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SILÊNCIO

Eu nunca gostei de médicos.

Eles costumavam me furar com agulhas pra tirar meu sangue, me colocavam em aparelhos me pedindo para usar minha individualidade e só falavam palavras difíceis que eu não conseguia entender.

Eles salvam vidas e tal, eu sei. Mas eu só me sentia desconfortável perto deles.

Então, retomar meus sentidos e perceber que havia uma agulha no meu braço já era um sinal ruim. Abrir meu olhos, encarar o teto branco, sentir minha garganta completamente seca, ouvir o bipe do monitor cardíaco ao lado e inalar algo entre produtos de limpeza e medicamentos só podia significar uma coisa.

Hospital.

Mas conhecido por mim como o inferno.

Passei um tempo encarando o teto até conseguir reunir coragem para me sentar, arrancar o pequeno tubo de oxigênio do meu nariz, o que me levou a uma onda de tontura. Cada músculo do meu corpo parecia arrebentado e provavelmente havia algo correndo nas minhas veias para suportar a dor.

__ Olha só, a princesinha da Nagant finalmente acordou.

Meus olhos percorreram o quarto a procura daquela voz familiar, só para o encontrar apoiado na porta com o sorriso de canto de sempre.

__ Oi Aki - ele disse se aproximando e sentando na beira da cama.

__ Oi Shin - sussurrei meio sem forças.

__ É melhor ir com calma, você ainda não se recuperou totalmente - Com um conjunto de moletom preto, os cabelos bagunçados e o olhar exausto ele parecia ter acabado de cair da cama, mas não era isso que havia o deixado daquele jeito.

__ Você não dormiu - falei arrancando um pequeno riso dele.

__ Não podia fazer isso enquanto você não abrisse os olhos - respondeu por fim - Como se sente?

__ Péssima, parece que alguma coisa passou por cima de mim com tudo.

Não houve piadas ou provocações da parte dele. A coisa era séria de verdade.

__ Seu coração parou. Pensei que você iria desistir dessa vez - Shin falou seriamente. Era a primeira vez que eu o via com aquele olhar tão exausto - Eu não conseguia sentir você, Aki.

__ Por que eu tô no hospital? - olhando ao meu redor, só então percebi que já era noite - E a quanto tempo?!

__ Vão fazer dois dias desde que você apagou. Do que se lembra? - ele perguntou calmamente.

Me esforcei para me recordar dos acontecimentos e Shin esperou até que eu começasse a colocar minha cabeça em ordem. Com a emboscada dos heróis, em algum momento acabei indo para o campo de batalha, mas a maior parte do que me recordava naquele momento eram flashes sem conexão.

__ Me lembro dos heróis lutando. Sangue nas minhas mãos. E então muita raiva. Meu corpo doía e minha mente parecia explodir - listei a ele.

__ Você está começando a voltar, então não precisa forçar sua mente por enquanto - ele respondeu, mas neguei sua sugestão pois uma dúvida ficou presa a minha mente.

"De quem era aquele sangue?"

__ Bakugou - Eu disse com o olhar fixo em minhas mãos. Minha mente trouxe o nome dele à tona, junto com uma angústia no peito por uma necessidade de saber o que havia acontecido - Shin, onde está a minha turma?!

__ Estão todos vivos, fica tranquila - ele respondeu percebendo a urgência na minha voz e então pude respirar com alivio - Aliás, gostei do cabelo novo, ficou bom em você.

Só então percebi os fios negros diante dos meus olhos. Trazendo o para frente, me surpreendi vendo que havia se tornado completamente preto, assim como havia sido um dia.

Assim como o da minha mãe.

Com a antiga cor do meu cabelo de volta só então percebi que faltava algo dentro de mim e me recordei do meu último momento com ela. Mas eu me encontrava naquele momento vazia por dentro. Era a prova concreta de que estava sem Kimiko dentro de mim. Afastei aqueles pensamentos e tentei manter a compostura perto do Shin, mesmo que fosse difícil diante daquela situação.

__ Por que você tá aqui? - finalmente perguntei.

__ Hawks está se recuperando da luta ainda, então me ofereci pra te fazer companhia. Nós dois sabemos que você não tem boas experiências com médicos e hospitais.

__ Era pra ser uma piada?

__ Está mais pra um fato - respondeu com um sorriso triste.

Balancei a cabeça concordando com ele e deixando o silêncio cair sobre nós, mas não durou muito pois meu estômago começou a dar sinais pra que eu me alimentasse.

__ Ei Shin - falei me aproximando um pouco mais - será que pode comprar alguma coisa pra mim? Eu tô morrendo fome!

__ Vai com calma, você ainda não se recuperou. Além disso, as enfermeiras não vão gostar nada!

__ Eu já tô no hospital, não posso ficar pior do que isso! Vou me recuperar quando tiver açúcar no meu corpo. Pega alguma coisa pra mim, por favor! - insisti e ele me encarou por um tempo até suspirar e se dar por vencido.

__ Espera aqui, vou dar um jeito de trazer algo.

Depois que Shin saiu, aquele lugar começou a me dar calafrios. Tão vazio o meu redor e pouco ruídos vinham do outro lado da porta. Odiava aquilo. Mais odiava ainda mais a sensação da agulha de soro perfurando a minha pele, então não perdi tempo em arrancá-la, mesmo que levasse um pouco de sangue no processo. Em seguida, me coloquei de pé ao lado da cama, finalmente encarando o que a luta havia me causado. Alguns hematomas pelo corpo e bandagens cobrindo feridas nos braços e pernas, a maioria estava coberta pelo conjunto azul hospitalar. Mas o mais estranho, era sentir cada parte do meu corpo tão cansada e fraco quanto todas as vezes que eu havia lutado.

__ Você não consegue ficar quieta? - Shin disse chamando minha atenção.

Não pude deixar de sorrir quando peguei os pacotes com biscoitos e barras de cereais nos braços dele, além da garrafa de água que me entregou depois. Nos sentamos na cama dividindo a refeição e só então percebi o quão faminta estava.

__ Me conta tudo o que aconteceu - pedi a ele quando terminei de comer.

A investida que deveria encerrar com a Frente de Libertação Paranormal se tornou uma guerra entre Heróis e vilões e ainda não havia terminado. Como consequência, a destruição e caos se espalharam pelo país. Vidas foram tiradas de ambos os lados. Dos heróis que ainda restavam, muitos estavam abandonando seus postos e com tudo isso, grande parte da população começou a desacreditar nos heróis que tanto idolatravam.

__ Como foi que eu vim parar aqui?

__ Sua individualidade passou dos limites, tipo uma explosão de poder que desgastou sua mente e seu corpo. Mesmo sua recuperação física sendo mais rápida do que de uma pessoa normal, você esgotou suas reservas de energia, por isso seu corpo não conseguia se estabilizar, mas de algum jeito você voltou.

"Ela me trouxe de volta", eu pensei.

__ Ela quem? - Shin perguntou confuso.

__ Não importa agora - eu respondi tentando disfarçar.

Tantas coisas aconteceram depois que eu apaguei, que ainda estavam sendo processadas. Mas quando abaixei meus olhos para minhas mãos pousadas sob meu colo, só então percebi que o lugar onde a pulseira com a pena do Hawks deveria estar, estava ocupada por argolas que rodeavam meus pulsos com uma pequena luz verde acesa em cada uma. Aquilo era novo, mas uma parte de mim sabia que não era boa.

"A sensação de vazio...", eu pensei.

Me concentrei nas embalagens espalhadas na cama, mas por mais leves que fossem, não consegui movê-las nem em um mísero centímetro.

__ Shin, por que não consigo usar meu poder? - sussurrei me virando pra olhá-lo.

__ Por enquanto seu corpo não aguenta sua individualidade - ele respondeu - e essas coisas nos seus pulsos são contenções, pra te proteger.

__ Não preciso me proteger do meu poder! - exclamei tentando desesperadamente tirar aquelas coisas de mim - Por que não sai? Shin, por que não consigo tirá-las?!

__ Akira não surta, por favor! - respondeu segurando meus pulsos e fixando os olhos nos meus - Elas estão impedindo a conexão da sua individualidade com seu corpo pra ele se recuperar primeiro. Não dá pra tirar elas assim e se você forçar só vai acabar se machucando.

__ Preciso tirar essas coisas dos meus pulsos - falei puxando minhas mãos para mim e cobrindo meu rosto com elas - Preciso da minha individualidade, Shin!

Era minha única proteção. Era a única coisa que me restava da minha mãe.

__ Isso é arriscado demais, você tá muito fraca Aki. Vão tirá-las de você quando se recuperar.

Shin começou a falar de outras coisas na tentativa de me distrair, falando sobre coisas aleatórias da Comissão até sobre as enfermeiras hospital, mesmo que soubesse que eu não estava prestando muita atenção.

__ Sabe, daqui a pouco vai amanhecer então vou ter que dar umas voltas pelo hospital pra não esbarrar nos seus colegas da UA, já que não sabem de mim.

__ Aliás, onde estão meus professores? - perguntei quando ouvi a menção a UA - Erased Head e Present Mic estavam lutando com o Shigaraki, o que aconteceu com eles?

__ Ah, eles também estão aqui se recuperando.

__ Entendi - falei aliviada. Porém meu alívio não durou por muito tempo.

__ Mas eu tenho que te contar uma coisa. Acho que não dá pra fugir disso - disse esfregando as mãos inquieto. Ele se manteve em silêncio por alguns instantes na tentativa de achar palavras mais adequadas - Aki, Midnight era a sua orientadora, não é?

__ Como assim "era"? - perguntei confusa.

O que ele disse não era uma pergunta.

Eu entendi o que ele queria dizer.

E não quis acreditar.

Meus olhos buscaram os do Shin, esperando que ele negasse, que dissesse que eu estava me precipitando em chegar naquela conclusão, mas ele não fez isso.

__ Eu sinto muito, Aki - respondeu desviando o olhar.

Nenhuma palavra saiu da minha boca.

A última vez que algo tinha me deixado naquele estado, foi quando Lady Nagant foi levada de mim. E assim como no dia em que a ela se foi, eu senti novamente uma parte minha morrer naquele momento.

Eu perdi o único vestígio da minha mãe.

Eu perdi a Midnight.

O quarto parecia pequeno demais. Me levantei indo em direção a saída, mas fui impedida antes de alcançar a porta.

__ Aki, você não pode - disse agarrando meu pulso, mas logo puxei meu braço abraçando a mim mesma como se pudesse de alguma forma juntar os cacos no qual meu coração se encontrava.

__ Por favor - sussurrei - me deixa sozinha.

Fora do horário de visitas e sem esbarrar com os funcionários, aquele lugar era só uma área deserta. Vagar pelos corredores como um fantasma e sem a mínima noção do porquê eu me encontrava naquele estado era desolador. Eu não queria me sentir daquele jeito, mas a situação não estava mais sobre o meu controle. A verdade é que nunca esteve. E isso era assustador. O que acontecia ao meu redor começou a me afetar de uma maneira incontrolável e não havia nada que eu pudesse fazer.

Minha confusão de sentimentos novamente fez com que eu procurasse refúgio com ele, mas ter que vê-lo em numa cama de hospital só trouxe à tona aquele aperto no peito.

__ Ei loirinho.

Me sentei na beirada da cama, tentando de alguma forma colocar meus pensamentos em ordem.

__ Não consegui impedir eles de fugir.

"Me responde"

__ Me desculpa por ter chegado tarde demais e não ter ido lutar com vocês.

"Por favor Bakugou..."

__ Sinto muito por não ter feito nada pra impedir que você se machucasse - disse apertando sua mão - Por favor, Bakugou...

Sem respostas.

E era exatamente o que fazia doer ainda mais.

Inspirei fundo inúmeras vezes tentando conter todos aqueles sentimentos de me inundarem de uma vez.

__ Por favor, acorda e grita comigo. Luta do meu lado de novo. Ou pode me ignorar e fingir que eu não existo se estiver bravo comigo, mas por favor, acorda - Cada palavra dita era de apenas uma necessidade que eu tinha.

__ Eu amo você. Por favor, volta pra mim.

Ficar sozinha nunca foi tão difícil.

O silêncio nos corredores ao meu redor era mortal e não foi difícil achar uma escada afastada pra me afundar naquela dor no meu peito.

Silêncio. Para alguém que sempre tenta manter a mente ocupada, ele pode se tornar seu pior inimigo, porque os pensamentos que se tenta afastar vêm à tona até que levem sua sanidade ao limite. E a minha mente insistia em querer negar tudo aquilo.

Negar que eu nunca mais a veria.

Nunca mais veria o sorriso dela ao fim de um treinamento.

Nunca mais ouviria suas provocações ou broncas nas aulas.

Nunca mais ouviria ela dizer o quanto se orgulhava dos alunos dela.

Eu nunca mais veria a Midnight.

Não podia ser real. Tinha que ser um pesadelo.

Nunca me importei com as merdas da sociedade dos heróis, mas de alguma forma elas se acumularam e destruíram tudo o que puderam.

Minha incompetência tirou minha mãe de mim mais uma vez.

Mas com a Midnight, não tive nenhuma chance de tentar impedir.

Minha individualidade era inútil naquela situação e nada no mundo era capaz de mudar aquilo.

Mesmo quando amanheceu, ainda estava perdida na minha própria mente enquanto ignorava os sons do hospital acordando.

__ Aqueles idiotas estão revirando esse lugar atrás de você, sabia? - aquela voz rouca disse atrás de mim chamando minha atenção. Estava tudo uma bagunça na minha mente, mas a única coisa que me fez suspirar de alívio pelo primeira vez depois de tudo, foi me virar e ver aqueles olhos escarlates de novo.

__ Por que veio pra cá? - perguntou descendo as escadas e se sentando ao meu lado.

__ Fugindo das pessoas talvez - respondi suspirando enquanto escondia meu rosto entre as mãos - Não me assuste desse jeito de novo Bakugou.

Ele sabia do que eu estava falando, dava pra sentir o peso no ar.

__ Soube da Midnight? - ele perguntou. Apenas dei um aceno em resposta, porque eu sabia que se tentasse falar sobre aquilo acabaria desabando em lágrimas - Merda.

Pra minha surpresa, ele puxou minha cabeça pra apoiá-la em seu ombro, passando o braço meu redor e tive que morder minha língua pra não desabar ali, mesmo que a minha visão insistisse em ficar embassada por lágrimas que eu não queria que caíssem.

__ Parece um pesadelo - eu disse quebrando o silêncio depois de um tempo - não consigo acreditar nisso.

__ Eu sei - me respondeu e pude sentir seus olhos em mim - Sinto muito, Akira.

Não precisava que me disse qualquer merda emotiva ou sobre os deveres de um herói. Não queria nada daquilo. Só a presença dele já era o suficiente. Fiquei apoiada nele por um bom tempo até que finalmente conseguisse colocar minha mente no lugar.

__ Acho que a gente tem que voltar - falei ajeitando a postura, tentando convencer a mim mesma que podia encarar a realidade - Vamos?

Ele não disse nada enquanto andava a minha frente nos guiando de volta ao meu quarto, já que eu só tinha andado sem saber por onde estava. Mas mesmo o silêncio dele não durou muito tempo.

__ Que merda fez com seu cabelo? - ele perguntou fazendo meu queixo cair de choque.

__ A gente quase morreu e me pergunta sobre isso?! - falei surpresa parando no meio do corredor - Tava assim quando acordei. Ficou horrível, eu sei. 

__ Não ficou horrível, tá bem mais legal agora.

__ Se você diz - respondi sentindo meu rosto ficando quente. Antes que eu voltasse a andar para voltar ao meu quarto, ele me surpreendeu mais uma vez.

__ Ei bruxa, o que disse era verdade?

__ O quê? - perguntei confusa.

__ Antes de acordar, tinha alguém falando comigo. Era você que tava no meu quarto, não é? - disse desviando o olhar. Talvez se eu tivesse aprendido a controlar minha língua, meu rosto não iria parecer como uma pimenta prestes a explodir.

__ Isso é estranho demais pra você? - eu perguntei, mas ele não me respondeu e continuou com os olhos fixos em algum ponto da parede.

__ É verdade?

__ Não mentiria pra você - eu respondi - mas se queria tanto assim ouvir mais uma vez, era só me dizer logo.

Ele resmungou alguma coisa que não entendi bem, mas antes que se virasse, passei os braços ao redor dos ombros dele, finalmente sentindo o calor que emanava. Não tinha notado o quanto senti falta daquilo.

__ Eu te amo Katsuki Bakugou - disse no ouvido dele.

Por um instante, ele não demonstrou nenhuma reação, mas logo retribuiu meu abraço me trazendo pra perto dele.

__ Nunca mais vou perder outra vez - respondeu. Não pude deixar de sorrir, porque sabia que não era uma promessa vazia. Uma garantia de que não iria me sentir assustada com a chance de perdê-lo outra vez.

Mas quando percebi quem estava atrás dele, algo pesou dentro de mim quando olhos verdes encontraram os meus, antes que se virasse para ir embora com os ombros caídos e uma feição de decepção.

"Shin..."

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