104 | The Lightning-Struck Tower
╔╦══• •✠•❀•✠ • •══╦╗
104. A Torre Atingida
Pelo Raio
╚╩══• •✠•❀•✠ • •══╩╝
─━━━━━⊱✿⊰━━━━━─
Severo... por favor…
─━━━━━⊱✿⊰━━━━━─
De volta à noite estrelada, Harry carregou Dumbledore para cima do pedregulho mais próximo e ajudou-o a ficar de pé. Encharcado e trêmulo, ainda sustentando o peso de Dumbledore. Eu me adiantei para perto deles, as mãos trêmulas, mas bastante convicta, quando segurei nos braços dos dois e me concentrei como nunca fiz antes.
Hogsmeade.
Hogsmeade.
Hogsmeade.
Fechando os olhos e apertando, com toda a força, o braço de Harry e de Dumbledore, mergulhei naquela sensação de horrível compressão, um frio forte na minha barriga.
Percebi que dera certo antes mesmo de abrir os olhos: o cheiro de sal e brisa marinha haviam desaparecido. Harry, Dumbledore e eu estávamos tremendo e pingando água no meio da escura rua principal de Hogsmeade. Por um terrível momento, minha imaginação me mostrou mais alguns Inferi que surgiam dos lados das lojas e se arrastavam em nossa direção, mas eu pisquei e vi que nada se movia; tudo estava quieto, a escuridão era total, exceto por uns poucos lampiões e janelas iluminadas no primeiro andar.
— Você conseguiu. — Sussurrou Harry
— Conseguimos! — Exclamei em sussurro com dificuldade; percebi, de repente, que sentia uma pontada ardida no peito — Nós conseguimos! Encontramos a Horcrux! E estamos vivos!
Dumbledore vacilou de encontro a mim e Harry. Por um momento, pensei que meu teletransporte agora trazendo pessoas comigo tivesse desequilibrado o professor; então vi o rosto de Dumbledore, mais pálido e úmido que nunca, à luz distante do lampião de rua.
— Senhor, o senhor está bem? — Harry se adiantou
— Já estive melhor. — Respondeu Dumbledore com a voz sumida, embora os cantos de sua boca tentassem sorrir — Aquela poção não era uma bebida saudável…
E, para nosso horror, o professor caiu ao chão.
— Senhor... tudo o.k., senhor, o senhor vai ficar bom, não se preocupe…
Eu olhei em volta, desesperada, procurando ajuda, mas não havia ninguém à vista, e só conseguia pensar que, de alguma maneira, tinha de levar Dumbledore, depressa, para a ala hospitalar.
— Precisamos levar ele para a escola, Harry. — Falei muito nervosa
— Sim. Sim — Ele concordou — O senhor precisa de Madame Pomfrey, professor…
— Não. — Contestou Dumbledore — É... do professor Snape que preciso... mas acho que não... posso ir muito longe no momento…
— Certo... senhor, escute... vou bater em uma porta, encontrar um lugar em que possa ficar... e então Rox pode correr para buscar Madame…
— Severo — Repetiu Dumbledore claramente — Preciso do Severo…
— Muito bem, então, Snape... — Concordei com um pressentimento nada bom
Antes, porém, que eu pudesse fazer qualquer movimento, ouvi passos de alguém correndo. Meu coração pulou: alguém vira, alguém sabia que precisávamos de ajuda; e, ao olhar à minha volta, vi Madame Rosmerta correndo pela rua escura em nossa direção, usando sandálias altas de pelúcia e um roupão bordado com dragões.
— Vi vocês aparatarem quando estava fechando as cortinas do quarto! Graças a Deus, graças a Deus, não podia imaginar o que... mas que aconteceu com o Alvo?
Ela parou de repente, ofegando, e encarou Dumbledore de olhos arregalados.
— Ele está passando mal — Falei tremendo muito — Madame Rosmerta, será que ele pode ficar no Três Vassouras com Harry enquanto vou até a escola buscar ajuda?
— Você não pode ir lá sozinha! Você não percebe... vocês não viram?
Meu coração saltou, mesmo sem entender.
— Se a senhora me ajudar a carregá-lo — Falou Harry, sem ouvi-la —, acho que podemos levá-lo para dentro...
— Que aconteceu? — Perguntou Dumbledore — Rosmerta, que está havendo?
— A... a Marca Negra, Alvo.
E ela apontou para o céu, em direção a Hogwarts. Fui tomada de pavor ao ouvir essas palavras… me virei e olhei, horrorizada.
Lá estava no céu sobre a escola: o crânio verde chamejante com uma língua de cobra, a marca deixada pelos Comensais da Morte sempre que entravam em um prédio... sempre que matavam…
— Quando foi que apareceu? — Perguntou o diretor, e sua mão se fechou dolorosamente no ombro de Harry na tentativa de se pôr de pé
— Deve ter sido há poucos minutos, não estava lá quando pus o gato para fora, mas quando cheguei ao primeiro andar…
— Precisamos voltar ao castelo imediatamente. Rosmerta. — E, embora oscilasse um pouco, Dumbledore parecia estar em pleno comando da situação — Precisamos de transporte... vassouras...
— Tenho umas três atrás do bar —Respondeu a bruxa, parecendo muito assustada — Quer que eu vá buscar...?
— Não, Harry pode fazer isso.
Harry ergueu a varinha na mesma hora.
— Accio vassouras de Rosmerta.
Um segundo depois, ouvi um forte estampido, e a porta do bar se escancarou; três vassouras voaram para a rua, apostando corrida para chegar ao lado de Harry, onde pararam de chofre, estremecendo, à altura de sua cintura.
— Rosmerta, por favor, mande uma mensagem ao Ministério. — Disse Dumbledore, montando a vassoura mais próxima — Pode ser que ninguém em Hogwarts tenha percebido que há um problema... Harry, ponha a sua Capa da Invisibilidade, Rox, você também.
Eu que estava prestes a subir em uma das vassouras o olhei sem entender.
— Suba na mesma vassoura que Harry, então a capa poderá cobrir os dois.
Harry tirou a capa do bolso e atirou-a sobre o corpo antes de montar sua vassoura e estender a mão pra mim; Madame Rosmerta já estava voltando com passinhos vacilantes para o seu bar com a vassoura que restara quando Harry e Dumbledore deram impulso no chão e levantaram voo. Enquanto voávamos, velozes, para o castelo, eu olhava de esguelha para o professor, pronto a agarrá-lo se caísse, mas a visão da Marca Negra tivera efeito estimulante em Dumbledore: ele estava curvado sobre a vassoura, os olhos fixos na Marca, seus longos cabelos e barba prateados esvoaçando às suas costas, à brisa noturna. E eu, também, olhava para a caveira à frente, e o medo crescia dentro de mim como uma bolha venenosa, comprimindo meus pulmões, varrendo qualquer outro desconforto da minha mente...
Quanto tempo havíamos passado fora? Será que Rony, Ginny e Hermione estão bem? Teria sido um deles a razão da Marca ter surgido na escola, ou mesmo Lavender? Ou Parvati? E Draco…?
Só de pensar nele, meus olhos se molharam e o frio na barriga aumentou.
Quando sobrevoamos a estrada escura e serpeante que tínhamos descido a pé mais cedo, eu ouvi, acima do assovio do ar noturno, os murmúrios de Dumbledore em uma língua desconhecida. Achei que entendia a razão daquilo, pois senti a vassoura vibrar um momento quando transpuseram os muros da propriedade: Dumbledore estava desfazendo os encantamentos que ele mesmo lançara em torno do castelo para que pudéssemos entrar. A Marca Negra brilhava imediatamente acima da Torre de Astronomia, a mais alta do castelo. Será que isto significava que a morte ocorrera ali?
Dumbledore já cruzara as ameias da torre, e estava desmontando; Harry pousou ao lado dele, segundos depois, e eu pulei da vassoura olhando para os lados.
As ameias estavam desertas. A porta para a escada espiral que levava ao castelo estava fechada. Não havia sinal de conflito, de combate mortal, de cadáver.
— Que significa isso? — Perguntou Harry a Dumbledore, erguendo os olhos para a caveira verde com língua de serpente, refulgindo malignamente no alto — É a Marca verdadeira? Alguém foi mesmo... professor?
À fraca claridade verde da Marca, vi Dumbledore apertar o peito com a mão escura.
— Vão acordar Snape — Disse ele com a voz fraca, mas clara — Contem-lhe o que aconteceu e tragam-o aqui. Não façam mais nada, não falem com mais ninguém e não tirem a capa. Esperarei aqui.
— Mas...
— Vocês juraram me obedecer, agora, vão!
Harry correu para a porta que abria para a escada espiral e só me restou fazer o mesmo, mas, assim que a mão dele tocou no anel de ferro da porta, ouvimos gente correndo do outro lado. Olhamos para Dumbledore no mesmo momento, que ele fez sinal para que recuassemos. Harry se afastou, enquanto segurava minha mão para que eu fizesse o mesmo, puxando ao mesmo tempo a varinha, algo que eu repeti.
A porta se escancarou e alguém irrompeu por ela gritando:
— Expelliarmus!
O meu corpo se tornou instantaneamente rígido e imóvel, e me senti tombar contra a parede da Torre, escorada como uma estátua instável, incapaz de se mexer ou falar. Não consegui entender como acontecera, Expelliarmus não era um Feitiço Paralisante…
Então, à luz da Marca, vi a varinha de Dumbledore traçar um arco por cima das ameias e compreendi... Dumbledore imobilizara a mim e Harry silenciosamente, e o segundo que levara para lançar o feitiço lhe custara a chance de se defender.
Encostado nas ameias, com o rosto muito branco, Dumbledore, ainda assim, não mostrava sinal de pânico ou aflição. Simplesmente olhou para quem o desarmara e disse:
— Boa-noite, Draco.
Senti meu coração se agitar mais, o medo percorrer todo meu corpo, o choque batendo na minha cara quando eu vi, quando percebi o loiro que eu amava adiantar-se, olhando rapidamente ao redor para verificar se ele e o diretor estavam a sós.
— O que o trás aqui nesta linda noite de primavera? — Continuou o diretor
Eu senti que meus olhos estavam começando a se molhar, quando vi os olhos acinzentados de Draco bateram na segunda vassoura.
— Quem mais está aqui?
— Uma pergunta que eu poderia fazer a você. Ou está agindo sozinho? Oh, perdão… quis dizer, você e sua prima estão agindo sozinho?
Eu vi os olhos acizentados de Draco se voltarem para Dumbledore, à claridade esverdeada da Marca Negra.
— Não. — Respondeu ele — Temos apoio. Há Comensais da Morte em sua escola esta noite.
Então minha respiração ficou ofegante, eu não conseguia acreditar, não queria ouvir, não queria crer no que estava ouvindo. Harry parecia tentar falar comigo por pensamento, já que estava paralisado. Eu, no entanto, estava ocupada tentando raciocinar, as lágrimas caindo dos meus olhos mediante a descoberta.
— Bom, bom — Comentou Dumbledore, como se Draco estivesse lhe mostrando um trabalho escolar ambicioso — De fato muito bom. Você e sua prima encontraram um meio de trazê-los para dentro, foi?
— Foi — Replicou Malfoy ofegante — Bem debaixo do seu nariz, e o senhor nem percebeu!
— Engenhoso. Contudo... me perdoe... onde estão eles? Você parece indefeso.
— Eles encontraram uma parte de sua guarda. Estão lutando lá embaixo. Não vão demorar... eu vim na frente. Tenho... tenho uma tarefa a fazer.
— Bem, então, não deve se deter, faça-a, meu caro rapaz. — Disse Dumbledore baixinho
Com muita dor, eu lembrei do sonho que tive há tantos meses, no dia em que saí pra Comunal de madrugada e me encontrei com Colin. Aquele sonho… o que acabava com Dumbledore morrendo…
Quis gritar, mas não podia, então observei o silêncio que se fez depois da fala do diretor. Eu e Harry continuamos presos em nosso próprio corpo invisíveis e paralisados, observando os dois, apurando os ouvidos para os ruídos da luta distante que travavam os Comensais da Morte e, diante de mim, Draco Malfoy, o garoto pelo qual sou apaixonada desde criança e só admiti recentemente, só fazia olhar para Alvo Dumbledore que, inacreditavelmente, sorria.
— Draco, Draco, você não é um assassino.
— Como é que o senhor sabe? — Replicou Draco prontamente
Ele deve ter percebido como suas palavras soaram infantis; eu o vi corar à claridade verde da Marca.
— O senhor não sabe do que sou capaz —Disse o garoto, com mais firmeza —, nem eu e nem Sol. O senhor não sabe o que a gente fez! Foram coisas chocantes.
— Ah, sei, sim o que vocês fizeram. —Respondeu o diretor brandamente — Vocês quase mataram Katie Bell e Rony Weasley. E olha que o veneno do Hidromel podia muito bem ter atingido a irmã dele, algo que eu sei que você não desejaria, não Draco? — O loiro corou mais ainda, parecia estar tremendo. O diretor continuou — Você e Sol têm tentado, com crescente desespero, me matar o ano todo. Perdoem-me, Draco, mas suas tentativas têm sido ineficazes... tão ineficazes, para ser sincero, que me pergunto se, no fundo, vocês realmente queri…
— Queria sim! — Confirmou ele com veemência, me fazendo entrar em choque. Ele realmente fez isso tudo, Harry estava certo o tempo todo, mas eu não posso acreditar, não dava pra raciocinar — Eu e Sol queríamos! Estivemos trabalhando nisso o ano todo, e hoje à noite...
De algum ponto nas profundezas do castelo, ouvi um grito abafado. Draco seenrijeceu e espiou por cima do ombro.
— Alguém está resistindo com valentia — Comentou Dumbledore em tom de conversa — Mas você ia dizendo... sim, que juntamente com sua prima Sol conseguiram introduzir Comensais da Morte em minha escola, o que, admito, pensei que fosse impossível... como fez isso?
Mas Draco não respondeu: ainda tentava escutar o que estava acontecendo no andar de baixo, e parecia quase tão paralisado quanto eu e Harry.
— Talvez você devesse continuar a tarefa sozinho. — Sugeriu Dumbledore — E se o seu apoio tiver sido rechaçado pela minha guarda? Como você talvez tenha percebido, há membros da Ordem da Fênix aqui hoje à noite, também. E, afinal, você não precisa realmente de ajuda... não tenho varinha no momento... não posso me defender.
Draco apenas olhava o diretor.
— Entendo. — Disse Dumbledore bondosamente, quando viu que o loiro não se mexia nem falava — Você tem medo de agir até que eles cheguem.
— Não tenho medo! — Vociferou Draco, embora não fizesse movimento para atacar Dumbledore e eu conhecesse bem aqueles olhos pra saber que ele estava apavorado — O senhor é quem deveria estar com medo!
— Mas por quê? Acho que você não vai me matar, Draco. Matar não é tão fácil quanto creem os inocentes... portanto, enquanto esperamos por seus amigos, me conte... como foi que você e Sol os trouxe clandestinamente para dentro? Parece que levou muito tempo para descobrir um meio de fazer isso.
O loiro parecia estar reprimindo o impulso de gritar ou de vomitar. Engoliu em seco e inspirou profundamente várias vezes com o olhar fixo em Dumbledore, sua varinha apontando diretamente para o coração do diretor. Então, como se não conseguisse se conter, ele respondeu:
— Tivemos de consertar aquele Armário Sumidouro que ninguém usa há anos. Aquele em que Montague sumiu no ano passado.
— Aaaah.
O suspiro de Dumbledore foi quase um lamento. Ele fechou os olhos por um instante.
—Foi uma ideia inteligente... há um par, não é?
— O outro está na Borgin & Burkes — Respondeu ele —, e os dois formam uma passagem. Montague me contou que ficou preso no Armário de Hogwarts, suspenso no limbo, mas às vezes ele ouvia o que estava acontecendo na escola e, outras, o que estava acontecendo na loja, como se o Armário se deslocasse entre os dois pontos, mas não conseguia que ninguém o ouvisse... no fim, ele saiu aparatando, apesar de nunca ter passado no teste. Quase morreu na tentativa. Todo o mundo achou que era uma história realmente empolgante, mas eu fui o único que percebi o que significava, nem o Borgin sabia, fui o único que percebi que talvez houvesse um jeito de entrar em Hogwarts através dos Armários, se eu consertasse o que estava quebrado. Bom… eu e Sol.
Pisquei meus olhos molhados refletindo sobre o que ele dissera, eu não podia negar que ele é inteligente, embora estivesse me doendo ouvir tudo isso, e eu queria desesperadamente pedir que ele se calasse para eu não precisar ouvir mais nada dessa confissão.
— Muito bom. — Murmurou Dumbledore — Então os Comensais da Morte puderam passar da Borgin & Burkes para a escola e ajudá-lo… um plano inteligente, um plano muito inteligente... e como você diz... bem debaixo do meu nariz…
— É! — Exclamou Draco que, bizarramente, parecia extrair coragem e consolo do elogio do diretor — É, foi!
— Houve vezes, no entanto — Continuou Dumbledore —, em que você perdeu a certeza de que conseguiria consertar o Armário, não é? E então você e sua prima lançaram mão de recursos óbvios e mal avaliados como me mandar um colar maldito, que estava fadado a ir parar em mãos erradas... envenenar um hidromel que era pouquíssimo provável eu beber…
— É, mas, nem assim o senhor descobriu quem estava por trás disso, não é? — Debochou o garoto, enquanto Dumbledore escorregava um pouco pelas ameias, aparentemente perdendo as forças nas pernas, e eu lutava sem sucesso, mudamente, contra o feitiço que me prendia
— Na verdade, descobri. Eu tinha certeza de que era você e Sol.
— Por que não nos deteve, então? — Quis saber Malfoy
— Tentei, Draco. O professor Snape tem vigiado você e sua prima por ordens minhas…
— Ele não estava obedecendo às suas ordens, ele prometeu a minha mãe...
— Naturalmente isto é o que ele lhe diria, Draco, mas...
— Ele é um agente duplo, seu velho idiota, ele não está trabalhando para o senhor, o senhor é que pensa que está!
— Devemos concordar em discordar nesse ponto, Draco. Acontece que eu confio no professor Snape...
— Bem, então o senhor não está mais entendendo nem controlando nada! — Desdenhou mais uma vez Malfoy — Ele tem nos oferecido muita ajuda... querendo toda a glória para ele... querendo um pouco de ação… “Que é que vocês andam fazendo? Mandaram aquele colar, que idiotice, poderiam ter estragado tudo...” Mas eu e Sol não contamos a ele o que estivemos fazendo na Sala Precisa, ele vai acordar amanhã e tudo estará acabado, e ele não será mais o favorito do Lorde das Trevas, ele não será nada comparado a mim e ela, nada!
— Muito gratificante — Comentou Dumbledore brandamente — Todos gostamos de receber aplausos pelos nossos esforços, é mais do que natural... mas você e sua prima devem ter tido um cúmplice… alguém em Hogsmeade que pôde passar para Katie o... o… aaaah…
Dumbledore fechou outra vez os olhos e cabeceou como se estivesse prestes a cochilar.
— ... naturalmente... Rosmerta. Há quanto tempo ela está dominada pela Maldição Imperius?
— Enfim percebeu, não é? — Caçoou Draco me fazendo erguer os olhos
Ouvi um segundo grito vindo do andar de baixo, mais alto do que o anterior. Draco olhou mais uma vez, nervosamente, por cima do ombro e, em seguida, para Dumbledore, que continuou:
— Então a pobre Rosmerta foi forçada a se esconder no próprio banheiro e passar o colar para a primeira estudante de Hogwarts que entrou lá desacompanhada? E o hidromel envenenado... bem, naturalmente Rosmerta pôde envenená-lo para você antes de mandar a garrafa para Slughorn, acreditando que seria o meu presente de Natal... sim, muito esperto... muito esperto... o coitado do sr. Filch não pensaria, é claro, em verificar uma garrafa do hidromel de Rosmerta... mas, diga-me, como esteve se comunicando com a Rosmerta? Pensei que tínhamos todos os meios de comunicação de saída e entrada da escola monitorados.
— Moedas encantadas — Respondeu ele, como se sentisse uma compulsão de continuar falando, embora a mão com que segurava a varinha tremesse muito — Foi idéia de Sol, ficamos com uma e ela com a outra e, assim, pudemos lhe mandar mensagens…
— Não foi esse o método secreto de comunicação que o grupo que se intitulava Armada de Dumbledore usou no ano passado? — Indagou Dumbledore. Sua voz era descontraída e informal, mas o vi escorregar mais uns dois centímetros pela parede enquanto falava
— É, copiei a ideia deles — Ele disse, com um sorriso enviesado — Tirei também a ideia de envenenar o hidromel da… da… — E limpou a garganta, suspirando fundo — Sangue Ruim da Granger, ouvi quando ela disse na biblioteca que o Filch não era capaz de reconhecer poções…
Percebi que no fundo ele não queria realmente usar esta palavra, mas me doía, doía muito o ver falar assim.
— Por favor, não use essa palavra ofensiva na minha presença. — Pediu Dumbledore
Draco deu uma gargalhada desagradável.
— O senhor ainda se incomoda que eu esteja dizendo “Sangue Ruim” quando estou prestes a matá-lo?
— Incomodo-me. — Eu vi os pés do diretor deslizarem ligeiramente pelo chão e ele tentar se manter de pé — Quanto a estar prestes a me matar, Draco, você já teve longos minutos. Estamos sozinhos. Estou mais indefeso do que você poderia ter sonhado em me encontrar e, ainda assim, você não me matou…
O loiro torceu a boca involuntariamente, como se tivesse provado alguma coisa muito amarga.
— Agora, quanto a esta noite — Continuou Dumbledore —, estou um pouco intrigado como tudo aconteceu... você sabia que eu tinha saído da escola? Mas, é claro — Ele respondeu à própria pergunta —, Rosmerta me viu saindo, avisou-o usando suas engenhosas moedas, com certeza...
— Isto mesmo. Ela me disse que o senhor ia beber alguma coisa, que voltaria…
— Bem, sem dúvida eu bebi alguma coisa... e de certa maneira... voltei... — Murmurou Dumbledore — Então, você decidiu montar uma armadilha para mim?
— Decidimos colocar a Marca Negra sobre a Torre e fazer o senhor voltar correndo para cá, para ver quem tinha sido morto. E deu certo!
— Bem... sim e não... Mas eu devo entender, então, que ninguém foi morto?
— Alguém morreu — Respondeu Draco, e sua voz pareceu subir uma oitava, enquanto eu comecei a tremer — Um dos seus... não sei quem, estava escuro... passei por cima do corpo... eu devia estar esperando aqui em cima quando o senhor voltasse, só que aquela sua Fênix se meteu no caminho…
— Elas fazem isso. — Confirmou Dumbledore
Ouvimos um estampido e gritos embaixo, mais altos que antes; parecia que as pessoas estavam lutando na escada de acesso ao lugar em que nos encontrávamos, e o meu coração reboou inaudivelmente em seu peito invisível... alguém fora morto… Draco passara por cima do corpo... mas quem seria?
Meu próprio corpo tremia e eu só queria gritar, chorar, não queria mais ouvir nada que saísse da boca de Draco, cada palavra sua parecia uma facada no meu coração.
— De qualquer maneira, temos pouco tempo. — Disse Dumbledore — Então vamos discutir as suas opções, Draco.
— Minhas opções! — Exclamou Malfoy alto — Estou aqui com uma varinha... prestes a matar o senhor...
— Meu caro rapaz, vamos parar de fingir. Se você fosse me matar, teria feito isso quando me desarmou, não teria parado para conversarmos amenamente sobre meios e modos. Isso daqui não é uma historinha de super-heróis onde o vilão sempre conta o seu plano antes de atacar o mocinho, você nem mesmo é um vilão.
— Não tenho opções! — Respondeu ele, e subitamente ficou tão pálido quanto Dumbledore — Tenho de fazer isto. Ele me matará! Ele matará minha família toda! Ele matará a Sol! E… ele… ele…
A voz dele se perdeu, mas eu senti o que ele queria dizer, com muita dor, eu quis sair daqui e ajudá-lo, quis dizer que eu o entendo.
— Eu avalio a dificuldade de sua posição. Por que pensa que não o confrontei antes? Porque eu sabia que você seria morto se Lorde Voldemort percebesse que eu suspeitava de você.
Draco fez uma careta ao ouvir aquele nome.
— Não me atrevi a falar antes nem com você e nem com Sol sobre a missão que lhes fora confiada, prevendo que ele talvez usasse a Legilimência contra vocês — Continuou Dumbledore — Agora, finalmente, podemos falar às claras... não houve mal algum, você não feriu ninguém, embora tenha tido muita sorte que suas vítimas impremeditadas sobrevivessem… posso ajudá-lo, Draco. Posso ajudar você e sua prima.
— Não, não pode. — A mão de Draco que empunhava a varinha tremia muito fortemente — Ninguém pode. Ele me mandou fazer isso ou me matará. Não tenho escolha.
— Venha para o lado certo, Draco, e podemos escondê-lo mais completamente do que pode imaginar. Posso ajudar a Sol também. E, mais, posso mandar membros da Ordem à sua mãe hoje à noite, e escondê-la também. Seu pai no momento está seguro em Azkaban... quando chegar a hora posso protegê-lo também... venha para o lado certo, Draco... você não é assassino… e ela sabe disso, o que acha que ela pensaria disso?
Draco arregalou os olhos para Dumbledore.
Ela. Dumbledore está falando de mim e Draco sabe disso.
— Ela merece ser feliz, longe de mim. Bem longe. — Sua voz estava trêmula e vi seus olhos brilharem, ele ia chorar
— Acho que ela não pensa assim, ela sabe que você não é um assassino, Draco, ela acredita em você… venha para o lado certo.
Eu comecei a chorar, mesmo que paralisada, tentando falar com ele, tentando o fazer entender que eu acredito que ele é uma boa pessoa, acredito que ele foi forçado a tudo isso, que lá no fundo ele não é, e nem nunca foi um vilão. Pisquei meus olhos e sussurrei em minha própria mente… “Amor…”
Draco se sobressaltou, os olhos piscando e começou a olhar para os lados atordoado.
— Rox! — Falou urgentemente, mas desesperado — Rox?? Ela tá aqui? Eles não podem ver ela. Eu escutei a voz dela, onde ela está? Ela tem que sair daqui!
Dumbledore evitou olhar para o ponto onde Harry e eu estamos, mas compreendeu o que eu fiz, com a mesma rapidez que Draco reconheceu minha voz embora eu tivesse dito apenas uma palavra.
— Ela não está aqui, Draco, mas tenho certeza que ela adoraria saber que você fez a escolha certa nessa noite. — O diretor disse com a voz branda — Você não é um assassino, posso te ajudar…
— Mas cheguei até aqui, não? — Disse ele lentamente, esquecendo-se de olhar para os lados, tentando convencer-se que não estou aqui — Acharam que eu morreria na tentativa, foi por isso que Sol se dispôs a me ajudar, mas estou aqui… não tenho tempo pra pensar no que… no que ela acha ou deixa de achar de mim agora… ela precisa ficar longe de mim mesmo... e o senhor está em meu poder... sou eu que empunho a varinha... sua vida depende da minha piedade…
— Não, Draco — Respondeu Dumbledore baixinho — É a minha piedade, e não a sua, que importa agora…
Draco não respondeu. Estava boquiaberto, a mão da varinha continuava a tremer. Eu achei que a vira baixar um nada… Mas, de repente, passos atroaram escada acima e, um segundo depois, ele foi empurrado para longe quando quatro pessoas de vestes negras irromperam pela porta em direção às ameias. Ainda paralisado, assistindo sem piscar, encarei com terror os quatro estranhos: pelo visto, os Comensais da Morte tinham vencido a luta lá embaixo. Logo em seguida, parecendo atordoado, entrou uma quinta figura de capa, pareci estar mancando, mas segurando a varinha com determinação, demorei um pouco a perceber ser uma menina. Pior… era Sol.
Um homem pesadão, com um estranho sorriso enviesado e malicioso, deu uma risadinha asmática.
— Dumbledore encurralado! — Exclamou ele, virando-se para uma mulherzinha atarracada que parecia ser sua irmã e ria ansiosa — Dumbledore sem varinha, Dumbledore sozinho! Parabéns, Draco, parabéns!
— Boa-noite, Amico — Cuprimentou Dumbledore calmamente, como se lhe desse as boas-vindas ao seu chá festivo — E trouxe Aleto também... que gentileza...
A mulher deu uma risadinha zangada.
— Então acha que suas gracinhas vão ajudá-lo no leito de morte? — Zombou ela
Vi Sol passar com pressa em direção à Draco, tentando não atrair os olhares dos demais, mas querendo ajudá-lo com certeza.
— Gracinhas? Não, não, são boas maneiras. — Respondeu Dumbledore
— Liquide logo — Disse o estranho parado mais próximo de mim e Harry, um homem magro e comprido com espessos cabelos e costeletas grisalhos, cujas vestes negras de Comensal da Morte pareciam desconfortavelmente apertadas. Tinha uma voz que eu jamais ouvi igual: um latido rouco. Senti nele um forte cheiro de terra, suor e, sem dúvida, sangue. Suas mãos imundas tinham longas unhas amarelas.
— É você, Lobo? — Perguntou Dumbledore
— Acertou. — Respondeu o outro, rouco — Feliz em me ver, Dumbledore?
— Não, não posso dizer que esteja...
O homem, Fenrir Lobo Greyback, riu, mostrando dentes pontiagudos. Um filete de sangue escorria pelo seu queixo, e ele lambeu os lábios, lenta e obscenamente.
— Você sabe como gosto de criancinhas, Dumbledore. — Disse, me deixando ainda mais horrorizada
— Devo entender que você agora anda atacando, mesmo fora da lua cheia? Que insólito... você criou um gosto por carne humana que não pode ser satisfeito uma vez por mês?
— Acertou. — Disse Greyback — Choca você isto, não, Dumbledore? Assusta você?
— Bem, não posso fingir que não me desgoste um pouco. E, sim, estou um pouco chocado que o Draco e a Sol, aqui, convidassem logo você a vir a uma escola onde seus amigos vivem…
— Não convidamos — Sussurrou Draco. Ele não estava olhando para Greyback; parecia nem querer olhar para o lobisomem — Nós não sabíamos que ele vinha…
Sol o olhava tentando transmitir conforto, mesmo sem parecer querer demonstrar demais pra não parecer fraca. Ela estava aterrorizada, seus olhos de chocolate diziam isso.
— Eu não iria querer perder uma viagem a Hogwarts, Dumbledore — Respondeu roucamente o lobisomem — Não quando há gargantas a estraçalhar... uma delícia, uma delícia…
E Lobo ergueu uma de suas unhas amarelas e palitou os dentes da frente, olhando, malicioso, para Dumbledore.
— Eu poderia estraçalhar você de sobremesa...
— Não — Interrompeu-o o quarto Comensal da Morte rispidamente. Tinha uma cara sombria e bruta — Temos as nossas ordens. Draco é quem tem de fazer isso. Agora, Draco, e rápido.
Percebi com muita dor que meu sonho estava acontecendo e eu não conseguiria chegar a cabeça de Draco de novo, meus poderes estavam fracos demais.
O loiro, no entanto, demonstrava menos determinação que nunca. Parecia aterrorizado ao encarar o rosto de Dumbledore, agora ainda mais pálido e mais baixo do que o normal, porque deslizara bastante pela parede da ameia.
— Ele não vai demorar muito neste mundo, se quer saber! — Comentou o homem do sorriso enviesado, acompanhado pelas risadinhas asmáticas da irmã — Olhem só para ele, que aconteceu com você, Dumby?
— Ah, menor resistência, reflexos mais lentos, Amico — Respondeu Dumbledore — Em suma, velhice... um dia, talvez, lhe aconteça o mesmo... se você tiver sorte…
— Que está querendo dizer, que está querendo dizer? — Berrou o Comensal da Morte, repentinamente violento — Sempre o mesmo, não é, Dumby, fala, fala e não faz nada. Nem sei por que o Lorde das Trevas está se preocupando em matar você! Vamos, Draco, mate-o de uma vez!
— Draco… — Vi Sol falar com muita delicadeza, seu rosto sujo de sangue e os olhos pesados enquanto o olhava
Mas naquele momento ouvimos de novo ruídos de luta lá embaixo, e uma voz gritou: “Eles bloquearam a escada... Reducto! REDUCTO!”
O meu coração deu um salto: então esses quatro não tinham eliminado toda a oposição, tinham apenas aberto caminho até o alto da Torre entre os grupos que lutavam, e, pelos ruídos, criado uma barreira às suas costas…
— Agora, Draco, rápido! — Falou encolerizado o homem de cara brutal
Mas a mão de Draco tremia tanto, que ele mal conseguia fazer pontaria.
— Ele é um covarde assim como o pai... — Disse a irmã do bruxo — Vamos, Sol, se o inconsequente do seu primo não consegue, é a sua chance, prove que é mesmo filha da Bellatrix.
Vi Sol piscar, mais assustada que nunca quando Draco olhou pra ela, horrorizado e tremendo. Nenhum dos dois falou ou fez nada.
Eles não vão fazer isso… eles não vão matar Dumbledore. Eu sei que não vão. Draco não é um assassino, ele só tá quebrado, eu preciso ajudar ele… preciso…
— Eu farei isso. — Rosnou Greyback, andando em direção a Dumbledore com as mãos estendidas e os dentes à mostra
— Eu disse não! — Berrou o homem de cara bruta; houve um lampejo, e o lobisomem foi afastado com violência; ele bateu nas ameias e cambaleou, enfurecido. O meu coração batia com tanta força que parecia impossível que ninguém me ouvisse parada ali, ao lado de Harry, aprisionados pelo feitiço de Dumbledore... se ao menos pudessemos nos mexer, poderíamos lançar um feitiço por baixo da capa
— Draco, você ou Sol, matem-o ou se afastem, para um de nós... — Guinchou a mulher, mas naquele exato momento a porta para as ameias se escancarou mais uma vez e surgiu Snape, de varinha na mão, seus olhos negros apreendendo a cena, de Dumbledore apoiado na parede aos quatro Comensais da Morte, incluindo o lobisomem enfurecido, Draco e Sol
— Temos um problema, Snape — Disse o corpulento Amico, cujos olhos e varinha estavam igualmente fixos em Dumbledore —, nenhum dos dois parecem capaz…
Mas outra voz chamara Snape pelo nome, baixinho.
— Severo…
O som me assustou mais que qualquer coisa naquela noite. Pela primeira vez, Dumbledore estava suplicando. Snape não respondeu, adiantou-se e tirou Draco e Sol do caminho com um empurrão. Os três Comensais da Morte recuaram calados. Até o lobisomem pareceu se encolher.
Snape fitou Dumbledore por um momento, e havia repugnância e ódio gravados nas linhas duras do seu rosto.
— Severo... por favor…
Snape ergueu a varinha e apontou diretamente para Dumbledore. Meu coração saltou, sem acreditar.
— Avada Kedavra!
Um jorro de luz verde disparou da ponta de sua varinha e atingiu Dumbledore no meio no peito e me veio a mesma sensação que outrora viera naquele sonho há tantos meses. Meu grito de horror jamais saiu; silenciosa e paralisada, eu e Harry fomos obrigados a presenciar Dumbledore explodir no ar: por uma fração de segundo, ele pareceu pairar suspenso sob a caveira brilhante e, em seguida, foi caindo lentamente de costas, como uma grande boneca de trapos, por cima das ameias, e desapareceu de vista.
É... Hello bruxinhoooos.
Como estamos?
É capítulo deprê atrás de capítulo deprê, mas acalmem-se aí, pois a depressão de verdade ainda nem chegou... Semana que vem temos os três últimos capítulos de Enigma do Príncipe e depois... Relíquias da Morte? Não não kkkk.
Tia Nick tem uma surpresinha pra vocês, algo que acontecerá depois de Enigma e antes de Relíquias. Membros do grupo no Whatsapp de The Weasley já sabem o que é, mas vocês logo saberão também, embora imagino que pelo menos alguém já deve ter idéia do que é, algo que euzinha fiz com muitoooo amor para vocês! Só porque os amo, né?
Hoje o capítulo veio mais cedo porque graças a Merlin, nesse semestre inteirinho as aulas de sexta-feira são online pra mim, então até dezembro possivelmente ( até porque nunca sabemos o que pode acontecer ) vou seguir esse esquema, os capítulos de segunda e quarta serão postados pelo menos 3 ou 4 da tarde e o de sexta será pela manhã, certinho amorecos?
Bom é isso, nos vemos Segunda-feira amoresss.
– Bjosss da tia Nick.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro