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{01} O embarque na plataforma 9¾

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01. O embarque na
plataforma 9¾
           
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  Hogwarts, aí vou eu!
 
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     Lembro-me de estar em um jardim, um lindo jardim com flores de cores e tamanhos variados, sentia o vento bater em meus rosto e meu cabelo voava, me trazia uma sensação de liberdade, de que eu podia tudo. Me permiti abrir um sorriso e girar com as mãos abertas, sentindo o vento cada vez mais forte e tão gostoso. Até que...

  BUM!

  Abri meus olhos assustada, logo me sentando na cama e olhando para todos os lados do quarto a procura do local que vinha o barulho.

— Desculpa... — Sussurrou o garoto de cabelos ruivos e sardas sentado na outra cama que ficava do outro lado do quarto. Rony Weasley, meu irmão gêmeo, acabara de derrubar uma caixa que estava em cima do guarda-roupa e agora me olhava desconfiado — Só queria ver o que tem aqui.

   Suspirei e esfreguei meus olhos  enquanto deixava um bocejo escapar.

— Que horas são? — Perguntei virando-me para uma janelinha a um canto do quarto e percebendo que ainda estava escuro

— Três horas da manhã. — Ele se encolheu no seu canto quando eu me virei séria para ele

— Que diabretes você tem pra querer pegar aquela caixa às três horas da madrugada, Ronald!? — Esbravejei, meu rosto vermelho de fúria

— Desculpa, eu não consigo dormir. — Revelou ele, seu rosto apreensivo — Estava pensando, e se eu esqueci de colocar algo no malão, e se nós não formos para Gryffindor... e a Seleção, lembra o que o Fred e o George disseram? Eles falaram em uma luta com um trasgo, não sei se sou bom o suficiente em feitiços para enfrentar um trasgo.

   Eu suspirei, meu irmão sempre foi bastante medroso. E Fred e George, nossos irmãos – também gêmeos  dois anos mais velhos – viviam nos falando coisas horríveis de como acontecia a Seleção das casas de Hogwarts ( A escola de Magia e Bruxaria que estávamos para estudar ), eu não acreditava em nada... ou talvez sim. Será que vamos ter que enfrentar um trasgo?

— Olha... o Chay me disse que temos que dormir bem para estar descansados, o dia vai ser puxado e se vamos enfrentar um trasgo é bom estar bem acordado, não acha? — Propus tentando dar um sorriso sem demonstrar um leve toque de medo

  Ele suspirou, mas assentiu, enquanto se abaixava para olhar a caixa que ele derrubara do guarda-roupa, a mesma estava aberta e alguns objetos haviam saltado para fora.

— Ah, é só nossos antigos brinquedos. — Disse ele levantando um carrinho de madeira e uma miniatura de vassoura — Achei que era algo mais interessante.

   Deixei outro bocejo escapar, estava realmente cansada.

— Se você me acordar de novo eu juro que quebro sua cara! — Falei fazendo o garoto olhar para mim de olhos arregalados — Boa noite, irmãozinho, te amo.

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   Fechei os olhos por míseros segundos, ao menos foi o que pareceu, e já me vi ouvindo a voz de George tagarelando que mamãe mandara nos acordar. Não importava a hora que acordassemos, isso era fato, nunca, em hipótese alguma, conseguíamos sair de casa na hora certa, parecia que ‘estar atrasado’ constava na identidade dos Weasley.

— Aqui está, querida. — Mamãe acabara de entrar no meu quarto com uma enorme caixa branca e a depositava em cima da minha cama enquanto eu revisava pela vigésima vez as coisas do meu malão

— Bom, e o que seria isso? — Arqueei uma sobrancelha

— Suas roupas novas. — Revelou com um grande sorriso abrindo a caixa e retirando de dentro alguns vestidos, saias, blusinhas de cores em tons meigos, coisas floridas e outras barbaridades

— Isso é pra mim? — Ergui os olhos — Tipo pra mim? Tem certeza que não se enganou? O quarto da Ginny é o de baixo, mamãe.

— Roxanne! — Exclamou severamente — Essas roupas são pra você. Pra você levar pra Hogwarts.

— Mãe, eu não gosto de saias, mas valeu a tentativa, te amo, tenta de novo no ano que vem.

   Molly Weasley bufou. Eu amava a minha mãe, mas não era por causa disso que eu aceitaria ou estava entendendo essa bajulação toda.

— Não sei se você percebeu, mas suas vestes da farda de Hogwarts incluem uma saia, Roxanne.

  Arqueei uma sobrancelha lançando um olhar para as vestes negras dobradas a um canto.

— Mereço! — Revirei os olhos

— Você sempre quis vestidos, saias, roupas rosas, lembra? — Mamãe tentou sorrir, insistindo em me fazer olhar as novas roupas

— Eu tinha seis anos! — Resmunguei — E a senhora sempre me disse que não! Por que isso agora? Percebeu que eu sou uma garota só porque eu vou pra Hogwarts? Fala sério, mãe, não quero mais nada disso.

    Ela suspirou com uma mescla de irritação e tristeza.

— Termine de arrumar as malas e desça pra tomar café, está bem? — E saiu deixando-me mais um vez sozinha, porém agora cercada por roupas de patricinhas mimadas

   Minha infância havia sido meio conturbada, mas não era algo a que eu me dedicasse a lembrar, então, não queria pensar nisso agora, apenas queria dedicar meus pensamentos a Hogwarts, em breve eu estaria no trem, era o que importava.

   Depois de fechar a caixa e a jogar em cima do guarda-roupa, fiz duas tranças no meu cabelo, uma de cada lado e vesti uma roupa simples, jeans e suéter, trocaria pras vestes de Hogwarts no trem, não que eu estivesse animada para usar saias. Mais uma vez verifiquei a lista de Hogwarts para me certificar de que eu tinha tudo de que precisava, depois fui ver minha nova coruja. Mynes havia sido um presente de Charlie, meu segundo irmão mais velho, ele está na Romênia trabalhando com dragões, mas sempre trocamos cartas, então ele me deu sua coruja de presente, para que eu a levasse para Hogwarts. Olhei atentamente para a pequenina e observei se ela estava bem trancada na gaiola. Ok, eu estava pronta.
  
  Olhei-me no espelho mais uma vez e mesmo odiando o tanto de sardas que eu tinha, eu amava meus olhos azuis brilhantes, então sorri para o retrato, enquanto sussurrava:

Hogwarts, aí vou eu!

— Rox!? — Rony acabara de abrir a porta do quarto — Você não vai descer?

   Suspirei e sorri enquanto acompanhava meu irmão gêmeo na descida para cozinha.

    Papai não pode nos acompanhar para estação de King Cross, onde pegaríamos o trem, ele trabalhava no Ministério da Magia no escritório de Controle do Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas, e acabou tendo um problema, e por isso tendo que ir trabalhar. Meus irmãos mais velhos Bill e Charlie também estavam ocupados em seus trabalhos. Bill estava no Egito, onde trabalhava em Gringotes, o banco dos bruxos. Então apenas mamãe nos levaria a estação.

   Percy, que era meu terceiro irmão mais velho, estava mais irritante que o normal, estava em seu quinto ano de Hogwarts, como toda a família era da Gryffindor, e havia sido nomeado monitor da casa. Algo que ele repetira desde que as cartas chegaram trazendo seu novo distintivo. Não posso mentir, tive vontade de o socar umas vinte vezes só nas últimas semanas.

   Fred e George vinham depois de Percy, também da Gryffindor e estavam igualmente animados para retornar a Hogwarts, e não paravam de falar sobre algo que um tal amigo deles chamado 'Lee Jordan' levaria esse ano.

   Ginny era a mais nova, o que significava que ainda não podia ir pra Hogwarts, apenas no ano que vem, nós duas não nos falavamos muito, mas notei o quanto ela estava irritada de mais um ano não poder ir para a escola, dessa vez seria apenas eu e Rony.

— Todo ano é a mesma coisa, cheio de trouxas, é claro... — Mamãe ia resmungando pela plataforma enquanto andava a frente com Ginny agarrada a seu braço

   Eu e meus irmãos indo atrás, cada um com um empurrando um carrinho que guardava nossos malões. Paramos então próximo à duas plataformas, mamãe se virou para nos olhar.

— Agora, qual é o número da plataforma, mesmo? — Perguntou

— Nove e três quartos, mamãe. — Respondi apoiando minha cabeça no local de empurrar o carrinho

— Mamãe, não posso ir... — Começou Ginny com sua voz naturalmente mimada de sempre

— Você ainda não tem idade, Ginny, agora fique quieta. Está bem, Percy, você vai primeiro.

    Percy marchou em direção às plataformas nove e dez, assim que chegou à linha divisória entre as duas plataformas, um grande grupo de turistas invadiu a plataforma à frente dele e quando a última mochila acabou de passar, meu irmão havia desaparecido.

— Fred, você agora. — Mandou mamãe

— Eu não sou o Fred, sou o George. — Retrucou o menino, e eu revirei os olhos. Só porque eram idênticos, eles amavam fazer isso, um ficar se passando pelo outro — Francamente, mulher, você ainda diz que é nossa mãe? Não consegue ver que sou o George?

— Desculpe querido, pode ir George.

— É brincadeira, eu sou o Fred. — Disse o menino, e foi. O irmão gêmeo gritou para ele se apressar, e ele atendeu, um segundo depois, sumiu, e George foi logo atrás dele

   Mamãe riu e se virou para mim e Rony.

— Só faltou vocês dois se passarem um pelo outro agora.

   Eu e Rony apenas rimos se entreolhando.
  
— Com licença. — Nos viramos quando um menino de cabelos castanhos bagunçados, óculos remendados e vestes largas se aproximou, ele também empurrava um carrinho, e uma gaiola com uma linda coruja branca

— Olá, querido. É a primeira vez que vai a Hogwarts? O Rony e a Rox são novos também.

   Ela apontou mim e Rony que sorrimos para o garoto.

— É. — Respondeu ele — A coisa é... a coisa é que não sei como...

— Como chegar à plataforma? — Disse mamãe com bondade, e o menino concordou com a cabeça — Não se preocupe. Basta caminhar diretamente para a barreira entre as plataformas nove e dez. Não pare e não tenha medo de bater nela, isto é muito importante. Melhor fazer isso meio correndo se estiver nervoso. Vá, vá antes de Rox.

— Hum... OK.

  O garoto se virou e encarou a barreira, mas logo saiu correndo e a atravessou.

— Primeiro você Rox, Rony você vai logo depois dela, certo?

   Dei um sorriso convencida para Rony e virei o carrinho para encarar a barreira. Então comecei a andar em direção a ela. As pessoas a caminho das plataformas nove e dez me empurravam. Apertei minhas mãos com força na barra de segurar do carrinho, olhando firmemente para a barreira no meio das plataformas, abaixei um pouco sobre a barra, ganhando velocidade e corri, logo atravessando em questão de segundos.
  
    Uma locomotiva vermelha a vapor estava parada à plataforma apinhada de gente. Um letreiro no alto informava Expresso de Hogwarts, 11 horas. Olhei para trás e vi um arco de ferro forjado no lugar onde estivera um coletor de bilhetes, com os dizeres Plataforma nove e três quartos.
   
   A fumaça da locomotiva se dispersava sobre as cabeças das pessoas que conversavam, enquanto gatos de todas as cores trançavam por entre as pernas delas. Corujas piavam umas para as outras, descontentes, sobrepondo-se à balbúrdia e ao barulho das malas pesadas que eram arrastadas.

   Os primeiros vagões já estavam cheios de estudantes, uns debruçados às janelas conversando com as famílias, outros brigando por causa dos lugares.

— Espero que ainda tenha um bom lugar. — Resmunguei para Rony que acabara de aparecer ao meu lado

— Eu também. — Suspirou ele

   Empurrei o carrinho pela plataforma procurando um lugar vago, Rony vinha atrás de mim. Passamos por um garoto de rosto redondo que estava dizendo:

— Vó, perdi meu sapo outra vez.

— Ah, Neville. — Ouvi a senhora suspirar

   Um garoto com cabelos rastafári estava cercado por um pequeno grupo de meninos.
  
— Deixe a gente espiar, Lee, vamos.

   O menino levantou a tampa de uma caixa que carregava nos braços e as pessoas em volta deram gritos e berros quando uma coisa dentro da caixa esticou para fora uma perna comprida
e peluda.

  Rony agarrou meu braço e eu arregalei os olhos dando passos pra trás.

— Aranha. Aranha. Aranha. — Repeti ainda com os olhos enormes como duas laranjas e sentindo-me tremer um pouco

— Rony? Rox? — Mamãe vinha em nossa direção com Ginny e nos chamava — Por que saíram correndo? Eu não mandei me esperarem.

   Eu e Rony nos entreolhamos e voltamos a olhar para mamãe, dizendo ao mesmo tempo:

— Não.

— Ok, onde estão Fred e George? — Ela começou a olhar a volta a procura dos dois

   Agarrando a mão de Ginny e se esticando para olhar os compartimentos do trem, mamãe foi andando, eu e Rony a acompanhamos.

— Fred? George? Vocês estão aí? — Chamou ela quando chegamos nos últimos compartimentos do trem

— Estamos indo, mamãe. — Responderam os dois em coro saltando para fora do trem

   Eu fiquei na ponta dos pés para olhar as pessoas a volta, só notei quando mamãe puxara um lenço.
  
— Rony, você está com uma coisa no nariz.

   Rindo observei meu irmão tentar fugir,, mas ela o agarrou e começou a limpar a ponta do nariz dele.

— Mamãe, sai para lá. — Desvencilhou-se

— Aaaah, o Roniquinho está com uma coisa no nariz? — Caçoou Fred

— Cale a boca. — Disse Rony

— Onde está o Percy? — Perguntou mamãe

— Está vindo aí.

   Percy vinha vindo. Já vestira as vestes largas e pretas de Hogwarts e tinha colocado seu distintivo de prata reluzente com a letra M. Revirei os olhos só de o ver.
  
— Não posso demorar, mãe. — Falou ele — Estou lá na frente, os monitores têm dois vagões separados...

— Ah, você é monitor, Percy. — Peerguntou Fred, com ar de grande surpresa — Devia ter avisado, não fazíamos ideia.

— Espere aí, acho que me lembro de ter ouvido ele dizer alguma coisa. — Disse George — Uma vez...

— Ou duas...

— Um minuto...

— O verão todo.

— Ah, calem a boca. — Disse Percy, o monitor.

— Afinal por que foi que o Percy ganhou vestes novas? — Resmungou Fred

— Porque é monitor. — Disse a mãe com carinho

— Eu estava prestes a dizer que gostaria de ser monitora, mas só de pensar que é algo que Percy é e tem orgulho, até mudei de idéia. — Comentei cruzando os braços e fazendo Percy revirar os olhos

   Mamãe, que fingira não ouvir o que eu disse, meramente olhou para Percy e disse:
  
— Está bem, querido, tenha um bom ano letivo... mande-me uma coruja quando chegar.

   Ela o beijou no rosto e ele foi embora. Então virou-se para os gêmeos.
  
— Agora, vocês dois: este ano, se comportem. Se receber mais uma coruja dizendo que vocês... vocês explodiram um banheiro ou...

— Explodiram um banheiro? Nunca explodimos um banheiro.

— Mas é uma grande ideia, obrigado, mamãe.

— Não tem graça. E cuidem do Rony e da Rox.

— Não se preocupe, o Roniquinho e a Roxanezinha estão seguros com a gente.

— Tenho é medo desse “seguros”. — Resmunguei pra mim mesma

— Cale a boca. — Mandou Rony outra vez para Fred e George. Ele já era quase tão alto quanto os gêmeos, diferente de mim que sempre fui bem mais baixa que ele. O nariz de Rony continuava vermelho onde mamãe o esfregara

— Rox. — Chamou mamãe de repente — Olhe pra mim, acho bom você tomar muito cuidado com quem faz amizade em Hogwarts, nem todos são pessoas boas e não quero saber de você andando com alguém da Slytherin.

— Pera... o quê? — Ergui as sobrancelhas — Por que eu iria querer fazer amizade com o pessoal de lá, e... por que essa regra só vale pra mim?

   Será que ela tinha idéia do tão estranho foi sua frase?
  
— Só escute o que eu estou dizendo, Roxanne!

— Ei, mãe, adivinha? Adivinha quem acabamos de encontrar no trem? — Falou Fred — Sabe aquele menino de cabelos pretos que estava perto da gente na estação? Sabe quem ele é?

— Quem?

— Harry Potter! — Falou George

   Arregalei meus olhos, mas Ginny me superou.

— Ah, mamãe, posso subir no trem para ver ele, mamãe, ah, por favor...

— Você já o viu, Ginny, e o coitado não é um bicho de zoológico para você ficar olhando. É ele mesmo, Fred? Como é que você sabe?

— Perguntei a ele. Vi a cicatriz. Está lá mesmo, parece um raio.

— Coitadinho. Não admira que estivesse sozinho. Foi tão educado quando me perguntou como entrar na plataforma.

— Deixa para lá, você acha que ele se lembra como era o Você-Sabe-Quem?

   De repente mamãe ficou muito séria.
  
— Proíbo-lhe de perguntar a ele, Fred. Não, não se atreva. Como se ele precisasse de alguém para lhe lembrar uma coisa dessas no primeiro dia de escola.

— Está bem, não precisa ficar nervosa.

   Ouvimos um apito.
  
— Depressa! — Disse mamãe, e nós quatro subimos no trem. Debruçando-se na janela para mamãe nos dar um beijo de despedida e Ginny começou a chorar

— Não chore, Ginny, vamos lhe mandar um monte de corujas. — Assegurou Fred

— Vamos lhe mandar uma tampa de vaso de Hogwarts.

— George!

— Estou só brincando, mamãe.

   O trem começou a andar. Mamãe acenou, enquanto Ginny, meio risonha, meio chorosa, correu para acompanhar o trem até ele ganhar velocidade e ela ficar para trás acenando.

   Observei as duas desaparecerem quando o trem fez a curva. As casas passaram num relâmpago pela janela. Comecei a me sentir mais animada, quando eu e Rony andamos até uma cabine.  Eu a abri e nós dois entramos.

— Tem alguém sentado aqui? — Perguntou Rony apontando para o assento em frente ao garoto, que reconheci ser o mesmo de mais cedo

— O resto do trem está cheio. — Acrescentei abrindo um semi-sorriso

   Ele respondeu que não, com um aceno de cabeça, e eu e Rony nos sentamos. Olhamos para o garoto e em seguida depressa para fora, fingindo que não tinhamos olhado.

— Oi, coisa um e coisa dois.

   Os gêmeos estavam de volta. Revirei os olhos para os dois, odiava quando nos chamavam assim.
  
— Escutem aqui, vamos para o meio do trem. Lee Jordan trouxe uma tarântula gigante.

— Certo. — Resmungou Rony

— Olha minha cara de que se importa pra tarântula do Lee Jordan. — Revirei os olhos para os dois enquanto apontava para meu rosto

— Harry. — Disse Fred olhando para o menino a nossa frente — Nós já nos apresentamos? Fred e George Weasley. E estes são Rony e Rox, nossos irmãos mais novos, são gêmeos também, cópias baratas, entende? Vejo vocês mais tarde, então.

— Tchau. — Dissemos eu, Rony e o menino. Os gêmeos fecharam a porta da cabine ao passar.

— Você é Harry Potter mesmo? — Rony deixou escapar

   Ele confirmou com a cabeça e eu deixei escapar um “Uau”.
  
— Ah, bom, pensei que fosse uma brincadeira do Fred e do George. — Falei com um sorriso — E você tem mesmo... sabe...

— Sim, você tem? — Perguntou Rony e apontou para a testa de Harry

   Harry afastou a franja para mostrar a cicatriz em forma de raio. Rony e eu olhamos, depois nos entreolhamos, logo olhando de novo.
  
— Então foi aí que Você-Sabe-Quem...?

— Hey. — Dei um tapa no ombro do meu irmão — Não fala disso, Ron.

   Ele se virou bravo para mim, estava prestes a bater de volta quando Harry disse:

— Não, tá tudo bem... e sim foi aqui, mas não me lembro.

— De nada? — Perguntei, ansiosa

— Bom... lembro de muita luz verde, mas nada mais.

— Uau. — Eu e Rony ficamos parados uns minutos olhando para Harry, depois, como se de repente tivesse me dado conta do que estava fazendo, dei uma cotovelada em Rony e olhei depressa para fora da janela outra vez

— Vocês são mesmo gêmeos? — Perguntou Harry

  Nesse momento eu sorri quando voltei a o olhar.

— Eu sei, eu sei. Não parece, né? Eu sou super linda e ele é um mané. — Falei ironicamente e gargalhando, Rony me deu um peteleco na cabeça

— Sim, essa idiota é minha irmã gêmea. Pelo menos é o que a mamãe diz, eu ainda acho que encontraram ela no esgoto. — Retrucou ele no que eu lhe devolvi o tapa

— Todos na família de vocês são bruxos? — Perguntou Harry, meio intrigado nos vendo brigando

— Hum... — Parei para pensar — São, acho que sim. Acho que mamãe tem um primo em segundo grau que é contador, mas ninguém nunca fala nele.

— Então você já deve saber muitas mágicas.

— Sabemos tanto quanto você. — Comentei rindo — Não é a toa que estamos indo para o primeiro ano também. Mas, assim que eu aprender alguma Azaração pode ter certeza que o Rony vai ser meu cobaia.

     Ele me olhou bravo, mas logo se voltou para Harry perguntando:

— Ouvi dizer que você foi viver com os trouxas. Como é que eles são?

— Horríveis... bom, nem todos. Mas minha tia e meu tio e meu primo são, eu gostaria de ter tido três irmãos bruxos.

— Eu tenho seis... — Comecei a falar, mas Ron me Interrompeu

— São sete, e a Ginny?

— A Ginny ainda não é uma bruxa, ela não recebeu a carta!

— Ah, é...

   Voltei a olhar para Harry enquanto continuava a contar.

— Eu e o Ron somos os sextos da família a ir para Hogwarts. Pode-se dizer que temos de fazer justiça ao nosso nome. Bill e Charlie já terminaram a escola. Bill foi chefe dos monitores e o Chay foi capitão do time de quadribol, o melhor apanhador que aquela escola já viu vale acrescentar. Agora Percy é monitor. Fred e George fazem muita bagunça, mas tiram notas muito boas e todo mundo acha que eles são realmente engraçados. Todos agora esperam que nós nos saíamos tão bem quanto os outros.

— Mas, se nos sairmos bem, não será nada de mais, porque eles fizeram isso primeiro! — Rony rosnou emburrado

— Isso nem é o pior! — Cruzei os braços — Ainda tem o fato que não se ganha nada novo quando se tem seis irmãos mais velhos, digo seis, porque querendo ou não, o bonito aqui ainda é dez minutos mais velho que eu.

— Você reclama demais, olha só pra mim? Uso as vestes velhas de Bill, a varinha velha de Charlie e o rato velho de Percy. Pelo menos você ganhou uma coruja.

— A coruja também é velha, a Mynes era do Charlie, lembra? Tem idéia de quantos anos isso aqui deve ter?

— Acho difícil ser mais que o rato.

   Rony meteu a mão no bolso interno do paletó e tirou um rato cinzento e gordo que estava dormindo, mostrou-o a Harry.
  
— O nome dele é Perebas e ele é inútil, quase nunca acorda. Percy ganhou uma coruja do papai por ter sido escolhido monitor, mas eles não podiam ter... quero dizer, em vez disso ganhei Perebas.

  As orelhas de Rony ficaram vermelhas e eu o dei uma cotovelada, ele já estava falando demais, entendendo o recado, Rony voltou a olhar para fora pela janela.
 
   Harry porém parecia não achar nada de mais que alguém não tivesse dinheiro para comprar uma coruja. Então começou a nos falar um pouco como era sua vida até um mês atrás, e que nunca teve dinheiro pra nada, e disse também o que sentira quando usava as roupas velhas de seu primo Duda e jamais ganhara um presente de aniversário decente. Isto meio que animou a mim e Rony um pouco, nos tirando um pouco a vergonha.

— ... e até Rúbeo me contar, eu não sabia o que era ser bruxo nem quem eram meus pais nem o Voldemort.

   Rony ficou pasmo e eu levei as mãos a boca.
  
— Que foi?

— Você disse o nome do Você-Sabe-Quem! — Exclamei ao mesmo tempo chocada e impressionada — Eu achava que de todas as pessoas você...

— Não estou tentando ser corajoso nem nada dizendo o nome dele. É que nunca soube que não se podia dizer. Está vendo o que quero dizer? Tenho muito o que aprender... aposto que vou ser o pior da classe.

— Não vai ser, não. Tem uma porção de gente que vem de famílias de trouxas e aprende bem depressa. — Disse-lhe Rony

— E pessoas de famílias sangue-puro que não sabem de nada. — Falei calmamente — Meu irmão é um exemplo... Ai, Rony! Se você me bater de novo vou escrever uma carta pra mamãe!

   Enquanto conversávamos, o trem saiu de Londres. Agora corria por campos cheios de vacas e carneiros. Ficamos calados por um tempo, contemplando os campos e as estradinhas passarem num lampejo.

   Por volta do meio-dia e meia ouvimos um grande barulho no corredor e uma mulher toda sorrisos e covinhas abriu a porta e perguntou:
  
— Querem alguma coisa do carrinho, queridos?

   Harry ergueu-se de um salto, mas as minhas orelhas ficaram vermelhas, assim como as de Rony e murmuramos que trouxemos sanduíches. Era óbvio que mamãe não nos dera dinheiro. Harry, no entanto, foi até o corredor, voltando com uma porção de Feijõezinhos de todos os sabores, balas de goma, chicles de bola, sapos de chocolate, tortinhas de abóbora, bolos de caldeirão, varinhas de alcaçuz e vários outros doces.

   Rony e eu arregalamos os olhos quando ele despejou tudo no assento vazio.

— Que fome, hein? — Comentei

— Morrendo de fome. — Respondeu Harry, dando uma grande dentada na tortinha de abóbora

   Rony tirara um embrulho encaroçado e abriu-o, eu fiz o mesmo com meu. Havia quatro sanduíches dentro de cada um deles. Meu irmão abriu um e disse:

— Ela sempre se esquece de que não gosto de carne enlatada.

— O meu é de bacon. — Suspirei — Quantas vezes vou ter que dizer que não como carne de porco pra ela entender?

— Troco com vocês por um desses. — Propôs Harry, oferecendo dois pastelão de carne —Tomem...

— Você não vai querer isso, é muito seco. Ela não tem muito tempo — Acrescentou Rony depressa — Você sabe, somos seis.

— Tomem, comam um pastelão. — Disse Harry. Eu e Rony nos entreolhamos, mas logo sentamos um de cada lado de Harry

   Era uma sensação gostosa, sentar-se ali com eles, acabar com todas as tortas e bolos de Harry (os sanduíches ficaram esquecidos).

— Que é isso? — Perguntou Harry para nós, mostrando um pacote de sapos de chocolate — Eles não são sapos de verdade, são?

— Não. — Eu ri — Mas vê qual é a figurinha, está me faltando a Agripa.

— O quê?

— Claro que você não sabe. — Bati com a mão no rosto — Os sapos de chocolate têm figurinhas dentro, sabe, para colecionar, bruxas e bruxos famosos. Tenho umas quinhentas, mas não tenho a Agripa nem o Ptolomeu.

— Eu não tenho o Stump nem a Clagg. — Disse Rony

   Harry abriu o sapo de chocolate e puxou a figurinha. Era a cara de um homem. Usava óculos de meia-lua, tinha um nariz comprido e torto, cabelos esvoaçantes cor de prata, barba e bigode. Sob o retrato havia o nome Alvo Dumbledore.

— Então este é Dumbledore! — Exclamou Harry.

— Não me diga que nunca ouviu falar de Dumbledore! — Me admirei — Quer me dar um sapo? Quem sabe eu tiro a Agripa. Obrigada.

— Ele desapareceu! — Exclamou Harry de repente depois de passar um sapo de chocolate também para meu irmão

— Ora, você não pode esperar que ele fique aí o dia todo, não é? — Ri novamente da inocência do garoto em relação as coisas bruxas — Depois ele volta. Não, tirei a Morgana outra vez e já tenho umas seis... você quer? Pode começar a colecionar.

   O garoto apanhou a figurinha e eu me voltei para Ron.

— Quem você tirou?

    Ele levantou o cartão mostrando a Clagg, todo convencido e orgulhoso. Eu revirei os olhos irritada pela sorte que ele tinha. Delicadamente os meus olhos e os do meu irmão se desviaram mais uma vez para a pilha de sapos de chocolate que continuavam fechados.

— Sirvam-se. — Disse Harry — Mas, sabem, no mundo dos trouxas, as pessoas ficam paradas nas fotos.

— Ficam? O quê, eles não se mexem? — Rony se surpreendeu, e eu arregalei os olhos — Que coisa esquisita!

— Decididamente estranho. — Soltei um risinho — Os trouxas são tão esquistos, hem.

   Rony estava mais interessado em comer os sapos do que em olhar os bruxos e bruxas famosos, mas Harry não conseguia despregar os olhos deles enquanto observava eu os abrindo. Logo não tinha só Dumbledore e Morgana, como também Hengisto de Woodcroft, Alberico Grunnion, Circe, Paracelso e Merlim. Por fim ele despregou os olhos da druída Cliodna que estava coçando o nariz, para abrir o saquinho de feijõezinhos de todos os sabores.

— Você vai ter que tomar cuidado com essas aí. — O alertei — Quando dizem todos os sabores eles querem dizer todos os sabores. Sabe, todos os sabores comuns como chocolate, morango, hortelã e laranja, mas também tem espinafre, fígado e bucho. George achou que sentiu gosto de bicho-papão uma vez. Acredite se quiser, até cera de ouvido tem aí.

   Peguei uma balinha amarela e com grande receio, eu o mordi.
  
— Ah, é de laranja. — Sorri feliz e joguei-o na boca

   Rony, dando de ombros, apanhou uma balinha verde, examinou atentamente e mordeu uma ponta.
  
— Eca! Couve-de-bruxelas.

   Nos divertimos então comendo as balas. Eu tirei torrada, coco, feijão cozido, morango, caril, capim, café, sardinha e cheguei a reunir coragem para morder a ponta de uma bala cinzenta meio gozada que Rony não queria pegar, e que era pimenta.

   Os campos que passavam agora pela janela estavam ficando mais silvestres. As plantações tinham desaparecido. Agora havia matas, rios serpeantes e morros verde-escuros. Ouvimos uma batida à porta da cabine e o menino de rosto redondo, por quem eu e Rony passamos na plataforma nove e três quartos, entrou. Parecia choroso.

— Desculpem, mas vocês viram um sapo?

    Quando nós três sacudimos a cabeça, ele chorou.
   
— Perdi ele! Está sempre fugindo de mim!

— Não se preocupe, logo ele aparece. — O consolei

— Vai. — Disse o menino, infeliz — Se você vir ele...

   E saiu.
  
— Não sei por que ele está tão chateado. — Disse Rony — Se eu tivesse trazido um sapo ia querer perder ele o mais depressa que pudesse. Mas trouxe Perebas, por isso nem posso falar nada.

   O rato continuava a tirar sua soneca no colo de Rony.
  
— Ele podia estar morto e ninguém ia saber a diferença. — Disse Rony, desgostoso — Tentei mudar a cor dele para amarelo para deixar ele mais interessante, mas o feitiço não deu certo. Vou-lhe mostrar. Olhe...

  Remexeu na mala e tirou sua varinha. Estava lascada em alguns pontos e havia uma coisa branca brilhando na ponta.

— O pelo do unicórnio está quase saindo. Em todo o caso...

   Tinha acabado de erguer a varinha quando a porta da cabine abriu outra vez. O menino sem o sapo estava de volta, mas desta vez vinha uma garota em sua companhia. Ela já estava usando as vestes novas de Hogwarts.

— Alguém viu um sapo? Neville perdeu o dele. — Tinha um tom de voz mandão, os cabelos castanhos muito cheios e os dentes da frente meio grandes

— Já dissemos a ele que não vimos o sapo. — Respondi

    Mas a menina não estava escutando, estava com os olhos direcionados na varinha do meu irmão.
   
— Você está fazendo mágicas? Quero ver.

   Sentou-se. Rony pareceu desconcertado.
  
— Hum... está bem.

   Pigarreou.

— Sol, margaridas, amarelo maduro, muda para amarelo esse rato velho e burro.

   Ele agitou a varinha, mas nada aconteceu. Perebas continuou cinzento e completamente adormecido.

— Você tem certeza de que esse feitiço está certo? — Perguntou a menina — Bem, não é muito bom, né?

  A olhei séria com uma sobrancelha arqueada. Ela estava caçoando do meu irmão, só eu podia caçoar ele.

— E você é a sabe-tudo, não é? Mostra aí algum feitiço já que você é a expert.

   Ela me olhou e deu de ombros sem ligar para o meu comentário, logo tornando a falar.
  
— Experimentei uns feitiços simples só para praticar e deram certo. Ninguém na minha família é bruxo, foi uma surpresa enorme quando recebi a carta, mas fiquei tão contente, é claro, quero dizer, é a melhor escola de bruxaria que existe, me disseram. Já sei de cor todos os livros que nos mandaram comprar, é claro, só espero que seja suficiente; aliás, sou Hermione Granger, e vocês quem são?

   Ela disse tudo isso muito depressa. Nós três nos entreolhamos, ambos meio espantados, óbvio que nenhum de nós tinha aberto os livros nas férias. Eu revirei os olhos para a sabe-tudo e cruzei os braços.

— Sou Rony Weasley e a estressadinha é minha irmã gêmea Rox.

   Estressada?? Eu defendo ele e é isso que eu  ganho?

— Prazer. — Disse ela com cara de enojada, e se voltou para olhar Harry que logo se apresentou

— Harry Potter.

— Verdade? Já ouvi falar de você, é claro. Tenho outros livros recomendados, e você está na História da magia moderna e em Ascensão e queda das artes das trevas e em Grandes acontecimentos
mágicos do século XX.

— Estou? — Admirou-se Harry sentindo-se confuso

— Nossa, você não sabia, eu teria procurado saber tudo que pudesse se fosse comigo. — Disse Hermione — Já sabem em que casa vão ficar? Andei perguntando e espero ficar na Gryffindor, me parece a melhor, ouvi dizer que o próprio Dumbledore foi de lá, mas imagino que a Ravenclaw não seja muito ruim... Em todo o caso, acho melhor irmos procurar o sapo de Neville. E é melhor vocês se trocarem, sabe, vamos chegar daqui a pouco.

   E foi-se embora, levando o menino sem sapo.
  
— Seja qual for a minha casa, espero que ela não esteja lá. — Comentei revirando os olhos

   Rony concordou comigo enquanto
jogava a sua varinha de volta na mala.

— Feitiço besta. Foi o George que me ensinou, aposto que sabia que não prestava.

— Com certeza sabia. — Suspirei — Eu já te disse pra não acreditar em nada que eles dizem, mas você não me ouve.

— Em que casa estão os seus irmãos? — Harry perguntou de repente

— Gryffindor. — Disse Rony. A tristeza parecia estar se apoderando dele outra vez — Mamãe e papai estiveram lá também. Não sei o que vão dizer se eu não estiver. Acho que a Ravenclaw não seria muito ruim, mas imagine se me puserem na Slytherin.

   Eu deixei uma gargalhada escapar.

— Você tem razão. Merlim que nos livre dessa vergonha.

— É a casa em que Vol... quero dizer, Você-Sabe-Quem esteve? — Harry perguntou

— É. — Respondi, enquanto Rony afundava novamente no assento, parecendo deprimido

   Harry então começou a perguntar sobre o que Bill e Charlie faziam já que terminaram Hogwarts e desse assunto fomos para o roubo no Gringotes e depois estávamos a falar de quadribol, indo de um assunto a outro, estávamos nos divertindo.

    Então novamente a porta da cabine foi bruscamente aberta. Três garotos entraram, dois deles eram enormes, pareciam ser guarda-gostas do menino do meio, que era mais de baixo, pálido com cabelos louros-brancos e olhos cinzentos.
   
— Então é verdade? — Perguntou olhando com nítido interesse para Harry — Estão dizendo no trem que Harry Potter está nesta cabine. Então é você?

— Sou. — Respondeu Harry.

— Estes são Crabbe e Goyle. — Apresentou o garoto pálido displicentemente, notando o interesse de Harry — E sou Malfoy. Draco Malfoy.

   Rony tossiu de leve, o que poderia estar escondendo uma risadinha. Risadinha totalmente sem coerência. Malfoy olhou para ele.
  
— Acha o meu nome engraçado, não é? — Ele perguntou sério olhando de cima a baixo para o meu irmão — Nem preciso perguntar o seu. Cabelos ruivos, vestes de segunda mão. Você deve ser um Weasley. Com certeza é, meu pai me contou que todos os Weasley têm cabelos ruivos e sardas e mais filhos do que podem sustentar.

   Rony abaixou a cabeça chateado e eu senti uma fúria crescer em mim. Me coloquei de pé me aproximando do loiro que pareceu se assustar, pois deu um passo para trás.

— Escuta aqui, seu fantasminha. Qual o seu problema, hem!? Ver se toma um pouco de sol, quem sabe assim você ganha um pouquinho de cor!

— E quem seria você? — Espremeu os olhos pra mim — Irmã dele por acaso?

— Sou sim! E não me envergonho de ser uma Weasley! Você quem deveria se envergonhar de ser um idiota!

    O albino me olhou com ódio, mas como, provavelmente, não sabia o que responder ele me empurrou para o lado voltando a olhar Harry.

— Você logo vai descobrir que algumas famílias de bruxos são bem melhores do que outras, Harry. Você não vai querer fazer amizade com as ruins, não é? E eu posso ajudá-lo nisso.

   Ele estendeu a mão para apertar a de Harry, mas Harry surpreendentemente não a apertou.
  
— Eu posso ver sozinho quem é a pessoa errada. — Disse com frieza

   Eu tive que me segurar para não rir dele. Malfoy estava tão sério que chegou a parecer que ele nunca tinha recebido um não na vida.

— Ouviu? Ninguém quer você aqui. Cai fora!

   Ele me olhou com fúria, mas não falou coisa alguma, apenas deu passos pra trás e felizmente foi embora da cabine
levando com eles seus dois cãos de guarda.

— Você já conhecia esse panaca? — Perguntei interessada à Harry, tornando a me sentar

   Harry nos contou o encontro, nada legal deles no Beco Diagonal.
  
— Já ouvimos falar na família dele. — Disse Rony, sombrio — Foram os primeiros a voltar para o nosso lado depois que Você-Sabe-Quem desapareceu. Disseram que tinham sido enfeitiçados.

— Mas papai não acredita nisso. — Completei — Ele diz que o pai de Draco não precisou de desculpa para se bandear para o lado das Trevas. — E abaixei meu olhar para o meu relógio de pulso — Acho melhor vestirmos logo as vestes de Hogwarts, devemos estar quase chegando.

   E abri o meu malão tirando enojada as vestes da escola que incluíam uma saia.

— Eu detesto saias! — Resmunguei

   Ron já estava remexendo suas coisas no malão. Eu olhei pela janela e percebi que estava escurecendo. Vi montanhas e matas sob um céu arroxeado. O trem parecia estar diminuindo a velocidade.

— Er... — Disse Harry de repente fazendo eu e Ron o olharmos — Você não vai sair?

— Eu? — Franzi a testa

— É, sabe...

— Por que eu ia sair?

— Pra eu e o Rony trocarmos de roupa.

— Mas eu não tô com as mãos de vocês. Podem trocar.

— Mas, você... er... menina, e tipo... er... estranho...

   Eu e Ron nos entreolhamos intrigados e voltamos a olhar pra ele. Eu não entendia onde ele queria chegar.

— Ela é minha irmã gêmea, cara. — Disse Rony como se dissesse “Por que ela precisa sair?”

— Pode se vestir, eu não vou devorar vocês só porque sou... “menina”. — Fiz aspas no menina e dei uma risadinha, eu fui criada como um menino, ouvir isso de Harry foi bastante estranho

  Dei de ombros e retirei meu suéter, logo começando a vestir a blusa branca social do uniforme, Harry meio que arregalou os olhos, mas depois virou de costas.
 
— O que foi?

   Ele não falou coisa alguma, então voltei a vestir as vestes longas e pretas, Rony fazia o mesmo e depois Harry nos imitou.

   Uma voz ecoou pelo trem:

— Vamos chegar a Hogwarts dentro de cinco minutos. Por favor deixem a bagagem no trem, ela será levada para a escola.

   O meu estômago revirou de nervoso e reparei que Rony parecia pálido sob as sardas, enquanto Harry estava igualmente apreensivo. Nós três enchemos os bolsos com o resto dos doces e nos reunimos à garotada que apinhava os corredores. Eu estava definitivamente desconfortável com a saia, porém, o fato de estar com
meia-calça me deixava um pouco melhor.

   O trem foi diminuindo a velocidade e finalmente parou. As pessoas se empurraram para chegar à porta e descer na pequena plataforma escura. Eu estremeci ao ar frio da noite. Então apareceu uma lâmpada balançando sobre as cabeças dos estudantes e uma voz.

— Alunos do primeiro ano! Primeiro ano aqui! Tudo bem, Harry?

    Era um homem muito grande, quase parecia um gigante, seu rosto era peludo e ele sorria pra Harry por cima de um mar de cabeças.
   
— Vamos, venham comigo. Mais alguém do primeiro ano?

— Conhece? — Perguntei pra Harry

— É o Rúbeo Hagrid, guardião das chaves de Hogwarts.

   E aos escorregões e tropeços, seguimos o tal Hagrid por um caminho de aparência íngreme e estreita. Estava tão escuro em volta que eu achei que devia haver grandes árvores ali. Ninguém falou muito. Neville, o menino que vivia
perdendo o sapo, fungou umas duas vezes.

— Vocês vão ter a primeira visão de Hogwarts em um segundo. — Hagrid gritou por cima do ombro — Logo depois dessa curva.

    Ouviu-se um Aooooooh muito alto.
   
   O caminho estreito se abrira de repente até a margem de um grande lago escuro. Encarrapitado no alto de um penhasco na margem oposta, as janelas cintilando no céu estrelado, havia um imenso castelo com muitas torres e torrinhas. Senti borboletas no meu estômago, uma mescla de nervosismo e ansiedade.

— Só quatro em cada barco! — Gritou Hagrid, apontando para uma flotilha de barquinhos parados na água junto à margem

   Eu, Rony e Harry fomos seguidos até o barco por Neville. Hermione fazia companhia a umas garotas em outro barco, senti pena delas ao ver que a menina não parava de falar.

— Todos acomodados? — Gritou Hagrid, que tinha um barco só para si — Então... VAMOS!

   E a flotilha de barquinhos largou toda ao mesmo tempo, deslizando pelo lago que era liso como um vidro. Todos estavam silenciosos agora, os olhos fixos no grande castelo no alto. A construção se agigantava à medida que os barcos iam se aproximando do penhasco em que estava situado.

— Abaixem as cabeças! — Berrou Hagrid quando os primeiros barcos chegaram ao penhasco; todos abaixaram as cabeças e os barquinhos atravessaram uma cortina de hera que ocultava uma larga abertura na face do penhasco

   Fomos impelidos por um túnel escuro, que parecia nos levar para debaixo do castelo, até uma espécie de cais subterrâneo, onde desembarcamos subindo e pisando em pedras e seixos.

— Ei, você aí! É o seu sapo? — Perguntou Hagrid, que verificava os barcos à medida que as pessoas desembarcavam

— Trevo! — Gritou Neville, feliz, estendendo as mãos

    Então subimos por uma passagem aberta na rocha, acompanhando a lanterna de Hagrid, e desembocamos finalmente em um gramado fofo e úmido à sombra do castelo. Galgamos uma escada de pedra e nos aglomeramos em torno da enorme porta de carvalho.

— Estão todos aqui? Você aí, ainda está com o seu sapo?

   Hagrid ergueu um punho gigantesco e bateu três vezes na porta do castelo.

   Hello bruxinhos!!!

   Sim, atualizei, finalmente fiz umas mudanças e consertei alguns erros, me digam aí o que acharam da mudança.

   É isso, amoresss.

   Comentem muito, pleaseeeeee!

– Bjos da tia Nick.

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