𝐗𝐗𝐕𝐈𝐈. 𝐃𝐄𝐒𝐏𝐄𝐑𝐀𝐓𝐈𝐎𝐍 𝐏𝐎𝐓𝐈𝐎𝐍
← CAPITULO VINTE E SETE →
🥀 Alerta de Gatilho 🥀
Alina se sentia em uma jaula naquela casa caindo aos pedaços, simplesmente odiava as férias de verão. Sinceramente se ela pudesse se transportar no tempo só para envenenar quem inventou que passar três meses infornada em uma casa com os pais era uma boa ideia, ela faria.
Henry Strong era absolutamente e completamente maluco. Um maluco bêbado por sinal o que realmente não significava boa coisa principalmente para o espírito livre que ela tinha.
Ela era como um pequeno passarinho, nasceu para voar e apreciar a beleza do mundo, não para ficar olhando dia após dia da janela.
Seu pai era doente, sinceramente se ela ainda tinha alguma dúvida quando tinha seis anos agora ela tinha mais que certeza. Ela tecnicamente era uma adulta mas sem terminar Hogwarts ela não passava de uma pirralha, ninguém contratava e sem dinheiro ela provavelmente iria morar debaixo de uma ponte.
Uma ponte está quase me parecendo uma boa, ela pensou enquanto mastigava o último pacote de bolacha.
Bem, ela ainda estava considerando a parte da ponte mas faltava tão pouco para aquilo acabar, ela devia ser forte. Ela tinha que ser forte.
Dois meses Alina, dois meses.
Com os nervos a flor da pele, sem mais estoque para poções simples ou até mesmo comida em casa, ela resolveu sair.
Tirando a camisola branca e mais fina que um pano de chão, a garota foi até seu malão - onde em todo esse tempo não desfez - e tirou de lá um vestidinho simples de botão branco que lhe deixava com um ar quase angelical.
Deixou os cabelos loiros do jeito que estava e pegando sapatinhos azuis na mão e se dirigiu a porta após colocar a varinha na coxa junto com o restinho da poção que vinha preparando há um mês.
Na ponta dos pés desceu as escadas barulhentas amaldiçoado a si mesma por não ter colocado um feitiço de silêncio em si mesma. Bom já era tarde demais para chorar pelo leite derramado.
Ela ouviu um chamado baixo e rouco lhe chamando confuso.
Ela suspirou e desistiu de tentar sair furtivamente.
— Sim, senhor?
— Para onde você vai? — falou o pai da garota com a aparência pior do que o normal - se é que isso era possível.
— Comprar comida para o pai, os suprimentos acabaram já faz três dias.
Ele que estava com um saco de gelo no olho esquerdo, talvez pela confusão que tinha se metido noite passada com uns cara do poker não falou nada apenas ergueu a sobrancelha direita.
— Consegui um dinheiro em hogwarts uma vez em um trabalho em Hogsmeade. Pouco mas deve durar até o fim do mês. — Ela disse com um suspiro.
Ele deu uma risada resignada e falou com veneno:
— Sei muito bem que tipo de trabalho você anda fazendo.
Se ele fosse um pouco mais inteligente ela ficaria preocupada mas a essa altura não se surpreendia mais.
— Abrindo as pernas para aqueles riquinhos sangue puro, não pense que eu não sei que é por isso que você insiste em ir para aquela maldita escola todo ano querida. Por qual mais motivo uma mulher como você estaria lá? Aprender? Faça-me rir, você é igualzinha ao dia mãe.
No final ele deu um leve gemido de dor por causa do olho roxo.
Ele não podia estar realmente? Sim podia, é claro que podia.
Ela olhou sem expressão para ele, mas ainda sim surpresa de alguma forma, com nojo provavelmente pingando de seus olhos, mas ele já estava recostado na poltrona de olhos fechados.
Ela respirou fundo com força para não responder.
Dois meses Alina, dois meses.
E com todo esforço do mundo perguntou calmante:
— O senhor quer alguma coisa antes de eu sair?
Ele deu mais um suspiro.
-Um chá, daqueles bem fortes.
Ela quase deu um sorriso triunfante mas se repreendeu no mesmo instante disse um simples "sim, senhor" e saiu daquela sala quase vazia a não ser pela poltrona, a lareira agora apagada e o chicote pendurado na parede.
Na cozinha com os armários descascando do que um dia foi pintado de verde água ela tirou a erva "forte" de dentro e colocou um pouco de água na chaleira deformada colocando no fogo e lançando um feitiço quase imperceptível para acelerar o processo.
Depois de pronto colocou a erva junto a água e despejou todo o potinho da poção em sua coxa com uma certa raiva contida.
Mexeu tudo com uma colherzinha pequena e levou a pequena xícara fumegante até o pai que pegou acenando dispensando ela.
Ela colocou os sapatos azuis com pressa e pegando uma bolsinha de crochê que tinha pendurada no corredor, seguiu em direção a porta principal com uma sensação de quase vitória.
— Ah, e Alina — o pai da garota disse fazendo ela paralisar com a mão na porta arregalando os olhos. — Traga mais uma dessas.
Ela suspirou aliviada e sem precisar virar para saber que ele falava de uma daquelas garrafas espalhadas pelo chão da sala.
— Sim, senhor. — Ela disse e finalmente depois de vários dias ela sentiu aquele lindo sol brilhando sob seus fios dourados sem se importar com decoro ou coisa assim ela saiu quase saltitando.
[🧪] THE POISON
Alina poderia ter aparatado direto no caldeirão furado mas sinceramente qualquer tempo a mais perambulando por aí era melhor do que aquela casa caindo aos pedaços.
A caminhada faria bem a alma e aos nervos dela, disso ela tinha certeza então continuou caminhando pelas ruas esburacadas de Londres.
Ela e seu pai moravam em uma parte mais afastada da cidade grande, mas ainda sim não ficava muito longe. Em 30 minutos de caminhada Alina ainda se encontrava radiante o que era raro ao espírito preguiçoso dela, seus pés doíam e pediam por um descaso mas ela ignorou e começou a olhar para as vitrines em buscas de novidades trouxas.
Em frente de uma modista ela conseguiu observar calças parecidas com as que ela tinha ganhado de Bella e sorriu com isso, ela amava vestidos mas calças eram tão mais confortáveis.
Ela seguiu em frente, lojas de souvenir estranhos que se mexiam sozinhos, música que vinha de uma caixa que se ela bem lembrava era um rádio ou coisa assim, Bella tinha um desses.
O clima estava pesado, ela suspeitava que fosse por causa da guerra ridícula que eles estavam travando. Sinceramente aquilo era só morte e confusão.
Olhando para seu relógio na bolsinha ela disse que ainda estava cedo mas sua barriga confirmava, hora do almoço. Sem nenhum dinheiro à vista com uma careta, ela continuou.
— Abaixe — um grito estridente empurrou ela para o chão e um estouro foi ouvido.
Ela resetou mesma hora e arregalou os olhos, crianças começaram a rir e uma mulher velha e rabugenta começou a xingá-los e enxotá-los da praça.
Ela ainda respirava com dificuldade, seu peito apertou de repente e ela percebeu que estava tremendo.
Não foi nada, só uma brincadeira idiota Alina.
Ela ainda respirava com dificuldade quando uma sombra se ergueu em sua frente.
— Senhorita? Tudo bem? — a voz que tinha lhe empurrado para o chão falou e aos poucos ela conseguiu assimilar a imagem à frente.
Era um rapaz de estrutura larga e que vestia uma farda camuflada, vestia um sorriso e uma cicatriz perto do olho esquerdo e continha uma beleza incomum.
Ele parecia mais velho mas ela tinha certeza que ele não passava de vinte anos.
Ele ergueu a mão para ela levantar e ainda contando até dez em uma mente e ligeiramente trêmula ela aceitou a mão.
— Respire fundo, isso inspire e expire — ele falou calmamente fazendo círculos calmante na palma da mão esquerda dela.
Ela fez o ordenado tranquilizando sua respiração.
Quando finalmente se sentiu melhor o suficiente para voltar sua atenção ao rapaz a sua frente de um fraco sorriso para o mesmo.
— Obrigada — ela falou francamente não sabendo ao certo por qual dos motivos lhe agradecia.
Ele fez um gesto de descaso com a cabeça.
— Se sente melhor, a senhorita...?
— Alina, Alina Strong, me chame só de Alina, por favor.
— Senhorita Alina então — ele experimentou e sorriu para ela finalmente largando sua mão mas pegando-a novamente para se apresentar — Alexandre Boldreforts, Alec ao seu dispor.
— Alec, gosto disso.
— Gostaria que eu te acompanhasse caso mais alguma coisa aconteça, senhorita?
— Oh não, sem o senhorita, por favor. Eu estava indo almoçar mas já estava prestes a voltar para casa, acabei por deixar meu dinheiro em casa — a loira fez uma careta olhando para a bolsinha em seu corpo.
— Ora acho que depois desse susto isso é o mínimo que eu posso fazer pela senhorita...por você.
— Oh céus, eu não quero parecer uma aproveitadora nem nada do tipo.
Tudo bem, talvez ela fosse sim e ela sabia disso ao ouvir as próximas palavras.
— Não se preocupe Alina, vai ser um prazer se você me der a honra de um almoço juntos.
Ela deu um sorriso quase presunçoso escondido com a mão rapidamente.
— Não seria um problema?
— De forma alguma.
— Então Alec eu ficaria honrada — sua barriga resolveu aparecer para reforçar — acho que ela concorda certo?
Eles riram e ela pegou o braço dele começando a perguntar sobre a farda que vestia, ele morava por perto ou vinha muitas vezes naquele centro, ela percebeu ao ver ele se direcionar a um pub ali perto.
Ela estava praticamente extorquindo um rapaz gentil que a salvou e só a ajudou, mas um cara bonito lhe ofereceu comida grátis? Ela poderia se acostumar com isso.
[🧪] THE POISON
— É, agora vou terminar o último ano, é um desses colégios internos cheio de crianças "especiais", sabe?
Ele concordou levemente fascinado e tomou um gole do suco de uva.
— É quase mágico, bom mágico é uma palavra que define bem, e você estudou onde?
— Em uma escolinha sem graça no interior da Inglaterra, era bem simples e nenhum pouco mágica isso eu posso afirmar.
Alina deu um risinho, realmente Hogwarts era Hogwarts.
— Foi algo bastante trivolo, sabe? Então assim que eu terminei o último ano me inscrevi no exército e me mudei para Londres, meu irmão mais velho ficou cuidado da fazendo do meu pai que havia morrido alguns anos atrás. Então peguei o primeiro trem e fui atrás de oportunidades.
A garota notou o tom amargo na última palavra.
— Você se arrepende de ter entrado para o exército? — ela perguntou apoiando a mão no queixo intrigada.
— Arrepender não, se não fosse isso eu estaria na mesmice daquele campo no interior, mas toda aquela propaganda de glória e garotas é uma mentira.
Alina arqueou a sobrancelha.
— Talvez a parte das garotas esteja certa ainda, mas isso trás mais trauma do que glória eu posso afirmar, essa cicatriz? Foi depois que três janelas de vidros explodiram na minha cara quase me deixando cego. E eu ainda fui um dos que tiveram sortes, existem muitos ferimentos piores.
Ela fez uma careta e não comentou nada, apenas ergueu a mão direita e se aproximou com cuidado do olho de Alec, dedilhou o dedo em cima da cicatriz com cuidado e deu um sorriso mínimo voltando a mão.
— Quando aqueles garotos explodiram aquela bomba você não foi a única que entrou em pânico, eu só te empurrei para baixo por puro reflexo. Uma guerra trás rachaduras na alma de pessoas boas, ela estraga o que você tem de melhor e toda a felicidade que um dia você pensou ter evapora, você se acostuma a dor, a sangue e a gritos, você se acostuma principalmente a impotência, você vê a morte na sua frente e não pode fazer nada e o pior você não sente nada embora você esteja morrendo por dentro.
Ela segurou a mão direita dele por cima da mesa e dessa vez foi ela que tentou apagar o brilho sombrio em seus olhos esverdeados.
Ele piscou de repente e deu um sorriso fraco.
— Sorvete?
— Sempre.
Ele se levantou e ela acompanhou ele para fora do estabelecimento, ele depositou algumas moedas no balcão que ela preferiu não olhar com o intuito de permanecer sem culpa e sorriu arrastando ele até a sorveteria que conhecia.
Eles chegaram lá, mas ela estava estilhaçada, o vidro todo quebrado e os letreiros luminosos piscando, ela engoliu em seco os pedaços de madeira pregados a porta.
Um barulho foi ouvido e ela virou a cabeça até encontrar o senhorzinho vendendo algodão doce na esquina.
— Algodão doce? — ela ofereceu com um meio sorriso.
— Tudo bem.
Ele pagou pelos doces e abriram os brindes em conjunto.
— Uma bexiga? — ele perguntou surpreso para o balão azul em sua mão.
— Encha — ela disse sorrindo abrindo a sua embalagem e vendo o apito, ela fez uma careta sem saber o que faria com um apito.
Ele fez como foi ordenado e passou o balão azul para ela que pegou uma caneta preta da bolsinha fazendo uma carinha para o balão.
— Para não esquecer de mim senhor Boldreforts.
O balão agora tinha um olho piscando e a linguinha de fora, ele franziu o cenho sem entender.
Ela depositou um beijo em sua bochecha e falou:
— Foi um prazer te conhecer.
E decidindo ser mais ousada agradeceu:
— Obrigada, por tudo.
Ela se aproximou novamente e depositou um selinho nos lábios carnudos do rapaz sem se importar de estar no meio da rua.
— Te vejo por aí.
Ela deu uma piscadela igual ao balão que ele segurava agora embasbacados e com um sorriso se virou e começou a se virar e sair dali entrando no primeiro beco que vou aparatando diretamente para o caldeirão furado dessa vez.
— Esquecer? — o rapaz deu uma gargalhada meio encantado — Isso seria impossível, Alina.
[🧪] THE POISON
A garota voltava com algumas sacolas para casa, tinha pegado um certa quantidade de dinheiro em sua conta pessoal de rosa negra com um certo arrependimento mas era a última vez então em apenas alguns longos e tortuosos dias ela poderia dobrar a quantidade de dinheiro pego e devolvê-lo com um sorriso no rosto.
Aparatando diretamente para casa dessa vez, já devia ser umas nove da noite e ela não duvidava que seu pai já tivesse acordado então suspirou e abriu a porta com cautela fazendo uma careta para a placa de vende-se pregada ainda lá na frente.
— Ora ora quem chegou, estava vadiando por aí filha querida?
Ele parecia sóbrio, o que era estranho e mais perigoso ainda porque sóbrio ele lembrava que era um bruxo.
Ela contou até dez segurando a resposta espertinha que estava na ponta da língua.
— Estava fazendo compras. — ela repetiu o que falou para ele de manhã.
Ele ainda estava sentado na poltrona mas as garrafas estavam inteiramente vazias do jeito que ela tinha deixado.
Provavelmente ele ainda está sóbrio justamente por não ter dinheiro para comprar mais nada e impaciente por ter acordado e não ter bebida alguma do lado.
— Vou fazer o jantar — ela falou roboticamente tentando passar para a pobre cozinha.
— Tsk Tsk Alininha, não minta para seu pai querido, onde você estava? — ele perguntou girando a varinha, como ele havia encontrado ela? Era uma boa questão.
— No beco diagonal, senhor, fazendo compras — ela mostrou para as sacolas para ele que levantou da poltrona surrada agarrando as sacolas com força e jogando tudo no chão.
Temperos e grãos vazaram para todo lado, poções e ervas também.
Ele fez uma careta de fúria.
— O que é isso Alina? — ele perguntou articulando as palavras e jogando um feitiço simples erguendo à sacola esverdeada. — QUE MERDA É ISSO ALINA?
Ela deu um passo involuntário para trás.
Tudo bem Alina, ele está apenas estressado por que estava sem bebida. Respire.
Ela abriu para falar alguma coisa mas não saiu, ela estava tremendo novamente e nem sabia o por que.
A essa altura do campeonato ela nem devia mais ligar para os gritos dele, certo? Ela não devia ligar se ele descobrisse suas poções. A única coisa que ainda lhe ligava com sua mãe. Não devia.
Então por quê.....?
Ela não sabia, ela realmente não sabia.
Ela era fraca.
Ela não era nada.
Ela tentou falar de novo, mas gaguejando ele deu um tapa estalado no rosto dela.
Seu rosto foi virado com brutalidade, ela não estava preparada, sua boca sangrava levemente.
— Quando eu perguntar uma coisa, você responderá?
— Sim, sim senhor — ela respondeu ainda respirando fundo, não era hora de surtar, era hora de se defender e sair dali, dopar ele o mais rápido possível e sair do campo de visão dele.
— Muito bem — ele falou erguendo o rosto dela para olhar para ele quase gentilmente — Agora me responda querida, o que é isso?
— Ervas.
— Ervas? Ervas? ERVAS ALINA? ASSIM SIMPLES?
— Sim, senhor.
Ele começou a gargalhar, seu rosto ficou vermelho de fúria, aquele rosto nojento e deformado. Ele olhou friamente para ela.
Ela queria se esconder como um pequeno tatu, ela queria sua mãe, uma garota que devia ser forte de dezessete anos queria a mãe, ah se fosse em outro momento ela provavelmente estaria rindo.
Mas no momento ela não via motivos para rir.
Naquela casa, nunca tinha motivos.
Ela respirou fundo para que as lágrimas que ameaçavam surgir continuassem quietinhas no seu lugar.
— E por qual motivo você tem ervas Alina? — Ele perguntou calmamente desfazendo o feitiço e jogando tudo no chão, os pequenos vidrinhos quebraram e as plantas murcharam.
— Chá.
— Chá? — ele riu perversamente — você acha que eu sou tolo para acreditar nisso Alina?
Na verdade ela achava mas preferiu novamente não falar, apenas olhou friamente para os olhão em fúria do seu pai.
O pai que devia amalá, cuidar dela e proteger.
— Você acha que eu não reconheço uma poção quando vejo Alina?
Nos últimos três anos não. Ela queria dizer isso e desdenhar dele, mas novamente ela permaneceu calada.
— Responda, garota! — ele perguntou agora apertando o rosto dela.
— Não duvido de suas habilidades, senhor.
— Oh eu acho que dúvida sim, eu devia ter notado. Por que durmo o dia inteiro? Por que estou sempre indisposto? Por que sempre atrapalhado?
A bebida, novamente à resposta na ponta de língua.
— Eu devia ter percebido, minha própria filha esse tempo todo me envenenando — ele começou a rir — idêntica a mãe com esse papinho de "vai te acalmar" " te fazer sentir melhor, pai".
Ele apertou com mais força o rosto dela fazendo doer verdadeiramente, o sangue ainda escorria de seu lábio.
— Você é idêntica a ela, uma vadiazinha igual, prostituta que acha que é melhor que os outros, que acha que pode jogar esse veneno em qualquer canto e sair despercebido. Com ela não consegui terminar a lição mas com você Alina eu ainda tenho tempo, a vida toda né querida? — esse com certeza era o maior medo de Alina, ficar presa naquilo para sempre, sem perceber ela sentiu que estava chorando — Oh não chore querida, só vai doer um pouquinho, é para seu próprio bem, quando você acordar vai finalmente se lembrar do seu lugar. Aí em baixo.
Ele tirou as mãos do rosto dela que estava com marcas vermelhas agora e empurrou ela para o chão para o meio das sacolas jogadas.
Sua mão ao tentar apoiar seu peso se cortou com os pequenos vidros dos frascos e ela deu um gemido.
Ele ergueu a varinha e ela ainda chorando mas sem emitir um som fechou os olhos mas sentiu na pele quando ele pronunciou aquelas malditas palavras.
Crucio...Crucio...Crucio
Ela se conhecia no chão, se arranhava toda, puxava todos os fios de cabelo mas se recusava a gritar, mordia os lábios com tanta força que sangue jorrava, era desesperador, era brutal e cruel.
Era uma sensação indescritível de tortura e crueldade, era como mil facas te cortando, como arame farpado te enrolasse toda, como um rio de lava te lavando, era horrível.
Ela não sabia se estava ali a uma hora, um minuto ou alguns segundos mas a firma era tanta, tanta e tanta que a dor se tornou um nada, ela não sentia nada mas ainda tremia se debruçava e vomitava, se arranhava e puxava tudo.
Ela só queria parar de existir, queria desaparecer e queria que parasse.
E mais uma vez achou que morte estava rindo dela de onde quer que ela estivesse.
Ela não havia lhe levado aquela vez porque era uma garota malvada que merecia aquilo.
Ela era horrível e tinha uma alma negra, ela havia feito aquele menininho inocente da lufa-lufa sofrer então merecia aquilo.
Ela havia brincado com a morte e merecia aquilo.
Ela achava que podia brincar de saber segredos alheios e merecia aquilo.
Ela havia apagado seu ex namorado e a vida da sua amante por dias, ela merecia aquilo.
Ela era fonte de maldade e dor, então merecia aquilo.
Ela havia matado a própria mãe com uma incapacidade e seu pânico, ela merecia aquilo.
Ela não cuidou do irmão, ela merecia aquilo.
E quanto mais ela pensava e mais aquela crueldade se afundava em si.
Até que uma hora parou.
Sem abrir os olhos ou mover um músculo para respirar, ela ouviu o pai rir em cima dela.
— Amanhã você acordará e me agradecerá por ser tão gentil na sua punição querida, agora durma e pense bem no que fez.
Ela respirava com dificuldade mas não sabia ao certo quando havia apagado só esperava sinceramente que aquela fosse finalmente a hora.
Finalmente a hora que a morte chegaria ali e a levaria de volta para sua família.
Mas não, no dia seguinte ela acordou no mesmo lugar em volta aos vidros, seu pai não estava em nenhum lugar, ela mal conseguia me mexer mas novamente chorou.
Chorou pela impotência, por não ter feito nada de novo. Ela era poderosa, ela era forte e querendo ou não era uma Strong.
Ela devia tomar uma atitude urgente. Ela devia decidir. Ela já tinha dezessete anos, era uma adulta aos olhos bruxos e não uma menininha.
Mas ainda sim naquele momento se sentiu assim, sozinha, triste e prepotente, igual uma garotinha de seis anos que acabara de perder à mãe, mas dessa vez a perda foi diferente.
Apenas mais um pedaço de sua alma foi embora daquela vez.
Em breve tudo que restaria era o breu, a escuridão e toda maldade escondida.
[🧪] THE POISON
Olá queridos, sei que estou devendo vários especiais e espero que me desculpem, a fanfic fez um ano recentemente e eu estou em surto porque tipo uma história minha FEZ UM ANO E EU NÃO DESISTI KRL AAAAA, estou em surto kkkkk. Eu juro que agora só falta mais um capítulo para essa temporada acabar, é eu to dizendo isso há séculos eu sei.
Hoje eu resolvi abordar um pouco sobre o abuso que Alina sofre desde os seis anos de idade, pode parecer algo apenas físico mas não é, em certos momentos ela acaba por acreditar que realmente merece aquilo, ela acaba por acreditar que não deve fazer nada, não deve falar, não deve retrucar e nem nada do tipo.
MAS ISSO ESTÁ ERRADO, ela está há onze anos nisso e já criou vários sistemas de escape para tentar se esquecer disso, à rosa negra foi uma invenção justamente para isso, para ocupar à mente.
Ela não vê como pode fugir disso, ela não sabe para quem contar e nem sabe se isso faria alguma diferença, mas a verdade é que faria sim. Então se vocês souberem de alguém ou até mesmo ser vocês que estejam no meio de pais abusivos denunciem e se afastem, NINGUÉM MERECE ISSO >, < ISSO NÃO É SUA CULPA >, nunca é.
Então é isso, espero que vocês estejam gostando, vou tentar não demorar mais mil séculos para trazer o próximo capítulo, sério. Um beijão, comentem, votem e compartilhem ajuda muito à fic e eu fico muito feliz de receber esse carinho de vocês.
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