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08. Jogo de
Quadribol
       
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  Eu valho mais que doze Dracos, Malfoy.
 
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   Assim que novembro começou, o tempo esfriou muito. As serras em torno da escola haviam virado cinza-gelo e o lago parecia metal congelado. Toda manhã o chão se cobria de geada. O frio era intenso, mas confesso que eu sempre fui uma grande amante do inverno.

   Havia começado a temporada de quadribol. No sábado, seria o primeiro jogo de Harry, depois de semanas de treinamento, tanto eu quanto Ron e Hermione estávamos ansiosos para o jogo. Harry tinha sorte de agora ter a Granger como amiga pra o ajudar com os deveres, mediante o tanto que ele estava treinando. Claro que eu o ajudaria, isso se eu fosse um gênio prodígio como ela, mas não, só herdei beleza mesmo nessa vida.
  
    O jogo seria Gryffindor contra Slytherin, se Gryffindor ganhasse subiria para o segundo lugar no campeonato das casas.

  Naquela sexta-feira, porém, eu estava super irritada, o professor Snape de fato era um pé no saco, na aula de poções com o pessoal da Slytherin, ele havia pegado um livro que eu lia sobre animais mágicos, porque ateimou que eu não estava prestando atenção na aula, o pior foi a cara de Draco rindo da minha cara com isso.

   Estávamos no salão comunal enquanto a santa Hermione nos ajudava com alguns deveres, mas eu estava inquieta, queria meu livro de volta.

— Eu vou falar com Snape e pegar meu livro. — Disse, logo me levantando

— Antes você do que eu. — Harry e Ron disseram ao mesmo tempo

— Boa sorte. — Desejou Hermione com um sorriso

   Eu tinha certeza de que Snape não se negaria a devolver meu livro se tivessem mais professores presentes.

   Caminhei até a sala dos professores e bati à porta, mas não obtive respostas. Bati outra vez e nada.
  
    Talvez Snape tivesse deixado o livro na sala não é? Valia a pena tentar. Entreabri a porta e espiei para dentro – e meus olhos se depararam com uma cena horrível. Horrenda, até tive vontade de arrancar os olhos.

    Snape e Filch estavam lá dentro sozinhos. O professor Snape segurava as vestes acima do joelho. Uma das pernas sangrava, lacerada. Filch entregava ataduras a Snape. Logo me lembrei de que nos últimos dias, tinha notado que o professor mancava.

— Droga — Dizia Snape — Como é que se pode ficar de olho em três cabeças ao mesmo tempo?

   Tentei fechar a porta sem fazer barulho, mas parecia que ele já tinha me notado.

— WEASLEY!

   O rosto de Snape contorceu-se de fúria ao mesmo tempo que ele largava as vestes para esconder a perna. Eu engoli a seco.

— Eu vim saber se o senhor poderia devolver o meu livro.

— SAIA! SAIA!

   Saí rapidamente da sala antes que Snape se irritasse e pudesse descontar algum ponto da Gryffindor. Logo voltei correndo para baixo.

— E aí? Conseguiu? — Ron perguntou assim que me viu — O que aconteceu?

   Em segundos, acabei soltando tudo que tinha visto.

— Sabem o que isso significa? — Terminei de falar quase sem fôlego — Acho que ele tentou passar pelo Cérbero.

— Sim. Sim. — Harry de imediato concordou comigo — Ele tentou passar pelo cachorro de três cabeças no Dia das Bruxas! Era para lá que estava indo quando o vimos, Ron. Ele quer a coisa que o cachorro está guardando! E aposto a minha vassoura como ele deixou aquele trasgo entrar, para distrair a atenção de todos!

  Os olhos de Hermione estavam arregalados. Mas Ron concordava com o que falávamos.

— Não, acho que ele não faria isso. Sei que ele não é muito simpático, mas não tentaria roubar uma coisa que Dumbledore estivesse guardando a sete chaves. — Advertiu Granger

— Sinceramente, Hermione, você pensa que todos os professores são santos ou coisa parecida. — Disse-lhe Rony com rispidez —  Concordo com Harry e Rox, acho que Snape faria qualquer coisa. Mas o que é que ele está procurando? O que é que o cachorro está guardando?
  
    Quando subi para meu dormitório junto de Granger e me deitei para dormir, essa mesma pergunta martelava na minha mente, o que aquele Cérbero pode está guardando?

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   Finalmente era chegado o tão esperado sábado. Quando chegou a hora do jogo, eu não fazia idéia onde Lavender, Parvati ou Amélia haviam se metido, então caminhei sozinha até meu lugar ao lado do meu irmão e Hermione. Neville, Seamus e Dean também estavam lá. Como uma surpresa para o Harry, tínhamos pintado uma grande bandeira em um dos lençóis que Pereba havia roído.
  
   Na bandeira dizia: Potter para Presidente, como Dean Thomas era bom em desenho, ele tinha pintado o grande leão da Gryffindor embaixo. Depois Hermione apelara para um feiticinho para fazer a tinta brilhar multicolorida. Não era porque tinha sido nós que tínhamos feito, mas estava lindo e bem chamativo.

   Sentei-me e olhei em volta, percebi que Dumbledore estava em uma das arquibancadas, logo Harry estaria seguro. Não havia como, Snape, que seria o juiz ousar fazer algo contra Harry, já que Dumbledore estaria assistindo.
  
   Talvez fosse por esse motivo que ele estava com uma cara tão irritada assim que os times entraram em campo, coisa que Ron também havia observado.
  
— Nunca vi o Snape com uma cara tão feia... — Ele comentou

— E eu nunca vi ele sorrindo. — Ironizei rindo um pouco

   Lee Jordan, o amigo de Fred e George, pelo visto era quem narrava os jogos de Quadribol, o mais engraçado, com certeza era o ver elogiando Angelina Johnson e Alicia Spinnet, - artilheiras do time da Gryffindor - não só a forma delas de jogar, mas também suas aparências, mas pelo visto a professora Minerva fazia questão de o repreender, já que a mesma estava sentada bem ao lado dele e podia se notar, mesmo de longe ela reclamando com ele. Ele era hilário, até entendo porquê Fred e George gostam dele.

   Eu usava um binóculo enorme enquanto observava o jogo que estava ficando acirrado.  Logo notei um lampejo dourado que passara pela orelha esquerda de Harry, ele logo o viu e tomado de grande agitação, mergulhou em direção ao rastro dourado. O apanhador da Slytherin, Terrence Higgs, havia visto o pomo também. Cabeça a cabeça, eles se precipitaram em direção ao pomo – todos os artilheiros pareciam ter esquecido o que deveriam fazer, parando no ar, para observar.

   Harry foi mais rápido que Terrence, ele deveria estar vendo claramente a bolinha redonda, as asas batendo, disparando para o alto e imprimiu mais velocidade...

— Ohhh! — Um rugido de raiva saiu da torcida de Gryffindor

  O idiota do Marcos Flint, um dos artilheiros da Slytherin tinha bloqueado Harry de propósito e a vassoura dele perdeu o rumo, Harry segurou-se para não cair.

— FALTA! — Comecei a gritar acompanhada da torcida

   O professor Snape dirigiu-se aborrecido a Marcos e em seguida deu a Gryffindor um lance livre diante das balizas. Mas na confusão, é claro, o pomo de ouro desaparecera de vista outra
vez.

— Fora com ele, juiz! Cartão vermelho! — Dean Thomas começou a gritar

— Isto não é futebol, Dean! — O lembrei

— Não se pode expulsar um jogador de campo no quadribol. — Continuou Ron

— E o que raios é um cartão vermelho? — Rebati

   Mas Seamus ficou do lado de Dean, apoiando-o, claro, sendo um bruxo mestiço, ele deveria entender dessas coisas trouxas.
  
— Deviam mudar as regras, Marcos podia ter derrubado Harry no ar. — Dizia ele

   O mais engraçado de tudo, com certeza era Lee Jordan que estava achando difícil se manter neutro.
  
— Então, depois dessa desonestidade óbvia e repugnante...

   Pude perceber a Prof. Minerva lhe olhar brava enquanto rosnava seu nome.

— Quero dizer, depois dessa falta clara e revoltante...

   E mais uma vez, o olhar mortal de Minerva pairou sobre o garoto enquanto dizia seu sobrenome.

— Muito bem, muito bem. Marcos quase matou o apanhador da Gryffindor, o que pode acontecer com qualquer um, tenho certeza, portanto uma penalidade a favor de Gryffindor. Spinnet bate, para fora, sem problema, e continuamos o jogo, Gryffindor ainda com a posse da bola.

   Comecei a rir de leve com a narração de Jordan, ele narra bem, entende de quadribol e é engraçado, é fofinho até. Respirei fundo e logo direcionei meu binóculo de volta para Harry, mas percebo alguém se aproximar de onde eu estava e esbarrar de propósito em mim, fazendo meu querido binóculo cair no chão.
  
— Ah, desculpa Weasley. Não vi você aí.

   Era Malfoy, ele logo virou-se para Crabbe e Goyle com um largo sorriso de puro sarcasmo. Optei por não falar nada, Ron estava centrado no jogo, assim como Granger e eu precisava fazer o mesmo, então tentei ignorar Draco, logo após me abaixar e pegar de volta o objeto que tinha caído.
  
— Quanto tempo será que Potter aguenta em cima de uma vassoura, dessa vez? Alguém quer apostar? E vocês, Weasley?

   Meu estresse era tamanho, percebi que Hermione tinha os dedos cruzados em cima do colo observando atentamente o jogo, já Rony continuava centrado, assim como Dean, Seamus e Neville. Apertei meus olhos fixos em Harry, que circulava como um falcão, à procura do pomo de ouro.
  
— Sabe como eu acho que eles escolhem jogadores para o time da Gryffindor? — Prosseguiu Draco bem alto alguns segundos depois — Eles devem escolher por pena. Vê só, o Potter, que não tem pais, depois os Weasley, que não tem dinheiro. Você também deveria entrar no time Longbottom, você não tem miolos.

   Eu estava me segurando pra não quebrar a cara dele, mas continuei calada, Neville logo mesmo meio acanhado se virou para responder Draco.
  
— Eu valho mais que doze Dracos, Malfoy.

   Draco e seus amigos rolaram de rir, Ron finalmente falou algo, mas sem tirar os olhos do jogo.
  
— Isso mesmo, responda a ele, Neville.

— Ah, Longbottom, se miolos fossem ouro, com certeza, você seria mais pobre que os Weasley, e isso já é muita coisa.

   Os meus nervos já estavam à flor da pele e pelo visto os de Ron também, mas eu não desceria ao nível de Draco, então continuei olhando o jogo.
  
— Estou lhe avisando, Draco... Mais uma palavra e...

— Mais uma palavra e o quê, Weasley!? — Malfoy se aproximou de mim irritado

— Eu disse pra você não mexer com a minha irmã!! — Ron gritou, finalmente virando-se para Draco

— Ron! Rox! — Hermione falou de repente — Harry!

— Quê? Onde?

     Nossa atenção rapidamente se voltou para Harry que inesperadamente dava um mergulho espetacular que provocou exclamações e vivas da torcida. Granger se levantou, os dedos cruzados na altura da boca, com os olhos focados em Harry que voava como uma bala para o chão.
    
— Estão com sorte, Weasley. — Prosseguiu Draco — Potter deve ter achado dinheiro no chão!

     Eu respirava fundo tentando não reagir, mas Ron partiu pra cima de Draco, antes mesmo que o loiro pudesse ter qualquer reação e o derrubou no chão. Neville hesitou depois pulou do encosto da cadeira para ajudar. Eu fiquei observando por alguns segundos, os três rolando no chão brigando.
    
— Vamos Harry! — Gritou Hermione

   Ela estava pulando em cima da cadeira pra o observar se precipitar na direção de Snape. A garota nem tinha notado a briga, resolvi fazer que nem ela pra tentar manter a calma, mas bem na hora percebi que Draco tinha dado um soco em Ron, então não me aguentei e parti pro meio deles.
  
— NÃO ENCOSTA NO MEU IRMÃO!

   Mas, acredito que não deveria ter feito isso, porque acabei levando um tapa seguido de um arranhão no rosto. De imediato os três pararam, assim que perceberam que eu tinha me intrometido e a minha bochecha sangrava um pouco.
  
— Rox? — Draco exclamou me olhando, talvez preocupado

     Eu passava a mão levemente no rosto onde tinha machucado e pude ver a preocupação no rosto de Ron que se aproximou rapidamente.
    
— Rox? Você está bem?

— Ah, tô sim, foi só um arranhão.

— Olha o que você fez, seu imprestável! — Ele se virou irritado para o loiro — Eu te disse pra não mexer com a minha irmã!

— Ma... Mas, foi ela que se intrometeu. — Draco quase gaguejou enquanto olhava pra mim, por instantes pensei que ele poderia estar preocupado comigo, mas isso era impossível

— PEDE DESCULPAS PRA ELA! — Ele empurrou o loiro irritado

— NÃO!

— PEDE!!

— Tá bom Ron, não precisa, nem tá doendo... — Tentei intervir

   Ron fuzilava Draco com os olhos, mas logo voltou a olhar pra mim, pude notar pelo canto do olho, o loiro me observando com uma feição indecifrável e sem que meu irmão visse, ele sussurrou um pedido de desculpas.
  
    De repente, as arquibancadas explodiram em gritos de alegria, nos surpreendendo. Eu levei um belo de um susto.

— Rony! Rox! Cadê vocês? A partida terminou! Harry ganhou! Nós ganhamos! Gryffindor está na frente! — Hermione gritava dançando na cadeira

   Todos corremos para ver. Harry saltou da vassoura antes de chegar ao solo. Draco não conseguia acreditar, o jogo havia terminado, chegando a nem mesmo durar cinco minutos, quando Gryffindor invadiu o campo, podia se notar o rosto sorridente de Dumbledore.
  
   Eu, meu irmão e Granger gritavamos animados, até esqueci do que tinha acontecido no meu rosto. Mas, acabei olhando para Draco, que quase não possuía expressão, ele tinha seus olhos vidrado no campo e parecia não acreditar no que via, podia notar que ele estava péssimo, como se estivesse se sentindo a pior pessoa do mundo. Ele parecia completamente chateado, e eu conseguia ver em seu rosto que ele estava mal e por segundos cheguei a sentir pena dele.

     Se eu pudesse chutar, diria que ele se acha menos importante que Harry.