108 | The Secret Portal of the Brown House
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108. O Portal Secreto da
Casa Brown
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De certa forma é sim, mas não é.
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Não dava pra ver nem notar com clareza de detalhes muita coisa. Tudo passava rápido e já tinha anoitecido há algumas horinhas. Mesmo assim eu não conseguia deixar de olhar a paisagem que corria pela janela do carro pertencente à Lindsay Brown.
Horas antes ela conversou com meus pais, não sei o quê, talvez ela só tenha explicado um pouco do que Dumbledore lhe pediu em carta antes de morrer. Só sei que agora estou aqui a caminho de sua casa em Derby, ao leste da Inglaterra.
Harry está ao meu lado agarrado a gaiola de Edwiges e perdido em pensamentos enquanto observa o caminho pela outra janela do carro, já que Lavender está no banco da frente ao lado da mãe.
— É uma pena que já seja tarde. — Lav comentou virando-se para trás para poder olhar pra mim e para Harry — Vocês tem que ver como a cidade é linda durante o dia.
— Parece divina. — Sorri
Não era mentira. Mesmo sendo noite dava pra notar as luzes a clarear as casas, lojas, praças e até as pessoas que caminhavam pela rua. Trouxas, claro, só eles conseguiriam transmitir essa leveza e despreocupação no momento que estamos passando.
Horas antes quando me despedi dos meus irmãos tive que me segurar para não chorar, para não mostrar o quanto estou assustada com o que vem pela frente e com o que pode acontecer se eu e Harry não conseguirmos pegar a Ametista.
— Oito horas… — A Sra. Brown falou de repente, a atenção toda focada na estrada à frente, mas desviando por segundos para ver a hora em um relógio do automóvel — Vamos estar chegando daqui a meia hora… mamãe dorme muito cedo e está tarde, mas podemos fazer isso amanhã cedinho. Espero que vocês sejam pessoas matinais, Roxy e Harry.
— Ah, claro, Sra. Brown. — Eu falei desviando o olhar da janela para ela
— Mas… — Disse Harry hesitante — como assim, a sua mãe?
Lavender se virou para trás mais uma vez.
— É a vovó quem pode abrir o portal. — Falou com a voz amena — Mas é melhor esperar mesmo pra amanhã, vocês precisam descansar um pouco.
Harry e eu concordamos ainda hesitantes e com um suspiro, então Lav sorriu, de forma despreocupada, como se apenas para quebrar o gelo, deixar as coisas mais leves e agir como se estivéssemos apenas indo passar umas férias em sua casa.
— E eu vou fazer o jantar hoje. Na verdade, complementar, papai já deve ter feito algo se é que ele chegou do trabalho. Bom… gostam de jacket potato? Eu faço sem bacon, Rox.
Nesse momento nós rimos, meu coração aquecido de saber que mesmo com tudo isso que tá acontecendo, minha amiga ainda se importa de lembrar que eu não como carne de porco e age muito convidativa em me receber em sua casa.
— Suas batatas recheadas são ótimas, filha, mas não exagera. — Disse a mãe em um tom risonho — Feijão e queijo ou frango e chili são suficientes. Da última vez que você fez, pegou de tudo um pouco do armário. Foi feijão preto, guacamole, cogumelos selvagens com espinafre, frango tailandês com coco, tomate seco com mozarela. Ver se relaxa, querida.
Lav balançou a cabeça rindo, enquanto tornava a olhar pra frente.
— Ah, estamos chegando. — Anunciou divertindo-se
Percebi a Sra. Brown virar por uma esquina estranha na cidade e seguir por uma rua isolada, até que as casas sumiram e só restou árvores, um lugar totalmente deserto e como estava de noite, tudo só piorava, então o meu coração travou quando olhei adiante e vi o que parecia ser um muro de folhas enorme, e a mãe de Lav seguia diretamente para lá.
— Sra. Brown… — Harry começou a dizer meio pasmo enquanto observava o mesmo que eu
Lavender riu. Eu e Harry nos entreolhamos, o coração saltando sem saber o que viria. Lindsay continuou mirando o carro rumo ao muro até que… o carro atravessou. Eu pisquei os olhos, sentindo uma sensação gelada até perceber que tínhamos atravessado alguma espécie de barreira mágica e agora estávamos seguindo para uma enorme casa vitoriana e inconfundivelmente bruxa.
— Às vezes vocês esquecem que temos magia, não é? — Lavender perguntou rindo-se
Me inclinei na janela para observar melhor o espaço em que nos encontrávamos. A grama verde bem aparada com vários gnomos como os que tem na minha casa, um caminho todo de pedras que levava a uma escada de degraus não muito alta que enfim dava na entrada de uma casa em estilo vitoriana enorme toda de uma tonalidade marrom com branco. Havia muitas árvores ao redor, que a deixava com um ar suave, mas sem esquecer o tom bruxuleante, um portão com aparência antigo cercava toda a superfície do terreno e só de nos aproximarmos percebi que tinha mais magia ali, magia para que a casa ficasse invisível a olhos trouxas. Dentro do terreno havia um pequeno coreto no canto superior no mesmo estilo vitoriano da casa e os arbustos e flores ao redor só o deixavam mais agradável, isso sem falar nos banquinhos acolchoados que notei lá dentro quando chegamos mais perto.
— Bom… — Lindsay Brown sorriu simpática enquanto seguia com o carro em direção a uma espécie de garagem ao lado da casa — bem vindos à atual Casa Brown. Digo atual, pois essa é a casa da minha família, quero dizer da minha mãe, da minha avó, das mulheres Waterhouse.
Quando ela estacionou o carro, finalmente descemos, já observando melhor a casa – ou só o que dava já que estava de noite e um tanto escuro. Lav passou sorrindo e correu em subir os degraus logo depois de pegar as próprias malas no carro, Lindsay entregou as malas de Harry, já eu só ajeitei a pequena mochila nas costas, meus pais tinham levado o resto das minhas coisas para a Toca, o que incluía Mynes e Marshall.
Subi os degraus ao lado de Harry, com a dona da casa na frente, vi quando a mão dela tocou ao lado da porta em um objeto estranho que nunca vi, mas parecia muito uma tela, e então ela sussurrou algumas palavras fazendo a porta se abrir magicamente. Uma luz forte vinha de dentro quando ela entrou com Lav atrás dela e fez sinal para que as acompanhássemos.
— Vamos todos jantar, depois eu mostro o quarto de vocês onde poderão tomar um banho antes de dormir, amanhã vai ser um dia longo para vocês dois. — Disse a mulher com um suspiro cansado, mas um sorriso
Pisquei os olhos observando o casarão em que me encontrava, eu realmente não sabia que Lav era bem de vida, ok sabia que ela tinha dinheiro, mas não imaginei que ela morasse em um lugar como esse. Estávamos em uma sala de estar, havia janelas de vidro com cortinas de seda em vários pontos entre o papel de parede creme. Tinha uma lareira de mármore branco acesa que ficava abaixo do que parecia ser um quadro dourado bem antigo, uma pintura linda de uma paisagem que não faço ideia de onde fica. As várias poltronas ou sofás que ficavam no ambiente eram todas acolchoadas e com a mesma vibe vitoriana, e havia um piano lindo todo branco a um lado, isso sem falar no belo lustre cintilante no teto. Eram muitas, várias informações, tantas que eu mal sabia o que olhar, não conseguia captar tudo.
— É você? — Escutei Harry meio rindo e me virei vendo que ele olhava alguns quadros postos em cima de uma estante com os mais variados livros; ele falava com Lav e apontava diretamente para o quadro de um bebê bochechudo de cabelos loiros encaracolados que estava só de fralda abraçada com um coelho de pelúcia
Lav riu e escondeu o rosto com as mãos.
— É. — Confirmou meio gargalhando — Bom, vamos pra cozinha, pelo menos lá não tem mais fotos minhas.
Lindsay também sorria enquanto tirava o casaco e colocava em um cabideiro que ficava ao lado de um criado-mudo e um belo abajur.
— Ok, vamos todos, então. Querem tirar os casacos, meninos?
Harry e eu colocamos nossos casacos no mesmo cabideiro que a Sra. Brown, e depois, às ordens dela, deixamos as malas na sala enquanto seguíamos ela e Lav pelo corredor que deveria levar à sala de jantar. Em alguns pontos no caminhos encontramos mais quadros, alguns com paisagens, outros com bruxos velhos que dormiam ou apenas fingiam, Lav ia nos falando o nome de alguns e o pouco que ela sabia sobre eles.
— Se eu não me engano, esse deve ser o meu tio avô Armand Waterhouse… — Ia falando e acenando sem graça quando passamos pela foto de um bruxo careca sentado em uma poltrona já no fim do corredor — Mamãe me disse que ele era um chato machista. Mas é da família, então... Vovó quem quis deixar o quadro, só porquê é irmão dela. — E falando mais baixo só pra eu e Harry ouvirmos, acrescentou: — Quando essa casa for minha eu vou jogar a maioria desses quadros fora.
— Lavender. — A mãe falou em uma falsa repreensão com um risinho
Harry e eu rimos enquanto Lav se ajeitava e fingia não ter falado nada. O bruxo no quadro que, obviamente, fingia dormir com o ar sério de desdém, abriu um dos olhos, mas fechou rapidamente
quando viu que eu o observava.
A Sala de jantar dos Brown era um ambiente divino e amplo, as paredes em um marrom vintage, mais lustres, outra lareira cintilante e armários dispostos em alguns cômodos. Uma grande mesa estava ao centro com dez cadeiras brancas com detalhes dourados. No centro da mesa tinha uma abóbora com carinha sorridente e meio que algumas flores saindo dela. Era como se ela fosse um vaso, mas realmente a abóbora parecia ser de verdade e a carinha meio que piscava.
— Gostou? Eu que fiz. — Lav disse em risinhos, vendo que eu observava o objeto
— Que flores são essas? — Perguntei quando Lindsay mandou que eu e Harry sentássemos
— Orquídeas amarelas. Não são minhas preferidas, mas achei que combinam com o ambiente. — Ela respondeu enquanto prendia o cabelo em um coque frouxo
A Sra. Brown nos deixou na sala de jantar, ainda observando o ambiente, enquanto entrava na porta ao lado que deveria ser a cozinha, de onde ouvimos alguns barulhos de panelas. Não demorou para que ela saísse acompanhada por um homem alto que parecia mais velho, embora devesse ter a mesma idade, seus cabelos eram loiros escuros, os olhos idênticos aos de Lav e ele usava uma roupa caseira de bruxo. Ele e Lindsay seguravam algumas travessas e levavam até a mesa.
— Pai!! — Lav exclamou e no minuto seguinte estava abraçada no homem mais alto que riu enquanto mexia em seus cabelos
— Oi, pequena, como está? — Falou em uma voz calorosa
— Bem, bem, graças a Merlim. — Disse Lav
Lindsay só sorriu pra cena enquanto tirava as tampas das travessas de comida e ia até um armário.
— Não pareceu que você estava com tanta saudade assim de mim. — Alfinetou a mãe ao apanhar alguns pratos de vidro
O marido a olhou:
— Sempre ciumenta, né Lind? — Então se voltou para mim e Harry, intrusos na cena da família
— Pai, essa é minha melhor amiga Roxanne Weasley, claro e obviamente Harry Potter. — Lav apresentou nos indicando
— Muito prazer em conhecê-los. — O homem sorriu — Como estão? Imagino que isso não é pergunta que se faça tendo em vista os últimos acontecimentos, perdão… a Lalinha fala muito de vocês.
— Pai. — Lav corou e eu sei bem que foi por conta do apelido e não porque ele disse que ela falava de nós
— É um prazer conhecê-lo, Sr. Brown. —Disse Harry, enquanto eu sorria simpática
— Você já jantou, Chris? Sua filha estava afim de fazer batata recheada depois da comida. — Informou a mãe enquanto enchia um prato com feijão, ovos e salsicha
— Já. — O homem puxou a cadeira principal parecendo cansado enquanto sentava-se — Jantei com a sua mãe, ela não gostou dos bacons. É difícil agradar ela, hem.
Lav soltou um risinho.
— A vovó já foi dormir, papai? — Perguntou e ao invés de sentar-se foi ajudar a mãe a pôr os pratos
— Quase uma hora antes de vocês chegarem. — Explicou bocejando — Mas eu aceito jantar de novo, Lind, e também quero batata recheada, ouviu dona Lavender?
— Ok, ok, pai. — Ela riu, antes de olhar para a mãe e dizer que ia colocando o recheio nas batatas para poderem as colocar no forno; não foram dez minutos e Lav estava de volta, dizendo: — Mãe, a Rox não come carne de porco.
— Ops. Desculpa. — Disse a Sra. Brown que se atrapalhou enquanto segurava com um garfo os bacons acima de um prato, então olhou para Harry — Você come bacon, querido?
Harry confirmou.
Momentos depois estávamos todos sentados na mesa comendo. Os Brown tinham um jeito caloroso e acolhedor, o jantar foi incrementado por diálogos casuais e leves que fizeram por momentos que eu esquecesse que estávamos mesmo em uma guerra.
Lav foi a primeira a terminar o jantar, correu pra cozinha voltando logo com uma travessa de batata recheada que a serviu recebendo elogios do pai.
Eu me permiti sorrir vendo a cena, ela é filha única, mesmo assim se diverte com os pais, nem sente a falta de irmãos, acho que eu não conseguiria viver em uma casa com família pequena.
Era quase 10 horas, segundo um relógio encantado na cozinha, quando Lindsay e Lavender – que já bocejava – levaram eu e Harry para o andar de cima, logo depois de passarmos na sala para pegar nossas malas. Elas nos deixaram em quartos separados lado a lado, eram de tamanho médio e decididamente iguais, devia ser onde os hóspedes ficavam.
— Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo podem bater na porta do meu quarto ou no da Lav que viemos correndo. — Disse a Sra. Brown calorosa na porta dos dois quartos — Só não batam no quarto de porta preta no outro corredor, o da placa “não perturbe”, minha mãe não costuma ser muito simpática quando a acordam.
— E como. — Lav concordou — O meu fica aqui perto, é a porta rosa no outro corredor, indo pela direita. Boa noite, amiga. Boa noite, Harry.
— Boa noite, meninos. Durmam bem, vamos ter que acordar cedinho amanhã.
E com isso eu e Harry entramos cada um no seu determinado quarto e com um turbilhão de pensamentos logo depois de desejar um boa noite às mulheres Brown. Eu não sabia o que pensar do dia seguinte ou o que esperar, mas era certo que tínhamos que fazer de tudo para encontrar a Ametista.
Dumbledore está morto. O único bruxo a quem Voldemort já temeu e que o impedia de atacar a Harry ou a qualquer pessoa em Hogwarts está morto. O que será de nós agora? A guerra está aí e eu preciso daquela pedrinha, antes que... antes que seja tarde demais.
Depois de um banho e já vestida no meu pijama, olhei por cima o quarto todo em detalhes brancos. Apenas uma cama fofa cheia de almofadas em tons amarelo e cinza, as cortinas, a mesinha, a penteadeira e a estante de livros, isso tudo além de ter um banheiro ligado ao quarto. Os Brown tem uma boa condição de vida, melhor do que eu pensava, mas não tem nenhum, nenhum elfo sequer.
Lembro quando Lav me contou isso, que a mãe dela odeia como essas criaturas são escravizadas, mas naquela época não imaginei que a casa dela fosse realmente tão imensa e que, com certeza, um elfo faria falta.
Entre pensamentos eu adormeci, em sonhos ouvia a voz de Draco distante a chamar meu nome, não sei quanto tempo cheguei a dormir, só sei que mais rápido do que eu podia imaginar, a voz de Draco se transformara em uma voz mais suave e insistente.
— Rox, acorda. — Dizia Lavender, uma carinha de sono, mas parecendo bem acordada vestindo um roupão por cima do pijama
Pisquei os olhos lentamente enquanto saltava da cama apressada.
— Estou atrasada?
— Não, mas vovó é um pouco apressada, está na sala esperando você e Harry. Desce logo.
E saiu para que eu pudesse terminar de me arrumar. Depois de me aprontar, com uma roupa leve e prender a Ametista em uma corrente logo a colocando no pescoço junto com o colar de Draco que ganhei a tantos anos, finalmente desci, me encontrando com Harry no caminho. Ambos tínhamos deixado nossas malas no quarto de hóspedes, pegaríamos quando voltássemos.
— Tudo bem? — Ele perguntou em uma forma de cumprimento, parecendo nervoso, mas tentando ao máximo não demonstrar
— Sim. — Dei um sorriso forçado apertando a mão dele como se para transmitir força, não só para ele, mas também pra mim
Quando entramos na sala de estar encontramos as três mulheres Brown juntas, enquanto Lindsay tinha o ar juvenil e alegre e Lav era um poço de fofura, a mais velha parecia rígida, os cabelos brancos e curtos e as marcas no rosto deixadas pelo tempo, no entanto a vi sorrir simpática ao nos ver.
— Bom dia, queridos. — Disse de uma forma calorosa — Sou Elizabeth Waterhouse.
Eu e Harry apertamos a mão dela com simpatia, tentando com muito esforço não parecer trêmulos.
— Sigam-me. — Pediu enquanto começava a caminhar por um corredor
O local por onde andávamos agora era um corredor diferente, não era o que andamos no dia anterior, mesmo que esse fosse bem parecido, bem iluminado e formidável. Tinha poucos cômodos naquele corredor e não havia quadros na parede, apenas um já no fim do corredor, que curiosamente não levava a nada. A Sra. Waterhouse parou em frente ao quadro, Harry e eu atrás dela com tanto Lavender quanto sua mãe atrás de nós.
Eu fixei minhas íris no quadro tal como a senhora fazia, o aspecto era antigo, mas mesmo assim ele parecia fabuloso, a moldura dourada perfeita com algumas pedrinhas do lado era o charme, e então tinha a pintura, nele havia uma senhora de cabelos brancos e óculos de grau, ela estava sentada em uma poltrona, de modo que só podíamos ver apenas de sua cintura pra cima, enquanto ela dormia ou fingia dormir.
— Anne Francis. — Disse Elizabeth Waterhouse respondendo a pergunta muda que eu e Harry fazíamos — Irmã da minha mãe Guadalupe Waterhouse e a criadora dos produtos que salvaram nossa família.
— Sua mãe foi uma Médiumaga, não foi?— Perguntei tentando não parecer intrusa, apenas casual
— Sim. — A mulher respondeu sem me olhar — Mesmo que aquela época as pessoas desacreditassem no termo, mas ela foi a única Médiumaga de sua geração. — E neste momento a Sra. Watterhouse voltou a me olhar — Igual a você.
Minhas bochechas ficaram um pouco vermelhas e eu fiquei mexendo displicentemente na Ametista no meu pescoço.
Elizabeth Waterhouse suspirou e voltou olhar para o quadro.
— Lavender, querida, por favor, queira fazer a gentileza. — Pediu e no instante seguinte Lav já estava ao seu lado
Vi minha amiga respirar fundo e abrir um sorriso nervoso enquanto assumia a posição na frente da avó, logo suas mãos seguravam uma flor dourada que fazia parte dos detalhes da moldura, mas de um modo diferente. Lavender a puxou para frente e a girou como se fosse uma maçaneta, logo depois a apertou para dentro, isso fez com que toda a moldura se iluminasse como se um poder envolvesse todo o redor do quadro em questões de segundos.
Eu observei tudo boquiaberta, as quatro flores das quatro pontas em diagonal da moldura girando, e então a parede entrou para dentro, se abrindo logo em seguida como se fosse uma porta.
Lav sorria abertamente como se orgulhosa de si mesma por ter aberto.
— Muito bem, querida. — A avó a parabenizou passando por ela e adentrando a sala sem se virar
Eu e Harry estávamos boquiabertos demais com a descoberta de uma entrada secreta para ter qualquer reação.
— Vamos. — Lindsay pegou no meu ombro e no de Harry e nós dois seguimos na frente dela, Lavender ia andando ao meu lado ainda vibrando
— É a primeira vez que eu abro. —Sussurrou para mim; devia ser algo de tradição familiar, então eu estava feliz em saber que ela estava se sentindo realizada por ter conseguido fazer algo nesse porte
O corredor a seguir em que entramos era um pouco escuro, mas uma luz forte brilhava bem à frente. Escutei um barulho atrás de nós, mas não me virei, sabia que devia ser apenas a porta fechando.
Continuamos seguindo Elizabeth Waterhouse, mas meus olhos se arregalaram quando percebi até onde o caminho de pedras nos levava. Eu comecei a olhar de um lado para outro pra poder captar tudo daquele local, era bem amplo e fantástico, tudo em volta parecia ser revestido de belas árvores e flores, eu apenas via o aspecto verde e os pontos entre eles por onde caia uma água corrente tão transparente e divina que se juntava ao lago que cercava todo o caminho de pedra por onde andavámos. Era como um jardim dentro de casa, mas ainda mais maravilhoso que um jardim, o teto era enfeitiçado e mostrava a beleza do sol nascendo em sua mais maravilhosa perfeição, as folhas das árvores ( parece até uma ofensa as chamar assim quando elas pareciam tão mais fabulosas do que qualquer outra árvore que meus olhos já viram ) brilhavam muito em contraste com a lindeza da correnteza. Mas bem a nossa frente tinha a maior beleza de tudo ali, se tratava de um belo e maravilhoso arco, revestido de folhas e flores, não dava pra ver o que tinha além dele, porque seu centro parecia apenas magia, uma forte magia vermelha viva que girava rápido de uma forma exuberante. Mais parecia uma correnteza que puxaria para dentro quem quisesse se aproximar.
— Essas árvores são onde as dimensões alternativas se cruzam com o nosso mundo. — Informou a Sra. Waterhouse quebrando o silêncio que se formara e fazendo com que eu e Harry voltássemos nossa atenção para ela, de costa pra nós e parada a observar o portal
— O Ministério sabe disso? — Harry perguntou meio sem jeito, mas bem admirado com tudo que via
Elizabeth se virou para o olhar.
— Somente aqueles que merecem saber sabem da existência do Portal. — Informou brandamente
Harry engoliu em seco, voltando a observar o local, eu fazia o mesmo, até me assustar quando percebi a Sra. Waterhouse se aproximar de mim. Ela até seria mais alta se eu não estivesse usando botas de saltinho. A senhora, no entanto, apenas colocou suas mãos sobre a pedrinha de brilho púrpura no meu pescoço e a observou.
— Imagino que não saiba como isso foi parar em suas mãos, Srta. Weasley. — Disse ainda a segurando com suavidade
— Recebi no Natal. — Respondi meio vagamente — Me mandaram de presente… para… para me proteger.
A Sra. Waterhouse se afastou para olhar meu rosto.
— Estou me referindo a como isso foi parar nas mãos do garoto Malfoy para que ele pudesse se sensibilizar e te enviar essa preciosa jóia vinda de outra dimensão. Está bem óbvio que ele sabia bem o significado dela, mas como ele a conseguiu…?
Nesse momento eu me vi totalmente perdida, ainda não tinha parado pra pensar nisso. Será que ele viera aqui? Será que Draco foi a outra dimensão atrás dessa pedra só pra me proteger?
A avó de Lavender pigarreou chamando minha atenção novamente.
— Há alguns anos — Começou como se estivesse prestes a narrar uma história, e, pelo visto, estava mesmo — antes que minha filha começasse a namorar com o bobinho do Christopher lá em cima, digamos que Lindsay fosse muito ingênua. Ateimo em dizer que Lavender puxou a ela.
Vi tanto Lav quanto a mãe se entreolharem com um sorrisinho, enquanto a mais velha tornava a falar.
— Isso aconteceu na época que Lindsay estava em Hogwarts e digamos que foi ingênua o suficiente para acreditar em determinadas pessoas. — O rosto de Elizabeth Waterhouse parecia está recordando aquela época, a mãe de Lav perdera um pouco o ar animado, não parecia se orgulhar do que a mãe estava prestes a falar — Foi quando ela teve a tola idéia de confiar demais e começar a namorar com a pessoa que fez com que essa pedra estivesse no seu pescoço hoje, Weasley.
Eu toquei a pedra no meu pescoço, meio sem entender onde ela queria chegar, de quem ela estaria falando. Seria o pai de Draco?
— Não sabemos como ele descobriu sobre a Ametista e seus poderes, mas tendo em vista sua família era óbvio que Jonathan Burke faria o possível pra se apoderar de uma jóia tão valiosa entre os bruxos. Talvez tenha a sede de objetos mágicos, tal como seus antepassados que fundaram a Borgin e Burke.
Eu me boquiabri, mas não estava em si tão surpresa, onde tinha merda, os Burke sempre estavam no meio.
— Jonathan Burke? — Perguntei só pra confirmar, não queria lembrar desse nome
— Ele estudava comigo. — Lindsay respondeu com um suspiro cansado — Era da Slytherin e meio que… o garotinho popular da turma… parecia legal namorar o bad boy na época, não me orgulho disso.
— Ele é o irmão de Courtney, Hadley e Genevieve, não é? — Perguntei, com as lembranças da morte de Mia passando na minha mente
Lindsay pôs as mãos nos bolsos da calça enquanto confirmava com a cabeça.
— Comensais da Morte. — Suspirou
— Essa Genevieve Burke não foi a que morreu meses atrás? — Lav perguntou interesada — Só encontrarem umas partes dela.
— Ela merecia um fim bem pior do que a morte depois do que ela e os irmãos dela fizeram. — Comentei fazendo-os me olhar sem entender — Eles mataram uma garota, Mirian Lourence, meu poder estava descontrolado e eu acabei visualizando o dia que a Mia morreu e os quatro, junto com o namorado da Courtney, matarem ela.
Lavender levou as mãos a boca horrorizada, Lindsay não pareceu tão surpresa, já Elizabeth meramente fez um aceno com a cabeça.
— Jonathan nunca foi flor que se cheire. — Disse ela — Desde novo, mas talvez a culpa seja da criança, não sei, mas não confiaria em um Burke nunca. — Ela olhou para a filha — Quer contar o resto da história?
Lindsay suspirou e olhou de mim pra Harry.
— Eu o falei do Portal, eu o mostrei esse lugar, só queria… queria parecer descolada como ele e não uma nerd…
— Papai disse que você era bem popular, mamãe. — Disse Lav
A mãe a olhou.
— Eu era bem bonita e chamava a atenção dos meninos, isso fazia eles esquecerem que eu também era inteligente, e evitava que eu levasse nome de nerd. Mas o Jonathan… — E nisso ela voltou a nos olhar, suas íris parecendo viajar para aquela época — ele era o garoto mais popular da minha turma e todas as garotas queriam ele, eu não queria ser mais uma que ele só levava pra cama. Queria mostrar que eu era diferente… foi por isso que o convidei para vim a minha casa nas férias antes do nosso sétimo ano.
“Então foi o que aconteceu. Fui burra e ingênua de lhe mostrar esse lugar, como entrar, de falar sobre o Portal e de como fazer a travessia… como eu podia imaginar que ele pudesse querer algo da outra dimensão?”
— Quando ele falou que queria me ver de novo na outra semana, eu me animei e o chamei para minha casa de novo... estava tudo bem, até ele dizer que queria ir no banheiro e então desapareceu. — Ela soltou um suspiro olhando para qualquer outro lugar, menos para o nosso rosto — Só o encontrei muitas horas depois, todo esquisito, me deu um fora e nunca mais falou comigo, estava todo exalando felicidade, empolgado demais. Mamãe quem descobriu que ele tinha entrado aqui, demoramos pra saber que ele tinha deixado uma boa confusão na outra dimensão.
— A outra realidade — Prosseguiu a Sra. Watterhouse dando continuidade a dela da filha — não tem magia, não há bruxos nem nada disso que vocês conhecem, todos lá vivem como trouxas. Burke não deveria saber isso, por isso deixou pra trás uma confusão sem tamanho, por sorte consegui estabelecer a paz novamente, mas uma parte da Ametista tinha sido roubada, apenas uma parte.
— Sabe por que ele não roubou inteira? — Harry perguntou
— O que temos é apenas especulações, mas acreditamos que ele apenas não conseguiu, e quando notou que a pedra lascada não funciona, meramente se desfez dela, de modo que de uma forma ou outra a pequenina jóia acabou nas mãos do Sr. Malfoy e consequentemente agora nas suas mãos, Rox Weasley. — Disse a Sra. Waterhouse
Eu abri um sorriso vago, mas feliz.
— Bom, vocês já devem saber, precisam simplesmente encontrar a pedra e juntar uma na outra, quando fizerem isso serão trazidos de volta para cá. — Informou
Harry e eu balançamos a cabeça em concordância.
— C-como é lá? Na outra realidade? —Perguntei tentando não parecer temerosa — É como aqui?
— De certa forma é sim, mas não é.
Eu e Harry nos entreolhamos.
— É uma linha do tempo alternativa de certa forma. — Prosseguiu — Como eu disse anteriormente, lá não existe Magia ou mesmo bruxos, todos vivem como meros trouxas.
— Isso parece horrível. — Comentei em voz baixa
— Não para eles. — Devolveu a senhora — Bom, quando chegarem a dimensão alternativa vão assumir o corpo de vocês daquele mundo, vão pensar e agir como se fossem eles.
— Mas ainda vamos saber que somos nós, não é? — Harry perguntou
— Particularmente se viajassem como estão, a resposta seria não, mas há uma coisa, uma que os conectará a esse mundo, mesmo lá, que os impedirá de se corromper àquela realidade. — Tornou a mulher
Ela se abaixou e colocou a mão no lago que nos cercava, quando se levantou parecia estar segurando alguma coisa no punho fechado. Ela fechou os olhos e recitou algo que não pude entender, então voltou a abri-los e estendeu a mão para mim e Harry, a abrindo para que víssemos o que tinha dentro.
Na palma de sua mão agora jaziam duas pulseiras de prata, pequenas, daquelas que apertam e beliscam no pulso.
— Essas pulseiras são encantadas, impedirão que a alma de vocês se corrompa e os lembrará quem são e o que tem que fazer. Peguem.
Nós a obedecemos e as colocamos no pulso esquerdo. Senti a eletricidade e o poder a irradiar o meu corpo quando aquilo apertou no meu braço, mas isso só aumentava meu nervosismo.
— Mas há um porém… — Tornou a senhora de modo que eu e Harry nos assustamos — Vocês só tem quarenta e oito horas para retornar, se não…
— Se não…? — Perguntei tentando não tremer
— Ficarão presos naquela dimensão para sempre e esquecerão que um dia conheceram magia.
Meus olhos se arregalaram quando apertei a mão de Harry com força, o medo irradiando meu corpo. Então senti uma mão no meu ombro e me virei no momento que Lav se atirou no meu pescoço para me abraçar.
— Boa sorte. Sei que vocês vão conseguir, vou está aqui esperando.
— Obrigada… — Foi tudo que eu consegui falar, um sorriso sem vida
— Está na hora. — Disse a voz séria de Elizabeth Waterhouse e Lavender me soltou dando um passo para trás para ficar perto da mãe
A Sra. Waterhouse fez um aceno de cabeça indicando o portal e eu e Harry demos um passo pra frente incertos.
— Quarenta e oito horas... — Ela repetiu com a voz suave e branda
Fechei os olhos e senti como se estivesse atravessando uma correnteza de água quando finalmente dei o passo que restava e atravessei o arco. Senti uma onda inexplicável de magia e não abri os olhos em nenhum momento enquanto sentia um frio percorrendo meu corpo e o poder irradiando dele.
Então, antes que eu notasse, já me remexia de um lado para o outro, parecia que eu estava no paraíso, minha cabeça estava bem aconchegada em um travesseiro macio e almofadado. Me encolhi ainda mais embaixo do edredom grosso.
Era bem quente e confortável, e tinha um cheiro que então… era tão gostoso e tão suave que no fundo eu não senti vontade de abrir os olhos e sim de dormir. O que eu sentia era algo que ia de maçã verde à algo entre o cítrico e o amadeirado, com um toque que parecia perfume de bebê. Seja lá o que fosse, era um cheiro delicioso.
Mas mesmo não querendo levantar ou abrir os olhos, eu sabia que precisava. A travessia, com certeza, devia ter sido feita, então eu pisquei pra claridade no mesmo momento em que escutei uma porta ser aberta com pressa.
— Três vezes — Disse a voz brava vindo de lá; eu ainda estava piscando pra claridade, minha vista meio embaçada —, o seu despertador tocou. Três! Eu escutei ele do meu quarto, eu acordei, eu estou quase pronta e você está deitada, Roxanne!
A visão foi voltando turva, mas logo eu reconheci a garota de sardas e cabelos ruivos muito lisos parada à porta. Lá estava Ginny Weasley, minha irmãzinha, parecendo uma mulher adulta. Seus cabelos presos em um rabo de cavalo meio despojado, usando uma calça jeans rasgada nos joelhos, junto do que parecia ser um all star botinha azul e uma blusinha da mesma cor que deixava parte da sua cintura de fora. Em seu ombro jazia uma jaqueta nas cores vermelho e amarelo, e ela segurava o que me pareceu um… qual o nome daquele aparelho trouxa??
— Que foi!? Vai ficar me olhando como se eu fosse um fantasma por acaso!?
Helloooo bruxinhoooos!!
Como estamos? Acabamos de entrar nessa nova fase de The Weasley, curiosos, ansiosos? Eu tô nervosa kkkkkk, mas ansiosa pra lançar logo tudo.
O que acham que tem nessa dimensão? O que acham que pode acontecer? Hummmm... Kkkkk
E o que acharam de saber mais da família Brown, essa família que merecia muito mais reconhecimento né, não. E sobre a Lav rica, quem esperava por essa? Kkkkkk
Bom, nos vemos quarta-feira para respostas sobre o mundo invertido. Será que a Rox sabe viver sem magia?! Kkkkkk
– Bjosss da tia Nick.
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