106 |The Phoenix Lament
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106. O Lamento da
Fênix
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Dumbledore se foi.
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— Vem cá, Rox…
— Não.
— Você não pode ficar aí, Rox... agora vem… você e Harry não podem ficar aí…
— Não.
Eu não queria sair do lado de Dumbledore, não queria ir a lugar nenhum. A mão de Hagrid em meu ombro tremia. Então, outra voz disse:
— Harry, vamos. Você e Rox não podem ficar aí pra sempre…
Uma mão menor e mais quente segurou meu braço e me puxou para cima, antes de fazer o mesmo com Harry. Eu ainda não queria me mexer, não queria ir, mas acabei cedendo à pressão, sem realmente pensar. Somente quando estava atravessando, às cegas, o aglomerado de pessoas percebi, que era Ginny quem nos levava de volta ao castelo. Vozes incompreensíveis me bombardearam, soluços, gritos e lamentos perfuraram a noite, mas Ginny continuou segurando a mão de Harry e a minha e seguimos andando, subimos os degraus de pedra para o saguão: rostos flutuavam na periferia da minha visão, pessoas me espiavam, sussurrando, se questionando, e os rubis da Gryffindor cintilavam no chão como gotas de sangue quando nos dirigimos à escadaria de mármore.
— Vamos à ala hospitalar.
— Não estou ferido. — Respondeu Harry
— São ordens da McGonagall. —Argumentou Ginny — Rox, o que houve?
Ela percebera agora que eu tinha parado e olhava para todos com lágrimas nos olhos, querendo voltar.
— Vem, irmã, vamos. — Insistiu me puxando — Todos estão lá, Rony, Hermione, Vega, Lupin, até a Lavender, todo o mundo…
O medo tornou a se agitar no meu peito; tinha esquecido dos vultos inertes que deixara para trás.
— Ginny, quem mais morreu? — Perguntei com a voz trêmula
— Não se preocupe, não foi nenhum dos nossos.
— Mas a Marca Negra… — Insistiu Harry — Malfoy disse que passou por cima de um corpo...
— Passou por cima de Bill, mas tudo bem, ele está vivo.
Havia, no entanto, alguma coisa na voz dela que identifiquei como um mau agouro.
— Você tem certeza, Gi? O Bill tá bem, né?
— Claro que tenho... ele está meio... meio avariado, é só. Greyback o atacou. Madame Pomfrey diz que ele não será mais o mesmo… — A voz de Ginny tremeu um pouquinho, fazendo meu coração saltar — Não sabemos realmente quais serão as sequelas... quero dizer, Greyback é um lobisomem, mas na hora estava sob forma humana.
— Mas os outros... vi outros corpos no chão… — Disse Harry
— Neville está na ala hospitalar, mas Madame Pomfrey acha que vai se recuperar totalmente, e o professor Flitwick foi nocauteado, mas está bem, só um pouco abalado. Ele insistiu em sair para cuidar do pessoal da Ravenclaw. E há um Comensal morto, foi atingido por uma Maldição da Morte que o louro grandalhão estava lançando para todo lado... Harry, se não tivéssemos a sua Felix Felicis, acho que teríamos sido mortos, mas tudo parecia se desviar de nós…
Tínhamos chegado à ala hospitalar, quando empurraram as portas, vi Neville deitado, aparentemente adormecido, em uma cama próxima. Rony, Hermione, Lav, Vega, Luna, Tonks, Misttigan e Lupin estavam agrupados em torno de outra cama, no extremo oposto da enfermaria. Ao ouvirem as portas se abrindo, todos se viraram. Hermione e Vega correram para Harry e o abraçaram, enquanto Rony se atirava ao meu pescoço, Lav pareceu ficar com receio de vim junto com ele; Lupin se adiantou também, ansioso.
— Você está bem, Harry? Rox, tudo certo?
— Estou bem. — Harry respondeu
— Estou ótima... e o Bill? Como tá meu irmão? — Perguntei assustada
Ninguém respondeu. Olhei por cima do ombro de Rony e vi um rosto irreconhecível no travesseiro de Bill, tão cortado e despedaçado que parecia grotesco. Madame Pomfrey aplicava em seus ferimentos um unguento verde de cheiro acre.
— A senhora não pode fechar os ferimentos com um feitiço ou outra coisa qualquer? — Perguntou Harry à enfermeira
— Não tem feitiço que dê resultado. Já experimentei tudo que sei, mas não há cura para mordidas de lobisomem.
— Mas ele não foi mordido na lua cheia. — Lembrou Rony, que agora segurava minha mão enquanto fixava o rosto do irmão, como se pudesse forçar a cura só de olhar — Greyback não estava transformado, então, com certeza, Bill não vai virar um... um verdadeiro…?
O garoto olhou inseguro para Lupin.
— Não, não acho que Bill vá virar um lobisomem de verdade — Concordou Lupin —, mas isto não significa que não haja alguma contaminação. São ferimentos malditos. Provavelmente não cicatrizarão totalmente... e Bill talvez adquira alguma característica lupina daqui para a frente.
— Dumbledore talvez saiba alguma coisa que dê jeito — Falou Rony me fazendo tremer e desviar o olhar com um peso na alma — Cadê ele? Bill lutou contra aqueles maníacos por ordem dele. Dumbledore tem obrigações para com ele, não pode deixar meu irmão assim…
— Rony... Dumbledore está morto. — Disse Ginny
— Não! — Lupin olhou desvairado de Ginny para Harry e depois para mim, como se esperasse que eu ou ele a desmentisse, mas ao ver que não fizemos nada, Lupin desmontou em uma cadeira ao lado da cama de Bill, as mãos cobrindo o rosto. Eu nunca tinha visto Lupin se descontrolar; tive a sensação de estar invadindo algo privado, indecente; virei a cabeça e me deparei com Lav, com quem troquei um olhar silencioso que confirmava o que Ginny acabara de dizer, meus olhos estavam vermelhos novamente.
— Como foi que ele morreu? — Sussurrou Tonks — Como foi que aconteceu?
— Snape o matou. — Harry respondeu por mim, que abaixei a cabeça no ombro do meu irmão, apertando sua mão mais forte — Eu e Rox estávamos lá e vimos tudo. Voltamos direto para a Torre de Astronomia porque vimos a Marca lá... Dumbledore estava mal, fraco, mas acho que percebeu que era uma armadilha quando ouviu passos rápidos subindo a escada. Ele imobilizou nós dois, eu e Rox não pudemos fazer nada, estávamos cobertos pela Capa da Invisibilidade... então, Malfoy entrou e desarmou Dumbledore…
Hermione levou as mãos à boca, e Rony gemeu. A boca de Luna tremeu. Lav arregalou os olhos e Vega segurou seu braço.
— Dumbledore estava quase o convencendo a vim para o nosso lado... ele ia vim pela Rox ... — Eu não o olhei, as lágrimas voltaram a pingar do meu rosto — Mas então chegaram mais Comensais da Morte… e Sol Lestrange... depois Snape... e Snape o matou. A Avada Kedavra. — Harry não conseguiu prosseguir
Madame Pomfrey caiu no choro. Ninguém lhe deu atenção a não ser Ginny, que sussurrou:
— Psiu! Escute!
Engolindo em seco, Madame Pomfrey apertou a boca com os dedos, olhos arregalados. Em algum lugar lá fora, na escuridão, uma Fênix cantava de um jeito que eu jamais ouvira: um lamento comovido de terrível beleza. E senti, como antes sentira ao ouvir o canto da fênix, que a música vinha de dentro e não de fora dele: era o seu próprio pesar que se transformava magicamente em canto, ecoava pelos jardins e entrava pelas janelas do castelo.
Quanto tempo ficamos ali escutando, eu não sabia, nem por que o som do próprio luto parecia aliviar um pouco minha dor, mas pareceu ter decorrido um longo tempo até a porta do hospital se abrir e a professora McGonagall entrar. Como os demais, ela apresentava marcas da batalha recente: tinha arranhões no rosto e as vestes rasgadas.
— Molly e Arthur estão a caminho. —Anunciou ela, e o encanto da música se quebrou: todos despertaram como se saíssemos de um transe, uns tornaram a se virar para Bill, ou então esfregaram os olhos, ou sacudiram a cabeça — Harry? Rox? Que aconteceu? Segundo Hagrid, vocês estavam com o professor Dumbledore quando ele... quando aconteceu. Ele diz que o professor Snape esteve envolvido em alguma…
— Snape matou Dumbledore. — Respondeu Harry
Ela o encarou por um momento, então seu corpo balançou de modo alarmante; Madame Pomfrey, que parecia ter se controlado, acorreu depressa, e, do nada, conjurou uma cadeira que empurrou para baixo de McGonagall.
— Snape. — Repetiu McGonagall com um fio de voz, desabando na cadeira — Todos nos perguntávamos... mas ele confiava... sempre… Snape... não consigo acreditar...
— Snape era um Oclumente excepcionalmente talentoso. — Comentou Lupin, sua voz anormalmente áspera — Sempre soubemos disso.
— Mas Dumbledore jurou que ele estava do nosso lado! — Sussurrou Tonks — Sempre pensei que Dumbledore soubesse alguma coisa de Snape que ignorávamos…
— Ele sempre insinuou que tinha uma razão inabalável para confiar em Snape. — Murmurou a professora McGonagall, agora secando as lágrimas nos cantos dos olhos com um lenço debruado em tecido escocês — Quero dizer... com o passado de Snape... é claro que as pessoas duvidavam... mas Dumbledore me confirmou, de modo explícito, que o arrependimento de Snape era absolutamente sincero... não queria ouvir uma palavra contra ele.
— Eu adoraria saber o que Snape disse para convencê-lo. — Comentou Sienna Misttigan, a voz distante, o olhar na janela; Vega agora estava abraçada com a mãe
— Eu sei. — Disse Harry, e todos se viraram, encarando-o — Snape passou a Voldemort a informação que fez Voldemort caçar meus pais. Então, Snape disse a Dumbledore que não tinha consciência do que estava fazendo, que lamentava realmente o que tinha feito, lamentava que eles tivessem morrido.
— E Dumbledore acreditou nisso? — Perguntou Lupin incrédulo — Acreditou que Snape lamentava a morte de James? Snape odiava James…
Sienna se voltara para Harry, também incrédula com o que ouvira.
— E achava que minha mãe também não valia nada porque tinha nascido trouxa… “Sangue Ruim”, foi como a chamou…
Ninguém perguntou como Harry sabia disso. Todos pareciam estar absortos no horror da revelação, tentando digerir a verdade monstruosa do que acontecera.
— É tudo minha culpa. — Disse subitamente a professora McGonagall. Ela parecia desorientada, torcia o lenço molhado nas mãos — Minha culpa. Mandei Filio chamar Snape esta noite, mandei buscá-lo para vir nos ajudar! Se eu não tivesse alertado Snape para o que estava acontecendo, talvez ele nunca tivesse se reunido aos Comensais da Morte. Acho que ele não sabia que estavam na escola até Filio lhe contar, acho que Snape não sabia que eles vinham.
— Não é sua culpa, Minerva. — Disse Lupin com firmeza — Todos queríamos mais ajuda, ficamos contentes quando soubemos que Snape estava a caminho...
— Então, quando chegou ao lugar do confronto, ele se passou para o lado dos Comensais da Morte? — Perguntou Harry, que assim como eu, parecia queria saber cada detalhe da duplicidade e infâmia de Snape, reunindo febrilmente mais razões para odiá-lo, para lhe jurar vingança
— Não sei exatamente como aconteceu. — Disse a professora McGonagall perturbada — É tudo tão confuso... Dumbledore tinha nos dito que ia se ausentar da escola por algumas horas e que devíamos patrulhar os corredores só por precaução... Remo, Sienna, Bill e Ninfadora viriam se reunir a nós... então patrulhamos. Tudo parecia tranquilo. Todas as passagens secretas para fora da escola estavam vigiadas. Sabíamos que ninguém poderia entrar pelo ar. Havia poderosos encantamentos sobre cada entrada do castelo. Continuo sem saber como é possível que os Comensais da Morte tenham entrado...
— Eu sei. — Innterpôs Harry, e explicou brevemente a existência do par de Armários Sumidouros e a passagem mágica que formavam — Eles entraram pela Sala Precisa.
Quase involuntariamente, ele olhou para Rony e Hermione, que pareciam arrasados.
— Meti os pés pelas mãos, Harry. — Disse Rony sombriamente — Fizemos o que você pediu: consultamos o Mapa do Maroto e não vimos o Malfoy, e pensamos que devia estar na Sala Precisa, então eu, Ginny e Neville fomos montar guarda... depois Lavender e Vega apareceram, mas Malfoy e Lestrange ainda conseguiram passar por nós.
— Eles saíram da Sala mais ou menos uma hora depois que começamos a vigiar. — Acrescentou Ginny — Estavam sozinhos, Malfoy segurava aquele horrível braço seco...
— A Mão da Glória — Explicou Lav com um suspiro pesado — Só o portador enxerga, lembram?
— De qualquer forma — Continuou Ginny —, eles deviam estar conferindo se a barra estava limpa para deixar os Comensais saírem, porque, no momento em que nos viu, eles lançaram alguma coisa no ar e ficou tudo escuro como breu..
— Pó Escurecedor Instantâneo do Peru. — Esclareceu Rony, com amargura — Do Fred e do George. Vou ter uma conversinha com eles a respeito das pessoas que eles deixam comprar os produtos da loja. Não acham que foi a Sol que enganou o George pra comprar, né?
— Ele não falaria com ela nem que ela aparecesse sem roupa e pintada de ouro na frente dele. — Resmungou Ginny
— Bom… — Recomeçou Vega achando que esse assunto não levaria a nada — Nós tentamos tudo: Lumus, Incêndio. Nada penetrou a escuridão; só nos restou sair tateando pelo corredor, enquanto ouvíamos gente passar correndo por nós. É óbvio que Malfoy e Lestrange estavam enxergando por causa da tal Mão da Glória, e orientaram os Comensais, mas não nos atrevemos a lançar feitiços nem nada, com medo de atingirmos a nós mesmos, e até chegarmos a um corredor iluminado, eles já tinham ido embora.
— Sorte a de vocês. — Disse Lupin rouco — Rony, Vega, Ginny, Lavender e Neville toparam conosco quase em seguida e nos contaram o que tinha acontecido. Encontramos os Comensais da Morte minutos depois, a caminho da Torre de Astronomia. É óbvio que Malfoy e Lestrange não esperavam que houvesse mais gente vigiando; pelo jeito, tinha esgotado o suprimento de Pó Escurecedor. Lutamos, eles se dispersaram e nós os perseguimos. Um deles, Gibbon, escapou e subiu a escada da Torre…
— Para lançar a Marca? — Perguntei com a voz rouca
— Deve ter feito isso, sim, eles devem ter combinado antes de deixarem a Sala Precisa. — Disse Sienna com um suspiro cansado — Mas acho que Gibbon não gostou da ideia de esperar lá em cima por Dumbledore, sozinho, porque voltou correndo para se juntar aos que estavam lutando e foi atingido por uma Maldição da Morte, que por pouco não me atingiu também.
— Então, enquanto Rony estava vigiando a Sala Precisa com Ginny e Neville —Perguntou Harry, virando-se para Hermione —, você estava...?
— Na porta do escritório de Snape — Sussurrou Hermione, com os olhos cintilantes de lágrimas —, com Luna. Ficamos lá um tempão, e nada... não sabíamos o que estava acontecendo lá em cima, Rony tinha levado o Mapa do Maroto... já era quase meia-noite quando o professor Flitwick desceu correndo para as masmorras. Gritava que havia Comensais da Morte no castelo, acho que nem registrou que Luna e eu estávamos ali, adentrou o escritório de Snape e nós o ouvimos dizer ao professor que precisava acompanhá-lo para ir ajudar, então ouvimos um baque forte e Snape saiu disparado da sala e nos viu e... e...
— E aí? — Instou Harry
— Fui tão idiota, Harry! — Lamentou Hermione num sussurro agudo — Ele disse que o professor Flitwick tinha desmaiado e que devíamos cuidar dele, enquanto ele… enquanto ele ia ajudar a combater os Comensais da Morte…
A garota cobriu o rosto, envergonhada, e continuou a falar por trás dos dedos, o que abafou sua voz.
— Entramos no escritório para ver se podíamos ajudar o professor Flitwick e o encontramos inconsciente no chão... e, ah, é tão óbvio agora, Snape deve ter estupefeito Flitwick, mas não percebemos, Harry, não percebemos, deixamos o Snape escapar!
— Não é sua culpa. — Disse Lupin com firmeza — Hermione, se você não tivesse obedecido e saído do caminho, Snape provavelmente teria matado você e Luna.
— Então ele subiu — Continuei, fungando, enquanto visualizava Snape correndo pela escadaria de mármore acima, suas vestes negras esvoaçando às costas como sempre, puxando a varinha debaixo da capa enquanto subia — e encontrou o lugar onde todos lutavam…
— Estávamos num apuro, estávamos perdendo. — Disse Tonks em voz baixa — Gibbon estava fora de combate, mas os outros Comensais pareciam dispostos a lutar até a morte. Neville tinha sido atingido, Bill, atacado ferozmente pelo Greyback… estava tudo escuro... voavam feitiços para todo lado... o garoto Malfoy desaparecera, devia ter saído despercebido e subido para a Torre... então outros Comensais correram para acompanhá-lo, mas um deles bloqueou a escada depois de passar com algum feitiço... Neville avançou para a escada e foi atirado no ar…
— Nenhum de nós conseguiu passar —Disse Lav —, e aquele Comensal grandalhão continuava a disparar feitiços para todo lado, que ricocheteavam nas paredes e por um triz não nos atingiam...
— Então, Snape estava ali — Completou Sienna — e em seguida não estava...
— Vi quando vinha correndo em nossa direção, mas logo depois o feitiço daquele enorme Comensal passou por mim, sem me atingir, me abaixei e perdi a noção do que estava acontecendo. — Contou Vega
— Vi Snape atravessar correndo a barreira mágica como se ela não existisse. — Disse Lupin — Tentei segui-lo, mas fui jogado para trás exatamente como Neville…
— Ele devia conhecer um feitiço que desconhecíamos. — Sussurrou McGonagall — Afinal de contas... ele era o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas… presumi que estivesse correndo no encalço dos Comensais da Morte que tinham fugido para o alto da Torre.
— E estava — Falou Harry com selvageria —, mas para ajudar, não para deter os Comensais... e aposto como era preciso ter uma Marca Negra para atravessar aquela barreira... então que aconteceu quando ele voltou?
— Bem, o Comensal grandalhão tinha acabado de disparar um feitiço que fez metade do teto ceder, e também desfez o feitiço que bloqueava a escada — Relembrou Lupin — Todos avançamos, pelo menos os que ainda estavam de pé, então Snape e o garoto com a prima saíram do meio da poeira, obviamente nenhum de nós os atacou…
— Simplesmente os deixamos passar —Disse Tonks, quase inaudivelmente —, pensamos que estavam sendo perseguidos pelos Comensais, e, no momento seguinte, os outros Comensais e Greyback estavam voltando e recomeçando a lutar, pensei ter ouvido Snape dizer alguma coisa, mas não entendi...
— Ele gritou “Acabou” — Falei suspirando e tentando manter a voz firme — Tinha feito o que pretendia.
Todos se calaram. O lamento de Fawkes ainda ecoava pela propriedade às escuras. E, enquanto a música ressoava no ar, pensamentos involuntários, indesejáveis, invadiram, sorrateiros, a minha mente... será que já tinham retirado o corpo de Dumbledore do pé da Torre? Que será que aconteceria ao corpo em seguida? Onde será que repousaria? Apertei as mãos nos bolsos com força. Senti a pequenez fria da falsa Horcrux contra as juntas da minha mão direita misturando-se ao gelado da Ametista.
As portas da ala hospitalar se abriram de repente, sobressaltando a todos: papai e mamãe vinham entrando pela enfermaria, Fleur logo atrás, seu belo rosto aterrorizado.
— Molly... Arthur... — Disse a professora McGonagall, levantando-se, depressa, para cumprimentá-los — Lamento muito...
— Bill — Sussurrou mamãe, passando direto pela professora ao avistar o rosto desfigurado do meu irmão — Ah, Bill!
Lupin e Tonks tinham se levantado, ligeiros, e assim como Sienna se afastaram para o casal poder se aproximar da cama. Mamãe curvou-se para o filho e levou os lábios à testa dele.
— Você disse que Greyback o atacou? —Perguntou papai, aflito, à professora McGonagall — Mas não estava transformado? Então, que significa isso? Que acontecerá ao Bill?
— Ainda não sabemos. — Respondeu a professora, olhando desamparada para Lupin
— É provável que haja certa contaminação, Arthur. — Explicou Lupin — É um caso raro, provavelmente único... não sabemos qual será o comportamento dele quando acordar...
Mamãe tirou o unguento de cheiro acre das mãos de Madame Pomfrey e começou a aplicá-lo nos ferimentos de Bill.
— E Dumbledore... — Disse papai —Minerva, é verdade... ele realmente...?
Quando a professora McGonagall confirmou, vi Ginny virar-se e olhar curiosa para algum ponto. Levantei minha cabeça do ombro de Rony e também olhei. Os olhos da minha irmã ligeiramente apertados estavam fixos em Fleur, que olhava Bill com uma expressão atemorizada no rosto.
— Dumbledore se foi. — Sussurrou papai, mas mamãe só tinha olhos para o filho mais velho; ela começou a soluçar, as lágrimas caindo no rosto mutilado de Bill
— É claro que a aparência não conta... não é r... realmente importante... mas ele era um g... garotinho tão bonito... e ia se... se casar!
— E qu é qu a senhorr querr dizerr com isse? — Perguntou Fleur, repentinamente, em alto e bom som — Qu querr dizerr com “el ia se casarr”?
Mamãe ergueu o rosto manchado de lágrimas, parecendo espantada.
— Bem... só que...
— A senhorra ache qu Bill vai desistirr de casarr comigue? — Quis saber Fleur — A senhorra ache qu porr côse desses morrdides, el non vai me amarr?
— Não, não foi o que eu...
— Porrqu ele vai! — Afirmou Fleur, empertigando-se e jogando seus longos cabelos prateados para trás — Serrá prrecise mais qu um lobisome para fazerr Bill deixarrr de me amarr!
— Bem, claro, tenho certeza — Respondeu mamãe —, mas pensei que talvez… visto que... que ele...
— A senhorr pensô qu eu non ia querrerr casarr com el’? U err’ esse a su esperrance? — Desafiou Fleur, com as narinas tremendo — Qu me imporrte a aparênce del? Ache qu sou bastante bonite porr nós dois! Todes esses marrcas mostrram qu me marride é corrajose! E eu é qu vou fazerr isse! —Acrescentou com ferocidade, empurrando mamãe para o lado e arrebatando o unguento das mãos dela
Mamãe recuou para junto do marido e ficou observando Fleur tratar dos ferimentos de Bill, com uma expressão muito curiosa no rosto. Ninguém disse nada.
Eu nem sequer ousei me mexer. Como os demais, fiquei aguardando a explosão.
— Nossa tia-avó Muriel — Disse mamãe após um longo silêncio... — tem uma linda tiara, feita pelos duendes... e estou segura que posso convencê-la a lhe emprestar para o casamento. Ela gosta muito do Bill, entende, e a tiara ficaria muito bonita em seus cabelos.
— Muite obrrigade. –— Respondeu Fleur formalmente — Tan certez de qu ficarrá bonite!
E então – eu não vi direito como aconteceu – as duas mulheres estavam chorando e se abraçando. Completamente desnorteada, pensando que o mundo enlouquecera, eu me virei. Rony manifestava tanto aturdimento quanto o que eu sentia, e Ginny e Hermione trocavam olhares chocados.
— Está vendo! — Exclamou uma voz cansada. Tonks olhava aborrecida para Lupin — Ela ainda quer casar com Bill, mesmo que ele tenha sido mordido! Ela não se incomoda!
— É diferente. — Respondeu Lupin, quase sem mover os lábios, parecendo subitamente tenso — Bill não será um lobisomem típico. Os casos são completamente diferentes...
— Mas eu também não me incomodo, nem um pouco! — Retrucou Tonks, agarrando Lupin pela frente das vestes e sacudindo-o — Já lhe disse isso um milhão de vezes...
E o significado da alteração no Patrono de Tonks e seus cabelos sem cor, tudo se tornou repentinamente claro para mim… Tonks se apaixonar por Lupin…
— E eu já disse a você um milhão de vezes — Respondeu Lupin evitando os olhos dela, encarando o chão — que sou velho demais para você... pobre demais... perigoso demais...
— E tenho lhe dito o tempo todo que a sua atitude é ridícula, Remo. — Innterpôs mamãe por cima do ombro de Fleur, em quem dava palmadinhas carinhosas
— E totalmente infantil. — Acrescentou Sienna ríspida, como se estivesse repreendendo seu melhor amigo adolescente
— Não estou sendo ridículo. — Respondeu Lupin com firmeza — E nem infantil, Sisi. Tonks merece alguém jovem e saudável.
— Mas ela quer você. — Interpôs papai com um sorrisinho — Afinal de contas, Remo, os homens jovens e saudáveis não permanecem sempre assim. — Ele fez um gesto triste para o filho, deitado entre eles
— Este não... não é o momento para discutir o assunto. — Replicou Lupin, evitando os olhares de todos e olhando, aflito, para os lados — Dumbledore está morto…
— Dumbledore teria se sentido o mais feliz dos homens em pensar que havia um pouco mais de amor no mundo. — Disse secamente a professora McGonagall, no momento em que as portas da enfermaria tornaram a se abrir e Hagrid entrou
A pequena parte de seu rosto que não estava sombreada por cabelos ou barba estava molhada e inchada; o pranto o sacudia, na mão trazia um enorme lenço manchado.
— Fiz... fiz o que mandou, professora. —Disse com a voz sufocada — Re... removi ele. A professora Sprout fez a garotada voltar para a cama. O professor Flitwick está descansando, mas diz que logo estará bem, e o professor Slughorn diz que o Ministério foi informado.
— Obrigada, Hagrid. — A professora McGonagall se levantou imediatamente e voltou sua atenção para o grupo em torno da cama de Bill — Terei de ver o pessoal do Ministério quando chegar, Hagrid, por favor avise os diretores das Casas… Slughorn pode representar a Slytherin... de que quero vê-los sem demora no meu escritório. Gostaria que você se reunisse a nós, também.
Ao ver Hagrid assentir, dar as costas e sair da enfermaria arrastando os pés, ela olhou para mim e Harry.
— Antes de me reunir com o Ministério, eu gostaria de dar uma palavrinha rápida com vocês dois, Harry e Rox. Se quiserem me acompanhar…
Harry se ergueu, murmurou um “vejo vocês daqui a pouco” para Rony, Hermione e Ginny, enquanto eu só assenti com a cabeça pra ambos antes de sair da enfermaria com Harry e a professora McGonagall. Os corredores estavam desertos, e o único som era o distante canto da Fênix. Passaram-se vários minutos até eu tomar consciência de que não estávamos seguindo para o escritório da professora McGonagall, mas para o de Dumbledore, e mais alguns segundos até eu me lembrar que, claro, ela era subdiretora... e, pelo visto, agora a diretora... portanto, a sala atrás da gárgula agora lhe pertencia…
Em silêncio, subimos a escada móvel em espiral e entramos no escritório redondo. Eu não sabia o que esperar: que a sala tivesse cortinas pretas, talvez, ou mesmo que o corpo de Dumbledore estivesse ali. De fato, a sala estava quase exatamente igual ao que era, quando eu, Harry e Dumbledore a deixamos apenas horas antes: os instrumentos de prata zumbiam e soltavam fumaça sobre as mesas de pernas finas, a espada de Gryffindor, em sua caixa de vidro, refulgia ao luar, o Chapéu Seletor estava na prateleira, atrás da escrivaninha. Mas o poleiro de Fawkes estava vazio; a fênix continuava a cantar o seu lamento nos jardins. E um novo retrato se reunira às fileiras de diretores e diretoras de Hogwarts já falecidos…
Dumbledore dormia em uma moldura dourada sobre a escrivaninha, seus oclinhos de meia-lua encarapitados no nariz torto, parecendo em paz e despreocupado. Depois de olhar uma vez para o retrato, a professora McGonagall fez um gesto estranho, como se estivesse se revestindo de coragem, e, em seguida, contornou a escrivaninha para olhar de frente para mim e Harry, seu rosto tenso e enrugado.
— Meninos — Disse ela —, eu gostaria de saber o que vocês dois e o professor Dumbledore estiveram fazendo hoje à noite quando se ausentaram da escola.
— Não podemos responder, professora. — Harry respondeu
Era óbvio, já esperávamos a pergunta e tínhamos a resposta pronta. Fora ali, naquela mesma sala, que Dumbledore nos recomendou que não confiassemos o teor de suas aulas a ninguém, exceto a Rony, Hermione e Lavender.
— Harry, talvez seja importante.
— E é muito — Confirmei —, mas ele não queria que eu ou Harry contassemos a ninguém.
A professora nos lançou um olhar penetrante.
— Potter e Weasley — (Registrei o uso do nosso sobrenome) —, à luz da morte do professor Dumbledore, acho que vocês devem entender que a situação mudou um pouco...
— Acho que não. — Respondeu Harry, encolhendo os ombros — O professor Dumbledore nunca nos disse que parassemos de seguir suas ordens se ele morresse.
— Mas…
— Mas tem uma coisa que a senhora precisa saber antes que o Ministério chegue aqui. — Falei ao me lembrar, mesmo com dor do assunto — Madame Rosmerta está dominada pela Maldição Imperius, esteve ajudando a… Draco e os Comensais da Morte, foi assim que o colar e o hidromel envenenado...
— Rosmerta?! — Exclamou a professora McGonagall incrédula, mas, antes que pudesse prosseguir, ouvimos uma batida na porta e os professores Sprout, Flitwick e Slughorn entraram na sala, seguidos por Hagrid, que ainda chorava copiosamente, seu corpanzil sacudindo de pesar
— Snape! — Exclamou Slughorn, que parecia abaladíssimo, pálido e suado — Snape! Fui professor dele! Pensei que o conhecia!
Antes, porém, que algum deles pudesse reagir, uma voz enérgica falou do alto da parede: um bruxo de rosto macilento e franja preta e curta acabara de regressar ao seu quadro vazio.
— Minerva, o ministro estará aqui dentro de segundos, ele acabou de desaparatar do ministério.
— Obrigada, Everardo. — E a professora McGonagall se virou imediatamente para os professores.
— Quero falar sobre o que acontecerá com Hogwarts antes que ele chegue. — Disse depressa — Pessoalmente, não estou convencida de que a escola deva reabrir no próximo ano. A morte do diretor pelas mãos de um de nossos colegas é uma mácula terrível na história de Hogwarts. É abominável.
— Tenho certeza de que Dumbledore teria querido manter a escola aberta. — Disse a professora Sprout — Acho que se um único aluno quiser frequentá-la, a escola deverá estar aberta para este aluno.
— Mas será que teremos um único aluno depois disso? — Perguntou Slughorn, agora secando a testa suada com um lenço de seda — Os pais vão querer manter os filhos em casa, e não posso culpá-los. Pessoalmente, acho que não corremos maior perigo em Hogwarts do que em qualquer outro lugar, mas não se pode esperar que as mães pensem o mesmo. Vão querer manter suas famílias reunidas, o que é muito natural.
— Concordo. — Disse a professora McGonagall — De qualquer forma, não é verdade que Dumbledore nunca tenha considerado uma situação em que Hogwarts pudesse fechar. Quando a Câmara Secreta reabriu, ele cogitou fechar a escola: e devo dizer que o homicídio do professor Dumbledore, para mim, é mais chocante do que a ideia do monstro de Slytherin vivendo à solta nas entranhas do castelo...
— Devemos ouvir o conselho diretor. — Propôs o professor Flitwick, com a sua voz fininha; tinha um grande hematoma na testa, mas, sob outros aspectos, parecia não ter sido afetado pela queda no escritório de Snape — Precisamos seguir os procedimentos de praxe. Não se deve tomar uma decisão precipitada.
— Hagrid, você ainda não disse nada. —Observou a professora McGonagall — Qual é a sua opinião, Hogwarts deve permanecer aberta?
Hagrid, que, durante a conversa, estivera chorando silenciosamente no grande lenço manchado, agora ergueu os olhos inchados e vermelhos e respondeu, rouco:
— Não sei, professora... os diretores das Casas e a diretora da escola é que devem decidir...
— O professor Dumbledore sempre prezou as suas opiniões — Tornou a professora McGonagall gentilmente —, e eu também.
— Bem, eu vou continuar aqui. —Grandes lágrimas ainda vazavam pelos cantos de seus olhos e escorriam para a barba emaranhada — É a minha casa, tem sido minha casa desde os treze anos. E se tiver garotos querendo aprender comigo, eu vou ensinar. Mas... não sei... Hogwarts sem Dumbledore...
Ele engoliu em seco e desapareceu mais uma vez por trás do lenço, e todos silenciaram.
— Muito bem — Disse a professora McGonagall, espiando os jardins pela janela para ver se o ministro já vinha chegando —, então concordo com Filio que o certo será ouvir o conselho diretor, que tomará a decisão final.
— Agora, quanto a mandar os estudantes para casa... há razões em favor de antecipar em vez de adiar a partida. Poderíamos programar o Expresso de Hogwarts para amanhã se for necessário…
— E o funeral de Dumbledore? —Perguntou Harry, finalmente falando
— Bem... — Disse a professora McGonagall, perdendo um pouco de sua vivacidade ao sentir a voz tremer — eu... eu sei que era desejo de Dumbledore ser enterrado aqui, em Hogwarts...
— Então, é o que acontecerá, não? —Perguntei impetuosamente
— Se o Ministério achar apropriado. Nenhum outro diretor jamais foi...
— Nenhum outro diretor jamais contribuiu tanto para esta escola. — Resmungou Hagrid
— Hogwarts deveria ser a morada final de Dumbledore. — Disse o professor Flitwick.
— Sem a menor dúvida. — Concordou a professora Sprout
— E, neste caso — Argumentou Harry —, a senhora não deveria mandar os estudantes para casa até terminarem os funerais.
— Sim. — Concordei — Eles, com certeza, vão querer se...
A última palavra ficou presa em minha garganta, mas a professora Sprout completou a frase para mim.
— Despedir.
— Bem observado. — Esganiçou-se o professor Flitwick — Realmente bem observado! Nossos estudantes deveriam prestar homenagens, seria acertado. Podemos providenciar o transporte para casa depois.
— Apoiado. — Bradou a professora Sprout
— Presumo... sim... — Disse Slughorn, agitado, enquanto Hagrid concordava, deixando escapar um soluço estrangulado.
— Ele está chegando. — Anunciou a professora McGonagall de repente, olhando para os jardins — O ministro... e, pelo visto, trouxe uma delegação.
— Posso ir, professora? — Perguntei na mesma hora — Eu e Harry, no caso?
Eu não tinha o mínimo desejo de ver Scrimgeour, ou ser interrogada por ele, essa noite.
— Podem, e vão depressa.
Ela andou até a porta e abriu-a para mim e Harry. Nós descemos ligeiros a escada espiral e continuamos pelo corredor deserto; Harry deixara a Capa da Invisibilidade na Torre de Astronomia, mas não fazia diferença; não havia ninguém nos corredores para nos ver passar, nem mesmo Filch, Madame Nora ou Pirraça. Não encontrei uma alma viva até virar para o corredor que levava à sala comunal da Gryffindor.
— É verdade? — Sussurrou a Mulher Gorda quando Harry e eu nos aproximamos — É realmente verdade? Dumbledore... morto?
— É. — Harry respondeu
Ela soltou um lamento e, sem esperar pela senha, girou para nos admitir.
Tal como suspeitei, a sala comunal estava lotada. E silenciou quando eu e Harry passamos pelo buraco do retrato. Harry notou Dean e Seamus sentados em um grupo próximo: isto significava que seu dormitório devia estar vazio ou quase. Ele virou pra mim na hora.
— Vou me deitar… — Anunciou um suspiro fundo; o dia tinha sido realmente longo
— Boa-noite. — Eu o abracei antes que ele pudesse ir embora — Temos que falar sobre a Horcrux.
— Amanhã. — Dissemos os dois juntos ao nos separarmos
Então sem falar com ninguém, nem olhar diretamente para colega algum, Harry passou direto pela sala e pela porta que levava aos dormitórios dos garotos. E eu, segui para o meu próprio dormitório.
Conforme desejei, Lav me aguardava, sozinha, sentada na cama, de roupão. Ela correu para me abraçar antes que eu pudesse dizer alguma coisa.
Nós ficamos assim, abraçadas por um bom tempo, sem falar nada, não havia necessidade de palavras. Então nos separamos e sentamos ao lado uma da outra em minha cama.
— Tive medo de nunca mais te ver. —Disse ela, os olhos inchados, ela devia ter estado chorando
— Não vai se livrar de mim tão fácil. — Eu abri um sorriso triste e cansado
Lavender pegou a minha mão, o olhar vago e triste.
— Como você tá? Quero dizer com… com tudo isso que tá acontecendo?
— Draco… — Sussurrei abaixando o olhar e suspirando, forçando as lágrimas a voltarem para o seu lugar — não, não quero falar dele.
— Tudo bem, não precisamos falar dele. — Ela concordou
— Estão falando em fechar a escola. —Comentei depois de um tempo
— É… Lupin falou que fariam isso. —Disse Lav se levantando e indo até meu guarda-roupa — Vou pegar seu pijama, a água tá quentinha, eu tomei banho quase agora.
Houve uma pausa.
— Então? — Perguntou Lav muito baixinho, como se achasse que a mobília poderia estar ouvindo. Ela acabara de pegar uma blusa de mangas compridas e uma calça moletom quentinha — Vocês foram atrás delas, não é? Encontraram uma? Conseguiram pegá-la? Uma... uma Horcrux?
Eu sacudi negativamente a cabeça apanhando a muda de roupas. Tudo que se passara naquele lago escuro parecia agora um pesadelo muito antigo; teria mesmo acontecido, e apenas há algumas horas?
— Não conseguiram pegá-la? — Lav pareceu desconcertada — Ou não foi isso que vocês foram fazer? Ela não estava lá?
— Sim, fomos fazer isso, e não. —Respondi — Alguém já tinha levado e deixado uma imitação no lugar.
— Alguém já tinha levado...?
Em silêncio, tirei o medalhão falso do meu bolso, abri-o e entreguei a Lav, enquanto levantava e ia pegar meu roupão. A história completa poderia esperar... não tinha importância essa noite... nada tinha importância exceto o fim, o fim de minha aventura sem sentido, o fim da vida de Dumbledore… o fim definitivo do meu amor com Draco…
— R.A.B. — Sussurrou Lav —, mas quem é?
— Não sei.— Respondi, colocando o roupão nos ombros e me sentando novamente para descalçar os sapatos e a meia
Não sentia a menor curiosidade pelo tal R.A.B.; eu duvidava que voltasse a sentir curiosidade na vida. Sentada ali, enquanto tirava a minha meia do pé e depois arrancava o colar de Draco do meu pescoço, logo guardando a Ametista no criado mudo, percebi subitamente que os jardins estavam silenciosos. Fawkes parara de cantar.
E eu soube, sem saber como sabia, que a fênix partira, deixara Hogwarts para sempre, da mesma forma que Dumbledore deixara a escola, deixara o mundo… deixara a mim e Harry.
Helloooo bruxinhoooos!!
Como estamos?? É, Enigma do Príncipe é a mais pura depressão mesmo, mas calma que sexta-feira está chegando para eu contar sobre a surpresinha da semana que vem.
Ansiosos para os próximos capítulos??
Hihi, nos vemos sexta-feira com o último capítulo de Enigma do Príncipe.
– Bjosss da tia Nick.
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