𝚗𝚒𝚗𝚎
— Alguém trouxe colírio? — Você perguntou, assim que tirou o baseado dos lábios, soprando a fumaça logo depois.
— Eu trouxe — Eren respondeu, jogando o pequeno recipiente na sua direção.
Mesmo com os reflexos meio lentos por causa da maconha, você conseguiu pegar o colírio no ar. Rapidamente, você passou o baseado para Connie, que estava ao seu lado, retirando a tampa do lubrificante ocular logo em seguida e levantando a cabeça para cima, deixando duas gotas caírem em cada um de seus olhos.
— Achei que você odiasse colocar isso — Sasha disse, apontando para o colírio que você ainda tinha em mãos.
— E odeio — Respondeu, dando de ombros — Mas se meu pai sonhar que eu 'tô fumando, fodeu.
Você estava sentada em cima da sua antiga cama, com as costas apoiadas na parede atrás de você. Seu corpo pendia um pouco para o lado, encostando no de Jean, que também se encostava preguiçosamente em você. A sensação de calma e leveza já dominava quase que completamente a sua mente, fazendo você esquecer quase todos os seus problemas.
O que aconteceu a poucos minutos atrás, no banheiro com Levi, ainda não saia da sua mente. Mesmo que o seu estresse tivesse dado uma enorme amenizada, o arrependimento por ter beijado ele e saído daquele jeito não saia de sua cabeça.
Depois de sair basicamente correndo dele, você foi até o seu quarto antigo e se encontrou com o resto do pessoal, que, para sua sorte, tinham trazido os baseados que você tinha pedido.
— Eu pensava que você não ia fumar — Foi a vez de Mikasa falar — Você nunca usa em festas da empresa.
— Tem sempre uma primeira vez pra tudo — Você respondeu, dando de ombros, com um sorrisinho inocente no rosto.
Vocês seis estavam sentados, espelhados pelo grande cômodo. O quatro fechado prendia toda a fumaça que vocês expiravam, fazendo um hot box perfeito, deixando vocês ainda mais chapados a cada segundo que se passava. Sua mão estava levemente dormente e seus olhos pesados, e cada palavra que saia da boca de Connie já era motivo suficiente para fazer você cair na gargalhada.
Ao seu lado, Jean fazia um carinho suave no seu braço, mas, o mínimo toque já fazia uma sensação de corrente elétrica passar pelo seu corpo. As dores de cabeça que você estava sentindo antes já não existiam mais.
O som de sua risada e de Sasha preenchiam todo o cômodo, enquanto Connie explicava, ou tentava explicar, como tinha sido o dia dele. Você só parou de rir quando viu Mikasa e Eren se levantando, de mãos dadas, andando em direção à porta do quarto.
— O casalzão já vai sair? — Jean perguntou, assim que passou o beque para Sasha.
— A gente vai no quarto ali do lado — A mulher explicou, piscando para vocês e saindo do quarto, puxando o Yeager pela gola da camisa.
— Só não vão no quarto do meu pai! — Você gritou, pouco antes de eles sairem, arrancando risadas altas dos que tinham permanecido no cômodo.
— Ela sabe que você e Eren já ficaram? — A morena na sua frente sussurrou, assim que a porta foi fechada novamente.
— Uma vez eu e Yeager conversamos sobre isso — Você começou a explicar, apagando os resquícios do terceiro beque que vocês tinham bolado no cinzeiro — Ele tinha dito que ela sabia, mas Mikasa nunca veio me falar nada, então não sei — Completou, dando de ombros.
— Acha que ela ligaria se soubesse? — Foi a vez de Connie perguntar, se deitando no chão e apoiando a cabeça no colo de Sasha.
— Eu acho que não. Isso aconteceu faz muito tempo e não significou absolutamente nada.
— E você já pegou metade da cidade mesmo — Jean completou, fazendo você rir e dar uma cotovelada leve na costela dele.
— Nem o Armin escapou — A brincadeira de Connie fez você arregalar os olhos e Sasha dar um tapa na testa dele — Aí porra!
— Fala baixo, idiota! — A morena sussurrou.
— A gente realmente nunca vai contar pro Eren que você e Armin ficaram? — A voz de Jean ao seu lado fez você virar o rosto para ele, com as sobrancelhas meio franzidas.
— Não sou eu quem decide isso — Deu de ombros, se levantando — Eu vou lá fora falar com meu pai. Acho que vou embora já já.
— Jean falou que você tá de tpm — Connie disse, enquanto você se dirigia até à saída — Amanhã a festa é na sua casa?
— Se festa quer dizer ver filmes tristes, comer merda e chorar que nem uma condenada, sim, vai ser lá em casa — Sua brincadeira arrancou algumas risadas deles, mas você logo saiu do cômodo, suspirando, cansada.
Sua cabeça ainda estava a mil e, por mais que a maconha tenha ajudado você a se acalmar um pouco, a única coisa que você queria ainda era ir para casa e deitar na sua cama. Sabia que não conseguiria pegar no sono nem tão cedo, mas, pelo menos, pretendia tirar esse vestido apertado e se afundar no travesseiro.
Mais uma vez, você respirou fundo antes de entrar no grande salão, tendo consciência de que conseguiria facilmente esconder o fato de que estava chapada do seu pai. Por isso, colocou o melhor sorriso simpático que conseguiu e entrou na grande multidão de pessoas, cumprimentando cada uma delas que vinha falar com você.
No caminho, acabou pegando uma taça de champanhe, por mais que você não gostasse muito. Assim, ficou andando de um lado para o outro do enorme cômodo e, enquanto procurava pelo seu pai, foi parando de grupo em grupo de pessoas, conversando um pouco com cada uma delas.
Em toda a sua vida, você nunca teve dificuldades em ser política e esconder os seus sentimentos e problemas da multidão. Por isso, não foi nem um pouco difícil estar ali, naquele lugar que você não aguenta mais. Pelo menos até o seu olhar parar em um par de íris azuis mortas, que faziam todo o seu corpo tremer.
Levi olhava na sua direção, mas não saiu do lugar, ainda parado na frente de um dono de imóveis caros em um dos bairros nobres da cidade. Mesmo que o homem mais velho falasse com ele, o Ackerman tinha os pensamentos longe, ainda olhando para você, lutando contra a vontade de ir ao seu encontro.
Sem dar chance para ele concretizar a dúvida, você pediu licença para o grupo com quem estava conversando e saiu rapidamente de lá, indo em direção ao outro lado do salão.
— [Nome] — A voz do seu pai logo fez todo o seu corpo se acalmar e relaxar — Finalmente te achei. Você está bem?
— 'Tô sim, pai — Você respondeu, se virando para o mais velho, com o primeiro sorriso sincero que você deu desde que voltou ao salão — Mas eu acho que vou indo.
— Já? — Ele franziu as sobrancelhas, se aproximando de você — Você sempre é a última a sair.
— Pois é — Deu de ombros, tentando parecer indiferente — Mas hoje eu 'tô cansada.
— Tudo bem — Erwin puxou levemente a sua cabeça na direção dele, depositando um beijo no topo dela — Não precisa se despedir de ninguém. Vou pedir para Pixis te deixar no apartamento.
— Obrigada — Você teve que conter um suspiro de alívio ao ouvir as palavras do pai. Realmente, não queria ter que falar com ninguém antes de sair e o fato de você voltar para casa com um dos guardas de maior confiança de seu pai lhe deixava bem mais segura.
Talvez Erwin tivesse percebido o seu mal estar desde que você chegou na festa, e você agradecia enormemente ao pai por não ter tocado nesse assunto. De verdade, agora, você só precisava chegar em casa.
A única pessoa de quem você se despediu foi de Erwin e da maneira mais discreta possível. Depois disso, você saiu pela porta dos fundos, encontrando com Pixis lá fora, já lhe esperando com o carro ligado. Vocês nem precisaram trocar muitas palavras antes de ele arrancar com o carro e se dirigir até o prédio onde você morava.
Assim que não conseguiu mais ver a mansão onde você morou a maior parte de sua infância, um alívio intenso percorreu todo o seu corpo. Você apenas pegou o celular na volta para avisar aos amigos que estava chegando em casa e que amanhã eles seriam muito bem vindos para dormirem lá.
Logo em seguida, se despediu de Pixis e desceu do carro, não demorando muito para chegar no elevador e clicar no botão do andar mais alto. Ainda no elevador, você tirou os saltos e começou a tirar os acessórios, colocando eles dentro da sua bolsa, quando percebeu que Jean tinha esquecido a carteira dentro da sua bolsa.
Você revirou os olhos, frustrada consigo mesma por não ter lembrado de devolvê-la ao moreno, e saiu do elevador assim que as portas se abriram. Com pressa, abriu a tranca com sua digital e entrou no aparamento, fechando a porta atrás de si.
Enquanto ia até o quarto, mandou uma mensagem para Jean avisando que a carteira dele estava com você. Logo depois, tirou o vestido de uma vez e se jogou com tudo de baixo do chuveiro quente.
A água morna entrando em contato direto com sua pele fez você relaxar mais do que qualquer coisa. Finalmente, você estava em casa e poderia lidar com seus próprios conflitos internos, principalmente com o fato de que o aconteceu no banheiro com Levi ainda não ter saído de sua mente.
Você sabia que tinha sido certo se afastar e se desculpar com ele, mas não conseguia se arrepender de ter beijado o Ackerman. Até mesmo agora, sua vontade de sentir os lábios dele colados nos seus gritava em sua mente e a única coisa que você queria era repetir a noite que vocês tiveram no início da semana.
Assim que você desligou o chuveiro, o barulho da companhia invadiu os seus tímpanos. Você bufou e revirou os olhos, irritada por Jean te fazer ir até a porta abrir se ele mesmo tinha a digital gravada na fechadura.
Vestindo apenas o roupão com suas inicias gravadas no lado direito, você saiu a passos pesados do banheiro, passando pelo extenso corredor depressa.
— Já vai! — Gritou, assim que ouviu a campainha tocar mais uma vez — Caralho, será que você não podia usar a porra da digit- — Você parou de falar assim que abriu a porta e arregalou os olhos ao ver quem estava do outro lado dela.
— Infelizmente, eu não tenho a digital gravada na sua porta — Levi disse, indiferente como sempre, com as íris azuis vidradas em você, percorrendo lentamente o seu corpo, coberto apenas pelo roupão pós banho.
— Senhor Ackerman... — Você falou pausadamente, dando alguns passos para trás, a medida que ele andava para frente, entrando na sua casa.
— Pode me chamar de Levi fora do escritório — Ele disse, entrando totalmente na sua sala de estar e fechando a porta atrás de si, ainda sem desviar os olhos de você.
— O que 'tá fazendo aqui? — Você tentava manter os olhos fixos nos dele, mas aquelas íris azuis eram tão intimidantes que você se sentia obrigada a desviar.
— Acha mesmo que pode me deixar daquele jeito e fugir como se nada?
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