{04} O Lembrol de Neville
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04. O Lembrol de
Neville
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Estendam a mão e digam “Suba”, alto e claro assim que eu apitar.
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O dia que eu mais ansiava, finalmente tinha chegado. Aula de vôo com a madame Hooch. O aviso foi pregado no sala comunal de Gryffindor alguns dias antes, me deixando completamente extasiada, embora tivesse um ponto ruim, que era o fato da aula ser dupla, Gryffindor e Slytherin, mas bom... não era motivo pra se abalar.
Meu coração palpitava de alegria só de pensar, eu sempre quis jogar quadribol, desde que Bill ganhou sua primeira vassoura - tá, talvez isso não seja tão verdade -, tinha mais haver com o tanto que Charlie me falava do jogo, talvez. O fato é que era realmente algo que eu ansiava. Quadribol é tudo!
A aproximação do dia tão aguardado despertara uma adrenalina entre os primeiranistas. Draco sem dúvida falava muito de voos. Queixava-se em voz alta que os alunos do primeiro ano nunca entravam para o time de quadribol e se gabava em longas histórias, que sempre pareciam terminar com ele escapando por um triz dos trouxas de helicópteros. Mas ele não era o único: pelo que Seamus Finnegan contava, ele passara a maior parte da infância voando pelo campo montado numa vassoura. Até eu e Rony começamos a contar para quem quisesse ouvir sobre a vez em que quase batemos numa asa delta, ele com a vassoura de Bill e eu montada na velha vassoura de Charlie.
Todos os garotos de famílias de bruxos falavam o tempo todo de quadribol. Acabei sabendo por meio de Harry que meu irmão já tivera uma grande discussão sobre futebol com Dean Thomas, que também usava o dormitório deles. Mas afinal, o que tinha de excitante em um jogo em que ninguém podia voar e só tinha uma bola?
Já falando das meninas, bom... Parvati não era do tipo que parecia ligar muito pro quadribol, seu lance envolvia moda e maquiagem, jóias indianas, entre outras coisas. Amélia já parecia mais aventureira e acabou discutindo comigo sobre o melhor time de quadribol enquanto Lavender fingia não ouvir nada e se negava a dizer qual seu time.
Neville nunca andara de vassoura na vida, porque a avó nunca o deixara chegar perto de uma. No fundo, achei que ela estava certíssima, porque Neville consegue sofrer um número impressionante de acidentes mesmo com os dois pés no chão, imagina voando.
Entre mentiras, nervosismo e ansiedade. Era finalmente a quinta-feira mais aguardada.
— Lavender, levanta. — Praticamente a derrubei da cama, a fazendo me olhar assustada
— Am? O quê?
— Tomar café, vamos!
Ela sorriu animada assim que começou a raciocinar, é, eu tinha resolvido lhe dar a chance de ter o prazer da minha amizade, já que ainda não ia com a cara de Granger. Parvati ficou se arrumando com a garota de cabelos crespos, Amélia, enquanto eu e Lavender descemos rapidamente para o café e encontramos meu irmão e Harry acompanhados da própria irritação, exatamente Hermione Granger. Ela estava quase tão nervosa quanto Neville com a ideia de voar. Isto não era coisa que se aprendesse de cor em um livro – não que ela não tivesse tentado. Pelo que parece, antes que eu chegasse, ela estava dando um cansaço no meu irmão e Harry falando sobre macetes de voo que lera no livro Quadribol através dos séculos. Neville praticamente se pendurava em cada palavra que ela dizia, desesperado para aprender qualquer coisa que o ajudasse a se segurar na vassoura mais tarde, mas todos os outros ficaram muito felizes
quando a conferência de Hermione foi interrompida pela minha chegada. Eu tinha decidido que não ia deixar ela estragar meu dia, então resolvi lhe dar uma chance, em nome do meu bom humor.
— Bom dia, maninho, bom dia, Harry e... Bom dia, Granger.
Ela arregalou os olhos um pouco surpresa ao perceber que eu tinha falado com ela, tão surpresa que até esqueceu-se do livro. Harry e Rony também me comprimentaram assim como a Lavender que estava sentada do meu lado.
— Ela parece está de bom humor. — Notou Harry
— Aula de vôo, ela fala disso desde... Ah, não sei desde quando, mas ela é louca por isso. — Meu irmão explicou
Os olhei animada com um largo sorriso, minha empolgação era muita. Notamos então quando chegou o correio.
Eu não recebi nada novamente, não que eu esperasse ver Mynes aparecer todo dia com algo, uma coisa que Draco não demorara nada a notar, é claro. A coruja dele estava sempre lhe trazendo de casa pacotes de doces, que ele abria fazendo farol na mesa da Slytherin.
Uma coruja de curral trouxe para Neville um pacotinho da avó. Ele o abriu excitado e mostrou a todos uma bolinha de vidro do tamanho de uma bola de gude e parecia estar cheia de uma fumaça branca, eu sabia bem o que era.
— É um Lembrol. — Explicou o menino — Vovó sabe que eu sou esquecido, isto serve para avisar quando esquecemos de alguma coisa, é só tocarmos assim e se ficar vermelho, ah.... — Ele pareceu estar um pouco sem graça porque o Lembrol de repente ficou vermelho — Quer dizer que esqueci de algo. O único problema é que eu não lembro o que esqueci...
Neville começou a tentar se lembrar do que havia esquecido, eu achava engraçado o fato dele ser um pouco atrapalhado, ele era bem fofinho na real; Então, do nada, Draco, que ia passando pela mesa da Gryffindor, arrancou o Lembrol da mão de Neville.
Harry e Rony puseram-se imediatamente de pé e eu o olhei com fúria. Andava querendo um motivo para brigar com Draco, mas a Profa. Minerva, que era capaz de identificar uma confusão mais depressa do que qualquer outro professor da escola, num segundo estava lá.
— Que é que está acontecendo?
— Draco tirou o meu Lembrol, professora.
Mal-humorado, Draco mais do que depressa largou o Lembrol na mesa.
— Só estava olhando. — Falou, e saiu de fininho com Crabbe e Goyle na esteira
— Neville. — Chamou Lavender enquanto passava geleia em uma torrada. Todos a olhamos — Você esqueceu sua capa.
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Às três e meia, aquela tarde, eu e os outros garotos da Gryffindor descemos correndo as escadas que levavam para fora do castelo para a primeira aula de voo. Finalmente tinha chegado a hora.
Era um dia claro, com uma brisa fresca e a grama ondeava pelas encostas sob seus pés ao caminharmos em direção a um gramado plano que havia do lado oposto à Floresta Proibida, cujas árvores balançavam sinistramente a distância.
Os garotos da Slytherin já estavam lá, bem como cerca de vinte ou mais vassouras arrumadas em fileiras no chão. Lembrei de ter ouvido vagamente Fred e George se queixarem das vassouras da escola, dizendo que havia umas que começavam a vibrar quando voavam muito alto, ou sempre repuxavam ligeiramente para a esquerda.
Nós da Gryffindor, assim como os da Slytherin nos enfileiramos, duas filas grandes, cada um virado de frente para o outro, Ron estava do meu lado direito, seguido de Harry e Hermione, Lavender do meu lado esquerdo. Pra minha infelicidade, Draco estava bem na minha frente, com uma cara cínica, pronto para se mostrar.
A professora, Madame Hooch, chegou. Tinhas cabelos curtos e grisalhos e olhos levemente amarelados como os de um falcão. Ela pediu para nos posicionarmos ao lado da vassoura e logo obedecemos. Eu olhei para a vassoura a minha frente. Era velha e tinha algumas palhas espetadas para fora em ângulos estranhos.
— Estendam a mão e digam “Suba”, alto e claro assim que eu apitar.
Respirei fundo e estendi a mão para a vassoura e antes mesmo que eu pudesse terminar de falar, ela já estava em minha mão, sorri confiante. Não demorou e a vassoura de Harry subiu também, nada impressionante.
Surpreendentemente Draco também ergueu a vassoura sem nenhum problema, e me olhou convencido com um ar orgulhoso, como se eu devesse o parabenizar por tal feito.
Apenas revirei os olhos e me virei para Ron que já estava impaciente.
— Suba! — Ele falou firme e já irritado e num solavanco a vassoura avançou rapidamente o acertando bem no nariz
Não consegui conter a risada, mesmo estando com pena do meu irmãozinho. Harry também gargalhava sem parar.
— Cala a boca, vocês dois! — Implicou ele segurando a vassoura com a mão
A de Hermione nem se mexia direito no chão, deve ser por causa do seu nervosismo, eu ainda não ia muito com a cara dela, mas resolvi ajudar.
— Se ficar nervosa, ela nunca vai subir, respira fundo e tenta de novo.
— Tá bom... — Ela respirou fundo fechando os olhos e estendeu a mão para a vassoura — Suba!
Rapidamente a vassoura avançou indo até a sua mão, ela se virou pra mim contente e sussurrrou um obrigado. Olhei para Lavender do meu lado esquerdo que já estava com a vassoura em mãos, pelo visto todos já tinham conseguido.
Ao notar, madame Hooch nos ensinou agora como montar na vassoura sem escorregar pela outra extremidade, começou a andar pelas fileiras de alunos corrigindo a forma que a pegavam. Deixei uma risada escapar quando ela falou que Draco segurava a vassoura errado havia anos.
— Quando eu apitar, dêem um impulso forte com os pés. — Ela começou a explicar — Mantenham as vassouras firmes, saiam alguns centímetros do chão e voltem a descer curvando o corpo um pouco para frente. Quando eu apitar... Três... Dois...
Neville parecia bem nervoso e assustado pois antes mesmo que o apito pudesse tocar os lábios da professora, ele deu um impulso forte com a vassoura. Todos viraram sua atenção para ele que desajeitado voava com ela a alguns metros do chão. A professora desesperada o mandava descer, mas ele claramente não conseguia.
Não demorou para que o garoto despencasse com a vassoura, caindo com o corpo em cima de sua mão, quebrando assim seu pulso. A professora correu até o menino enquanto nos alertava a ficarmos quietos no chão, sem voar, já que a mesma iria levar Neville até a ala hospitalar.
— Vocês viram a cara dele, o panaca? — Draco começou a rir do menino
Os outros alunos da Slytherin fizeram coro.
— Cala a boca, Malfoy! — Falei séria olhando diretamente em seus olhos
— Uuuh, olha só, a Weasley tá defendendo o Neville. — Pansy Parkison, uma garota da Slytherin, começou a rir — Não imaginei que gostasse de garotinhos atrapalhados, manteiguinhas derretidas.
Apenas revirei meus olhos, sem lhe dar atenção.
— Olha só! — Draco deu alguns passos e pegou algo que estava caído na grama — É aquela porcaria que a avó dele mandou.
— Me dá isso, Malfoy! — Harry falou sério
— Não, acho que vou deixar em algum lugar para que o Neville possa pegar! Em cima de uma árvore, talvez.
Draco tinha uma risada cínica estampada na cara, todos já tinham parado pra observar a semi discussão.
— Me dá isso! — Reforço a fala de Harry e dou alguns passos pra me aproximar de Malfoy, mas meu irmão me puxa pra trás
Harry se aproxima de Draco, mas o garoto já tinha pegado sua vassoura e saído do chão com o objeto. Ele não
mentira, sabia voar bem, e planando ao nível dos ramos mais altos de um carvalho desafiou:
— Venham buscar, Potter!? Weasley!?
Tento pegar minha vassoura e ir até ele, mas sou repreendida por Rony.
— Você tá louca? A professora disse pra ficar no chão, Rox! No chão!
— QUE FOI WEASLEY? NÃO VAI VIM ATRÁS DE MIM? — O loiro gritou do alto — QUE FOI? TÁ COM MEDINHO? OU É SEU IRMÃOZINHO QUE NÃO DEIXA?
— SEI O QUE ESTÁ TENTANDO FAZER MALFOY, NÃO VOU CAIR NESSA!
Cruzei meus braços o encarando e rindo. Ele continuava se exibindo com a sua vassoura e o lembrol de Neville, eu estava me segurando para não ir atrás dele. Harry parecia irritado e logo pegou sua vassoura pra ir na direção de Malfoy, Hermione ainda tenta o impedir, mas ele não a escutava.
Harry montou a vassoura, deu um impulso com força e subiu, subiu alto. Puxou a vassoura para o alto para subir ainda mais, ele voava tão bem que meu queixo quase caiu. As garotas ao meu redor deram gritos e exclamações. Eu fiz o mesmo, enquanto Rony dava um viva de admiração. Eu continuei observando o movimento lá em cima, até notar que Ron segurava minha capa.
— Precisa disso? — O olhei brava
— Você é louca, sei que não pensaria duas vezes até ir lá em cima. — Explicou sem desgrudar os olhos de Harry e Draco
Voltei meu olhar para lá e vi que os mesmos discutiam, porém não dava pra ouvir direito o que diziam.
— Parem com isso vocês! — Gritei impaciente
— Desça logo dessa droga, Harry! — Hermione também gritou
— Eles vão se encrencar. — Comentou uma garota ruiva de trancinhas
Harry de alguma forma sabia exatamente o que fazer, era como se já tivesse prática com a vassoura, curvou-se para frente a segurando com firmeza e disparou como uma lança na direção de Draco que só escapou por um tris; Harry fez uma curva fechada e manteve a vassoura firme, eu e Ron o aplaudimos pela façanha.
— Se quer tanto isso, a pegue então! — Draco gritou atirando a bolinha no ar e voltou para o chão
Eu estava totalmente irritada e pronta pra partir em cima dele, meus olhos em fogo.
— Seu tremendo idiota!
Ele nem sequer teve o trabalho de me responder, tinha uma postura confiante. Notei a gritaria e animação dos nossos colegas e virei-me percebendo que Harry estava voltando, caiu suavemente com a vassoura e o lembrol em mãos.
Fui até ele animada e bastante surpresa dele ter conseguido pegar o lembrol.
— Isso foi incrível! — Exclamei com um largo sorriso
— Não sabia que voava tão bem. — Ron prosseguiu animado
— Ah, nem eu sabia que conseguia fazer isso. — Ele falou modesto
— Isso foi muito irresponsável... — Granger disse com os braços cruzados
— Ah, deixa de ser chata...
Antes mesmo que eu pudesse prosseguir, sou interrompida pela voz da professora Minerva McGonogall.
— HARRY POTTER!
Harry perdeu a animação mais depressa do que quando mergulhara. A Professora tinha uma voz séria enquanto andava em direção a turma.
— Nunca... Em todo o tempo que estou em Hogwarts...
A Professora Minerva quase perdeu a fala de espanto e seus óculos cintilavam sem parar.
— Podia ter quebrado o pescoço...
— Não foi culpa dele, professora...
— Calada, Srta. Weasley.
— Mas Draco...
— Chega. Potter, me acompanhe, agora
Assim que Harry sai junto de Minerva, Draco muda drasticamente seu humor, abrindo um sorrisinho satisfeito. Eu tive que me segurar pra não quebrar a cara daquele branquelo metido.
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