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DECISÕES

Eu comecei a acumular muito estresse depois do ataque.

Tinha que lidar com os olhares de todos em mim e os professores estavam mais atentos do que nunca, diferente do Hawks que sumiu do mapa pra variar.

Como parte do trabalho, fiz um relatório com cada detalhe do ocorrido para a Comissão de Segurança e tive que me segurar pra não colocar uma reclamação, porque não era paga pra ficar lidando com sequestros e ameaças de morte.

Ainda não estava liberada para voltar aos treinamentos, então ir a biblioteca me dava um pouco de silêncio pra tentar organizar meus pensamentos, mas não era suficiente. Teria que lidar com a situação do Aoyama o mais rápido possível, porém não tinha decidido de qual maneira faria aquilo, porque num lugar com tantas pessoas, tentar arrancar uma confissão seria um desafio e tanto.

Em umas das noites depois de tudo aquilo, fui procurar alguma coisa pra cortar meu cabelo em meu quarto, porque toda vez que passava as mãos ao longo dele, acabava me lembrando do quão fraca havia parecido diante daquele Nomu. Porém, não tinha coisas afiadas o suficiente, então fui até minha vizinha de dormitório pra ver se teria algo que servisse.

__ Mina, tem uma tesoura por aí pra me emprestar?

__ Claro, em algum lugar por aqui - disse procurando na bagunça de seu quarto, mas até que encontrou bem rápido, então acho que a falta de organização não devia ser um problema pra achar seus próprios pertences.

Voltei para o meu dormitório e fui para o banheiro trabalhar. Depois de o pentear, dividi meu cabelo no meio e joguei para frente dos ombros. Iria começar a cortá-lo, mas antes que fizesse aquilo, Mina invadiu meu quarto como tinha se acostumado a fazer.

__ Ei! O que vai fazer com... - perguntou entrando no banheiro e pude ver confusão em seu rosto pela cena em sua frente - Seu cabelo?

__ Tá me atrapalhando, já passou da hora de cortar - respondi a ela, que encarou meu reflexo no espelho por alguns segundos com uma feição meio indecifrável.

__ Espera aí, deixa que faço isso - disse arrancando a tesoura da minha mão sem me deixar outra opção de escolha.

Durante o processo, ela parecia que sabia bem o que tá fazendo. Eu só costumava tirar o comprimento sem me importar muito em deixá-lo completamente reto ou mudar o estilo, mas ela fez o completo oposto. Porém, fiquei surpresa por fazer tudo em silêncio, o que não era de sua natureza. Olhando no espelho, podia ver que estava concentrada, mas tinha algo a mais em seu olhar.

__ Fala logo - disse preocupada pela mudança de comportamento - Você nunca para quieta, o que tá te incomodando?

__ Isso não foi um elogio, não é? - perguntou com um sorriso falso, então me virei pra olhar no rosto dela e esperar minha resposta - Ei, ainda não terminei atrás -

__ Não vai terminar até que diga o que tem de errado com você - respondi firmemente.

Ela não falou de imediato e parecia que tinha ficado desconfortável pela pressão, mas continuei esperando. Mina apoiou as costas na parede, respirou fundo e percebendo meu olhar nela acabou abaixando a cabeça antes de começar a falar.

__ Me desculpa por não ter te ajudado naquele dia - disse com a voz baixa - Se não tivesse se ocupado comigo, aquela coisa não teria te levado.

"Ah não"

Ela tava se culpando por algo que aconteceu comigo e eu não tinha percebido.

Ouvir aquilo doeu, porque não tinha caído a ficha do quanto aquilo tinha afetado as pessoas com quem eu convivia e o fato de treinarem pra se tornarem heróis piorava tudo ainda mais.

__ Sua idiota, tá se culpando porquê? - disse segurando seus ombros, chamando sua atenção e a encarando nos olhos - Você foi a minha primeira amiga Ashido, nunca iria deixar que te machucassem na minha presença! Eu disse pra Midnight que iria lutar pra proteger, foi isso que fiz! Então para de se lamentar, se não vou me sentir horrível te vendo ficar magoada por minha causa!

Ela me encarou por um tempo enquanto digeria as minhas palavras, até que lágrimas inudaram seus olhos e não se conteve em jogar os braços ao redor de mim e afundar seu rosto no meu ombro. E deixei que chorasse tudo o que precisava, enquanto eu passava as mãos por suas costas, do mesmo jeito que Hawks fez comigo. Era a única coisa que eu podia fazer por ela.

Eu tava deixando as pessoas se aproximarem demais de mim e aquilo tinha começado a me afetar mais do que deveria. E eu não tinha noção do quanto aquilo era perigoso.

"Eu não gosto de abraços, mas isso até que é bom"

__ Já tá bom de contato físico por hoje - disse dando alguns leves tapinhas em suas costas depois que se acalmou e a afastando devagar - Lava esse rosto e termina de cortar meu cabelo.

__ Certo, vamos lá - disse seguindo minhas instruções.

Deu pra notar claramente que tinha tirado um peso dos ombros e me deixou bem aliviada.

__ Já pensou em uma franja? Assim as mechas da frente não vão te atrapalhar tanto, o que acha?

__ Vá em frente, faça o que quiser - disse a ela que me deu o que eu podia jurar que era um sorriso levemente diabólico.

__ Então, como foi lutar com um Nomu? - perguntou vindo para a minha frente fazer alguma arte no meu cabelo.

__ Olha, não ia gostar de repetir a experiência. Se o Hawks tivesse demorado um pouco mais, não sei o que iria fazer pra segurar aquele bicho - disse a ela, que parou por alguns segundos antes de dar um sorriso de canto.

__ Quanto a isso, agradeça ao Bakugou, foi ele quem lembrou da pena na sua pulseira.

__ Ah é? - falei surpresa com a novidade.

__ Sim. E olha só, mesmo que não admita isso, saiba que ele também ficou preocupado com você!

__ Isso aí já é bem mais difícil de acreditar - Ainda estava incomodada pelo que tinha acontecido antes daquela confusão, então manter distância parecia o melhor a se fazer.

__ Chateada com o que ele disse? - não respondi a pergunta dela, apenas desviei o olhar assim como queria fazer com aquele assunto - Posso acabar com aquele babaca se você quiser! Ele bem que tá precisando aprender a se comportar direito!

__ Não precisa. É melhor deixar isso quieto - respondi com desânimo.

Quando Mina terminou com meu cabelo, me surpreendi com o resultado. Além de cortar meu cabelo na altura dos meus ombros, ela havia feito uma franja reta com mechas repicadas na lateral do meu rosto.

__ Ficou ótimo, obrigada Mina!

__ Qualquer coisa por você, é só pedir! - disse abrindo aquele sorriso de sempre.

__ Sabe, tem uma coisa que eu quero que a turma faça por mim - disse pra ela antes que saísse do meu quarto - Parem de me tratar diferente do normal, eu já disse que estou bem. Então acreditem em mim, por favor.

"Que bela mentirosa eu sou", pensei comigo mesma.

Naquela mesma noite, percebi que já tava na hora de terminar minha missão, era por isso que eu estava naquele colégio afinal. Então, resolvi fazer uma visita para o meu querido alvo.

Antes de tudo, vamos deixar uma coisa bem clara: eu não sou uma pessoa boa. Sou uma espiã e aprendi que preciso usar de todos os métodos possíveis pra cumprir meu trabalho.

E era isso que eu ia fazer naquele momento.

O quarto do Aoyama ficava no segundo andar e foi bem fácil invadir pela varanda. Ele ainda não havia se recolhido, então apenas apoiei minhas costas na parede ao lado da porta, enquanto observava a decoração. Tudo me parecia elegante e delicado, uso de cores neutras, organizado até nos mínimos detalhes. Nem parecia de alguém envolvido com vilões.

Ele não demorou muito pra voltar e deixei que me notasse primeiro antes de agir. Aoyama se espantou quando percebeu minha presença de braços cruzados no canto de seu quarto.

__ Nossa Kira, me assustou pra caramba! - disse colocando as mãos no peito e expressando uma leve confusão em seu rosto - Por que veio aqui?

__ Yuga Aoyama - disse a ele - Está na hora da gente ter uma conversa bem séria.

__ Do que tá falando? - perguntou lentamente.

__ Esse colégio me surpreendeu bastante desde que cheguei e uma das minhas surpresas foi achar isso no meu traje - falei entendendo o braço e mostrando o rastreador quebrado na minha mão, que fez seus olhos se arregalarem por um breve instante - Parece familiar pra você?

__ Não, eu não sei porquê tá m- me perguntando isso - disse pra mim, porém eu podia ouvir o tremor em sua voz e sua tentativa fracassada de permanecer neutro.

"Parece que vai ser do jeito difícil. Que seja então"

__ Não tá ajudando - respondi com um suspiro - Que tal se eu te der um incentivo?

Tortura. O método mais eficaz de fazer alguém confessar, porque a dor e o desespero em que entram achando que vão morrer sempre ajuda a trazer a verdade à tona, mas não iria tão longe com ele, só alguns sustos já seriam suficientes pra conseguir uma confissão.

A primeira coisa que fiz foi ativar a barreira pra abafar o som e não ter nenhuma intromissão, assumir o controle de seu corpo e o colocá-lo de joelhos. Ele não era tão forte fisicamente pra se opor ao meu poder e se usasse sua individualidade ia chamar a atenção de todos no prédio, o que não ia querer. Guardei o rastreador no bolso do meu moletom e comecei a caminhar em sua direção.

"Já faz um tempo desde a última vez que fiz isso, espero não ter perdido o jeito"

__ Sabe por que não controlo pessoas? - perguntei indo devagar para trás dele - É que o corpo delas é muito delicado, fácil demais de ser quebrado. E acho que seu corpo não foi feito pra lidar com essa sua individualidade, não é?

Coloquei minha mão lentamente por trás de seu pescoço, mandando uma pequena onda de energia que fez seu corpo arrepiar. Não podia ver seu rosto, mas os tremores de seu corpo entregavam o pavor em que se encontrava.

__ Posso te contar um segredo meu? - falei aproximando meus lábios de seu ouvido e sussurando em seguida - Eu não uso minha telecinese no corpo de outras pessoas sem ser pra ferir. Então, já sabe o que vai acontecer, não é?

Pude ver um pequeno espasmo em seu peito antes que parasse de se mexer, talvez um choque pela informação.

__ Ninguém vai se importar se eu te entregar um quebrado depois de tudo o que fez. Grite se quiser, mas saiba que não vou deixar te ouvirem.

Liguei o pequeno gravador que deixei no bolso do meu moletom e comecei o meu trabalho de verdade.

__ Eu vou te fazer algumas perguntas e espero que me responda. Entendeu? - disse enviando mais uma onda de energia por seu corpo o fazendo acenar em concordância. Aquilo não era perigoso de verdade, mas estava tão apavorado por ter sido pego que nem poderia perceber.

__ Yuga Aoyama, você foi o responsável por entregar a localização da classe 1A para a Liga dos Vilões nos incidentes do Centro de Treinamento da USJ e no Acampamento de Treinamento de Heróis, esse último que resultou no sequestro do seu colega de classe, Bakugou?

Ele não disse nem uma palavra, então apertei o controle em sua zona abdominal o fazendo se contrair de dor.

__ Tenho todo tempo do mundo, mas não acho que você vai aguentar muito assim. Responda às perguntas. Sim ou Não, Yuga Aoyama?

__ S- sim... - disse entre um pequeno soluço de dor. Soltei o aperto por um instante, respirei fundo e continuei com o interrogatório.

__ Você foi o responsável por colocar um rastreador no meu traje, com a intenção de revelar minha localização, novamente para Liga dos Vilões, que como resultado acabaram mandando um Nommu pra me sequestrar?

__ S- sim... - me respondeu hesitante. Seu corpo tremia cada vez mais e percebi que tinha começado a deixar às lágrimas caírem.

Eu já tinha a resposta principal, mas precisava saber mais a fundo sobre o ponto chave que ligava o interesse da Liga dos Vilões a mim.

"Tenho que saber se é ele que se conecta a tudo isso"

__ Você entrou neste colégio e foi designado para a função de fornecer informações para a Liga dos Vilões, especificamente para o All For One?

__ S-sim... Eu.. eu sinto muito. Eu não tinha escolha, me desculpa Kira! Ele, el-

__ Quieto, eu não acabei - disse apertando minha mão ainda mais e aumentando o nível do controle sobre ele. Respirei fundo antes de fazer uma última pergunta, essa que talvez não importasse pra minha chefe.

__ Yuga Aoyama, você foi o responsável por todas essas ações por ter sido forçado? Forneceu todas as informações por que você ou alguém próximo estavam sendo ameaçados?

__ Sim - Aquela resposta tinha sido a mais firme que havia me dado. Explicaria porque alguém como ele estava envolvido naquilo e descobrir que o All For One também estava fez meu sangue ferver.

Desliguei o gravador e o afundei em meu bolso.

Era minha prova definitiva. Estava feito.

Era o suficiente para os meus superiores virem atrás dele, mas novamente, não pra mim.

Desativei o controle sobre o meu alvo e comecei a andar pelo espaço de seu quarto.

__ Puta merda - falei passando as mãos pelo meu rosto.

Se eu tinha tudo o que precisava, porque ainda sentia que estava perdida?

Respirei fundo e me virei pra ele, o vendo ainda de joelhos no chão se afogando em suas lágrimas e soluços de dor.

"É meu trabalho". Repeti aquela frase freneticamente em minha mente, como se fosse compensar a confusão em que meus sentimentos se encontravam.

__ Aoyama, presta atenção. Me conta tudo desde o início. E eu realmente espero que tenha um motivo pra ter feito tudo o que fez.

BAKUGOU

Ela tava fingindo que tava bem.

Fingindo o tempo todo desde que tinha voltado. E não dá pra deixar de admitir que ela era boa naquilo.

Eram coisas pequenas que deixava escapar.

Como os momentos em que seu olhar se perdia no meio de algo que começava a fazer, ou quando seus ombros caíam enquanto se afastava da turma porque não podia treinar com a gente, ou até mesmo quando fazia o máximo possível pra se manter longe dos alunos de outras turmas, porque os merdinhas ficavam cochichando besteiras quando ela tava por perto.

Ela era boa em se esconder atrás de sorrisos falsos e merdas de frases de "tudo bem, não se preocupe".

Aquilo tava me incomodando pra caralho.

Além disso, não houve mais nenhuma provocação dela, só distância entre a gente depois do que eu disse a ela. Tudo porque eu não sabia como lidar com as sensações estranhas que causava em mim.

Talvez, eu só tivesse fugindo como um covarde de algo que sabia exatamente o que era e não me lembrava exatamente quando aquilo tinha começado.

Era óbvio demais o que eu sentia e insisti em ignorar tudo, porque pra me tornar o Herói número um, não deveria me distrair com nenhuma merda idiota de romance.

Mas tinha uma coisa em mim que não queria ficar longe dela.

Aquela idiota fazia meu coração acelerar igual a adrenalina mesmo que eu não estivesse lutando. Era irritante como conseguia roubar toda a minha atenção pra ela ou como eu não conseguia entender porque olhava pra mim com aqueles olhos sempre brilhando.

Eu odiava aquele sentimento, mas ainda assim ele continuava insistindo em ficar preso no meu peito. Então, mantê-la longe de mim era o melhor a se fazer, mas ela não deixava isso acontecer.

E aí toda aquela merda de sequestro aconteceu.

Eu já tinha estado na pele de refém, mas ter que ver alguém sendo levado tão rápido sem que pudesse fazer algo era tão horrível quanto. Ter que sentia meu coração afundar sem saber o que fazer era como o inferno. E só respirar com alívio por saber que estava bem era a confirmação de que não conseguiria aguentar ter ela longe de mim.

Mas ela não tava bem.

Ela nunca abaixou a cabeça pra ninguém não importava o que acontecesse. Então, o que tinha acontecido quando ela foi levada pra deixá-la daquele jeito?

Quando sai pra correr pela manhã, não esperava encontrá-la novamente com o olhar perdido, sentada chão do ginásio rodeada de escombros dos treinos e principalmente com o cabelo cortado.

__ Virou a noite aqui? - falei me aproximando e chamando sua atenção - Que merda tem na cabeça?

__ Não conseguia dormir, me pareceu uma boa distração - respondeu com desinteresse.

__ Foder com a sua mente é divertido pra você? Que bizarro.

__ Já entendi que me acha estranha, não precisa perder seu tempo me lembrando disso - disse com a voz baixa.

"O que tem de errado com você? Por que tá assim?", era o que eu queria perguntar, mas nunca fui bom com palavras de apoio ou sentimentais. Então já era meio óbvio esperar que algo completamente diferente saísse da minha boca.

__ Que merda tem na cabeça pra ficar agindo assim? Ficar na frente daquela coisa mesmo vindo na sua direção foi uma merda irresponsável pra caralho! Se você tivesse morrid-

__ E daí? - respondeu se virando pra me encarar com um sorriso falso - E daí se fui impulsiva e pudesse ter morrido? Todo mundo morre um dia, isso é a ordem natural das coisas caso não saiba.

__ Entregar sua vida de graça desse jeito é brincadeira pra você? - disse ficando ainda mais irritado com aquilo. Ela não me respondeu, apenas se levantou e se aproximou fixando os olhos acinzentados em mim.

__ Por que tá tão bravo? Ficou preocupado comigo?

"Não, eu só-"

__ Ou também tá tentando assumir a culpa por não ter impedido aquela coisa de me levar?

"É óbvio que foi minha culpa, que merda de herói não consegue salvar a própria-"

__ O que tá sentindo? - disse levantando a voz cada vez mais - ME DIZ! Eu não posso adivinhar! É só curiosidade minha, porque fingir se importar com extras não faz seu estilo! A gente nunca se deu bem e olha que eu tentei pra caralho, mas foi você mesmo que disse que não somos amigos! Vive me dizendo as piores coisas possíveis quando eu tento conversar com você, e adivinha? Isso dói.

__ Então, não faça isso - disse enquanto seus olhos queimavam tentando conter as lágrimas. Por minha culpa - Não finge pra mim que se importa comigo.

"Eu não tô fingindo "

.

Eu virei a noite na escuridão do ginásio pra ver se colocava a minha cabeça no lugar, mas a única coisa que consegui foi frustração por toda a merda que tava acontecendo.

Por não conseguir decidir o que fazer com o Aoyama, por ter tido a minha barreira mental superada por um monstro e por ter um bando de vilões atrás de mim. Além de tudo, ver como a Mina tinha ficado mais cedo acabou comigo por dentro e quando ela descobrisse a verdade, não queria nem imaginar.

Tava tudo fora do meu controle.

Por ter deixado todos eles entrarem na minha vida e desenvolvido sentimentos por um loiro explosivo que não tava nem aí pra mim, eu estava hesitando em cumprir meu trabalho.

Entregar o Aoyama significava ter que ir embora e não me dariam nem chance de me despedir da minha turma. "Minha turma", que grande ilusão eu criei. Eles eram somente suspeitos.

Nada mais.

Iriam me odiar quando tudo terminasse.

Mas tava doendo, porque uma parte minha queria que aquilo fosse real.

E então aquele idiota veio me incomodar, como se ele não fosse um dos motivos pra eu não conseguir seguir em frente com a droga do meu trabalho. E pra piorar, estava tendo que me controlar pra não cair no choro na frente daquele imbecil.

__ Terminou? Ou vai continuar fazendo todo esse drama? - disse me deixando sem reação por um instante.

__ O quê? - falei quase como um sussurro a ele.

__ Prodígios são mesmo um bando de merdinhas - disse sem tirar os olhos dos meus - Se alguma coisa não sai como querem, começam a perder a cabeça.

__ Qual é a droga do seu problema?! É tão difícil assim pra voc-

__ Não percebe a merda que tá dizendo?Se tá frustada por toda essa merda, por que tá tentando agir como se nada tivesse te afetado? ATÉ QUANDO VAI CONTINUAR MENTINDO?

Ouvir aquilo me deu a sensação de um buraco se abrindo no meu peito. Não era exatamente aquilo que eu devia fazer? Encobrir qualquer sinal de fraqueza?

E pela primeira vez, ele não tava com raiva estampada no rosto, era preocupação que eu via em seus olhos escarlates.

"Como eu deixei as coisas chegarem a esse ponto?"

Estava tão cansada que apenas deixei minha cabeça se apoiar em seu ombro e tenho que admitir que nunca tinha reparado bem na nossa diferença de altura.

__ EI, o que-

__ Pode só ficar quieto por um instante? - pedi quase como um suplico. Haviam tantas coisas pra serem resolvidas, mas por um momento, tentei me concentrei apenas no calor natural que ele emanava.

__ Eu fico pensando "Por que a barreira quebrou? Por que eu não consegui desviar?" - falei quebrando o silêncio - eu sei a resposta, mas odeio ela. Eu tinha que me concentrar, só que fiquei assustada pra caralho e não consegui fazer nada. Nem lembro da última vez que me senti tão fraca assim e odeio essa sensação.

__ Você não é fraca, idiota - respondeu - todo mundo te admira pelo quanto você é ridiculamente forte.

"Será que 'Todo mundo' inclui você também?", pensei comigo mesma.

__ Só queria que as coisas voltassem ao normal. Não quero que todo mundo fique me olhando como se eu estivesse quebrada - disse a ele, mesmo que fosse só um desejo egoísta meu. Porém, apenas me ouviu e deixou que me apoiasse nele - Me desculpa, Bakugou. Eu surtei e descontei em você pra variar, não é sua culpa eu não conseguir lidar com isso.

__ Não pede desculpas por isso, idiota. Sabe, toda essa merda não sua culpa.

"Não seja legal comigo. Vai me odiar assim que tudo isso acabar"

Era cada vez mais difícil fingir que uma parte mim não se atraia por ele.

Porém, se contasse pra ele, iria estragar tudo, mas eu teria que ir embora de qualquer jeito e a gente nunca mais se veria. Então, a ideia de ter um coração partido ao invés de arrependimento por guardar algo no peito não me pareceu tão ruim.

Por isso, não tentei impedir aquelas palavras de escaparem dos meus lábios quando me afastei pra encará-lo.

__ Eu gosto de você, Bakugou - Aquilo com certeza o pegou de surpresa, mas eu precisava falar - Tipo, de verdade. É a primeira vez que eu sinto isso e eu nunca passei tanto tempo pensando em alguém assim, então não sei bem o que fazer sobre isso. Você constantemente me insulta e me chama de bruxa só por causa do meu poder. É irritante e meio doido às vezes, mas por alguma razão eu adoro isso e principalmente como você tá sempre se esforçando pra dar o melhor de si mesmo em absolutamente tudo - falei sentindo meu rosto cada vez mais quente - Obrigada por ter sido legal comigo e ter me aturado todo esse tempo.

"E infelizmente, a última vez"

__ Não espero que sinta o mesmo, só queria que soubesse disso - falei desviando o olhar e indo em direção a saída do ginásio.

"Me perdoa, eu realmente não queria que as coisas terminassem assim"

Mas antes que eu saísse, Bakugou me pegou de surpresa agarrando meu pulso e me virando pra ele. Antes que eu perguntasse o por quê daquilo, ele colou os lábios nos meus, mas apesar da surpresa, eu rapidamente correspondi. Aquilo era mil vezes mais intenso do que as sensações que ele já causava em mim, aumentando o calor em meu peito cada vez mais. Me afastei apenas pra recuperar o fôlego e encontrei aqueles olhos escarlates fixos no meu, enquanto ainda segurava minha cintura e eu sentia o rubor tomando conta do meu rosto e meu coração quase saltado do peito. Eu tava ferrada. Muito ferrada.

__ Às vezes você fala demais, bruxa - disse com a voz rouca ainda perto do meu rosto - Agora estamos quites.

__ Puta merda...

__ É, puta merda. Não pode dizer isso e sair como se não fosse nada.

__ Foi você quem disse que jogo sujo - respondi abrindo um sorriso pra ele - Só estou seguindo suas expectativas, loirinho.

__ Vamos idiota, luta comigo - disse pegando meu pulso e me levando com ele pro interior do ginásio - É melhor ter um oponente de verdade do que treinar sozinha.

__ Essa fala é minha, sabia? - falei o provocando, já que me lembrei de ter dito algo parecido a ele no dia do treinamento em que acabei o beijando.

__ Tsc, tanto faz.

Sentimentos só servem pra tornar uma pessoa irracional. Pelo menos, era isso em que eu acreditava.

Mas ali, percebi que sem ele a infinidade de astros no céu não seria nada sem a minha estrela favorita. Talvez aquilo que eu sentia no peito apenas significasse desejar alguém incrivelmente brilhante e que estaria sempre fora do meu alcance.

Mas eu tomei minha decisão.

Provavelmente seria um grande erro e pesaria na minha consciência, mas eu poderia ignorar minha função ali, se aquilo significasse poder ficar do lado de todos por mais tempo.

Se pudesse ficar ao lado dele.

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