{77} Enfermaria
Snape girou nos calcanhares e saiu decidido pela porta que Fudge ainda segurava aberta, não pude deixar de revirar os olhos para imaturidade dele. A porta se fechou à passagem dos dois e o diretor se virou para nós quatro que desatamos a falar ao mesmo tempo.
— Professor, Black está dizendo a verdade, nós vimos Pettigrew...
— ... ele fugiu quando o Prof. Lupin virou lobisomem...
— ... ele é um rato...
— ... a pata dianteira de Pettigrew, quero dizer, o dedo, ele cortou fora...
– ... Pettigrew atacou Rony, não foi Sirius...
— ... o meu pai é inocente...
— ... não foi ele que matou aquelas pessoas...
Mas Dumbledore ergueu a mão para interromper o dilúvio de explicações.
— É a vez de vocês ouvirem, e peço que não me interrompam, porque o tempo é muito curto. — Disse Dumbledore em voz baixa — Não existe a mínima evidência para sustentar a história de Black, exceto a palavra de vocês... e a palavra de três bruxos de treze anos e uma de onze não irá convencer ninguém. Uma rua cheia de testemunhas jurou que viu Sirius matar Pettigrew. Eu mesmo prestei depoimento ao ministério que Sirius era o fiel do segredo dos Potter.
— O Prof. Lupin pode lhe contar... — Falou Harry, incapaz de se refrear
— O Prof. Lupin no momento está embrenhado na floresta, incapaz de contar o que quer que seja a alguém. Quando voltar à forma humana, será tarde demais, Sirius estará mais do que morto. E eu poderia acrescentar que a maioria do nosso povo desconfia tanto de lobisomens que o apoio dele contará muito pouco... e o fato de que ele e Sirius são velhos amigos...
— Mas...
— Ouça, Harry, Vega. É tarde demais, entendem? Vocês precisam admitir que a versão do Prof. Snape sobre os acontecimentos é muito mais convincente do que de vocês.
— Ele odeia Sirius. — Disse Hermione, desesperada
— Sim, e tudo por causa de uma peça idiota que Sirius pregou nele... — Completei impaciente
— Sirius não agiu como um homem inocente. O ataque à Mulher Gorda... a entrada na Torre da Gryffindor com uma faca... sem Pettigrew, vivo ou morto, não temos chance de derrubar a sentença de Sirius.
— Ele só queria matar o rato, por isso fez isso, não julgo meu pai, eu mesma queria matar aquele rato! — Vociferou Vega com a voz tristonha
— Não diga isso, Vega. Acho que sua mãe não vai gostar nada de saber que você saiu do castelo atrás do seu pai de novo. — Dumbledore a repreendeu com o olhar
— Mas o senhor acredita em nós, Professor? — Harry perguntou
— Acredito. — Respondeu Dumbledore em voz baixa — Mas não tenho o poder de fazer os outros verem a verdade, nem de passar por cima do ministro da Magia...
Eu então encarei seu rosto sério e senti como se o chão estivesse se abrindo debaixo dos meus pés. Havia me acostumado à ideia de que Dumbledore podia resolver qualquer coisa. Esperava que o diretor tirasse alguma solução surpreendente do nada. Mas não... a nossa última esperança desaparecera.
— Precisamos. — Disse Dumbledore lentamente, e seus claros olhos azuis correram de Vega, passaram por mim, Harry e Hermione — É de mais tempo.
— Mas... — Começou Hermione. Então seus olhos se arregalaram — AH!
— Agora, prestem atenção. — Continuou o diretor, falando muito baixo e muito claramente — Sirius está preso na sala do Prof. Flitwick no sétimo andar. A décima terceira janela a contar da direita da Torre Oeste. Se tudo der certo, vocês poderão salvar mais de uma vida inocente hoje à noite. Mas lembrem-se de uma coisa: vocês não podem ser vistos. Srta. Granger, a senhorita conhece as leis, sabe o que está em jogo... Vocês... não... podem... ser vistos.
Eu não tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Dumbledore deu as costas para nós e virou-se para olhá-los ao chegar à porta.
— Vou trancá-los. Faltam... — Ele consultou o relógio — Cinco minutos para a meia-noite. Srta. Granger, três voltas devem bastar. Boa sorte.
— Boa sorte? — Repeti sem entender quando a porta se fechou atrás de Dumbledore — Do que é que ele tá falando?
— Três voltas? — Repetiu Harry, por sua vez — Que é que ele espera que a gente faça?
Mas Hermione estava mexendo no decote das vestes, puxando de dentro dele uma corrente de ouro muito longa e fina. Vega rapidamente saiu de sua cama e foi até Hermione.
— Harry, vem aqui. — Disse ela com urgência — Depressa!
Harry foi até a garota, completamente confuso e ficou ao lado de Vega, que de repente sorria.
— O que vocês vão fazer? — Pergunto tentando me aproximar também
— Rox, lamento muito, mas já que não pode andar... — Hermione falou estendendo uma corrente do pescoço — Quando voltarmos eu te explico.
— Eu vou com vocês e não adianta dizer não! — Vega falou séria — Ainda não acredito que você tem um vira-tempo.
Logo vi que na corrente de Hermione tinha uma minúscula ampulheta pendurada nela.
— Tomem...
E então Hermione atirara a corrente em torno do pescoço deles dois também.
— Hey! — Tentei os chamar — O que é um vira-tempo?
— Prontos? — Perguntou Hermione ofegante
— Claro. — Vega sorriu
— Que é que estamos fazendo? — Perguntou Harry completamente perdido
Hermione girou a ampulheta três vezes. Eu pisquei os olhos por segundos e de repente os três estavam na porta, me deixando mais perdida ainda. Como poderiam está aqui e agora na porta?
— Como foram parar aí? — Falei impaciente quando a porta foi trancada, eles adentraram o local se dirigindo até suas camas, Hermione guardando a ampulheta nas vestes outra vez — Vocês estavam bem aqui e agora estão aí.
— Você não sabe mesmo o que é um... — Vega começou, mas parou no mesmo instante quando viu Madame Pomfrey sair de sua sala
— Foi o diretor que eu ouvi saindo? Será que já posso cuidar dos meus pacientes?
A enfermeira estava muito mal-humorada, então achamos melhor aceitar o chocolate que ela trazia sem resistência. Madame Pomfrey ficou vigiando para ter certeza de nós quatro comessemos. Não pude deixar de notar que Vega parecia feliz, e tanto Harry quanto Hermione pareciam intrigados, como se estivesse esperando por algo. E então tentei vasculhar na minha mente, se eu sabia algo sobre o vira-tempo, mas nada vinha.
Então, quando aceitamos o quarto pedaço de chocolate de Madame Pomfrey, ouvimos ao longe o ronco de fúria que ecoava em algum ponto do andar acima...
— Que foi isso? — Perguntou Madame Pomfrey assustada
Agora ouvimos vozes raivosas, que iam se avolumando sem parar. A enfermeira tinha os olhos na porta.
— Francamente, vão acordar todo mundo! Que é que eles acham que estão fazendo?
Eu tentava ouvir o que as vozes diziam. Elas foram se aproximando...
— Ele deve ter desaparatado, Severo. Devíamos ter deixado alguém na sala vigiando. Quando isto vazar...
— ELE NÃO DESAPARATOU! — Vociferou Snape, agora muito próximo — NÃO SE PODE APARATAR NEM DESAPARATAR DENTRO DESTE CASTELO! ISTO... TEM... DEDO... DO... POTTER!
— Severo... seja razoável... Harry está trancado...
PAM!
A porta da ala hospitalar se escancarou. Fudge, Snape e Dumbledore entraram na enfermaria. Somente o diretor parecia calmo. De fato, parecia que estava se divertindo. Fudge tinha uma expressão zangada. Mas Snape estava fora de si.
— DESEMBUCHE, POTTER! — Berrou ele — QUE FOI QUE VOCÊ FEZ?
— Professor Snape! — Protestou esganiçada Madame Pomfrey — Controle-se!
— Olhe aqui, Snape, seja razoável — Ponderou Fudge — A porta esteve trancada, acabamos de constatar...
— ELES AJUDARAM BLACK A ESCAPAR, EU SEI! — Berrou Snape, apontando para gente. Seu rosto estava contorcido; voava cuspe de sua boca.
Eu não conseguia entender nada, mas depois fui começando a ligar os pontos devagarinho.
— Acalme-se, homem! — Ordenou Fudge — Você está falando disparates!
— O SENHOR NÃO CONHECE POTTER! — Berrou Snape em falsete — FOI ELE, EU SEI QUE FOI ELE QUE FEZ ISSO... SE NÃO FOI ELE FOI ELA! — E então apontou para Vega — ELE É O PAI DELA, ALIÁS!
— Chega, Severo. — Disse Dumbledore em voz baixa — Pense no que está dizendo. A porta esteve trancada desde que deixei a enfermaria dez minutos atrás. Madame Pomfrey, esses garotos saíram da cama?
— Claro que não! — Respondeu Madame Pomfrey com eficiência — Eu os teria ouvido!
— Aí está, Severo. — Disse Dumbledore calmamente — A não ser que você esteja sugerindo que Harry, Hermione, Roxanne e Vega sejam capazes de estar em dois lugares ao mesmo tempo, receio que não haja sentido em continuar a perturbá-los.
Snape ficou parado ali, procurando, olhando de Fudge, que parecia extremamente chocado com o procedimento do professor, para Dumbledore cujos olhos cintilavam por trás dos óculos. Snape deu meia-volta, as vestes rodopiando para trás, e saiu enfurecido da enfermaria.
— O homem parece ser bem desequilibrado. — Disse Fudge, acompanhando-o com o olhar — Eu me precaveria se fosse você, Dumbledore.
— Ah, ele não é desequilibrado. — Disse Dumbledore em voz baixa — Apenas sofreu um grave desapontamento.
— Ele não é o único! — Bufou Fudge — O Profeta Diário vai ter um grande dia! Tivemos Black encurralado e ele nos escapa entre os dedos outra vez! Só falta agora a história da fuga do hipogrifo vazar, para eu virar motivo de pilhérias! Bom... é melhor eu ir notificar Ministério...
— E os dementadores? — Disse Dumbledore — Serão retirados da escola, eu espero.
— Ah, claro, eles terão que se retirar. — Disse Fudge, passando os dedos, distraidamente, pelos cabelos — Nunca sonhei que tentariam executar o beijo em um garoto inocente... completamente descontrolado... Não, mandarei despachá-los de volta a Azkaban ainda hoje à noite... Talvez devêssemos estudar a colocação de dragões à entrada da escola...
— Hagrid iria gostar. — Disse Dumbledore, sorrindo para nós
Quando o diretor e Fudge iam saindo do quarto, Madame Pomfrey correu até a porta e tornou a trancá-la. E resmungando, aborrecida, voltou à sua salinha.
— Vão me contar agora? — Sussurrei olhando desde Vega à Hermione e percebendo que ambos sorriam — Como assim o Bicuço e o Sirius fugiu?
Mas então ouvimos um gemido baixo na outra ponta da enfermaria. Rony acordara. Nós o vimos sentar-se, esfregar a cabeça e olhar para todos os lados.
— Que... que aconteceu? — Gemeu ele — Rox? Harry? Por que estamos aqui? Aonde é que foi o Sirius? Aonde é que foi o Lupin? Que está acontecendo?
— Maninho. — Abri um sorriso ao ver que ele estava bem, tentei me levantar, mas não consegui, só então lembrei da minha perna
Harry e Hermione se entreolharam.
— Você explica. — Pediu Harry, servindo-se de mais um pedaço de chocolate
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