10 | Luna Lovegood
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10. Luna Lovegood
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Que fome... espero que tenha pudim.
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Harry, Hermione e Vega se entreolharem rapidamente, logo depois que Mione bateu a porta com força, e eu lancei o mesmo olhar expressivo e cheio de significado à Harry. Ambos pareceram ligeiramente abatidos assim como eu, que me sentei depressa e acariciei o pelo de Marshall.
— Ele é mesmo um idiota. Joga mais um sapo para nós. — Disse Rony, que pelo jeito nada percebera, se jogando de volta no assento
Harry que não podia falar com franqueza na frente de Neville, trocou mais um olhar nervoso comigo e as meninas depois ficou olhando para fora da janela.
A princípio parecera engraçada a ideia de Sirius tê-lo acompanhado à estação, mas de repente achei-a irresponsável, se não positivamente perigosa... Hermione estava certa... Sirius não devia ter vindo. E se o idiota do Sr. Malfoy tivesse reparado no cão preto e comentasse com Draco?E se tivesse deduzido que meus pais, Lupin, Tonks e Moody sabiam onde Sirius estava escondido? Ou será que o fato de Malfoy ter usado a palavra “cão” fora coincidência?
O problema era que não era só isso que martelava minha mente... Draco disse que eu estava pra afundar em minhas mentiras, e mesmo não querendo admitir, talvez ele estivesse certo. Por que outra maneira meu corpo iria ferver ao vê-lo com outra? Tudo isso porque eu não quis admitir que queria ir com ele ao baile de inverno, eu mesma havia estragado tudo.
O tempo permaneceu indefinido à medida que o trem rumava sempre para o norte. A chuva salpicou as janelas de má vontade, depois o sol fez uma pálida aparição e logo as nuvens o encobriram. Quando anoiteceu e as luzes foram acesas nos carros, percebi que Marshall dormia no meu colo. Eu estava sentado com a testa encostada na janela do trem, tentando captar um vislumbre distante de Hogwarts, mas era uma noite sem luar e a janela riscada de chuva estava suja.
— É melhor nos trocarmos. — Disse Hermione
Eu e Rony prendemos no peito os distintivos de monitor. Pude ver meu irmão apreciando a própria imagem na janela escura, e abri um sorriso de orgulho dele, quando fiz o mesmo me admirando a imagem, percebi o quanto eu cresci, não em altura infelizmente, mas na mente, e que eu definitivamente deveria esquecer Malfoy e Parkinson. Agora eu era monitora e estou iniciando o quinto ano. Esse ano vai ser diferente, eu sei que vai.
Finalmente o trem começou a reduzir a velocidade e ouvimos a zoeira que sempre havia quando os alunos corriam a preparar a bagagem e os animais de estimação para o desembarque.
Como eu e Rony devíamos supervisionar a movimentação, desaparecemos da cabine, deixando para Harry e os outros cuidarem de Mynes, Marshall – que eu dei para Vega segurar – e Píchi.
Quando eu e Ron saímos da cabine, agora andando pelos corredores sentimos o primeiro impacto do ar noturno em nossos rostos ao engrossarmos a confusão de alunos no corredor.
— Ôu. Sem correr. — Alertei para uns primeiranistas que vinham animado saindo de umas cabines. Eles se retrairam e andaram lentamente, fazendo eu me sentir a bruxa má — Não precisam ficar mal-humorados, só andem devagar pra não se machucar, e boa sorte na seleção. — Acrescentei no que eles sorriram agradecendo antes de ir
— Desde quando você gosta de crianças? — Rony riu
— Não gosto, ué. — Lhe lancei um olhar cúmplice
— Senhorita Rox. Senhorita Rox. — Uma voz fininha vinha de um apinhado de alunos que eu e Rony tentavamos organizar
— Devagar, Natty. — Eu ri da menina
— Desculpa. — E então Natália McDonald boquiabriu-se ao ver o meu distintivo — Então a senhorita é a nova monitora?
— Exatamente. Tenho que ir supervisionar os corredores, mas a gente conversa no jantar, tá bom Natty?
— Claro, Sta. Rox. Vou contar ao Nigel. — Disse ela antes de sair correndo
— Você e seus fãs. — Comentou Rony quando retomamos a andar pelo trem
Logo fomos nos deslocando para as portas, quando vimos que a maioria dos alunos estavam descendo, então eu presenciei uma cena bárbara, de Parkinson praticamente humilhando um primeiranista e senti uma fúria inundar meu corpo, enquanto tive vontade de me aproximar e berrar com ela, mas Rony me impediu. Então descemos do trem acompanhados de alguns alunos do primeiro ano, e senti o cheiro dos pinheiros que ladeavam a trilha até o lago, e percebi o quanto eu estava com saudades de Hogwarts. Olhei para os lados a procura de Hagrid enquanto eu e Ron tentavamos orientar alguns dos pequenos. Anna Abott e Ernesto Macmillan vinham atrás da gente fazendo o mesmo.
Mas a chamada de Hagrid não veio. Em vez disso, uma voz bem diferente, uma voz feminina enérgica gritava: “Alunos do primeiro ano façam fila aqui, por favor! Todos os alunos de primeiro ano para cá!”
Uma lanterna veio balançando em nossa direção, e, à sua luz eu vi o queixo proeminente e o severo corte dos cabelos da Profa. Grubbly-Plank, a bruxa que assumira o Trato das Criaturas Mágicas no lugar de Hagrid, por uns tempos, no ano anterior.
— Ué, cadê o Hagrid? — Arqueei uma sobrancelha
— Quem sabe tenha sido demitido definitivamente. — Rosnou Ernie no que me fez revirar os olhos para o garoto
— Cala a boca, Ernie. Eles são amigos dele, não lembra? — Comentou Anna descendo do trem e Ernie apenas deu de ombros
— Bom, vamos Rony. — Chamei meu irmão — Ernie. Anna. Nos vemos em Hogwarts então. — Acrescentei para eles pegando o braço de Ron e saindo
— Não podem ter demitido o Hagrid, né? — Ron falou apreensivo quando agora andávamos em direção as carruagens
— Não. Dumbedore não deixaria. — Falei no fundo sentindo medo do que poderia ter acontecido, mas implorando em pensamento que Hagrid apenas estivesse doente
Nos dirigimos pela estrada escura e lavada de chuva, à saída da Estação de Hogsmeade. Ali se encontravam aguardando mais ou menos cem carruagens, sem cavalos, que sempre levavam os alunos mais adiantados até o castelo. Vi Harry parado olhando fixamente para a carruagem.
— Cadê o Píchi? — Indagou Rony
— A Hermione vem trazendo ele aí. E a Vega tá com o Marshall. — Disse Harry, virando-se depressa e me entregando a gaiola de Mynes — Onde é que vocês acha que...
— ... o Hagrid está? Não fazemos ideia. — Respondi — Tomara que esteja bem...
A uma pequena distância, Draco seguido por um pequeno grupo de comparsas, inclusive Crabbe, Goyle e Parkinson, afastava do caminho alguns alunos de segundo ano, de ar tímido, para poderem apanhar uma carruagem.
— Esses dois estão agindo de maneira absolutamente revoltante com os alunos. Juro que vou dar parte deles! — Resmunguei para Harry — Só estão usando o distintivo há três minutos e já estão abusando mais do que nunca das pessoas. Fala sério. Aliás, cadê a Mione, a Vega e a Ginny?
— Olha elas ali. — Mostrou Harry
Ginny acabara de surgir do ajuntamento, Mione vinha atrás com um Bichento que esperneava, e Pichitinho. Mas nenhum sinal de Vega.
— Obrigado. — Disse Rony apanhando a coruja
— Vamos logo, vamos pegar uma carruagem juntos, antes que lotem todas... — Disse Hermione cruzando os braços
— Ainda não apanhei Marshall. — Falei, mas Hermione já ia se adiantando, Ginny a seguiu. Harry ficou para trás comigo e Rony
— Que é que vocês acham que são essas coisas? — Perguntou Harry, indicando com a cabeça as carruagens, enquanto os outros alunos passavam por nós em bando
— Que coisas? — Arqueei uma sobrancelha
— Esses cavalos...
Vega apareceu segurando Marshall com a mão direita e com a outra, a gaiola de Deméter.
— Pronto, aqui está. — Disse ela me entregando o furão que estava um pouco agitado
— Obrigada.
— Bom, vamos então, vamos entrar... que é que você estava dizendo, Harry? — Perguntou Ron
— Eu estava perguntando que bichos horríveis são esses que parecem cavalos? — E continuou andando comigo, Rony e Vega para onde Mione e Ginny estavam paradas ao pé de uma carruagem
— Que bichos que parecem cavalos? — Perguntou Vega curiosa
— Esses bichos que estão puxando as carruagens! — Disse Harry impaciente.
Estávamos a centímetros de uma carruagem, e eu não fazia ideia do que Harry estava falando
— Nada puxa a carruagem, Harry. — Falei com um ar intrigado, no mesmo instante que Rony e Vega miraram Harry, perplexos — Anda sozinho como sempre.
Harry nos lança um olhar incrédulo, depois se aproximou da carruagem parada que estávamos perto. Ginny e Mione o olham sem entender, quando o garoto começa a mirar algo, era como se realmente ele visse algo que não podíamos ver, foi o que me fez lembrar de Mia e Arc, só eu os via. Será que Harry tinha o poder de ver animais mortos? Ok, eu delirei.
— Você não está louco... — Uma voz suave me tirou da minha linha de raciocínio, foi só quando eu reparei que tinha alguém sentada na carruagem — Eu vejo eles também, você é tão normal quanto eu.
Era uma afirmação estranha, por causa de quem havia falado. Tinha cabelos louros, sujos e mal cortados, até a cintura, sobrancelhas muito claras e olhos saltados, que lhe davam um ar de permanente surpresa. A garota emanava uma aura de nítida birutice. Talvez fosse porque guardara a varinha atrás da orelha esquerda, por medida de segurança, ou porque tivesse decidido usar um colar de rolhas de cerveja amanteigada, ou ainda porque estivesse lendo uma revista de cabeça para baixo. A qual ela abaixou para nos olhar quando nos aproximamos. O estranho era que eu nunca havia visto essa menina em Hogwarts.
Ginny é a primeira a subir na carruagem, de todos ela era a que menos parecia intrigada com a loira, e sentou-se ao lado da menina, Hermione e Vega logo subiram, e eu, Rony e Harry fomos os últimos. Rony não parava de me lançar olhares confusos em relação a garota.
— Pessoal, essa é a Di-Lua. — Começou Hermione com uma cara não muito boa
— Luna, Hermione. — Ginny a corrigiu fazendo Mione ficar vermelha — Luna Lovegood. Aliás, boas férias, Luna?
— Boas. — Respondeu a menina sonhadora, sem tirar os olhos de Harry — É, foram bem divertidas, sabe. Você é Harry Potter. — Acrescentou
— Eu sei que sou. — Respondeu Harry
Vega riu. Luna então voltou seus olhos para a menina.
— Eu não sei quem você é.
— Ah, eu...
— Vega Misttigan. — Apresentou Ginny — Ah, Luna, os dois ruivos são meus irmãos, gêmeos, acho que você os conhece. Rony e Rox, e essa outra é a Hermione Granger. — Acrescentou ela para a loira, mas depois voltou-se para a gente — Luna é do mesmo ano que eu, mas é da Ravenclaw.
— Você foi ao Baile de Inverno com Padma Patil. — Disse a voz imprecisa de Luna com seus olhos fixos no meu irmão
— É, eu sei que fui. — Disse ele, parecendo ligeiramente surpreso
— Ela não gostou muito. — Informou-lhe Luna — Acha que você não a tratou bem, porque não quis dançar com ela. Acho que eu não teria me importado. — Acrescentou pensativa — Não gosto muito de dançar.
E erguendo a revista o suficiente para esconder o rosto, ela se calou. Rony ficou olhando para a capa da revista de boca aberta por alguns segundos, depois procurou Harry, e os dois se entreolharam com as sobrancelhas erguidas. Vega e Mione fizeram o mesmo, enquanto eu fixava a menina, e Ginny reprimia uma risadinha.
— Todo mundo viu a tal Grubbly-Plank? — Perguntou Vega — Que é que ela está fazendo aqui de novo? Hagrid não pode ter ido embora, pode?
— Eu vou ficar bem satisfeita se ele tiver ido, ele não é um professor muito bom, é? — Disse Luna abaixando a revista que lia
— É, sim! — Exclamamos eu, Rony, Harry, Vega e Ginny, zangados.
Harry lançou um olhar incisivo a Hermione. Ela pigarreou e disse depressa:
— Hum... é... ele é muito bom.
— Bom, lá na Ravenclaw achamos que ele é uma piada. — Respondeu Luna, sem se surpreender
— Então vocês têm um senso de humor bem idiota. — Retorquiu Rony, no momento em que as rodas rangeram, entrando em movimento
Luna não pareceu se perturbar com a grosseria de Rony; muito ao contrário, mirou-o durante algum tempo, como se ele fosse um programa de televisão levemente interessante, depois mudou plenamente o assunto.
— Que fome... espero que tenha pudim. — Falou com a voz mais uma vez sonhadora e enterrou-se novamente, escondendo o rosto no Pasquim
Ok, ela era louca. Mas eu gostei dela.
Balançando com estrondo, as carruagens avançaram em comboio até a estrada. Quando cruzaram os altos pilares de pedra com os javalis alados, que ladeavam o portão para os terrenos da escola, eu me inclinei para a frente tentando ver se havia luzes na cabana de Hagrid junto à Floresta Proibida, mas os terrenos estavam na mais completa escuridão. O castelo de Hogwarts, porém, se aproximava cada vez mais: um conjunto altaneiro de torreões, muito negro, recortado contra o céu escuro, em que resplandecia, alaranjada, aqui e ali, uma janela no alto.
As carruagens pararam, tilintando, perto da escadaria de pedra que levava às portas de carvalho, e Harry foi o primeiro a descer. Eu fui logo atrás dele, virei-me novamente para procurar janelas iluminadas na orla da floresta, mas decididamente não havia sinal de vida na cabana de Hagrid. Com relutância, olhei para a carruagem para ver se avistava algo como Harry disse que viu, e Luna também. Mas não havia nada, o que me faz pensar que os dois devem está sofrendo de alucinações assim como eu.
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