{14} No alçapão
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14. No Alçapão
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Bom, então acabou, não é? Vou sair daqui hoje à noite e vou tentar apanhar a Pedra primeiro.
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Assim que os passos de Minerva ficaram distantes e tínhamos certeza que ela não podia mais nos ouvir, Harry se virou para a gente.
— É hoje à noite. Snape vai entrar no alçapão hoje à noite. Ele já descobriu tudo o que precisa e agora tirou Dumbledore do caminho. Foi ele quem mandou aquela carta, aposto que o ministro da Magia vai levar um choque quando Dumbledore aparecer.
— Mas o que é que podemos...
Hermione perdeu a fala. Eu Harry e Ron nos viramos. Snape estava parado ali.
— Boa tarde. — Disse com suavidade
Não falamos uma só palavra, apenas o encarando.
— Vocês não deviam estar dentro do castelo num dia como este. — Falou com um sorriso estranho e torto
— Estávamos... — Tentei falar, mas sem ter ideia do que ia dizer
— Vocês precisam ter mais cuidado. Andando por aqui assim, as pessoas vão pensar que estão armando alguma coisa. E a Gryffindor realmente não pode se dar ao luxo de perder mais nenhum ponto, não é mesmo?
Harry rapidamente corou. Nos viramos para sair, mas Snape nos chamou de volta.
— E fique avisado, Potter, se ficar perambulando outra vez à noite, vou providenciar pessoalmente para que seja expulso. Um bom dia para vocês.
E saiu, indo em direção a sala dos professores.
— Sempre tão simpático. — Soltei assim que saímos para fora, nos degraus de pedra
Harry rapidamente virou-se para nós e cochichou com urgência.
— Certo, escutem bem o que vamos fazer. Um de nós tem que ficar de olho no Snape, esperar do lado de fora da sala de professores e segui-lo se ele sair. Hermione, acho melhor você fazer isso.
— E por que eu?
— É óbvio. — Disse Ron — Você pode fingir que está esperando pelo Professor Flitwick, sabe, como é. — E começou a imitar uma voz fina — “Ah, Professor Flitwick. Estou tão preocupada, acho que errei a questão catorze b...”
— Ah, cala a boca. — Hermione disse, mas logo concordou em vigiar Snape
— E é melhor ficarmos no corredor do terceiro andar. — Harry falou a mim e Ron — Vamos.
Mas acabou que não deu certo, fomos barrados pela Professora Minerva que dissse que se tentássemos interferir de novo, descontaria cinquenta pontos da Gryffindor. Voltamos para o Salão Comunal entristecidos, pelo menos Hermione estava na cola de Snape, achávamos. Até que de repente o retrato da Mulher Gorda se abriu e Hermione passou por ele.
— Sinto muito, Harry! — Ela se lamentou — Snape saiu e me perguntou o que eu estava fazendo, então disse que estava esperando Flitwick, e Snape foi buscá-lo, aí, eu me mandei, não sei aonde ele foi.
— Bom, então acabou, não é? — Harry falou, nós três o olhamos e notamos que estava pálido e seus olhos brilhavam — Vou sair daqui hoje à noite e vou tentar apanhar a Pedra primeiro.
— Enlouqueceu? — Perguntei — Só pode ter ficado maluco.
— Você não pode! — Ressaltou Hermione — Depois do que a Professora Minerva e Snape disseram? Vai acabar sendo expulso!
— E DAÍ? — Gritou Harry — Vocês não percebem? Se Snape apanhar a pedra, Voldemort vai voltar! Vocês não ouviram contar como era quando ele estava tentando conquistar o poder? Não vai haver Hogwarts para nos expulsar! Ele vai destruir Hogwarts, ou transformá-la numa escola de magia negra! Perder pontos não importa mais, vocês não entendem? Acham que ele vai deixar vocês e suas famílias em paz se Gryffindor ganhar o campeonato das casas? Se eu for pego antes de conseguir a pedra, bem, vou ter que voltar para os Dursley e esperar Voldemort me encontrar lá. É só uma questão de morrer um pouquinho depois do que teria morrido, porque eu nunca vou me aliar aos partidários da magia negra! Vou entrar naquele alçapão hoje à noite e nada que vocês três disserem vai me impedir! Voldemort matou meus pais, estão lembrados?
Ele nos olhava zangado enquanto falava nos deixando perplexos.
— Você tem razão, Harry. — Hermione disse com uma vozinha fraca
— Vou usar a capa da invisibilidade. Foi uma sorte tê-la recuperado. — Ele disse
— Acha que ela dá para esconder nós quatro? — Ron perguntou
— Nós... Nós quatro?
— Ah, corta essa, você não acha que vamos deixar você ir sozinho, né?
— Claro que não. — Falei com energia
— Como acha que vai chegar à Pedra sem nós? É melhor eu dar uma olhada nos meus livros, talvez encontre alguma coisa útil... — Prosseguiu Hermione
— Mas se formos pegos, vocês vão ser expulsos também.
— Não se eu puder evitar. — Disse Hermione, um pouco séria — Flitwick me disse em segredo que tirei cento e vinte por cento no exame. Não vão me expulsar depois disso.
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Logo após o jantar, nos sentamos em um canto do Salão Comunal, ambos nervosos. Ninguém ousou nos incomodar, afinal nenhum aluno da Gryffindor tinha mais nada a nos dizer, porém, pela primeira vez, aquilo não nos incomodava nenhum pouco. Hermione folheava seus apontamentos, esperando encontrar um dos feitiços que iríamos ter que anular. Harry, eu e Rony não falávamos uma só palavra, apenas pensávamos no que estávamos prestes a fazer.
A sala foi-se esvaziando, à medida que as pessoas iam se deitar.
— É melhor apanhar a capa. — Ron murmurou quando Lee Jordan finalmente saiu, se espreguiçando e bocejando
Harry correu até o dormitório às escuras. Logo voltou trazendo consigo sua capa e a flauta que tinha ganhado de Hagrid, com certeza para distrair o Fofo. Nenhum de nós éramos bons cantores.
— É melhor vestirmos a capa aqui para ter certeza de que cobre nós quatro. Se Filch vir nossos pés andando sozinhos...
— O que é que vocês estão fazendo? — Uma voz a um canto da sala perguntou interrompendo a fala de Harry
Neville saiu de trás de uma poltrona, agarrando Trevo, o sapo, que parecia ter feito uma nova tentativa para ganhar a liberdade.
— Nada, Neville, nada. — Harry respondeu as pressas, escondendo depressa a capa às costas
Neville nos olhou bem, observando nossas caras cheias de culpa.
— Vocês vão sair outra vez.
— Não, que é isso, Neville? Você não acha que faríamos isso, não é? — Tentei argumentar me fazendo de ofendida e inocente — Por que você não vai se deitar?
Acompanhei o olhar de Harry para o relógio de parede junto à porta. Não podíamos se dar ao luxo de perder mais tempo, Snape poderia estar naquele instante mesmo tocando ou cantando para adormecer Fofo. Seria engraçado ver Snape cantando.
— Vocês não podem sair! — Neville falou sério, só então lembrei que ele ainda estava ali — Vocês vão ser pegos outra vez. Gryffindor vai ficar ainda mais enrolada.
— Você não compreende. — Harry falou — Isto é importante.
Mas Neville estava claramente tomando coragem para fazer alguma coisa desesperada. Eu estava me segurando pra não rir, mesmo que estivesse ficando estressada e entendesse a gravidade da situação.
— Não vou deixar vocês irem. — Disse, correndo a se postar diante do buraco do retrato — Eu... Eu vou brigar com vocês.
— Neville. — Explodiu Rony — Se afaste daí e não banque o idiota...
— Não me chame de idiota! Vocês não deviam estar desrespeitando mais regulamentos! E foi você quem me disse para enfrentar as pessoas!
— Foi, mas não nós. — Rony já estava se irritando — Neville, você não sabe o que está fazendo.
Ele deu um passo à frente e Neville largou Trevo, o sapo, que desapareceu de vista.
— Vem, então, tenta me bater! — Neville falou erguendo os punhos — Estou esperando!
Não segurei e soltei uma risadinha baixa. Observei quando Harry voltou-se para Hermione.
— Faz alguma coisa. — Pediu desesperado e Hermione logo se adiantou
— Neville, eu realmente lamento muito. — E então ergueu a varinha apontando para o garoto — Petrificus Totalus!
Os braços de Neville grudaram dos lados do corpo. As pernas se juntaram. Com o corpo inteiro rígido, ele balançou no mesmo lugar e, em seguida, caiu de cara no chão, duro como uma pedra. Hermione correu para desvirá-lo. Os maxilares de Neville estavam trancados de modo que ele não podia falar. Somente os olhos se moviam, nos mirando aterrorizados.
— Você me dá medo às vezes... — Ron engoliu a seco se virando pra Mione — É brilhante, mas que dá medo dá...
— O que foi que você fez com ele? — Sussurrei para ela
— O Feitiço do Corpo Preso. — Ela respondeu infeliz — Me desculpa, Neville.
— Tivemos de fazer isso, Neville, não temos tempo para explicar. — Logo Harry falou
— Você vai entender mais tarde. — Ron também disse
— Tchau Neville, não se mexa. — Eu falei por fim soltando uma leve risadinha, era um pouco engraçado — Ah e desculpa também...
Logo passamos os quatro por cima dele e nos envolvemos na capa da invisibilidade. Mas deixar Neville deitado imóvel no chão não parecia um bom presságio. No estado de nervosismo em que estávamos, cada sombra de estátua lembrava Filch, cada sopro distante do vento parecia o Pirraça nos assombrando.
Se passaram alguns segundos e já estávamos lá, no corredor do terceiro andar e a porta já tinha sido aberta. A visão da porta aberta por alguma razão parecia nos causar a impressão do que nos aguardava.
— Bom, aqui estamos. — Harry falou num sussurro — Snape já passou por Fofo. Se vocês quiserem voltar, não vou culpá-los. Podem levar a capa, não vou precisar dela agora.
— Não seja burro, Harry. — Respondi impaciente
— Exatamente. — Ron completou
— Vamos com você. — Disse Hermione
Harry então empurrou a porta. Quando ela rangeu baixinho, os três focinhos do cérbero farejaram furiosamente em nossa direção ainda que o bicho não pudesse nos ver.
— O que é isso nos pés dele? — Sussurrei
— Parece uma harpa. — Ron observou — Snape deve ter deixado aí.
— Ah, então ele não cantou?
— Am? — Os três se viraram para mim
— Que foi? É que eu tinha imaginado o Snape rodando e cantando alguma coisa para afastar o Cérbero, tipo assim... — Respondi, logo fechando meus olhos e comecei a recitar uma melodia qualquer — “Hogwarts, Hogwarts, Hoggy Warty Hogwarts...”
Como eu estava com os olhos fechados, acabei saindo de baixo da capa sem perceber e rodopiar um pouco enquanto continuava a cantarolar a música da escola.
“...Teach us something please,
Whether we be old and bald
Or young with scabby knees...”
♪
“...Nos ensine algo por favor,
Quer sejamos velhos e calvos
Quer moços de pernas raladas...”
— Continue cantando Rox, vamos tentar passar primeiro. — Consegui ouvir a voz de Harry
“...Our heads could do with filling
with some interesting stuff,
For now they're bare and full of air...”
♪
“...Temos as cabeças precisadas
De ideias interessantes,
Pois estão ocas e cheias de ar...”
— Isso não tem fundo, vamos ter que pular.
— Merlim, qual a profundidade disso?
— Eu vou primeiro.
— Cuidado, Harry.
— Ok, se algo acontecer comigo, não pulem. Mandem Edwiges para Dumbledore, certo?
— Certo.
“...Dead flies and bits of fluff,
So teach us things worth knowing,
Bring back what we've forgot...”
♪
“...Moscas mortas e fios de cotão,
Nos ensine o que vale a pena,
Faça lembrar o que já esquecemos...”
— A QUEDA É MACIA, PODEM PULAR! VEM HERMIONE.
“...Just do your best, we'll do the rest,
And learn until our brains all rot.”
♪
“...Faça o melhor, faremos o resto,
Estudaremos até o cérebro se desmanchar.”
— Rox vem. — Pude sentir meu irmão me puxando e saí do meu colapso de pular e cantar como se imitasse o professor Snape
No instante que parei de cantar, podemos ouvir o latido do cérbero, mas já tínhamos passado pelo alçapão. Um vento frio e úmido passou rápido por nós, enquanto caíamos.
Com um baque engraçado e surdo, batemos em algo macio, por pouco não caí em cima de Ron. Sentei-me e apalpei à volta, com os olhos desacostumados à escuridão. Parecia que eu estava sentada em uma espécie de planta.
— Se eu soubesse que você ia cantar, não teria trago a flauta. — Harry falou assim que me viu
— Qual é, só estava imitando o Snape. — Falei com um sorriso — Hogwarts, Hogwarts, Hoggy Warty Hogwarts.
— O Snape cantando o hino de Hogwarts? Fala sério né, Rox? — Hermione riu
— O que é isso? — Ron analisou
— Sei lá, uma espécie de planta. Suponho que esteja aqui para amortecer a queda. Sorte nossa que esteja aqui.
— Sorte!? — Gritou Hermione — Vocês não sabem o que é isso, né?
Pude notar a planta começar a se enroscar como as gavinhas de uma trepadeira em volta dos meus tornozelos. Hermione se levantou num salto e lutou para chegar à parede úmida, com um pouco de dificuldade, ela conseguira se desvencilhar antes que a planta a agarrasse para valer. Agora observava horrorizada nós tres lutarmos para se livrar da planta, mas quanto mais se esforçavamos, mais depressa e mais firme a planta se enrolava.
— O QUE RAIOS É ISSO? — Gritei
— Parem de se mexer! — Mandou Hermione — Sei o que é isso. É visgo do diabo!
— Ah, fico tão contente que você saiba como se chama, é uma grande ajuda. — Ron resmungou tentando impedir que a planta se enroscasse em seu pescoço
— Cala a boca, estou tentando me lembrar como matá-la! — Retrucou Hermione
— Agradeceria se você lembrasse logo, não consigo respirar. — Eu ofegava enquanto a planta se enroscava em torno de meu peito
— Visgo do diabo, visgo do diabo... O que foi que a professora Sprout disse? Gosta da umidade e da escuridão...
— Então acenda um fogo! — Engasgou-se Harry
— É... É claro... Mas não tem madeira... — Hermione se lamentou, torcendo as mãos
— VOCÊ ENLOUQUECEU? — Eu e Ron nos despusemos a gritar — VOCÊ É UMA BRUXA!
— Ah, certo! — Disse Hermione logo puxando a varinha, sacudiu-a, murmurou alguma coisa e despachou um jato de chamas azuis contra as plantas
Em questão de segundos, sentimos a planta afrouxar e se encolher para longe da luz e do calor. Torcendo-se, ela se desenrolou dos nossos corpos e pudemos se levantar.
— Que sorte a nossa que você presta atenção às aulas de Herbologia, Hermione. — Disse Harry, quando se juntou a ela ao pé da parede, enxugando o suor do rosto
— É. — Concordei
— Por ali. — Disse Harry, apontando um corredor de pedra que era o único caminho que havia
Só o que podíamos ouvir além de nossos passos eram os pingos abafados da água que escorria pela parede.
— Ouviram alguma coisa? — Ron cochichou
Apurei meus ouvidos e pude notar um farfalhar acompanhado de um ruído metálico que parecia vir de um ponto mais adiante.
— Acham que é um fantasma? — Perguntei
— Não sei... Para mim parecem asas.
— Há luz à frente, estou vendo alguma coisa se mexendo.
Andamos até chegar ao fim do corredor e nos deparamos com uma câmara muito iluminada, o teto abobadado no alto. Era cheia de passarinhos, brilhantes como joias, que esvoaçavam e colidiam pelo aposento. Do lado oposto da câmara havia uma pesada porta de madeira.
— Acha que nos atacarão se atravessarmos a câmara? — Perguntei
— Provavelmente. — Harry respondeu — Eles não parecem muito bravos, mas suponho que se todos mergulhassem ao mesmo tempo... Bom, não tem remédio... Vou correr.
O hino de Hogwarts que a Rox canta no alçapão. Não achei versão BR, mas é desse vídeo aí em cima. A tradução que eu fiz é como mostra no livro, a do vídeo tá um pouco diferente.
Obrigada pela leitura.
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