{55} Não é real
Corri desesperada saindo de onde estávamos e entrei em uma sala que estava vazia, logo fechando a porta, andei até o fundo da sala e me sentei no cantinho da parede, abraçando minhas pernas contra o corpo e enterrando minha cabeça nelas enquanto as lágrimas caiam sem parar e eu soluçava.
— Não é real, não é real. — Eu dizia para mim mesma, mas a minha mente só se concentrava naquela cena
Fiquei por alguns segundos daquele mesmo jeito, até que...
— Rox? Rox? — Ouço ao fundo uma voz desesperada me chamando — Você tá aqui...
Ouço seus passos se aproximando, mas não faço questão de levantar meu olhar pra ele, continuo de cabeça baixa, chorando. Me sinto envolvida por seus braços e a sua voz parece embargada.
— Irmãzinha, aquilo não é real, não era. Eu tô aqui. — Rony me abraçou forte também se sentando no chão, eu apenas me deixei envolver enquanto chorava sem parar — Rox... eu tô aqui tá bom Estou bem aqui irmã.
Ele não me soltou um só minuto, passou as mãos pelo meu cabelo enquanto me abraçava fortemente e eu só chorava. Percebo mais alguns passos se aproximando, mais uma vez não me dei ao trabalho de levantar meu olhar, eu não queria ver ninguém ou falar com ninguém, só queria ficar na minha.
— Eu posso falar com ela?
Aquela voz... aquela maldita voz que pra mim era nada irreconhecível, também era notório que não tinha seu ar de deboche de sempre, parecia intrigado ou talvez triste.
— Olha Malfoy, não é po... — Ron tentou falar, mas logo parou sem explicação nenhuma — Tá.
Só aí eu levantei meus olhos para Draco, ele tinha uma feição triste no rosto e parecia preocupado. Ron se levantou logo depois de me olhar como se perguntasse se tava 'tudo bem', lhe dei um sorriso sem vida.
— Rox... — Rony começou, mas pareceu engolir suas próprias palavras e simplesmente saiu da sala, logo depois de lançar um olhar sério para Malfoy.
Eu comecei rapidamente a enxugar as lágrimas, sem jeito e ainda fungando um pouco, enquanto Draco se aproximou e sentou no chão ao meu lado.
— Oi...
— O que vo... você quer, Malfoy? — Perguntei sem força com os olhos quase marejando — Aquilo... não, eu não... não sei porque você... eu não sei...
A cada explicação que eu dava, ou tentava dar, uma lágrima escorria do meu rosto, eu não tinha forças, apenas ficava repetindo a mesma coisa sem parar.
— Rox... calma... Rox...
Por mais que ele pedisse para que eu me acalmasse e parecesse bem preocupado, eu não conseguia, só ficava falando e falando ao mesmo tempo que chorava, então ele fez algo que eu realmente não esperava. Só notei quando seus lábios já estavam colocados ao meu, enquanto meu coração estava acelerado, dessa vez não era medo, eu me senti mais tranquila, o coração dele também parecia acelerado e ele passava a sua mão, que não estava machucada, pelo meu cabelo. Assim que nos separamos, ele olhou dentro dos meus olhos, eu estava incrédula, então ele pegou na minha mão ainda tentando me acalmar.
— Ei, me escuta. — Falou calmamente — Aquilo que você viu na aula do Professor Lupin não era real, tá bom? Eu tô bem aqui, o seu irmão também está bem. Não precisa se preocupar, não pensa nisso.
Ele estava sendo legal comigo de novo, mais que legal agora... Ele tinha acalmado minha crise de pânico, logo percebi que eu não via Draco mais como o garoto desprezível que conheci no primeiro ano, ele tinha mudado. O loiro abriu um sorriso tímido assim que viu que eu o observava.
— Está melhor? — Perguntou passando a mão boa por meus olhos e enxugando minhas lágrimas
Eu finalmente sorri, e não foi um sorriso falso, ele realmente tinha me deixado bem, balancei a cabeça confirmando, radiante.
— Obrigada, Dray...
— Dray? — Ele riu — Novo apelido? Gostei, de nada, ruivinha... agora, vem cá. — Acrescentou me puxando até ele e me dando um abraço forte, naquele momento, eu não poderia estar melhor
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Passaram-se alguns dias e mesmo com o que aconteceu, Lupin acabou virando o professor preferido de todos os alunos, até porque ninguém tinha muito o que se queixar dele, realmente o bicho-papão foi uma boa ideia de primeira aula e não era culpa do professor se o meu foi traumatizante. As aulas seguintes tinham sido muito interessantes também. Depois dos bichos-papões, estudamos os “barretes vermelhos”, criaturinhas malfazejas que lembravam duendes e rondavam os lugares onde houvera derramamento de sangue – masmorras de castelos e valas dos campos de batalha desertos – à espera de abater a porrete os que se perdiam. Dos barretes
vermelhos, passamos aos kappas, seres rastejantes das águas, que lembravam macacos com escamas, palmípedes cujas mãos comichavam para estrangular os banhistas desavisados que penetravam seus domínios.
Nesse tempo eu meio que acabei me aproximando de Draco, ainda as escondidas e meio que evitando sermos vistos juntos, mas até que era legal. Não pude deixar de agradecer aos céus por Rony ter ficado tão preocupado comigo quem nem ao menos se importou em perguntar porque eu tinha medo de Draco morrer, e nem ao menos ligou de me deixar conversar com ele aquele dia. Eu não saberia o que explicar para meu irmão caso ele perguntasse.
Eu só desejava que fosse tão feliz com outras matérias. A pior delas era Poções. Snape andava com uma disposição bem vingativa ultimamente, e ninguém tinha dúvidas do que motivara isso. A história do bicho-papão que assumira a forma dele, e a maneira com que Neville o vestira com as roupas da avó, correra a escola como fogo espontâneo. Snape não parecia ter achado graça. Seus olhos faiscavam ameaçadoramente à simples menção do nome de Lupin e ele andava implicando com Neville mais do que nunca. Eu também estava começando a temer as horas que passava na sala sufocante da Profa. Sibila, decifrando formas e símbolos enviesados, Harry tentava fingir que não via os olhos da professora se encherem de lágrimas todas as vezes que olhava para ele. Mas eu meio que gostava de Sibila, ela estava começando a ser tratada, por muitos alunos da turma, com um respeito que beirava a reverência. Em exclusividade por três pessoinhas que começaram a me arrastar pra lá. Parvati Patil, Lavender Brown e Amélia Hughes – que agora virou próxima delas, passaram a rondar a torre da professora na hora do almoço, as vezes me puxando com elas, sempre voltavam com ares de superioridade, como se soubessem de coisas que os outros desconheciam. Tinham começado também a usar um tom de voz abafado sempre que falavam com Harry, como se estivessem em seu velório.
— Não acho que o Harry realmente vá morrer. — Falei para elas certo dia depois da aula
— Não acredita na professora, Rox? — Lia perguntou
— Sei lá, algumas coisas sim.
— Abra a sua mente, Roxanne. — Lav falou imitando a voz da professora e fazendo alguns gestos
— Eu vejo... — Parvati estendeu a palma da mão olhando pra mim com a voz teatral — Que até o final do ano a Rox vai estar namorando.
— Ah, fala sério, vocês só falam em meninos. Meninos pra lá, meninos pra cá e blá blá. — Falei rindo e pronta pra me levantar, mas Lia me puxou
— Falou a que só vive pra lá e pra cá com um garoto, né? Vai ver ele?
— Am? Vocês e essas historinhas, eu não sei de nada. — Levantei as mãos em sinal de rendição e elas riram
E era sempre assim, as três sempre falando de garotos ou da aula de adivinhação, mas eu gostava de passar o tempo com elas. Se fosse pra falar das outras aulas, bom, ninguém gostava realmente de Trato das Criaturas Mágicas que, depois da primeira aula repleta de ação, tornara-se extremamente monótona. Hagrid parecia ter perdido a confiança em si mesmo. Pois agora passávamos aula após aula aprendendo a cuidar de vermes, que eram uma das espécies de bichos mais chatas que existem no mundo, e não era por acaso.
— Por que alguém se daria o trabalho de cuidar deles?! — Exclamou Rony, depois de mais de uma hora enfiando alface fresca picada pela goela escorregadia dos vermes
No início de outubro, começaram os treinos incessantes de Quadribol, eu só esperava que ano que vem, eu conseguisse entrar finalmente no time, quero isso desde que entrei na escola, e já que tanto o Oliver Wood quanto Alicia Spinnet vão estar se formando esse ano, vai ter duas vagas e essa é a minha chance, Ron também disse que fará o teste, então acho que vai ser interessante. Se eu e Rony passarmos, o time da Gryffindor vai ter quatro Weasley's.
Certa noite, estávamos eu, Ron e Mione sentados em três das melhores poltronas ao lado da lareira no Salão Comunal, terminando uns mapas estelares para a aula de Astronomia, quando Harry entrou, parecia cansado, aliás estava no treino de quadribol, mesmo assim estava contente, logo ele notou a algazarra e que todos conversavam animados.
— Que foi que aconteceu? — Perguntou se aproximando da gente
— Primeiro fim de semana em Hogsmeade. — Respondeu Rony, apontando para uma nota que aparecera no escalavrado quadro de avisos — Fim de outubro. Dia das Bruxas.
— Ótimo. — Comentou Fred que seguira Harry na passagem pelo buraco do quadro — Preciso visitar a Zonko’s. Meus chumbinhos fedorentos estão quase no fim.
— E eu preciso dessas coisas que vocês compram também, sei lá, esses doces esquisitos. — Falei maliciosa
— Quer fazer pegadinhas com o Malfoy de novo, maninha? — George perguntou se jogando em uma poltrona
— Acredito que o que ela quer com o Malfoy é bem diferente. — Lia do nada se aproximou da gente rindo
— Amélia! — A repreendi
— Eu não entendi. — Ron falou olhando para nós enquanto Harry se atirava em uma cadeira ao seu lado, sua animação esfriando
Hermione pareceu ler seus pensamentos.
— Harry, tenho certeza de que você vai poder ir na próxima visita. — Disse a garota e eu logo me lembrei que ele não tinha autorização — Vão acabar pegando o Black logo. Ele já foi avistado uma vez.
— Black não é louco de tentar alguma coisa em Hogsmeade. — Argumentou Rony
— Você deveria perguntar a McGonagall se você pode ir, Harry. — O aconselhei
— A Rox tem razão, a próxima vez talvez demore um tempão para acontecer... — Disse meu irmão
— Rony! — Mione o repreendeu — Harry tem que ficar na escola...
— Mas ele não pode ser o único aluno do terceiro ano que vai ficar. — Falei
— Pergunta a McGonagall, anda, Harry... — Ron disse mais uma vez
— Não sou tão próxima de vocês, eu sei... mas, acho que concordo com os gêmeos. — Disse Lia com um sorriso
— É, acho que vou perguntar. — Comentou Harry ainda decidindo
Hermione ainda abriu a boca para protestar, mas naquele instante Bichento pulou com leveza em seu colo. Trazia uma enorme aranha morta pendurada na boca.
— Ele tem mesmo que comer isso na frente da gente? — Perguntou Rony aborrecido
— Por Merlim. — Resmunguei
— Bichento inteligente, você apanhou a aranha sozinho? — Perguntou Hermione.
Bichento mastigou a aranha vagarosamente, os olhos amarelos fixos insolentemente em Rony. Eu tentei desviar o olhar do gato pra não acabar vomitando.
— Vê se ao menos segura ele aí. — Disse Rony irritado, voltando a atenção para o seu mapa estelar — Perebas está dormindo na minha mochila.
Também voltei minha atenção para meu mapa, já estava quase todo pronto, só mais um nome e sim, finalizado, olhei admirando meu trabalho e nesse momento, Harry bocejou enquanto puxava a sua mochila para perto, tirou um pergaminho, tinta e caneta e começou a trabalhar no seu mapa.
— Pode copiar o meu, se quiser. — Ofereceu Ron, escrevendo o nome da última estrela com um floreio e empurrando o mapa para Harry
— Ou o meu. — Também mostrei meu trabalho para Harry, que de longe estava mais organizado e bonito que o de Rony
— Amostrada. — Ron riu revirando os olhos
Hermione, que desaprovava colas, contraiu os lábios mas não disse nada. Bichento continuava a mirar Rony sem piscar, agitando a ponta do rabo peludo. Então, sem aviso, atacou.
— AI! — Berrou Rony, agarrando a mochila na hora em que Bichento enterrava nela as garras das quatro patas e começava a sacudi-la furiosamente — DÊ O FORA DAÍ SEU BICHO BURRO!
Rony tentou arrancar a mochila das garras de Bichento, mas o gato não a largava, bufando e unhando.
— Rony, não machuca ele! — Gritou Hermione
Toda a sala observava, e isso incluía eu e Harry que apenas assistíamos; Rony girou a mochila, Bichento continuou agarrado, e Perebas saiu voando pela abertura...
— SEGURE ESSE GATO! — Berrou Ron quando Bichento se desvencilhou dos restos da mochila e saltou para a mesa perseguindo o aterrorizado Perebas
George deu um salto na direção de Bichento, mas errou; Fred tentou fazer o mesmo sem êxito. Perebas disparou entre vinte pares de pernas e sumiu embaixo de uma velha cômoda. Bichento parou derrapando, se abaixou o mais que pôde nas pernas arqueadas e começou a fazer furiosas investidas com a pata dianteira no vão da cômoda.
Rony e Hermione correram para acudir; Enquanto Mione agarrou Bichento pelo meio e carregou-o para longe; Rony se atirou no chão de barriga para baixo e, com grande dificuldade, puxou Perebas para fora pelo rabo.
— Olha só para ele! — Gritou o garoto furioso para Mione, balançando Perebas diante dela — Está pele e osso! Segura esse gato longe dele!
— Bichento não entende que isso é errado! — Defendeu-o Hermione, a voz trêmula — Todos os gatos caçam ratos, Rony!
— Nisso ela tem razão. — Tentei falar, mas eles me ignoraram
— Tem uma coisa esquisita nesse animal! — Acusou Ron, que estava tentando persuadir um Perebas, que se contorcia freneticamente, a voltar para dentro do seu bolso — Ele me ouviu dizer que Perebas estava na mochila!
—Ah, deixa de bobagem. — Retrucou a garota — Bichento sabe farejar, Rony, de que outro modo você acha...
— Esse gato está perseguindo o Perebas! — Disse Rony, fingindo não ver os colegas em volta, que começavam a dar risadinhas abafadas — E Perebas estava aqui primeiro, e está doente!
Me levantei indo até meu irmão, eu tentava não rir, sabia que ele ficaria irritado.
— Quer que eu fique com ele? Vamos combinar que eu sou um pouco mais cuidadosa né, Ron? Quiser eu cuido do Perebas essa noite. — Tentei argumentar
— Claro que não. Você dorme no quarto com essa daí e o gato suicida dela, não quero o Perebas perto dele.
E assim Rony atravessou a sala decidido e desapareceu na subida da escada para os dormitórios dos garotos.
— Sinceramente... — Me virei para Harry, Mione, os gêmeos e Amélia — Eu acho que ele se importa mais com o rato do que eu que sou irmã gêmea dele...
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Hello bruxinhos.
Eu já disse nos avisos, mas como eu sei que a maioria não olha lá, ou a maioria não me segue, vou dizer aqui também.
Tive que sair ontem de manhã para resolver umas coisas na faculdade e só voltei por volta das 06 horas da noite e estava sem internet na minha casa, por isso acabou que não pude postar o capitulo ontem, mas hoje estarei postando dois para recompensar.
O capítulo 56 vou estar postando mais tarde.
É isso, amo vocês.
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