capítulo 1
𝐒/𝐍 𝐀𝐑𝐈 𝐊𝐑𝐀𝐕𝐈𝐓𝐙
— Já disse que eu não te queria aqui! Sempre que você aparece aqui, são só problemas! — escuto a voz do homem que chamo de pai, do final do corredor.
Os gritos que circulavam pela casa não eram novidade pra ninguém, e principalmente para mim. Eu, agora, escorada na porta do meu quarto ouvindo, ele brigar com a minha irmã. Zoe.
— Você nem deve estar sóbria para vir aqui! — escuto minha mãe começar a dizer, com desgosto em sua voz.
Eu sinto pena. De mim. Dela. Dos meus pais. E dos vizinhos por suportarem todos esses gritos.
— Não me importo com vocês, assim como vocês não se importam comigo. — Zoe responde a eles — Me importo com a minha irmã. E me importo com o que vocês acabaram de fazer.
— É uma garantia. E ela já teve um aviso prévio. — respondem a ela — E você já sabia a tempos o que iria acontecer, não venha se fazer de perdida da história.
O que iria acontecer?
Eu sou uma garantia. Uma garantia de uma dívida. Um pouco ilegal mas em famílias como a minha muito "comum". Meu futuro já não cabe a mim, mas sim por um homem que mal conheço.
Dou alguns passos para ter uma clareza da conversa dos três.
— Vocês dois são doentes! Entregar a filha de vocês a uma pessoa, porque vocês são viciados não tem como pagar a sua própria divida? — conseguia ver a raiva de Zoe em suas palavras, mas eu já via aquilo com a visão do normal.
— A única viciada aqui é você Zoe! — minha mãe a responde.
Dou mais alguns passos e me escoro na porta entreaberta, vendo apenas Zoe e minha mãe de pé e meu pai sentado com papéis na mão.
— Vocês são os piores pais desse mundo, fodendo com a cabeça da garota por dinheiro. O dinheiro que nenhum dos dois batalhou pra ter!.
— Você faz o mesmo Zoe! — meu pai se levanta de sua poltrona, batendo as mãos na mesa fazendo um barulho alto. — Você trabalha matando as pessoas! Roubando! Enganando cada alma pra ter o que veste e ainda acha que somos só nós que somos os vilões?
— Vocês mal conseguem mentir. — ela responde.
— Tudo começou a dar errado quando você começou a querer viver uma história de amor com uma bandidinho de quinta! Foi culpa sua tudo isso que estamos passando. — minha mãe fala e a expressão de Zoe começa a decair.
Histórias de amor, que deveriam ser de amores clichês acabam sendo resumidos em morte, traições, vendas, e nunca do amor. Por isso acredito que há pessoas que não merecem amar, ou fazer qualquer outra coisa em nome desse amor.
Depois de momentos; fico sentada na minha cama, na companhia de Meg, minha golden retriever de 8 anos, presente da Zoe. Olho para a cadela que mastiga o brinquedo.
— Vou sentir sua falta Meg. — aliso seu pelo recebendo uma lambida de agradecimento. — Eca. — rio.
Ouço a porta se abrir e vejo Zoe entrando no meu quarto, com as mãos no bolso e o rosto calmo.
— Essa cachorra ocupa muito espaço nessa cama. — Ela fala e logo se joga do meu lado. Suspira. Me olha e começa a falar. — Eu tentei.
— Não deveria ter pulado a janela. — respondo.
— Não deveria aceitar que esse é o seu futuro. — ela se ergue nos braços e olha para Meg. — Me desculpa ter saído de casa para viver uma história de amor e foder com a sua vida. — ela diz.
— Não desculpo. — respondo e ela me olha surpresa — Quando você pulou a minha janela quebrou o meu vaso de flores favorito. — respondo e ela joga a cabeça pra trás rindo.
As vezes queria eternizar esses momentos. Somente ela e eu.
Ela continua rindo e coloca as mãos nos bolsos, se levanta e vai até o parapeito da janela — Acha oque ela mais queria, e acende. — um baseado.
— As vezes esqueço de como é se sentir feliz. — ela dá uma longa tragada no baseado. — Acontece quando eu fico longe de você.
Sorrio.
— Comecei a olhar algumas faculdades de gastronomia na Internet, tentei conversar com algumas pessoas mas ainda... — olho pra Zoe que não prestava muita atenção no que eu dizia. — Sabe que vai ter que me pagar outra vaso né, aquele era presente da vovó.
Ela me olha e sorrir, mas logo volta a olhar para o nada. Respiro fundo, me levanto e tiro o baseado de suas mãos e jogo pela janela.
— Sem tratamento de silêncio, por favor. — falo, passo as mãos pelo cabelo e continuo a falar. — Disse que ia parar com essas coisas, mesmo que fosse só recreativo. — ela encolhe os ombros — Só tenta parar. Por favor.
Ela fica em silêncio.
— Fala alguma coisa.
— Desculpa. — ela sussurra antes de desabar em lágrimas, a abraço por instinto — Me desculpa... me perdoa por acabar com a sua vida... por favor... —ela diz soluçando de tristeza.
Zoe não chora, essa parte fica comigo, pelo menos não desabando na frente de alguém ou caindo no choro em público mas sim sozinha, quando não há ninguém.
— Não precisa pedir desculpas por algo que não fez. — faço carinho na suas costas tentando deixá-la calma. — Você não tem culpa de nada Zoe, nada. Não precisa se culpar.
Acho que foram alguns minutos para ela se acalmar. Teve mais alguns soluços, choros, algumas palavras para que ela estivesse calma agora.
Continuo segurando suas mãos e mantendo contato visual com ela, olhar em seus olhos me fazia bem.
— Me desculpa. — ela repete.
— Sua cota de desculpas por hoje já acabou. — respondo tentando descontrair. — Não se culpe por nós duas termos pais péssimos, tóxicos, imorais e todos os adjetivos ruins. Acontece e basta a gente aceitar. — dou um sorriso a ela.
— Eu preciso ir... tenho uma coisa para terminar. — ela se levanta e pega o celular da ponta da cama. — Você. — ela aponta para Meg do outro lado do quarto — Cuide dela pra mim, e não passe essas suas pulgas.
— Ela não tem pulgas! — respondo rindo, me levanto também vendo Zoe se pendurar no parapeito novamente. — Você consegue voltar amanhã?
— Se você não deixar nada que quebre na sua janela, sim. — ela responde. — Eu te amo.
— Eu também te amo. — ela sorrir pra mim — Me liga quando chegar. Não some, eu só tenho você.
— Eu também só tenho você. — ela fala e pula da janela até o jardim.
O nosso " eu só tenho você " era a forma de dizer que " vou voltar, não se preocupe ", tendo alguém como Zoe como irmã, para mim era fundamental ela voltar.
(...)
Acordo já sentindo que minhas orações não foram nada ouvidas, Zoe estava ao meu lado com alguma roupa apresentável para conhecer os pais do Robert.
Talvez com o nervosismo acabei sonhando com "ele", espero que seja algo parecido com o ser que eu sonhei. Levanto tentando processar do por que não foi um ótimo dia para morrer dormindo, tomo um banho e me arrumo com a tal roupa que Zoe me deu.
— Isso é o apresentável para os pais dele? — me estranho me vendo em um vestido estranho
Zoe me ajuda fechando o vestido — Richard e Clare, Clare é um amor e nem parece que tem um demônio de filho e Richard é a cópia do filho. Se quiser ver como ele vai ficar velho olhe para o pai.
— Espero que não gostem de mim. — torço e ela me olha — Não tô preparada.
— Babe, você é perfeita. Só aguenta um pouquinho, eles não vão arrancar os seus olhos relaxa. — ela fala e coloca um colar de pérolas no meu pescoço
— Obrigada. — agradeço e alguém abre a porta — Mãe.
— Está linda, muito linda. — ela me dá a mão — Eles estão te esperando.
— Zoe vai com a gente. — afirmo e ela não discorda e descemos nós três.
Me deparo com um casal de idade com aquela vibe de "Eu tenho muito dinheiro, caralho". A senhora menor que o senhor, ela de vestido vermelho liso e ele de terno. Jóias e relógios.
— Clare e Richard, essa é a S/n. — minha mãe me apresenta e dou um sorriso nervoso — E Zoe.
— Um prazer conhecer vocês.
— Eai velhotes, cadê o muralha?. — Zoe fala
— Ele não teve tempo pra vir, Zoe. — Richard a responde — Você é realmente bonita, S/n. Cresceu bastante desde da última vez que te vi.
— Obrigado.
—Ela é exatamente como Robert a quer. — minha mãe responde a ele e me desligo dali.
Pareço uma mercadoria sendo examinada pra ver os seus defeitos e qualidades pra ser entregue a quem pediu.
— Bom, S/n suas malas já estão prontas, o motorista pode pega-las?. — Clare fala.
— Agora?. — olho para minha mãe que sorrir — Não poderia ser outro dia?.
— Querida. — minha mãe aperta minha mão disfarçadamente
— Claro. — volto o olhar a Clare — Posso me despedir da Meg?.
— Quem é Meg?. — Richard pergunta
— Minha cachorra. — levanto e vou até a área que ela fica e a abraço — Eu venho para te buscar, a gente pode viver na casa da vovó. E não morde ninguém. — Me despeço da pequena golden
Respiro fundo dando todo o alívio de sair daqui porém com o medo de morar com alguém que jamais vi e conheci.
— Vamos te visitar no verão. — minha mãe responde e se despede de mim me fazendo entrar no enorme carro
— Eu tô aqui com você. — ela me dá a mão
E foi assim que sai da casa que nasci e cresci para ir para uma enorme mansão de quem nunca vi na vida. O contrato que me fez entrar no inferno.
Chegamos em uma enorme e fechada mansão da família dele. Saio junto com Zoe vendo um cara paradão de terno ao lado de dois seguranças.
Ele era alto de longe e forte.
— Aquele é o cara?. — pergunto a Zoe que me assente o tal sim
— Robert Pattinson. — ela responde
Robert. Espero que não me mate, por enquanto.
Estão gostando?.
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