{80} Férias
Como sempre era mais que bom estar de volta na toca, voltar a comer a comida maravilhosa da mamãe e estar com ela e com papai. A primeira vista eles estranharam a minha vassoura, ok, eu concordo que realmente era estranho eu estar ganhando presentes todo o natal e uma Nimbus 2001 não é uma das vassouras mais baratinhas, mas eles acabaram cedendo e me deixaram graças aos céus ficar com a vassoura e também gostaram muito da coruja que Rony havia ganhado; eu e Ginny a chamamos de Pichitinho, pois ela é muito pequenininha, Rony não gostou nada do nome, e tentou mudar, mas ela só atende por esse nome, então ele a apelidou de Píchi, ela e Mynes pareceram se dar muito bem.
As minhas férias foram resumidas em treinar quadribol no campo aberto perto da minha casa, eu já sabia algumas coisas, mas agora meu treino era sério, pois eu pretendia entrar no time quando o ano letivo retornasse, Fred e George me ajudaram muito, embora eles não consigam ficar sem pregar peças ou fazer piadinhas por mais de cinco minutos. Charlie também me ajudou, ele e Bill foram passar as férias lá em casa, e como Chay foi o melhor apanhador que Hogwarts já viu, antes de Harry, era bom ter ele pra me ajudar. Como prometido recebi duas cartas de Draco durante as férias, foi difícil esconder de Rony, eu sempre dizia que era ou Lavender, ou Parvati ou Amélia e lia bem distante dele.
Na última carta, Draco mencionou a Copa Mundial de Quadribol, ele disse que estava muito ansioso e perguntou se podia me ver lá. Sim, ele ia me ver, disso eu tenho certeza, mas eu já não tinha tanta na questão de que íamos poder se falar, ia ter muita gente por lá e ia ser um pouco complicado, mas eu falei que talvez podíamos dar um jeito, ele não parou de dizer que estava com saudades, o que me fez pensar que ele é um pouquinho meloso. Eu apenas o escrevi dizendo que estava muito ansiosa para os testes de Quadribol e para a copa também, o que leva a pensar que eu sou totalmente fanática por quadribol, o que é completamente verdade.
Ainda no início das férias recebemos uma carta de Harry, pelo que parece, o primo dele que está parecendo um filhote de orca de tão gordo ia ter que se submeter a uma dieta severa, a pedido da enfermeira do colégio dele, e a tia de Harry, que mais parece uma girafa com aquele pescoço longo que ela usa para bisbilhotar a vida do povo pela janela, alegou que todos deveriam seguir essa dieta para o seu “bebêzinho” não se sentir tão mal, então Harry havia nos escrito como um pedido de socorro, com certeza o coitado não aguentaria passar o verão inteiro comendo palitos de cenoura crua. Mamãe sem hesitar mandou Errol com um enorme bolo de frutas e tortinhas variadas. Também no aniversário dele mandamos um bolo que eu com muito orgulho ajudei mamãe a preparar, tô ficando definitivamente boa na cozinha.
E assim os dias foram se passando e a medida que a Copa Mundial se aproximava, eu ficava cada vez mais ansiosa, mamãe e papai então tiveram a ideia de escrever aos trouxas, ( tios de Harry ) pedindo para Harry ir com a gente, eu achei uma perda de tempo, seria melhor só passar lá e salvar Harry daquele pandemônio. Mas mamãe disse que era apenas uma forma de fingir que está pedindo permissão para os trouxas não ficarem tão incomodados.
Ela resolveu que mandaria a carta pelo correio trouxa, o que eu achei totalmente esquisito, tivemos que colocar selos no envelope, eu não sei como os trouxas fazem, mas eu e Rony caprichamos. Deixamos o envelope coberto de selos exceto por um quadrado de uns três centímetros na face, em que mamãe havia escrito o endereço dos Dursley numa letra bem miudinha.
Prezados Sr. e Sra. Dursley,
Nunca fomos apresentados, mas tenho certeza de que já ouviram Harry falar muito dos meus filhos Rony e Rox.
Como Harry deve ter-lhes contado, a final da Copa Mundial de Quadribol vai se realizar na próxima segunda-feira à noite, e meu marido, Arthur, conseguiu arranjar ótimos lugares para o jogo por intermédio de conhecidos do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.
Espero que o senhor e sua mulher nos permitam levar Harry ao jogo, pois é realmente uma oportunidade única na vida. A Grã-Bretanha não sedia a Copa há trinta anos e as entradas são muito difíceis de se obter. Ficaríamos muito felizes se Harry pudesse passar o resto das férias de verão conosco, e de acompanhá-lo em segurança até o embarque para a escola.
Seria preferível que ele nos mandasse a resposta, o mais depressa possível, da maneira normal, porque o carteiro trouxa jamais entregou correspondência em nossa casa e não tenho muita certeza de que saiba onde é.
Esperando ver Harry em breve, subscrevo-me,
Atenciosamente,
Molly Weasley
P.S. Espero ter colado selos suficientes na carta.
Eu e Rony corremos para o quarto para escrever outra carta, dessa vez uma direcionada a Harry, que seria mandado pela forma normal dessa vez.
— Por que você quem vai escrever? — Cruzei os braços quando Rony pegou a pena e o pergaminho
— Por que sim! — Ele respondeu revirando os olhos e começou a escrever
Harry – PAPAI CONSEGUIU AS ENTRADAS – Irlanda contra a Bulgária, na noite de segunda. Mamãe escreveu aos trouxas para convidar você. Talvez a carta já tenha chegado, não sei quanto tempo demora o correio dos trouxas. Pensei em lhe mandar este bilhete pela Píchi.
Vamos buscar você, quer os trouxas gostem ou não, você não pode perder a Copa, só que mamãe e papai acham que é melhor a gente primeiro fingir que está pedindo permissão. Se eles disserem sim, mande logo Píchi com a sua resposta, e iremos buscar você às cinco horas no domingo. Se eles disserem não, por favor, mande Píchi de volta depressa e iremos buscá-lo no domingo às cinco horas, assim mesmo.
Hermione está chegando hoje à tarde. Percy começou a trabalhar – Departamento de Cooperação Internacional em Magia. Não fale em ir para o exterior enquanto estiver aqui a não ser que queira que ele lhe arranque as calças pela cabeça.
Até mais – Rony & Rox
E assim ele despachou Pichitinho com a carta, Hermione chegaria hoje à tarde e Harry amanhã, na segunda iríamos ver a Copa Mundial de Quadribol, minhas férias não podiam estar melhor.
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— Isso é totalmente, completamente, absolutamente injusto! — Comecei a quase gritar pela casa, impaciente
— Quantas palavras terminadas em “mente”, você conhece? — Ginny começou a rir, ao qual eu não dei atenção voltando a reclamar
— Por que o Rony vai e eu não, mamãe?
— Porque não precisa de tanta gente para buscar o Harry, eles só vão usar o pó de flu, num instante vão e num instante voltam, agora pare de reclamar! — Mamãe falou de volta sem nem ao menos me olhar apenas andando de um lado pro outro na cozinha
— Mas mamãe, o Ro... — Comecei, mas ela me lançou um olhar frio enquanto gritava meu nome e eu imediatamente me calei
— Sossega, maninha.
Me virei impaciente para o dono da voz que mexia no meu cabelo o bagunçando. Era Bill, o meu irmão mais velho com um sorriso estampado no rosto. Alto, com seus cabelos compridos presos em um rabo de cavalo, com aquele brinco de argola com um berloque pendurado que parecia mais um dente canino. E suas roupas sempre totalmente descoladas com as botas de couro de dragão.
— Não. — Cruzei os braços e saí da cozinha indo para o meu quarto, eu sabia que Hermione estava com Ginny na sala, mas preferi ficar sozinha
Somente alguns minutos depois, desci as escadas para a cozinha de onde eu escutava um barulho, Harry com certeza já tinha chegado, por meio do pó de Flu.
— Contar o quê, Arthur? — Pude ouvir mamãe falar, num tom de voz perigoso. Ela olhava séria para papai, Hermione e Ginny atrás dela
— Não é nada, Molly. — Resmungou papai — Fred e George... mas eu já tive uma conversa com eles...
— O que foi que eles fizeram desta vez? — Perguntou mamãe — Se foi alguma coisa relacionada com as “Gemialidades” Weasley...
— Por que você não mostra ao Harry aonde ele vai dormir, Rony? — Sugeriu Hermione da porta
Só então parei meu olhar em Harry e abri um sorriso para ele que retribuiu. E me lembrei de que mais uma vez eu teria que ceder meu quarto para ele, vou pensar pelo lado divertido... eu, Ginny e Mione podíamos fazer festa do pijama no quarto da Ginny. Se bem que isso não era nada minha praia.
— Ele já sabe aonde vai dormir. —Respondeu Rony — No meu quarto, foi lá que dormiu da última...
— Então podemos ir. — Disse Hermione, sublinhando as palavras como se quisesse sair do meio da discussão de mamãe e papai
— Ah. — fez Rony, entendendo — Certo
— É, nós também vamos. — Disse George
— Vocês ficam onde estão! — Vociferou mamãe
Dei uma última olhada na cozinha, Fred e George sentados à mesa e ao lado deles Bill e Charlie, que tinha o mesmo físico dos gêmeos, era mais baixo que Rony e Percy, mas bem mais forte. Seu rosto largo e bem humorado, castigado pelo sol e tão sardento que quase parecia bronzeado; os braços musculosos; e e um deles havia uma grande e reluzente queimadura.
Harry e Rony saíram de fininho da cozinha e seguiram comigo Ginny e Mione pelo corredor estreito, subimos a escada desconjuntada e saímos ziguezagueando pela casa até os últimos andares.
— Que são “Gemialidades” Weasley? — Perguntou Harry enquanto subiamos
Eu, Rony e Ginny nos entreolhamos e rimos, embora Hermione continuasse séria.
— Mamãe encontrou uma pilha de formulários de pedidos quando estava limpando o quarto de Fred e George. — Disse Rony em voz baixa — Listas enormes de preços de coisas que eles inventaram. Artigos para logros e brincadeiras, sabe. Varinhas de imitação, doces-surpresas, um monte de coisas. Genial. Eu não sabia que eles estavam inventando tanta coisa...
— Há muito tempo que ouvíamos explosões no quarto deles, mas nunca pensamos que estavam fabricando coisas. — Explicou Ginny — Achamos que era só vontade de fazer barulho.
— Na verdade eu até que imaginei que pudesse ser algo na maleta secreta deles, não lembram a pegadinha que eu preguei no Draco no segundo ano? — Perguntei ligeiramente animada — Pedi para o Colin pegar duas coisas daquela caixa para mim, Vomitilhas e o Caramelo Incha-língua, eu só não imaginava que eles mesmo tinham criado. São mesmo uns gênios.
— Sim, só que, a maior parte das coisas, bom, na realidade, tudo... é meio perigoso — Disse Rony — E, sabe, eles estavam planejando vender os artigos em Hogwarts para ganhar dinheiro, e mamãe ficou uma fera. Disse que eles estavam proibidos de fabricar aquelas coisas e queimou todos os formulários... já estava furiosa mesmo porque eles não conseguiram tantos N.O.M.s quanto ela esperava.
— E depois houve uma briga danada. — Continuei — Porque mamãe queria que eles entrassem para o Ministério da Magia como papai, e os dois responderam que o que eles querem é abrir uma loja de logros e brincadeiras.
Nessa hora, uma porta se abriu no segundo patamar e um rosto com óculos de aros de tartaruga e expressão mal-humorada espiou pra fora.
— Oi, Percy. — Cumprimentou Harry
— Ah, olá, Harry. Eu estava imaginando quem é que estava fazendo essa barulheira. Estou tentando trabalhar aqui dentro, sabe, tenho um relatório do escritório para terminar, e é difícil me concentrar se as pessoas não param de subir e descer fazendo as escadas reboarem.
— Não estamos fazendo as escadas reboarem. — Retrucou Rony irritado
— Estamos apenas andando. Nos desculpe se perturbamos o trabalho secreto do Ministério da Magia. — Falei em tom irônico
— No que é que você está trabalhando? — Perguntou Harry
— Num relatório para o Departamento de Cooperação Internacional em Magia. — Disse Percy cheio de si — Estamos tentando padronizar a espessura dos caldeirões. Há muitas peças importadas que são um pouco finas, os furos têm aumentado à razão de três por cento ao ano...
— Vai mudar o mundo esse relatório, ah, vai. — Comentou Rony — Primeira página do Profeta Diário, espero, caldeirões vazam.
Percy corou de leve. Enquanto eu me segurava pra não rir.
— Ele vai ser famoso, Rony. Não brinca com isso, vamos ter um irmão famoso. Devíamos ficar honrados de ser irmãos do fantástico Percy Inácio Weasley. — Me virei falando para Rony com um sorriso cúmplice que ele retribuiu
— Vocês podem caçoar. — Disse Percy com veemência — Mas a não ser que se baixe uma lei internacional, o mercado vai acabar inundado de produtos com paredes e fundos finos que ameaçam seriamente...
— Sei, sei, sabemos, tudo bem. —Interrompeu-o Rony e recomeçou a subir as escadas, com eu logo atrás dele. Percy bateu a porta do quarto. Quando Harry, Hermione e Ginny iam começar a nos acompanhar na subida de mais três lances de escada, ouvimos os ecos dos gritos na cozinha
— O que aconteceu afinal? — Perguntei curiosa
— Fred deixou cair um caramelo incha-língua na casa dos Dursley. — Harry explicou e eu não pude conter a risada
— Seu primo comeu?
— Comeu. — Harry falou com um ar de riso
E então adentramos o meu quarto e de Rony que continuava da mesma forma, no último andar da casa, os mesmos pôsteres da Chudley Cannons, em que os jogadores acenavam das paredes e do teto inclinado, o aquário no peitoril da janela que anteriormente abrigara ovas de rã agora continha um enorme sapo. E onde antes ficava o velho rato de Rony, Perebas/Peter em seu lugar havia a coruja minúscula. Saltitava numa gaiolinha, piando feito louca. Mynes na gaiola ao seu lado parecia aborrecida.
— Cala a boca, Píchi. — Disse Rony, manobrando para passar entre duas das quatro camas que haviam sido espremidas no quarto — Fred e George estão aqui conosco, porque Bill e Charlie ficaram com o quarto dos dois. — Disse Rony a Harry — Percy conseguiu ficar com o quarto só para ele porque tem que trabalhar.
— E agora eu vou ter que ceder meu quarto pra você Harryzinho e me mudar para o quarto da Ginny. — Falei relutante me jogando na minha cama e abraçando o meu leão de pelúcia que ainda estava sobre ela
— Hum... por que é que você chama essa coruja de Píchi? — Perguntou Harry ligeiramente intrigado
— Porque Rony está sendo idiota. — Disse Ginny
— Píchi é apenas um apelido. — Expliquei — O nome todo é Pichitinho.
— É, e isso não é um nome nem um pouco idiota. — Comentou Rony sarcasticamente — Essas duas que o batizaram. — Explicou a Harry — Elas acham que é um nome bonitinho. Tentei mudar, mas já era tarde demais, ele não responde a nenhum outro. Então ficou Píchi. Tenho que trancar ele aqui porque vive chateando o Errol e o Hermes. Pensando bem, chateia a mim também.
— Eu acho ele fofinho, Rony. Deixa de ser careta. Mynes, você gosta do Pichitinho, não gosta? — Perguntei me aproximando da minha coruja que era quase o dobro de Píchi e parecia um pouco emburrada enquanto Pichitinho voava alegremente pela gaiola, piando em tom agudo.
— Por onde anda o Bichento? — Perguntou Harry a Hermione
— No jardim, espero. Ele gosta de caçar gnomos, nunca tinha visto nenhum.
— Então o Percy está gostando do trabalho? — Perguntou Harry se sentando em uma das camas e se pondo a observar os Chudley Cannons entrando e saindo velozes dos pôsteres no teto
— Gostando? — Disse Rony misterioso — Acho que nem voltaria para casa se papai não obrigasse.
— Ele está claramente obcecado. — Falei me sentando com os pés abaixo da coxa e ainda com o leão de pelúcia no meu colo — E nem puxe conversa sobre o chefe dele. O Sr. Crouch diz... como eu ia dizendo ao Sr. Crouch... O Sr. Crouch é de opinião... O Sr. Crouch esteve me dizendo... Qualquer dia desses vão anunciar o noivado dos dois. Vocês acham que ele me deixa ser madrinha?
— Como foi o seu verão, Harry? —Perguntou Hermione — Recebeu os pacotes de comida que mandamos e tudo o mais?
— Recebi, muito obrigado. Salvaram minha vida, aqueles bolos.
— E você teve notícias de...? — Rony começou, mas a um olhar meu e de Hermione, calou a boca
Eu sabia que Rony ia perguntar por Sirius. Mas era algo a qual somente nós sabíamos e falar dele na frente de Ginny não era uma boa ideia.
— Acho que eles pararam de discutir. — Disse Hermione, para disfarçar o momento de constrangimento, porque Ginny olhava com curiosidade de Rony para Harry — Vamos descer e ajudar sua mãe com o jantar?
— Eu acho ótimo. Estou virando uma excelente cozinheira. — Falei para Harry com um sorriso pulando da cama e deixando Méri, o leão na cama
— Ela só sabe fazer bolo e biscoitos. — Ginny caçoou e eu me virei séria para ela, mas também com um ar de riso
Nós cinco tornamos a descer e encontramos mamãe sozinha na cozinha, parecendo extremamente mal-humorada.
— Vamos comer no jardim. — Disse ela quando entramos — Não há lugar para doze pessoas aqui dentro. Podem levar os pratos para fora, meninas? Bill e Charlie estão armando as mesas. Facas e garfos, por favor, vocês dois — Disse ela apontando a varinha com um pouco mais de força do que pretendera para um monte de batatas na pia, que saíram da casca demasiado depressa e acabaram ricocheteando nas paredes e nos tetos.
“Ah, pelo amor de Deus!”, exclamou ela, agora apontando a varinha para uma pá, que saltou de lado e começou a patinar pelo piso, recolhendo as batatas. “Aqueles dois!”, explodiu ela furiosa, agora tirando tachos e panelas de um armário, e entendi que ela estava se referindo a Fred e George. “Não sei o que vai ser deles, realmente não sei. Não têm ambição, a não ser que se leve em conta toda confusão que são capazes de aprontar...”
Ela bateu com uma grande caçarola de cobre na mesa da cozinha e começou a agitar a mão para os lados. Um molho cremoso foi escorrendo da ponta da varinha à medida que ela mexia.
— Não é que não tenham inteligência. — Continuou ela irritada, levando a caçarola para o fogão e acendendo-o com um toque da varinha — Mas estão desperdiçando a que têm e, a não ser que tomem jeito depressa, vão se meter em apuros. Já recebi mais corujas de Hogwarts a respeito dos dois do que de todos os outros juntos. Se continuarem assim, vão terminar tendo que comparecer à Seção de Controle do Uso Indevido da Magia.
Mamãe apontou a varinha para a gaveta de talheres, que se abriu com violência. Eu, Harry e Rony saltamos para o lado ao ver várias facas saírem voando, atravessarem a cozinha e começarem a cortar as batatas que tinham acabado de ser devolvidas à pia pela pá.
— Não sei onde foi que erramos com os gêmeos. — Disse mamãe descansando a varinha e recomeçando a tirar mais caçarolas do armário. Mas logo virou-se para mim e Rony alegando que não se referia a nós — Tem sido sempre assim há anos, uma coisa atrás da outra, e eles não dão ouvidos... AH, OUTRA VEZ, NÃO!
Ela apanhara a varinha da mesa, e a coisa emitira um guincho alto e se transformara em um enorme camundongo de borracha. Vendo que ela ia explodir peguei os pratos e corri para o lado de fora, as meninas fizeram o mesmo.
— Mais uma varinha falsa fabricada por eles! — Consegui ouvir ela gritar —Quantas vezes já disse aos dois para não deixarem essas coisas largadas por aí?
Tinha dado apenas alguns passos para o quintal quando o gato de Hermione, de pelo amarelo e pernas arqueadas, saiu saltando do jardim, o rabo de escova de limpar garrafas esticado no ar, caçando alguma coisa que parecia uma batata com pernas, suja de terra, na verdade, um gnomo que atravessava o quintal e mergulhava de cabeça em uma das botas espalhadas à porta da casa. Eu o ouvi se acabar de rir quando Bichento enfiou a pata na bota, tentando alcançá-lo. Entrementes, ouvia-se um estrépito de coisas que batiam do outro lado da casa. A origem do barulho surgiu quando entramos no jardim e vimos Bill e Charlie, de varinhas em punho, fazendo duas mesas velhas voarem alto pelo gramado e colidirem, cada qual tentando derrubar a outra no chão. Fred e George aplaudiam; Ginny ria e Hermione estava parada junto à sebe, pelo jeito dividida entre o riso e a aflição. Eu também aplaudia o feito, Harry e Rony logo chegaram onde estávamos.
A mesa de Bill bateu na de Charlie com estrondo e perdeu uma das pernas. E então ouvimos um barulho no alto, todos erguemos os olhos e vimos a cabeça de Percy aparecer à janela do segundo andar.
— Dá para vocês maneirarem? — Berrou ele
— Desculpe, Percy. — Disse Bill rindo —Como é que vão os fundos dos caldeirões?
— Muito mal. — Disse Percy irritado e tornou a fechar a janela com uma pancada
— Eu sou a única que acha que a mamãe adotou ele? — Perguntei intrigada
Rindo, Bill e Charlie devolveram as mesas em segurança ao chão, juntaram-nas pelas extremidades. E então, com um golpe de varinha, Bill colou de volta a perna da mesa e conjurou toalhas do nada.
Às sete horas, as duas mesas rangiam sob o peso de travessas e mais travessas da excelente comida da mamãe, e eu, meus pais, irmãos, Harry e Hermione se sentamos para jantar sob um céu azul-escuro e limpo. Eu estava bem animada e não parava de pensar na Copa no dia seguinte, enquanto me servia de empadão de galinha e presunto, batatas cozidas e salada. Na ponta da mesa, Percy contava para papai todos os detalhes do seu relatório sobre os fundos dos caldeirões. Um assunto patético e entediante.
— Eu prometi ao Sr. Crouch que aprontaria o relatório até terça-feira. — Dizia Percy pomposo — É um pouco mais cedo do que ele pediu, mas gosto de estar um passo à frente. Acho que ele ficará agradecido por eu ter terminado em menos tempo. Quero dizer, há muito trabalho em nosso departamento neste momento, com todas as providências para a Copa Mundial. Não estamos recebendo a colaboração necessária do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos. Ludo Bagman...
— Eu gosto do Ludo. — Disse o papai em tom ameno — Foi ele que nos arranjou aqueles excelentes lugares para a Copa. Fiz um favorzinho a ele: o irmão, Otto, se meteu em uma pequena confusão, um cortador de grama com poderes fora do comum, eu acertei o problema.
— Ah, Bagman é uma pessoa agradável, é claro. — Disse Percy fugindo à questão — Mas como conseguiu ser chefe do departamento... quando o comparo ao Sr. Crouch! Não posso imaginar o Sr. Crouch perdendo um funcionário do departamento sem tentar descobrir o que aconteceu com ele. O senhor já se deu conta de que a Berta Jorkins está desaparecida há mais de um mês? Saiu de férias para a Albânia e nunca mais voltou?
— Verdade, indaguei ao Ludo sobre isso.— Respondeu papai enrugando a testa — Ele me disse que Berta já se perdeu uma porção de vezes antes, embora eu deva dizer que se fosse alguém no meu departamento eu ficaria preocupado...
— Ah, a Berta não toma jeito, é verdade. — Falou Percy — Ouvi dizer que ela é empurrada de departamento para departamento há anos, dá mais trabalho do que trabalha... mas, mesmo assim, Bagman devia estar tentando encontrá-la. O Sr. Crouch tem se interessado pessoalmente pelo caso, ela trabalhou no nosso departamento uma época, sabe, e acho que o Sr. Crouch gostava bastante dela, mas Bagman fica rindo e dizendo que ela provavelmente leu mal o mapa e em vez da Albânia acabou na Austrália. Contudo — Percy deixou escapar um imponente suspiro, e tomou um bom gole do vinho de flor de sabugueiro — Já temos muito com o que nos preocupar no Departamento de Cooperação Internacional em Magia sem ficar tentando achar funcionários de outros departamentos. Como o senhor sabe, já temos outro grande evento para organizar logo depois da Copa.
Ele pigarreou cheio de importância e olhou para a ponta da mesa em que eu, Rony, Harry e Hermione estavamos sentados.
— O senhor sabe do que estou falando, papai. — E alteou ligeiramente a voz — O evento secreto.
Não pude evitar revirar os olhos, assim como Rony que logo murmurou para Harry e Hermione:
— Ele está tentando fazer a gente perguntar que evento é esse desde que começou a trabalhar. Provavelmente uma exposição de caldeirões com fundo grosso.
— Não tenho dúvidas. — Concluí
No centro da mesa, mamãe discutia com Bill por causa do brinco, que era uma aquisição recente.
— ... com um canino horroroso pendurado, francamente Bill, que é que eles dizem lá no banco?
— Mamãe, ninguém lá no banco liga a mínima para a roupa que eu uso desde que eu traga muito ouro para eles. — Disse Bill pacientemente
— E seus cabelos estão sem corte, querido. — Disse ela passando os dedos, carinhosamente, pelos cabelos do filho — Gostaria que você me deixasse aparar...
— Eu gosto deles assim. — Disse Ginny, que estava sentada ao lado de Bill — Você é tão antiquada, mamãe. Mesmo desse tamanho, eles não chegam nem perto do comprimento dos cabelos do Prof. Dumbledore...
Ao lado de mamãe, Fred, George e Charlie discutiam animadamente a Copa Mundial. E consequentemente eu, que estava do lado esquerdo de Chay e direito de Rony.
— Vai ser da Irlanda. — Disse Charlie com a voz engrolada por causa das batatas que lhe enchiam a boca — Eles acabaram com o Peru nas semifinais.
— Mas a Bulgária tem o Vítor Krum. — Comentou Fred
— O Krum é apenas um jogador decente, a Irlanda tem sete. — Cortou Charlie
— Eu concordo com o Chay, por mais que eu admire o Krum, e que ele realmente seja um ótimo jogador, a vitória da Irlanda já tá no papo, não tem pra onde fugir. — Comentei animada do lado de Charlie
— Aí, viram? Ela entende. — Charlie abriu um sorriso e virou-se para mim para fazermos um high-five — Mas eu realmente gostaria que a Inglaterra tivesse passado para as finais. Foi um vexame, ah, foi.
— Nossa, aquilo foi horrível. — Falei rindo
— Que aconteceu? — Perguntou Harry pressuroso
— Perdeu para a Transilvânia, por trezentos e noventa a dez. — Disse Charlie sombriamente — Um desempenho sinistro. E Gales perdeu para Uganda, e a Escócia foi massacrada por Luxemburgo.
Papai conjurou velas para clarear o jardim antes de comermos a sobremesa (sorvete de morangos feito em casa), e na altura em que o jantar terminou, as mariposas voavam baixo sobre a mesa e o ar morno estava perfumado com o aroma de relva e madressilvas. Eu me sentia muitíssimo bem alimentada e em paz com o mundo, e observava vários gnomos saltarem por dentro das roseiras, rindo desbragadamente, perseguidos de perto por Bichento.
Observei Rony correr os olhos, cauteloso, pela mesa, verificando se o resto da família estava entretida conversando, então deduzi que ele iria perguntar algo importante, e me aproximei mais deles, para ouvir o que ele iria falar para Harry.
— Então... tem tido notícias de Sirius ultimamente?
Hermione olhou para os lados, apurando os ouvidos.
— Tenho. — Disse Harry baixinho — Duas vezes. Dá a impressão de que está bem. Escrevi para ele anteontem. Talvez receba resposta enquanto estou aqui.
— Gente, olhe as horas! — Exclamou subitamente mamãe, consultando o relógio de pulso — Vocês deviam estar na cama, todos vocês, vão ter que acordar quase de madrugada para ir à Copa. Harry, se você deixar a sua lista de material escolar, eu compro tudo para você amanhã, no Beco Diagonal. Vou comprar o dos meus meninos. Talvez não haja tempo depois da Copa Mundial, da última vez o jogo durou cinco dias.
— Uau... espero que aconteça o mesmo desta vez! — Exclamou Harry entusiasmado
— Eu espero que não. — Disse Percy, virtuosamente — Estremeço só de pensar no estado da minha caixa de entrada se eu me ausentar cinco dias do trabalho.
— É, alguém poderia deixar bosta de dragão nela outra vez, hein, Percy? — Comentou Fred
— Aquilo foi uma amostra de fertilizante da Noruega! — Protestou Percy, corando — Não foi nada pessoal!
— Foi. — Cochichou Fred para Harry, quando nos levantavamos da mesa — Fomos nós que mandamos.
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Hello bruxinhos.
Primeiro capítulo de Cálice de Fogo já disponível, estou surtando sim kkk. É um dos meus preferidos, na verdade é o meu filme preferido, embora dos livros seja Prisioneiro de Azkaban.
Já podem começar suas apostas, estou bastante curiosa pra ver, e acho que ninguém vai acertar kkkk... Com quem a Rox vai ao baile de inverno??
Kkkk, essa ninguém acerta.
– Bjos da tia Nick.
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