Alguém foi descuidade. Alguém deixou scapar a date prra um strranhe. É a unique explicaçon prra eles conhecerrem a data mas nam o plane tode.
Ela olhou séria para todos, os filetes de lágrimas ainda visíveis em seu belo rosto, desafiando silenciosamente que alguém a contradissesse. Ninguém o fez. O único som a romper o silêncio foi a tosse de Hagrid, abafada por seu lenço.
— Não. — Disse Harry em voz alta, e todos olharam para ele surpresos: o Whisky de fogo aparentemente amplificara sua voz — Quero dizer... se alguém errou — Continuou — e deixou escapar alguma coisa, sei que não errou por mal. Não é culpa dele. — Repetiu outra vez, um pouco mais alto do que teria normalmente falado — Temos que confiar uns nos outros. Eu confio em todos vocês, acho que nenhum dos presentes nesta sala me venderia a Voldemort.
Às suas palavras, seguiu-se mais silêncio. Todos olhavam para ele; ele bebeu um pouco mais de Whisky, talvez para se ocupar. No momento eu pensei em Olho-Tonto. O auror sempre ironizara a disposição de Dumbledore para confiar nas pessoas.
— Muito bem falado, Harry. — Disse Fred, inesperadamente
— É, apoiado, apoiado. — Emendou George, com um meio relance para Fred, cujo canto da boca tremeu
Lupin tinha uma estranha expressão no rosto quando olhou para Harry: beirava a piedade.
— Você acha que sou tolo? —Perguntou-lhe Harry
— Não, acho que você é igual ao James. — Respondeu Lupin —, que teria considerado a maior desonra desconfiar dos amigos.
Eu sabia a que Lupin estava se referindo: que o pai de Harry fora traído pelo amigo Peter Pettigrew. Percebi que meu melhor amigo estava irracionalmente irritado. Queria discutir, mas Lupin lhe deu as costas, descansou o copo em uma mesinha lateral e se dirigiu a Bill.
— Temos trabalho a fazer. Posso perguntar a Kingsley se...
— Não. — Bill o interrompeu — Eu farei, eu irei.
— Aonde estão indo? — Perguntaram Tonks e Fleur ao mesmo tempo
— O corpo de Olho-Tonto. — Explicou Lupin — Precisamos resgatá-lo.
— Não podem... — Começou mamãe, lançando um olhar suplicante a Bill
— Esperar? — Perguntou Bill — Não, a não ser que a senhora prefira que os Comensais da Morte o levem.
Todos se calaram. Lupin e Bill se despediram e saíram. Os que tinham ficado agora se sentaram, todos exceto eu, que continuei de pé. A repentinidade e completude da morte dominava a atmosfera da sala como uma presença e tudo me fazia lembrar do que Trelawney me disse no mundo invertido.
— P-posso tomar mais Whisky? —Perguntei de repente a ninguém em específico
Mamãe me olhou como se não conseguisse me enxergar, depois suspirou e desviou o olhar. Eu tomei isso como um sim e me aproximei para pegar outra garrafa de Whisky de fogo, mas não a coloquei no copo, levei a própria garrafa a minha boca, era a única forma de me acalmar.
— Eu tenho que ir também. — Anunciou Harry de repente se levantando no instante em que eu me joguei no tapete
Doze pares de olhos assustados o olharam.
— Não seja tolo, Harry — Disse mamãe — Que está dizendo?
— Não posso ficar aqui.
Ele esfregou a testa, nervoso.
— Todos vocês correm perigo enquanto eu estiver aqui. Não quero…
— Mas não seja tolo! — Protestou mamãe — A razão do que fizemos hoje à noite foi trazê-lo para cá em segurança e, graças aos céus, conseguimos. Fleur concordou em casar aqui, em vez de na França, já providenciamos tudo para que possamos ficar juntos e cuidar de você…
— Se Voldemort descobrir que estou aqui...
— Mas por que descobriria? — Perguntou mamãe
— Há outros doze lugares onde você poderia estar agora, Harry. — Lembrou papai — Ele não tem como saber para qual das casas protegidas você foi.
— Não é comigo que estou preocupado! — Contrapôs o garoto
— Nós sabemos. — Replicou papai em voz calma — Mas, se você for embora, teremos a sensação de que os nossos esforços desta noite foram inúteis.
— Você não pode ir embora! Eles não estão só atrás de você, sabia? — Perguntei com a voz meio enrolada, mas sentindo que Whisky não parecia em si mais tão forte; vodka, eu precisava de vodka russa
— Você não vai a lugar nenhum. — Rosnou Hagrid — Caramba, Harry, depois de tudo que passamos para trazer você para cá?
— É, e a minha orelha sangrenta? —Acrescentou George, erguendo-se nas almofadas
— Sei que...
— Olho-Tonto não iria querer isso...
— EU SEI! — Berrou Harry
Houve um longo silêncio de constrangimento, e que foi, por fim, rompido pela voz de mamãe.
— Onde está Edwiges, Harry? — Perguntou ela, querendo agradá-lo — Podemos colocá-la com Pichitinho e Mynes e lhe dar alguma coisa para comer.
Ele não a olhou. Bebeu o resto do Whisky de fogo para evitar responder, enquanto eu me regulgiava na minha garrafa.
— Espere até espalharem que você conseguiu novamente, Harry. — Disse Hagrid — Escapou dele, o repeliu quando estava em cima de você!
— Não fui eu. — Negou Harry categoricamente — Foi a minha varinha. Minha varinha agiu sozinha.
Passados alguns momentos, Hermione argumentou gentilmente:
— Mas isso é impossível, Harry. Você quer dizer que usou a magia sem querer; reagiu instintivamente.
— Não. — Respondeu Harry — A moto estava caindo, eu não saberia dizer onde estava Voldemort, mas a minha varinha rodou a minha mão, localizou-o e disparou um feitiço, e não foi um feitiço que eu conhecesse. Nunca fiz aparecer labaredas douradas antes.
— Muitas vezes — Disse papai —, quando o bruxo está em uma situação crítica, é possível ele produzir feitiços com que nunca sonhou. Isso acontece muitas vezes com as crianças, antes de terem estudado...
— Não foi assim. — Retrucou Harry com os dentes cerrados. Eu sabia o que ele estava sentido, mesmo quase embriagada. A cicatriz dele estava queimando e ele sentia raiva e frustração; odiava a ideia de que o imaginassem dotado de um poder equiparável ao de Voldemort
Eu entendia. Odiava quando alguém agia como se eu fosse uma feiticeira poderosa, sendo que na maioria das vezes eu nem sei o que fazer com meus poderes.
Todos se calaram. Ninguém, no fundo, acreditava muito nele. Murmurando que ia tomar ar fresco, ele pousou o copo na mesa e saiu da sala. O silêncio continuou.
— A-alguma notícia da minha mãe? —Vega se dirigiu a Tonks, meio incerta, enquanto quebrava o silêncio
Tonks negou.
— Lupin diz que ela tá bem. Sienna sabe se virar, achamos que ela logo entrará em contato.
— Ah.— Fez Vega voltando a abaixar a cabeça
— Vamos falar com ele. — Disse a voz hesitante e baixa de Hermione, ela olhava para o meu irmão
Rony se levantou e parou na minha frente estendendo uma mão pra mim. Eu a peguei e levantei, mas não soltei a garrafa.
— Me dá isso vai. — E puxou-a de mim com força a batendo na mesa, em seguida me puxou em direção à porta com Hermione nos acompanhando
Atravessamos então a cozinha para chegar no quintal, de onde vimos apenas a sombra de Harry de costa para nós.
— Harry? — Rony chamou
Em alguns segundos nós três o alcançamos nos colocando de seu lado.
— Harry, volte para dentro de casa. —Sussurrou Hermione — Você não está pensando em ir embora mesmo, está?
— Você não pode ir, Harry. — Insisti —Não vê tudo que está acontecendo? O que fizemos pra conseguir a Ametista. Eles querem a você e a mim. Você não pode ir.
— É, você tem que ficar, cara. — Disse Rony, batendo em suas costas
— Você está passando bem? — Perguntou Hermione, agora suficientemente perto para ver o rosto de Harry — Está com uma cara horrível!
— Bem — Repondeu Harry, trêmulo —, provavelmente estou com uma cara melhor do que Olivaras…
Eu pisquei aterrorizada quando a visão de um velho emaciado, coberto de trapos sobre um piso de pedra irrompeu na frente dos meus olhos. Quando Harry terminou de contar o que vira – sobre Voldemort a torturar Olivaras e falar sobre a varinha, reclamando de que ele mentiu e que mesmo com outra varinha não conseguia matar Harry – Rony demonstrava espanto, mas Hermione, assim como eu, estava aterrorizada.
— Isso devia ter acabado! A sua cicatriz... não devia mais fazer isso! Você não pode deixar essa ligação reabrir: Dumbledore queria que você fechasse a mente!
Ao ver que ele não respondia, ela o agarrou pelo braço.
— Harry, ele está dominando o Ministério, os jornais e metade do mundo bruxo! Não deixe que ele se infiltre também em sua mente!
Helloooo bruxinhoooos!!
Como estamos?
Primeiramente desculpas, quem leu os avisos já estava ciente que tive uns probleminhas e não consegui postar capítulo na quarta-feira e nem ontem, mas aqui está o capítulo, e mais tarde postarei o outro que é o de hoje, certo amores?
Ultimamente tô cheia de trabalhos na faculdade, mas sempre fazendo o possível pra dá atenção a vocês.
Amo vocês bruxinhoooos, até daqui a pouco.
– Bjos da tia Nick.
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