Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

V. PRESENTE FINAL

This could be the end of everything
So, why don't we go
somewhere only we know?
...


__ Não acorde seu pai tão cedo! - exclamei sentindo os pequenos passos correndo pelo corredor atrás de mim - Pirralha teimosa…

Sabe quando sua mente para por um segundo no meio do dia e é capaz de ter a epifania da sua vida como se tudo finalmente fizesse sentido?

Não dá pra crescer e deixar as dúvidas da juventude de lado. Na verdade elas só se acumulam como as pilhas intermináveis de papelada do trabalho ou os incontáveis problemas sem soluções que aparecem dia após dia.

Crescer é uma grande e dolorosa aventura, mas é inevitável.

Eu fui uma filha, um experimento, uma aprendiz, uma espiã, uma assassina, uma líder, uma lenda, porém, mas do que tudo eu pude ser uma adolescente ridiculamente apaixonada, irresponsável e que infelizmente teve que carregar um peso maior do que conseguia carregar.

E agora eu havia me tornado mãe.

E de certa forma, glória nenhuma no mundo nem título algum seria tão especial quanto o momento em que segurei meus filhos nos braços, porque foram os instantes de maior paz que tive a chance de sentir. 

Porque depois de ter crescido sem saber qual seria meu lugar, sem saber se tinha o direito de ser feliz, sem saber pra que eu havia sido feita, eu finalmente havia encontrado a resposta que meu coração desejava.

Balançando a cabeça, fugi daqueles pensamentos antes de alertar o telepata idiota que tagarelava no outro cômodo da casa. Estava cedo demais para reflexões melodramáticas.

Minhas manhãs incrivelmente preguiçosas passaram a ser uma grande correria, tendo que colocar dois pirralhos de onze e seis anos pra se arrumarem para a escola, mas ter o Shin e Aoyama esparramados com os ternos da Divisão de Inteligência em minha sala de estar todas as manhãs, tomando café como se não existisse outro lugar no mundo para fazer aquilo, era menos estressante, já que eles se ocupavam em deixar as crianças na escola pra mim.

“Eles deviam mesmo considerar adoção, são tios incríveis…”, pensei comigo mesma.

Minha atenção se voltou para o arrepio que percorreu minha espinha, algo que havia voltado depois de anos, mas longe de significar um risco a minha vida.

Dois telecinéticos num certo espaço sentem as mudanças no ar quando estão diante de emoções difíceis.

Deixando minhas preocupações com a minha pequena de lado, caminhei pelo corredor até os quartos, encontrei a porta aberta e vi meu garoto colocando os livros em sua mochila, seu cenho franzido e os ombros tensos mostravam seu estresse enquanto espalhava pressão pelo cômodo sem nem perceber. 

A semelhança entre o garoto e meu marido ia bem além do cabelo loiro espetado incontrolável ou a ferocidade em seu olhar nos treinos comigo. Ele tinha aquela chama faminta por vitória queimando dentro dele, uma gentileza sempre disfarçada e a necessidade de se tornar forte, se espelhando nos atos heróicos do pai.

Pelo menos ele havia herdado os olhos acinzentados típicos da família Hattori.

E meu poder.

Algo haver com meus genes serem capazes de herdar as individualidades dos portadores originais ao invés de seguir a ordem natural de habilidades únicas. Eu herdei as individualidades dos meus pais, Itsuki herdou a telecinese... mas as habilidades da minha garota, explosões psíquicas que fugiam a essa regra, tendem a ser um riscos as minhas taças de cristais constantemente.

__ Que foi querido? - perguntei escorada no batente da porta de seu quarto - Está colocando pressão no ar outra vez.

__ Sinto muito, mãe…

Me aproximando, me sentei na beirada de sua cama para ficar na altura de seus olhos, estendendo minha mão para deslizar os dedos pelas mechas loiras arrepiadas por todos os lados. Ele deixou a mochila de lado e seus ombros começaram a relaxar quando se sentou ao meu lado, mas seu olhar ainda se manteve distante de mim.

__ Sabe que não é um problema, né? - disse estendendo a mão e afastando as mechas que caiam sob seus olhos - Só me interessa saber o que está te incomodando agora, Itsuki.

Ele suspirou enfiando a mão no bolso do uniforme, tirando um pequeno pendrive enrolado com uma fita vermelha e girou entre seus dedos.

__ É o nosso presente de aniversário de casamento de vocês - disse colocando em minha mão - É a versão completa, com certeza é melhor do que as edições de velho que aqueles idiotas vão fazer.

__ Temos um pequeno ladrão por aqui, é isso querido? - sussurrei com um sorriso travesso - Deixou vestígios?

__ Nunca deixo, sabe disso.

__ Que orgulho! Só não deixe seu pai ouvir isso, heróis não são muito fãs disso.

Ele segurou um sorriso, mas o canto trêmulo de seus lábios o entregaram.

__ Tio Shin nos obrigou a fazer isso, então… assista com o papai depois. Mas vê se não fica toda chorosa, é estranho.

__ Hum… Muito sentimental? - perguntei batendo meu ombro no dele com um pequeno riso - Obrigada querido, eu tenho certeza que está perfeito. Shin deve ter te atormentado muito pra isso.

__ Ele é irritante.

__ E você sempre adorou isso. É seu tio favorito, nós dois sabemos disso.

__ Fala baixo! Ele vai ficar se gabando disso o resto da vida.

Antes que ele pudesse fugir, me aproximei envolvendo meus braços ao redor de seus ombros. Aquele garoto havia deixado meu coração apertado muitas vezes e finalmente havia entendido as dificuldades que minha mãe havia tido comigo. Mas se quer saber, não me arrependia de nada, principalmente nos momentos em que ele retribuía lentamente os meus abraços roubados, descansava a cabeça em meu ombros e permitia que eu deslizasse meus dedos ao longo de seu cabelo, um silêncio confortável entre nós enquanto sua individualidade finalmente se acalmava.

__ Mãe, está sendo estranha de novo - sussurrou com a voz abafada afundando seu rosto ainda mais em meu ombro.

__ Sim. Tudo bem se eu for estranha por agora, Itsuki?

Meu garoto também não lidava muito bem com sentimentos intensos, assim como o pai. Katsuki entendia os gritos e eu entendia o silêncio dele. 

Eram puras declarações silenciosas de seus sentimentos.

E quando suas orelhas queimarem em um vermelho puro, se afastaria envergonhado com uma desculpa qualquer. 

__ Uniforme tradicional, hoje é dia de treino das equipes da Divisão de Inteligência? 

__ Sim, tenho que deixar minhas equipes em forma - respondi com um sorriso enquanto ele jogava a mochila nas costas e o acompanhei para fora do quarto.

__ Mãe, pode treinar comigo mais tarde? Quando terminar com seu trabalho, se não for te incomodar...

__ Vou tirar um tempinho, ok? - respondi bagunçando seu cabelo.

Para minha surpresa e irritação do Itsuki, passando entre nós com uma correria bem típica pelo corredor, percebi que a pequena havia mesmo ignorado meu pedido.

Agitada, impulsiva, esperta até demais quando se tratava de conseguir o que queria, essa era a segunda joia que Katsuki me deu. Minha filha havia herdado os olhos do pai, tão vermelhos quanto brasas, seus cabelos negros com mechas loiras e uma paciência que cabia num pote.

Tão fofa...

__ KIMIKO! - exclamei fazendo com que ela parasse no lugar em que estava no mesmo instante - O que eu já disse sobre ficar correndo pela casa assim?

__ Desculpa, mamãe… - disse se virando lentamente, as pequenas mãos apertando com firmeza as alças de sua mochila, o que despertou minha curiosidade. 

O miado abafado que saiu dela principalmente. 

__ Nem pensar, mocinha! - falei arregalando os olhos - O que eu já disse sobre tentar levar o Kuroo pra escola? Não coloque o coitado na sua mochila ou ele pode se machucar.

Enquanto me abaixei para tirar o pequeno gato preto dali, minha garota abaixou o olhar para o chão, segurando a barra da saia com força como sempre fazia quando era pega aprontando... ela era boa. Aquilo quebrava meu coração, então não conseguia ficar irritada de verdade.

__ Pode trazer suas amigas pra cá para brincar com ele, não acho que sua professora vá ficar feliz se te ver tirando um gatinho da mochila - disse beijando sua têmpora, a animação habitual voltando ao seu rosto enquanto ela corria para encontrar os tios.

__ Eu disse que não precisava arrumar outra criança além de mim - Itsuki disse atrás de mim segurando a risada.

__ Quer que eu reconsidere suas visitas na Divisão, garoto? - respondi levantando os olhos friamente para ele, que também correu em direção aos tios no sofá assustado.

"Esses dois vão me deixar maluca..." 

__ Aposto que não comeu ainda, né Kuroo? - sussurrei acariciando atrás de suas orelhas, caminhando até a cozinha.

Eu havia encontrado o pequeno meses antes quando fui buscar as crianças na escola. Vendo que uma de suas patas traseiras tinha sido quebrada e com os pedidos suplicantes dos meus filhos, acabei levando o gato pra casa.

Aparentemente eu devia ter uma capacidade mágica de atraí-los.

Katsuki não gostou disso completamente. Porém, só foi preciso uns três segundos de olhares carentes e suplicantes dos nossos filhos e ele nos deixou vencer. Ele odiava ter que dividir as nossas atenções, mas depois de alguns dias não reclamava mais quando o Kuroo se deitava sob ele no sofá.

Depois de pegar seu sachê e colocá-lo no chão, despejei o conteúdo em sua tigela. Não pude me dar ao prazer de ficar em sua companhia em silêncio, já que as vozes das crianças na sala ficavam cada vez mais estridentes. Respirando fundo, ajeitei o uniforme indo até a sala só para encontrar Aoyama apavorado segurando a mochila da Kimiko pra impedir que ela pulasse no pescoço do irmão, Shinkai me fazendo revirar os olhos por estar rindo como uma hiena pela briga estúpida dos meus filhos.

__ MÃE! - gritaram em uníssono quando perceberam minha presença.

__ Uma vez na vida, chamem pelo pai de vocês! - disse apertando as minhas têmporas com um suspiro frustrado escapando dos meus lábios. 

__ Não é a mesma coisa... - Itsuki disse torcendo o nariz. Aquele pirralho fazia as mesmas caretas que o pai pra minha infelicidade.

__ PAPAI! - minha garota exclamou com os olhos brilhantes que ela só dava para uma pessoa no mundo todo.

Passando direto por mim, ela correu para abraçar as pernas do meu marido que resolveu aparecer na entrada da sala e logo a puxou para seus braços. Katsuki arrancava a maior parte dos meus suspiros e ter a chance de vê-lo pela manhã interagindo com as crianças era algo insubstituível.

Seus olhos vermelhos encontraram os meus por um instante, a sonolência e cansaço do dia anterior ainda presentes nele, mas com o sorriso que ele me deu, eu pude respirar aliviada por ele estar seguro e bem em casa. 

Se sofrer toda aquela minha dor e ter que carregar os fardos da minha família era o preço a se pagar pra viver em paz com os meus filhos e o Katsuki... Então não havia nada para reclamar.

Eles se tornaram meu mundo afinal.

__ O príncipe encantado resolveu acordar, então vamos vazar antes que ele vire um tirano e nos expulse daqui, princesa - Shinkai disse me tirando dos pensamentos, enquanto apertava meus ombros - Te vejo daqui a pouco e vê se para de atrasar por questões pessoais.

__ Como se não fizesse o mesmo com seu loiro - respondi com a voz baixa, esbarrando meu ombro no dele e arrancando uma risada sincera.

__ Justo. Me dê um dia de compras e posso considerar te cobrir nas reuniões da manhã pra que fique agarrada com o Lorde das Explosões ali… preciso mesmo de ternos novos.

__ Suma daqui, Shin! - disse sentindo meu rosto queimar com as provocações dele, mas não era uma má ideia afinal.

☆☆☆

KATSUKI BAKUGOU


__ Amanhã é dia de apresentação das profissões dos pais, é melhor não esquecer - Itsuki disse chutando minha canela, enquanto colocava Kimiko no chão, que logo estava correndo em direção ao telepata idiota.

__ Tsc. Até parece vou deixar o merda do Deku impressionar sua turma - respondi bagunçando as mechas arrepiadas de seu cabelo que caiam sob seu rosto.

Aquele pirralho fazia de tudo que estivesse ao seu alcance antes de ter que criar coragem pra pedir… Como alguém que entendia aquilo, não conseguia negar os pedidos dele. Kimiko já não tinha um pingo de filtro, seguindo e fazendo o que queria, assim como as maluquices da mãe.

Eles eram mais que perfeitos.

__ Chega, tanto faz… - disse irritado se afastando pra ajeitar o cabelo - É melhor não brigar com tio Deku na frente de todos.

__ Até parece que já fiz isso alguma vez… - resmunguei fazendo o garoto revirar os olhos na minha direção.

Não demorou muito para a Akira empurrar todos para fora de casa, a mesma rotina de sempre, que ficava ainda mais difícil se eu e ela estivéssemos em casa ao mesmo tempo pela manhã. Se o trabalho nos afastava demais deles em certos dias, então quando estávamos todos juntos era bom aproveitar.

__ Vamos logo, eu não vou ficar flertando com professora nenhuma pra justificar os atrasos de vocês dois - O telepata disse pegando a mochila da pirralha e segurava sua mão.

__ SHINKAI! - Akira exclamou o repreendendo com o olhar.

__ Shh… Deu ruim, Yuu! Vamos vazar!

__ Itsuki! Kimiko! Se comportem na escola, por favor!

Depois que ela fechou a porta de entrada, caminhando até ela, passei os braços em volta de sua cintura e apoiei a cabeça em seu ombro. Akira relaxou no mesmo instante, sua mão indo de encontrando ao meu cabelo, deslizando os dedos por ele num ritmo suave.

__ Surtando tão cedo, bruxa…

__ Seus filhos não me deixariam relaxar de qualquer maneira - respondeu com um suspiro - Bom dia, loirinho. 

__ Quer me dizer porque tem dois dias de folga na minha agenda? Sabe que a idiota da Mirko não me deixa pisar na agência quando faz isso.

__ Você deu duro naquela missão, achei que merecia um descanso… Sei que deve ter sido difícil ontem, então não me olhe assim - ela disse se virando com um sorriso travesso - Além disso, amanhã é nosso dia!

As mãos dela deslizaram pelos meus ombros, seus olhos se fixaram nos meus profundamente. Akira havia me dado mais do que eu jamais mereceria, ela me amou e ficou ao meu lado nos piores momentos.

E quando meus lábios encontraram os dela, seu corpo se pressionou ainda mais contra o meu, como se estivesse tão desesperada por toque quanto eu apertava minhas mãos em seus quadris. Ela se afastou ofegante por ar, mas minha boca acabou parando antes de encontrar seu pescoço, o maldito tecido da gola alta atrapalhando meus planos.

__ Volta pra cama - sussurrei vendo seu rosto ficar rosado - Esse seu uniforme já tá me irritando…

__ Tenho que trabalhar, Katsuki…

__ Você é a chefe, faz aquele telepata idiota cobrir você.

__ Shin não vai ficar feliz de ter que fazer isso outra vez nesse mês, mas vou abrir uma exceção outra vez porque eu te amo.

__ Em troca de ternos ridículos, aposto que ele vai adorar - resmunguei fazendo com que ela pressionasse o rosto no meu peito escondendo a risada - Também te amo, bruxa…

__ Não começa a usar esse tom de voz loirinho, da última vez só ganhei a segunda licença maternidade de brinde.

__ Não quer mesmo aumentar a família? - zombei apertando sua cintura.

__ Adote outro gato Katsuki, as crianças iriam adorar - respondeu com um sorriso.

__ Não vou dividir você com outra bola de pelos, bruxa!

Ela ficou quieta por um instante e suas mãos encontraram meu rosto, dedos leves deslizando da minha bochecha até traçar a linha da mandíbula. Antes que eu percebesse, os lábios dela estavam trilhando aquele caminho, fazendo cada parte do meu corpo se aceder.

Eram raros esses momentos silenciosos, sem gritos ou discussões dos pirralhos, então não gostaria de deixar escapar.

__ Se continuar assim, vou dar um jeito de te dar férias na agência - disse com uma pontada de preocupação no olhar.

__ Não posso, aqueles idiotas colocariam minha agência no chão - respondi ganhando um soco fraco dela em meu peito - Kirishima continua um bunda mole com ajudantes.

__ Eu sou a Capitã da Divisão de Inteligência, não tem nada que eu não possa fazer pelo meu Herói Número Um, então não duvide da minha palavra - Akira disse com aquele sorriso provocador - Mas antes, temos que descobrir que tipo de presente nossos filhos planejaram…

☆☆☆

ITSUKI BAKUGOU

“Será que eles vão gostar do presente…?”

Descansando a cabeça contra o vidro do carro, minha mente tentava ignorar os risos da minha irmã sentada ao meu lado no banco traseiro, enquanto Tio Shin mantinha os olhos na avenida, mas sempre tagarelando com o Tio Aoyama.

Tem um peso diferente ser o filho mais velho da família, principalmente de uma formada pelos meus pais. A mamãe tem essa coisa estranha de tentar manter o passado deles afastado da gente, “pelo nosso bem”, ela diz, mas ela esquece que sou filho dela.

Aprendi uns truques bem legais com o Tio Shin na Divisão de Inteligência. 

Não que ela precisasse saber.

Só que saber de certas coisas também significa mudar sua visão sob seus pais e então quando se olha pra eles só dá pra pensar no quanto certas coisas eram injustas. Mas ainda assim, eu e minha irmã tivemos a maior sorte do mundo de ter aqueles dois do nosso lado.

Por isso, já havia passado da hora de deixar isso bem claro pra eles.

__ Pensando demais Itsuki… - Tio Shin disse me olhando pelo retrovisor - Que segredos tem pra mim hoje?

__ Aoyama, faça o favor de controlar esse idiota - resmunguei revirando os olhos para as provocações daquele cara.

__ Mon cher, não irrite o garoto e preste atenção no trânsito - Tio Aoyama disse dando um pequeno soco no ombro dele.

Em meio às reclamações e risadas dos meus tios, acabei voltando a minha atenção para os risos fofos da criança ao meu lado. Kimiko tinha mais semelhanças com nossos pais quanto eu poderia contar e como irmão mais velho, mesmo que às vezes me tirasse do sério, era meu trabalho cuidar dela.

E se eu pudesse fazer isso, então um dia eu poderia seguir o caminho do meu pai.

Mamãe tinha tanto orgulho dele quanto qualquer um e acabei ficando igual a ela, não que eu fosse ficar gritando isso aos quatro ventos. Papai era o melhor, eleito o Herói Número Um do país várias vezes. E um idiota bom de briga, ótimo cozinheiro e um maluco apaixonado pela minha mãe. Apesar das patrulhas, diversas noites fora de casa, ele sempre cuidava da gente da melhor maneira possível.

Katsuki Bakugou era o maior de todos e não ousaria pedir por outro pai pra ter todo orgulho que guardava no meu peito.

Akira Hattori era a mais dedicada e... absolutamente perfeita mãe e heroína, apesar de odiar esse termo, que eu e minha irmã poderíamos ter.

Sorrindo contra o vidro do carro, minhas orelhas queimavam recordando de toda aquela besteira que fiz por eles... Tudo culpa do Shinkai.

☆☆☆

Encarando a lente da câmera posicionada a minha frente, senti minha mãos começarem a ficar úmidas.

Fizemos o vídeo na semana anterior ao aniversário de casamento dos meus pais. Kimiko concordou quando Aoyama ofereceu sorvete e eu desisti de lutar contra as provocações do Shin.

Nunca ficavamos completamente sozinhos, mas quando ambos dos nossos pais tinham que se ausentar pelo trabalho e não estavamos na escola, meus tios quase sempre nos levariam pra segurança da Divisão de Inteligência.

Aquele lugar era incrível, eu podia treinar o quanto quisesse, jogar videogame nas salas se controle com os agentes da minha mãe ou simplesmente dormir no sofá do escritório dela o quanto quisesse. Kimiko era quem dava trabalho para os meus tios se perdendo nos infinitos corredores daquele lugar.

Enfim, os dois idiotas se aproveitaram de tudo isso e logo estávamos no escritório deles, luzes fortes jogadas em mim e na minha irmã que estava sentada na cadeira ao meu lado, um belo pôr do sol alaranjado preenchendo o céu por trás das vidraças da sala.

__ Mãe, espero que saiba que o Shin nos prendeu num cativeiro pra fazermos isso. Depois de nos fazer matar aula, acredita? 

__ COMO É? Esqueça os presentes de Natal, Suki!

__ Quieto Shin! Crianças, façam como combinamos! - Aoyama disse terminando de arrumar as luzes - Fiquem à vontade pra falar sobre a família de vocês e nada de caretas, revirar os olhos ou palavrões.

__ A última parte é bem séria, Kira nos faria em picadinhos por isto - AÍ! Yuu, pare de me maltratar…

__ Vamos começar pela Akira - Aoyama disse calmamente como se não tivesse acabado de socar o parceiro - O que pensam sobre a mãe de vocês?

__ Tudo isso é uma grande estupidez, mas... - resmunguei coçando a nuca - A mamãe é a mulher mais forte que eu já vi e olha que conheci muitas heroínas por causa do trabalho dos nossos pais.

__ Ela é forte assim mesmo. Mamãe pode carregar tudo que ela quiser só pensando nisso! - minha irmã disse inquieta na cadeira ao meu lado.

__ Sim pirralha, mas ela também é forte porque aguenta coisas que ninguém mais poderia. Ela cuida de vários heróis, dos agentes dela e de nós sem reclamar. O idiota do meu pai sempre se machuca e ela fica lá apoiando ele... Pra mim eles são dois idiotas que resolveram se casar pra fazerem merda juntos. 

__ Concordo plenamente! - Shin gritou fazendo com que o companheiro ficasse vermelho.

__ Juro que vou te chutar pra fora daqui se atrapalhar minha gravação outra vez, SHINKAI!

__ Sinto muito, Yuu...

__ A mamãe sorri muito! - Kimiko continuou ignorando os dois - Ela é gentil e a Tia Lilith diz que sou fofa como ela. A mamãe sempre vai me ver patinar com a minha tia e me deixa experimentar as roupas chiques dela enquanto se arruma pra sair com o papai! E ela diz coisas legais… se qualquer um de nós estiver triste, ela vai nos abraçar, dizer coisas legais e fazer chocolate quente depois.

__ Ela acha que a gente não percebe - comentei - Mamãe não é forte o tempo todo, mas ela é boa em esconder essas coisas. Onariz dela fica vermelho quando ela quer chorar. E eu só vi ela chorar de verdade uma vez na vida.

Foi o suficiente pra chamar a atenção daqueles dois, olhos afiados se prendendo em mim.

__ Nós sempre íamos ao parque quando eu era pequeno às vezes sentia uma sombra nos rondando... A mamãe só se aproximava perto de mim nos brinquedos e falava sem parar pra chamar minha atenção, mas eu conseguia ouvir os gritos distantes de nós. Ela ia sorrir e me perguntar se eu queria sorvete. Enquanto isso, teria algum lunático sendo jogado pelos ares pela telecinese.

Lembranças antigas traziam sensações estranhas no meu peito. Ficava quente, assim como quando meus pais me abraçavam… era estranho.

__ Quanto mais cresci, mas sentia isso acontecer. Então um dia, enquanto a mamãe me observava sentada em um dos bancos, fui eu que reagi primeiro. Logo aquela sombra estava quase desmaiando sem ar atrás dela. A mamãe não tirou os olhos de mim, nem mesmo quando fez aquele cara ser jogado contra as árvores, ela só se aproximou com um olhar curioso e me perguntou se eu sentia alguma dor. É claro que ela caiu no choro depois disso.

__ Não sabíamos sobre isso, Suki… - Aoyama sussurrou.

__ A telecinese é bem cansativa, mas a mamãe me treinou bem, então sou grato por ela não ter me dado a chance de provar que sou digno desse poder. Se um dia eu for forte como ela, então tenho certeza que também vou deixar o meu pai orgulhoso de mim. Eu realmente poderia me tornar um herói como ele.

O silêncio que caiu naquele escritório estava acabando com a minha sanidade, enquanto olhava envergonhado para as mãos em meu colo. Até minha irmã estragar tudo.

__ Você fala coisas estranhas, Suki.

__ E você é uma filhinha de papai, sua pirralha!

__ Devíamos fazer alguma coisa? - Pude ouvir Aoyama perguntando ao Shin ao fundo da nossa discussão.

__ Alguma vez conseguiu separar uma briga da Kira e do Bakugou?

__ Tem razão, vão se cansar uma hora.

Não demorou tanto quanto pensei, Kimiko não estava muito no clima para os gritos, então se não fosse pra gritar com a minha irmã qual seria a graça?

__ Ok, dupla dinâmica! Prestem atenção, agora quero que nos digam o que acham do pai de vocês - Shinkai perguntou com olhos diabólicos esperando por algo horrível ou coisa assim.

__ Que briga demais com o Deku e o Kirishima - respondi cruzando os braços - E que devia explodir sua cara, Shinkai.

__ O papai não faz isso por mal, é mais como o jeito dele - Kimiko disse com o olhar firme - Ele salva pessoas todos os dias e só reclama porque é a maneira dele mostrar que se importa.

__ Quem está dizendo coisas estranhas agora? - falei com um sorriso.

__ O papai protege a nossa família mais do que qualquer um, mas não só lutando - ela continuou - Se a mamãe acabar dormindo no sofá, sei que ele vai levá-la pra cama em algum momento, mas me ensinou que não devo fazer bagunça enquanto isso. O papai sempre anda atrás de nós pra agir mais rápido se algo acontecer, ele sempre confere se tem chocolate em casa pra mamãe e nunca deixou de ir ver minhas apresentações de patinação! E... se nós estivermos dormindo quando ele chegar do trabalho, ainda vai passar nos nossos quartos e conferir se estamos bem.

__ Tem certeza que tem seis anos, garota?! - Aoyama perguntou com os olhos arregalados de espanto.

__ Tem sim, ela só puxou muito do gênio do papai - comentei.

__ Então, também quer se tornar heroína como seu irmão, Kimi? - Shin perguntou.

__ A vovó diz que sou bonita demais pra isso e que devia desfilar as roupas que ela faz, mas também gosto de patinar no gelo com a tia Lilith e também gosto dos livros que a mamãe me dá…

__ Ainda tem muito tempo pra decidir, querida - Aoyama disse - Não precisa quebrar a cabeça agora.

__ Que nada, vocês estão crescendo tão rápido… Aposto que a Kira tem arrancado os cabelos por perder os bebês dela.

__ Pare de dizer essas merdas, Shinkai! - exclamei irritado.

__ Tudo bem, pirralho! Então me digam uma coisa, o que seus pais significam pra vocês dois? - Shinkai perguntou arqueando uma das sobrancelhas em minha direção.

__ Os nossos pais… - sussurrei com a voz hesitante. Havia muita coisa no mundo que poderia descrevê-los, mas quando me virei, minha irmã me encarava esperando pela resposta que nós dois já sabíamos.

__ São os melhores do mundo todo - respondemos em uníssono.

__ Uau, isso foi intenso - Aoyama disse após um tempo, seu olhar brilhando quando se virou para o Shin - Bem, acho que temos material suficiente -

__ Não terminamos ainda, Aoyama - Falei interrompendo ele.

__ Não planejamos mais nada, então o que querem Itsuki?

__ É que temos que deixar nossos pais tranquilos, já que eles precisam cuidar dos próprios assuntos às vezes. Ei Kimiko, o que acha do tio Shin e do tio Aoyama?

Enquanto aqueles dois nós observavam surpresos, minha irmã se animou na cadeira ao meu lado, já que ela os adorava de certa forma.

__ Eles são tão legais quanto os amigos do papai! É divertido fazer compras com eles, eu e o tio Shin sempre aplaudimos os desfiles do tio Aoyama. Os dois também sempre compram sorvete de chocolate quando a gente sai e vemos os filmes da Barbie na sala deles do trabalho, tem várias telas enormes, então parece que estamos no cinema!

__ Sim, também fazíamos isso quando eu era mais novo, até que a mamãe nos pegou - comentei - Aparentemente eles se distraíram o suficiente para perderem uma reunião de emergência. Parte da culpa foi minha porque escondi os telefones dele… Eu realmente queria poder passar mais tempo com eles. Apesar do Shinkai ser chato quase o tempo todo.

__ EI! Pare de dizer isso de mim! - Shin disse com a voz trêmula.

__ Então mãe, desculpe por todas as vezes que fiz meus tios faltarem nos compromissos do trabalho. Ainda que tenha sido muitas vezes… - falei coçando a nuca sem jeito - E também tem a tia da mamãe. A gente não se vê muito, mas das poucas vezes em que ficamos lado a lado, a Shiori virava uma estátua. Ela mal conseguia falar de tão nervosa.

__ Não é uma brincadeira? - Kimiko perguntou confusa - Sabe, como quando brincamos de estátua?

__ Talvez, mas acho que ela só tem medo de crianças - respondi - A mamãe reclama muito da tia Shiori, mas elas estão sempre trabalhando juntas. Nunca se xingam quando estão fazendo isso, então não acho que a mamãe odeie ela de verdade como diz.

__ Deve ser… - Kimiko disse distraída - Mas eu acho o Hawks mais legal. Ele sempre me leva pra voar com ele quando vem nos visitar... As penas dele são as coisas mais fofas que eu já toquei!

__ Ele é legal, mas ainda está no grupo dos irritantes liderados pelo Shin.

Ignorando as reclamações do telepata, minha irmã e Aoyama trocaram risos entre si, enquanto tentava colocar meus últimos pensamentos em ordem para toda aquela bobagem de gravação.

__ É aniversário de casamento dos nossos pais, mas nunca demos um presente ou algo parecido… Então, se isso serve, não deviam se preocupar tanto. Vocês fazem um bom trabalho como nossos pais e também temos uma família boa o bastante pra ajudar nisso.

__ E que a gente ama muito, né Suki? - Kimiko disse abrindo um largo sorriso ao meu lado. Era igual ao da mamãe...

__ Sim. Isso é meio que verdade.

__ E corta… - Aoyama sussurrou.

__ Nunca mais vão me ouvir dizer besteiras assim, então esqueçam tudo - falei sentindo minha orelhas queimarem com o silêncio que caiu no escritório.

__ Tio Aoyama, podemos ir ao parque agora? - Kimiko perguntou pulando da cadeira indo até aqueles dois, olhando confusa enquanto eles esfregavam os olhos com toda força - Por que tá chorando tio?

__ Não! Não estamos… - Aoyama disse com a voz quebrada enquanto se levantava - Nós vamos sim, princesa... Me dá só um minuto!

Também me levantei tentado a encher o saco deles, mas quando chutei a canela do Shinkai, aquele idiota me agarrou com tanta força pelos ombros que me deixou paralisado de choque e minha irmã começou a rir vendo minha expressão.

__ Sério, vou ter que concordar com o papai quando ele diz que vocês são uns idiotas dramáticos, Shinkai - sussurrei retribuindo seu abraço.

__ É tio Shin pra você, moleque - ele respondeu levantando o rosto com aquele sorriso estúpido - Não sabia que queria tanto assim ficar com seus tios, talvez eu devesse fazer sua mãe considerar me deixar de babá nas suas férias!

__ ME SOLTA LOGO, SEU TELEPATA MALUCO!

☆☆☆

KIMIKO BAKUGOU

No fim, a mamãe acabou nos contando a história deles.

Porém, teve que ser do jeito e no tempo dela. Não que meu trabalho reclamasse disso, já que seria a história do século de qualquer maneira.

Então, finalmente eu iria entender.

Tem essa coisa com o meu nome… Minha mãe sempre o diz como se fosse uma canção de ninar suave e doce.

Eu fugi disso boa parte da minha vida… de entender, sabe. A reputação da minha mãe acabou afastando as lembranças que as pessoas tinham da minha avó, mas eu já havia ouvido os boatos. E a mamãe havia dito que eram só medos e ódio de atos que as pessoas não compreendiam.

Como filha de heróis, aprendi ao longo dos anos que quase sempre existiam motivos sombrios e dolorosos por trás das lutas e suas histórias. 

Então eu decidi acreditar que Kimiko Hattori também tinha os dela.

Assim como devia ter sido doloroso para minha mãe ser a última da linhagem a carregar aquele sobrenome só para dar aos seus filhos uma vida sem o mesmo peso que ela teve que carregar.

Meu irmão cresceu entendendo tudo mais rápido do que eu e foi ele quem quis unir de vez os laços dos nossos pais. Se tornar herói e colocar a telecinese sob uma luz que não estivesse manchada de sangue era o orgulho da família.

E aquela seria minha chance. Eu queria mudar as coisas como meu papai fez, como a mamãe fazia e como meu irmão não parava de fazer. Só não seria lutando como todos. Eles me ensinaram a me defender e a lidar com a minha individualidade, mas não estava nos meus planos colocar minha vida em risco tantas vezes por dia. 

Não que estar na faculdade e o estágio estivessem longe disso, já que minha sanidade era testada praticamente todos os dias. Crise dos vinte, coisas assim.

Graças aos vícios da minha mãe, desde crianças eu e meu irmão vivíamos com livros sendo postos ao nosso redor. Eu peguei gosto por isso e acabei me interessando pela escrita. Ainda mais que isso, queria impactar a todos com ela, desejava escrever algo que arrepiasse o mundo assim como os livros da minha estante faziam comigo.

Então depois de muito tempo, acabei criando coragem pra pedir aquilo.

Ela aceitou no mesmo instante, dizendo que eu seria a pessoa certa para isso.

__ Mãe, podemos começar logo? - disse esfregando os olhos frustrada depois de perder as contas de quantas vezes já havia pedido aquilo.

Nem pude dizer mais nada, pois senti a pancada na minha cabeça quando meu irmão arremessou uma das almofadas do sofá. Enquanto estava sentada no chão, Itsuki estava esparramado sobre o sofá atrás de mim e quando me virei aquele idiota revirou os olhos em minha direção, que estavam tão cansados como os do papai quando voltava de suas batalhas, o traje preto envolto em listras azul marinho ainda intacto apesar disso.

__ Pra que toda essa impaciência? Ela vai falar quando quiser, idiota.

__ Eu vou escrever sobre a história da vida da maior lenda do país! Tem ideia do quanto isso é importante, Suki?! - exclamei irritada apertando a almofada contra meu peito, o peso se acumulando cada vez mais dentro dele a medida que os ponteiros do relógio corriam.

__ Eu tenho - Minha mãe disse entrando na sala - Era eu que tinha que ficar enviando as mensagens de recusa da imprensa, era uma chatice sem fim…

Os anos ainda não haviam caído sob ela. 

A beleza das Hattori era uma coisa incontestável afinal.

Mamãe se sentou na poltrona cinza ao lado do sofá, uma caneca do grande Dynamight em suas mãos cheia de chocolate quente, os longos cabelos negros trançados e jogados sob seus ombros. Seu olhar estava mais tranquilo do que nunca porque a ferocidade da mulher que liderava a Divisão de Inteligência ficava sempre do lado de fora da nossa casa.

__ SIM! E eu já cansei de esperar! Vamos começar, por favor mãezinha?

__ Dramática… - Itsuki resmungou - De onde vem toda essa essa desespero por fofoca? AÍ!

Devolvendo a gentileza dele, logo estava de pé, enfiando a almofada em seu rosto com força enquanto ele tentava me acertar. Nossas brigas não duravam muito, mamãe sempre usava aqueles olhos vermelhos assustadores e logo estávamos nos afastando um do outro completamente mudos. Me sentando novamente, os olhos suaves dela desceram até mim, estudando as reações como sempre fazia e mais do que isso, espalhando em mim uma sensação de tranquilidade.

__ Provavelmente do pai de vocês - Mamãe respondeu com um sorriso - Ele sempre adorou uma fofoca mesmo.

__ Faria sentido já que ela vive grudada nele - meu irmão disse entre risos.

__ Vocês dois me odeiam ou algo assim?! - exclamei irritada, apenas para sentir a mão do Itsuki bagunçar meu cabelo, com bem menos força do que quando ele queria me irritar - Ele é o único que me defende nessa casa!

Ligando o gravador e deixando o arquivo em branco aberto no notebook sobre a mesa de centro, comecei a sentir as pontas dos meus dedos trêmulos, enquanto a mulher à minha frente virava a caneca em seus lábios tranquilamente.

__ Por que aceitou falar disso depois de tanto tempo, mãe? - perguntei chamando atenção dela, que ergueu uma das sobrancelhas confusa.

__ Bem... acho que senti que devia isso à vocês. E não contaria algo assim para outra pessoa se não soubesse que faria um bom trabalho como o seu, querida.

Itsuki riu atrás de mim, não em tom de provocação ou algo assim. Ele me conhecia melhor que ninguém, sabia o quanto aquelas palavras estavam fazendo minha mente entrar em pânico pela minha admiração por ela.

__ Eu não vou começar pela minha infância - mamãe disse - Quero contar a história a partir do momento em que eu me senti viva de verdade.

__ Um ar de mistério quanto ao seu passado e identidade, além de uma de suas aventuras logo de cara? Pode ser uma opção interessante… - falei sentindo um sorriso se espalhar em meu rosto - O que vai ser? 

__ Na verdade, é mais sobre como conheci o seu pai. Imaginem uma espiã enviada a um colégio de heróis em busca de um infiltrado pela Liga dos Vilões, com uma péssima habilidade social, uma guerra iminente e uma alma presa na mente dela.

__ Uau… Nossa, mãe! Sua vida teve sempre capítulos estranhos assim?

__ Você nem imagina, querida. Bem, como foi mesmo? Ah, sim… Eu estava esperando o Keigo para o jantar…

__ Mãe, vai precisar ser mais estranha e dramática pra essa bobagem da Kimiko - Itsuki interrompeu.

__ SUKI! Não atrapalhe ou ela vai desistir! - murmurei me virando e dando um soco em seu braço, sua expressão assustada com meu ataque.

Porém, nós dois ficamos silêncio enquanto a risada da mamãe ecoava na sala. As mais sinceras eram sempre as que soavam mais doces e calorosas como os abraços dela nas noites frias.

__ Seu irmão está certo, já que quer escrever um livro sobre mim, tenho que fazê-los entender cada detalhe e sentimento, não é Kimiko? - disse sorrindo.

Se quer saber, eu entenderia. 

Os pesos daqueles nomes, do sangue e lágrimas derramadas, as paixões e amores eternos criados por estranhos que não estavam tão distantes assim e que tiveram seus destinos cruzados por um mundo de Heróis e Vilões.

Mamãe era mais profunda que qualquer pessoa que eu havia conhecido e estar rodeada de heróis que cresceram como estrelas em ascensão enquanto ela se mantinha no domínio das sombras que os permitia brilhar tornava tudo tão mais... esplêndido e doloroso.

E o mundo também entenderia, eu iria garantir isso com toda certeza, afinal ele só começou a mudar de verdade por causa de uma “missão idiota”.


Fim.

......................................................................... 

☆(N/A): Não sabia o que dizer nesta última nota e acho que demorei mais do que deveria pra finalizar essa história só porque não queria me despedir dela (Estou chorando internamente porque acabou :(

Então, vou agradecer novamente por acompanharem toda essa jornada♡♡♡

Ps: Akira viveu uma vida bem longa e feliz que a Shiori desejou pra ela como presente de Natal.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro