{52} Bicuço
Descemos as escadas da Profa. Sibila e a escada em caracol em silêncio, e seguimos para a aula de Transfiguração, da Professora Minerva. Levamos tanto tempo para encontrar a sala de aula que, por mais cedo que tivéssemos saído da aula de Adivinhação, acabamos chegando em cima da hora. Harry escolheu um lugar no fundo da sala, sentindo-se como se estivesse sentado sob um holofote; o resto da classe não parou de lhe lançar olhares furtivos, como se ele estivesse prestes a cair morto a qualquer momento. Eu me sentei ao lado e Ron, um pouco no fundo também, mal conseguiamos ouvir o que a professora dizia sobre Animagos (bruxos que podiam se transformar à vontade em animais), e sequer estávamos olhando quando ela própria se transformou, diante dos nossos olhos, em um gato malhado com marcas de óculos em torno dos olhos.
— Francamente, o que foi que aconteceu com os senhores hoje? — Perguntou a Professora Minerva, voltando a ser ela mesma, com um estalinho, e encarando a classe toda — Não que faça diferença, mas é a primeira vez que a minha transformação não arranca aplausos de uma turma.
Todas as cabeças tornaram a se virar para Harry, mas ninguém falou. Então Hermione ergueu a mão.
— Com licença, professora, acabamos de ter a nossa primeira aula de Adivinhação, estivemos lendo folhas de chá e...
— Ah, naturalmente... — Comentou Minerva, fechando a cara de repente — Não precisa me dizer mais nada, Srta. Granger. Me diga qual dos senhores vai morrer este ano?
Todos olhamos para ela.
— Eu. — Harry disse, por fim
— Entendo. — Disse a Professora Minerva, fixando em Harry seus olhos de contas — Então, Potter, é melhor saber que Sibila Trelawney tem predito a morte de um aluno por ano desde que chegou a esta escola. Nenhum deles morreu ainda. Ver agouros de morte é a maneira com que ela gosta de dar boas-vindas a uma nova classe. Não fosse o fato de que nunca falo mal dos meus colegas...
A professora se calou, mas todos vimos que suas narinas tinham embranquecido de cólera. Ela continuou, mais calma:
— A adivinhação é um dos ramos mais imprecisos da magia. Não vou ocultar dos senhores que tenho muito pouca paciência com esse assunto. Os verdadeiros videntes são muito raros e a Professora Trelawney...
Ela parou uma segunda vez, e em seguida disse, num tom despido de emoção:
— Para mim o senhor parece estar gozando de excelente saúde, Potter, por isso me desculpe mas não vou dispensá-lo do dever de casa, hoje. Mas fique descansado, se o senhor morrer, não precisa entregá-lo.
Hermione riu com gosto. Harry pareceu se sentir um pouco melhor. Era mais difícil sentir medo de folhas de chá longe daquela sala fracamente iluminada por luzes vermelhas, que recendia ao perfume atordoante da Professora Sibila. Ainda assim, nem todos ficamos convencidos. Rony continuava com a expressão preocupada, eu não sabia direito o que pensar, mas ouvir Lavender cochichar:
— E a xícara de Neville?
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Quando a aula de Transfiguração terminou, nos reunimos ao resto dos alunos que atroavam a escola em direção ao Salão Principal para almoçar.
— Anime-se, Rony. — Falou Mione, empurrando uma travessa de ensopado para ele. — Você ouviu o que a Profa. Minerva disse.
— A Mione tem razão, relaxa Roniquinho. — Falei
Rony se serviu do ensopado e apanhou o garfo, mas não começou a comer.
— Harry... — Perguntou ele, em tom baixo, com ar sério — Você não viu um canzarrão preto em algum lugar, viu?
— Vi, sim. Na noite em que saí da casa dos Dursley.
Rony deixou o garfo cair com estrépito e eu arregalei os olhos.
— Provavelmente um cão sem dono. — Comentou Hermione calmamente
O garoto olhou para Hermione como se ela tivesse enlouquecido e eu logo fiz o mesmo.
— Mione, se Harry viu um Sinistro, isso é... é ruim.
— Muito ruim, nosso tio Abílio viu um e... e morreu vinte e quatro horas depois! — Completei
— Coincidência. — Replicou Hermione dignamente, servindo-se de suco de abóbora
— Você não sabe o que está falando! — Disse Rony, começando a se zangar — Os Sinistros deixam a maioria dos bruxos mortos de medo!
— Então é isso. — Retrucou a garota em tom superior
Eu vendo que eles iam começar a discutir, terminei de beber o meu suco e me levantei da mesa sem que eles notassem e fui até o corredor apenas pra dar uma caminhada, no fundo eu não acreditava que Harry fosse morrer, mas eu lembrava bem o que aconteceu com meu tio.
Observei a garota do dia da seleção, Vega Misttigan, parecia aturdida, olhava de um lado a outro desconfiada enquanto saia de fininho, me escondi tentando a seguir devagar, sem chamar muita atenção, passamos por um corredor e ela nem me notou, quando estávamos prestes a subir as escadas, me senti segurada por uma mão.
— Brincando de detetive? — Perguntou com um sorriso, logo notei que estava sozinho
— É, e acabei de perder a pista. — Respondi cruzando os braços e rindo — Obrigada por isso hem, fantasminha?
— Por nada cabelo de fogo. — Ele soltou uma risadinha nasal — Porque estava seguindo a primeiranista?
— Não sei... — Respondi intrigada e voltei a olhar as escadas, onde a garota já tinha sumido — Ela parece muito desconfiada, como se escondesse algo e eu tenho impressão de que seu sobrenome não me é entranho... entende?
Demorei um pouco pra me tocar que eu estava falando com Draco. Eu devia odiar ele... Porque estava falando com ele?
— Se quiser eu te ajudo na brincadeira de detetive... ah e se quer saber, a mãe dela é professora.
Arqueei a sobrancelha me virando para ele.
— Sienna Misttigan, é a que ensina o estudo dos trouxas. Não sei porque temos essa matéria, ainda bem que é adicional. — Falou com desdém
— Mas acho que não é daqui da escola que reconheço esse sobrenome, é de outro lugar tenho certeza... mas de onde... — Comecei a pensar
Notei algumas pessoas passarem no corredor e nos olhar, por sorte não era ninguém conhecido, Draco me puxou pelo braço pra uma sala vazia assim que viu Fred e George se aproximando.
— Você ainda não disse porque é legal comigo...
Ele abriu um sorriso me olhando.
— Pra ser sincero, nem eu sei. Você é diferente eu acho... é... bem... não sei...
Só então percebi o tumulto de pés do lado de fora e me lembrei da aula.
— Merlim, a aula de Hagrid. — Exclamei
— Trato das Criaturas Mágicas? — Ele perguntou rindo e eu assinti — Também vou pra essa... então nos vemos lá?
— Tá fantasminha... eu saio primeiro, ok?
Ele balançou a cabeça confirmando e eu saí da sala olhando ao redor para ver se não havia ninguém, andei para sair do corredor e depois enfim saí do castelo, não me virei pra trás pra ver se Draco me seguia, eu não entendia ainda porquê ele me tratava diferente às vezes.
Felizmente a chuva do dia anterior parara; o céu estava claro, cinza-pálido e a grama parecia elástica e úmida sob os meus pés quando andei rumo para a primeiríssima aula de Trato das Criaturas Mágicas. Logo encontrei com o meu trio favorito, notei que Rony e Hermione não estavam se falando. Harry caminhava ao lado dos dois em silêncio enquanto agora desciamos os gramados em direção à cabana de Hagrid, na orla da Floresta Proibida.
Hagrid já estava à espera dos alunos à porta da cabana. Vestia o casaco de pele de toupeira, com Canino, nos calcanhares, e parecia impaciente para começar.
— Vamos, andem depressa! — Falou quando os alunos se aproximaram, logo avistei Draco se aproximando agora com seus amigos — Tenho uma coisa ótima para vocês hoje! Vai ser uma grande aula! Estão todos aqui? Certo, então me
acompanhem!
Por um momento de apreensão, pensei que Hagrid nos levaria para a Floresta Proibida, no entanto, o guarda-caça contornou a orla das árvores e cinco minutos depois estavamos diante de uma espécie de picadeiro. Não havia nada ali.
— Todos se agrupem em volta dessa cerca! — Mandou ele — Isso... procurem garantir uma boa visibilidade... agora, a primeira coisa que vão precisar fazer é abrir os livros...
— Como? — Perguntou a voz fria e arrastada de Draco
— Que foi? — Perguntou Hagrid
— Como é que vamos abrir os livros? — Repetiu o menino
Ele retirou da mochila seu exemplar de O livro monstruoso dos monstros, amarrado com um pedaço de corda. Outros alunos fizeram o mesmo, alguns, como eu e Rony tínhamos fechado o livro com um cinto; outros os tinham enfiado em sacos justos ou fechado os livros com grampos.
— Será... será que ninguém conseguiu abrir o livro? — Perguntou Hagrid, com ar de desapontamento
Todos os alunos sacudiram negativamente as cabeças.
— Vocês têm que fazer carinho neles — Falou o novo professor, como se isso fosse a coisa mais óbvia do mundo — Olhem aqui...
Ele apanhou o livro de Hermione e rasgou a fita adesiva que o prendia. O livro tentou morder, mas Hagrid passou seu gigantesco dedo indicador pela lombada, o livro estremeceu, se abriu e permaneceu quieto em sua mão.
— Ah, mas que bobeira a nossa! — Caçoou Draco — Devíamos ter feito carinho no livro! Como foi que não adivinhamos!
— Achei o livro engraçado. — Mione comenta pegando o seu livro de volta
— Ah, claro, engraçadíssimos... — Comentou Draco — Uma ideia realmente espirituosa, nos dar livros que tentam arrancar nossa mão.
Olhei de relance pra ele, não entendia como podia ser tão arrogante.
— Cala a boca, Malfoy — Advertiu-o Harry baixinho
Hagrid parecia arrasado, e eu assim como Harry, Rony e Mione queríamos que aquela primeira aula fosse um sucesso, sabíamos o quanto isso significava pra Rúbeos.
— Certo, então. — Continuou Hagrid, que pelo jeito perdera o fio do pensamento — ...então vocês já têm os livros e... e... Agora faltam as criaturas mágicas. É. Então vou buscá-las. Esperem um pouco...
Ele se afastou na direção da floresta e desapareceu de vista.
— Nossa, essa escola está indo para o brejo! — Falou Draco em voz alta — Esse pateta dando aulas, meu pai vai ter um acesso quando eu contar...
— Quieto, mauricinho. — Falei cruzando os braços e o olhando com uma risadinha sarcástica — Calado, você fica tão mais bonito.
Ele arqueou uma sobrancelha e também soltou uma risadinha nasal, logo desviando o olhar. Ron nos olhou sem entender e me puxou pelo braço pra perto dele me repreendendo com o olhar.
— DEMENTADOR! DEMENTADOR! — Draco grita de repente, olho para ele e vejo sua feição assustada enquanto aponta pra algo atrás de nós
Todos nós, exceto eles, nos viramos pra trás, assustados, para ver, mas não havia nada ali. Draco e sua gangue logo começam a caçoar de nós.
Quando volto a olhar pra ele, percebo que tanto ele, quanto seus amigos estão com a capa postas até o capuz, imitando os dementadores tentando nos assustar.
— Nossa, você é tão maduro... — Ri colocando a mão no coração me fazendo de emocionada e ele piscou o olho pra mim — Nunca vai crescer, Malfoy?
— Te pergunto o mesmo, Weasley. — Ele riu se referindo a minha altura
Era fato que todos tinham crescido durante as férias e eu... bom... não era lá tão alta.
— Aaaaaaah! — Guinchou Lavender de repente, apontando para o lado oposto do picadeiro
Trotavam em nossa direção mais ou menos uma dezena dos bichos mais bizarros que eu já vi na vida. Tinham os corpos, as pernas traseiras e as caudas de cavalo, mas as pernas dianteiras, as asas e a cabeça de uma coisa que lembrava águias gigantescas, com bicos cruéis cinza-metálico e enormes olhos laranja vivo. As garras das pernas dianteiras tinham uns quinze centímetros de comprimento e um aspecto letal. Cada um dos bichos trazia uma grossa coleira de couro ao pescoço engatada em uma longa corrente, cujas pontas estavam presas nas imensas mãos de Hagrid, que entrou correndo no picadeiro atrás dos bichos.
— Minha nossa. — Exclamei com um sorriso ao ver
— Upa! Upa! Aí! — Bradou ele, sacudindo as correntes e incitando os bichos na direção da cerca onde se agrupavam os alunos
Todos recuaram, instintivamente,quando Hagrid chegou bem perto e amarrou os bichos na cerca.
— Hipogrifos! — Bradou Hagrid alegremente, acenando para eles — Lindos, não acham?
— Dessa vez eu vou ter que concordar Hagrid, são lindinhos. — Falei com um sorriso
Depois que se supera o primeiro choque de ver uma coisa que é metade cavalo, metade ave, a pessoa começava a apreciar a pelagem luzidia dos hipogrifos, que mudava suavemente de pena para pelo, cada animal de uma cor diferente: cinza-chuva, bronze, ruão rosado, castanho brilhante e nanquim, eles era realmente bem lindos e lembrava um Pégaso, tá, talvez eu tenha viajado.
— Então... — Disse Hagrid, esfregando as mãos e sorrindo para todos — Se vocês quiserem chegar mais perto...
Ninguém pareceu querer. No entanto, eu, Rony, Harry e Mione nos aproximamos cautelosamente da cerca.
— Agora, a primeira coisa que vocês precisam saber sobre os hipogrifos é que são orgulhosos. — Explicou Hagrid — Se ofendem com facilidade, os hipogrifos. Nunca insultem um bicho desses, porque pode ser a última coisa que vão fazer na vida.
Percebi que Malfoy, Crabbe e Goyle não estavam prestando atenção; falavam aos cochichos e tive o mau pressentimento de que estavam combinando a melhor maneira de estragar a aula.
— Draco, olha só. — Chamei sua atenção e ele logo parou de falar e olhou pra mim — Você é da mesma espécie dos Hipogrifos. — Acrescentei e ele arqueou uma sobrancelha — O Hagrid disse que eles são muito orgulhosos e se ofendem com facilidade, igual a você...
Achei por um instante que ele ficaria irritado, mas ele apenas riu, ao contrário de Pansy que se aproximou de mim irritada, como se quisesse me bater, sendo segurada por Draco que com uma cara séria mandou ela ficar quieta.
— Bom... Vocês sempre esperam o hipogrifo fazer o primeiro movimento... — Continuou Hagrid — É uma questão de cortesia, entendem? Vocês vão até eles, fazem uma reverência e aí esperam. Se o bicho retribuir o cumprimento, vocês podem tocar nele. Se não retribuir, então saiam de perto bem depressinha, porque essas garras machucam feio. Certo, quem quer ser o primeiro?
Em resposta, a maioria dos alunos recuou mais um pouco. Até nós nos sentimos apreensivos. Os hipogrifos balançavam as cabeças de aspecto feroz e flexionavam as fortes asas; não pareciam gostar de estar presos daquele jeito. Mas, mesmo todos tendo recuado para trás, Harry continuou parado, de modo que ficou à nossa frente.
— Muito bem, Harry. Venha cá! — Gritou Hagrid e Harry se aproximou apavorado atravessando a cerca — Certo, então... vamos ver como você se entende com esse aqui.
E, dizendo isso, soltou uma das correntes, separou o hipogrifo cinzento dos restantes e retirou a coleira de couro. Me aproximei um pouco para ver melhor, mesmo meio apreensiva, toda a turma parecia estar prendendo a respiração, ao contrário de Malfoy, seus olhos se estreitaram maliciosamente.
— Calma, agora, Harry. — Disse Hagrid em voz baixa — Você fez contato com os olhos, agora tente não piscar... os hipogrifos não confiam na pessoa que pisca demais...
Os olhos de Harry imediatamente começaram a se encher de água, mas ele não os fechou. O animal virara a cabeçorra alerta e fixava um cruel olho laranja em Harry.
— Isso mesmo. Isso mesmo, Harry... agora faça a reverência...
Harry curvou-se brevemente e ergueu os olhos. O hipogrifo continuava a fixá-lo com altivez. Nem se mexeu.
— Ah! — Exclamou Hagrid, parecendo preocupado — Certo... recue, agora, Harry, devagarinho...
Mas nesse instante, para enorme surpresa de todos, o hipogrifo inesperadamente dobrou os escamosos joelhos dianteiros e afundou o corpo em uma inconfundível reverência.
— Muito bem, Harry! — Aplaudiu Hagrid, extasiado — Certo... pode tocá-lo, agora. Acaricie o bico dele, vamos!
Harry avançou devagarinho para o hipogrifo e estendeu a mão. Acariciou seu bico várias vezes e o bicho fechou os olhos demoradamente, como se estivesse gostando. A turma prorrompeu em aplausos, à exceção de Malfoy, Crabbe e Goyle, que pareciam profundamente desapontados.
— Certo então, Harry. — Falou Hagrid — Acho que vou deixar você montar nele!
— Pera, o quê? — Harry perguntou confuso
Hagrid o segurou, levantando ele do chão, como se fosse tão leve como uma pena e o colocou sentado em cima do animal.
— Pode ir, então! — Bradou Hagrid, dando uma palmada nos quartos do hipogrifo
Sem aviso, as asas de quase quatro metros se abriram a cada lado de Harry; ele só teve tempo de se agarrar ao pescoço do hipogrifo e já estava voando para o alto.
— Por Merlim. — Exclamei, assim que ele saiu voando, com um sorriso
Passaram-se alguns minutos e eu comecei a andar de um lado pro outro preocupada e olhando para o alto.
— Não se preocupem... — Disse Hagrid — Em breve o Bicuço trará ele de volta.
— Bicuço? — Arqueei uma sobrancelha
Hagrid e sua mania de dar nome a tudo que é criatura. Mas logo avistamos o hipogrifo voltando, Harry estava todo descabelado porém bem animado. Abri um sorriso assim que o vi.
— Bom trabalho, Harry! — Berrou Hagrid enquanto todos, exceto Malfoy, Crabbe e Goyle, aplaudiam. — Muito bem, quem mais quer experimentar?
— Eu. Eu. Posso ir Hagrid? — Corri empolgada pulando a cerca
E outros alunos encorajados pelo sucesso de Harry também subiram cautelosos, pela cerca do picadeiro. Hagrid soltou os hipogrifos, um a um, e logo nós, nervosos, começamos a fazer reverências por todo o picadeiro. Neville fugiu várias vezes do dele, pois o bicho não estava com jeito de querer dobrar os joelhos. Rony e Hermione praticaram no hipogrifo castanho, enquanto Harry observava, eu fui pra outro e estava bem empolgada pra montar nele, logo me abaixei fazendo a reverência e ele pareceu gostar de mim.
Percebi Malfoy, Crabbe e Goyle que ficaram com Bicuço. Ele acabara de retribuir a reverência de Malfoy, que agora lhe acariciava o bico, com um ar desdenhoso.
— Hum... isso é moleza. — Disse Draco com a voz arrastada, suficientemente alta para que pudéssemos ouvir — Claro que sim, se o Potter consegue fazer... aposto que você não tem nada de perigoso, tem? — Disse ao hipogrifo — Tem, seu brutamontes feioso?
Desviei meu olhar por segundos, e aconteceu tudo bem rápido, num breve movimento das garras de aço, só pude ouvir um berro agudo de Draco e no momento seguinte, Hagrid estava pelejando para enfiar a coleira em Bicuço, enquanto o bicho fazia força para avançar no garoto, que caíra dobrado na relva, o sangue aflorando em suas vestes. Como reflexo, corri depressa até ele, me abaixando e tentando o acalmar.
— Estou morrendo! — Gritou Malfoy enquanto a turma entrava em pânico — Estou morrendo, olhem só para mim! Ele me matou!
— Draco... — Pego em suas mãos tentando o acalmar pra ele parar de se debater, por instantes nem me importei com os olhares em mim, meus olhos exalando de preocupação — Você não está morrendo... hey, calma... Draco...
— Melhor levar ele pra enfermaria... alguém me ajude... — Disse Hagrid depois de afastar Bicuço
Observei o corte grande e fundo no braço do loiro, o sangue pingava, pelo visto tinha sido sério. Pensei em ficar, mas fiquei com medo de o machucar.
— Hagrid, cuida, ajuda ele... — Falei
— Rox... — Draco me olhou vendo minha feição preocupada em cima dele
Hermione correu para abrir o portão e antes que eu pudesse falar alguma coisa, Hagrid ergueu Malfoy nos braços, sem esforço. Quando os dois passaram, o guarda-caça, com o garoto ao colo, subiu correndo a encosta em direção ao castelo. Fiquei parada apenas observando. Todos os alunos da aula de Trato das Criaturas Mágicas pareciamos abalados enquanto seguiamos caminhando, mas isso não impediu Ron de me olhar feio.
— Porque de repente você ficou tão preocupada com ele?
— Ele podia ter se machucado, não seja babaca Rony, eu teria me preocupado assim com qualquer um... — Falei impaciente enquanto agora subiamos os degraus de pedra para o saguão deserto
Nem eu entendia porque me preocupei tanto...
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