𝟑.
( Continuação do anterior. )
𝐀𝐬𝐬𝐢𝐦 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐧𝐭𝐫𝐨 𝐞𝐦 𝐜𝐚𝐬𝐚, tranco a porta rapidamente e subo para meu quarto, deixando a porta aberta e indo para o banheiro, tomo meu banho premium e faço minhas higienes pessoais, quando saio do banheiro, me deparo com o meu quarto totalmente escuro e a porta fechada.
- Puta que pariu, eu não deixei essa porra aberta?
Vou em direção a porta, com as pernas tremendo e tento abrir, a porta não abria por nada e estava sem a chave pendurada. Eu começo a me desesperar e tentar abrir a porta com toda a força que eu tinha, e mesmo assim sem sucesso. Corro para minha cama e me cubro de costas para a parede, fechando os olhos com força e desejando que tudo fosse um sonho. Quando abro meus olhos, vejo um balão vermelho flutuando com um pouco de luz que iluminava apenas aquele local. A desgraça do balão explode do nada e aparece um palhaço com uma testa maior que o balão que estava ali.
- Hey Amelie. Você quer flutuar comigo?
Ele diz de forma macabra e eu sussurro um " não.. ", o palhaço que antes sorria, fez uma cara bizarra e começou a repetir varias vezes a mesma coisa.
- VOCÊ VAI FLUTUAR TAMBÉM, VOCÊ VAI FLUTUAR TAMBÉM, VOCÊ VAI FLUTUAR TAMBÉM.
Eu fecho meus olhos com força e cubro minha cabeça com o travesseiro, começando a chorar descontroladamente. Após uns minutos eu abro meus olhos e levanto da cama, vendo que estava tudo do jeito que deixei quando cheguei em casa.
Eu rapidamente coloco uma roupa decente e saio de casa, correndo para a casa de Richie, não sei porque, mas algo me disse para ir lá que ele podia me ajudar. Bato na porta inúmeras vezes até que o menino finalmente abre. Ele estava com uma toalha na cintura e com os cabelos molhados, provavelmente estava no banho, não posso mentir que adorei a vista, mas logo me recomponho e o empurro para dentro, entrando junto e trancando a porta.
- Richie, quero te contar algo, promete não me achar uma doida?
- Depende do que você for me contar. Espere um minuto, vou por uma roupa, você chegou do nada e eu estava saindo do banho.
- Eu espero. - Ele vai em direção o quarto e eu vou junto, sentando na cama enquanto observava ele pegando as roupas e indo até o banheiro.
Depois de uns dois minutos ele sai, esfregando a toalha em seu cabelo e deixando os cachos úmidos cairem sobre sua testa.
- Bom, o que queria falar comigo, gata? - Ele pergunta se sentando ao meu lado.
- Então.. Primeiro, não me julga. Segundo, eu tenho CERTEZA do que eu vi foi real.. (...)
Ele olha nos meus olhos enquanto eu conto tudo o que aconteceu no meu quarto, deixei algumas lágrimas cairem e quando termino de contar percebo que simplesmente contei meu maior medo para um menino que virou meu provável melhor amigo em menos de uma semana.
- Er.. Desculpa.. - Digo me levantando e indo em direção a porta, percebendo a merda que fiz.
- Não.. Tudo bem. - Ele segura meu braço e me leva para a cama novamente.
- Você.. Acredita em mim..?
- Sim.. Eu acho.. É um pouco bizarro saber que a Amelie, a garota mais gostosa da escola e a menina " sem medos " tem algum medo.
- Eu não sei da onde tiraram que eu não tenho medo..
- Deve ser porque você enfrenta todo mundo inclusive a diretora?? - Ele pergunta como se fosse obvio.
- Em minha defesa, ela não tinha o direito de me dar uma suspensão só porque eu iniciei uma guerra de bolinha de papel no meio da aula de Inglês.
- Tecnicamente ela tem sim, gata.
- Talvez.
Dou de ombros e começo a reparar no rosto dele, os cachos úmidos grudados na testa, as sardas na maior parte do rosto, o nariz perfeitinho, os lábios levemente avermelhados.
- Está me olhando assim porque? Quer me beijar?
- Talvez..
Eu faço o famoso olhar triangular e o puxo para um beijo, eu não sei o que fazer em um beijo, então deixei que ele me guiasse. A língua dele pediu passagem e eu deixei, ele explorava cada centímetro da minha boca, enquanto eu fazia o mesmo. Pousei minhas mãos em seu ombro e separei o beijo pela falta de ar.
- Gostou de perder o bv e o bvl comigo, gata? - Ele perguntou dando um aperto de leve em minha cintura.
- Hm. - Dou de ombros e levanto, provocando ele.
- Gostou ou não, princesa? Me responda.
- Sim. Eu gostei, Richie. - Ele sorri e me dá um selinho.
- Agora posso me gabar para todos aqueles idiotas que tirei seu bvl.
- Nem ouse Richie Tozier. - Ele solta um risinho. - Bom, agora eu irei para casa.
- É isso? Você veio para me beijar?
- Não ! Eu vim para desabafar, mas aconteceu..
- Aconteceu né, eu sei que sou irresistível gata.
Reviro os olhos e saio andando, saindo da casa dele e mandando um beijo no ar para ele, que agora estava na porta me observando. Chego em casa e vejo que já era quase de noite, então aproveito para ligar meu computador e terminar de ver Stranger Things.
( 𝖠𝗇𝗈𝗍𝗁𝖾𝗋 𝖣𝖺𝗒 )
Acordo um pouco mais tarde que o normal e pego meu celular, vendo o chat de conversa dos losers.
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𝐋𝐨𝐬𝐞𝐫𝐬 𝐂𝐥𝐮𝐛.
𝐑𝐮𝐢𝐯𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐠𝐚𝐭𝐢𝐧𝐡𝐚: Gente, preciso que vocês venham aqui em casa..
𝐕𝐨𝐜𝐞̂: Para? 😏😏
𝐉𝐮𝐝𝐞𝐮 𝐧𝐨𝐫𝐦𝐚𝐥: Meudeus Amelie..
𝐁𝐨𝐜𝐚 𝐬𝐮𝐣𝐚: 🙄🙄🙄🙄🙄
𝐕𝐨𝐜𝐞̂: Mas gente, eu não fiz nada de errado 👎🏻👎🏻👎🏻
𝐀𝐬𝐦𝐚𝐭𝐢𝐜𝐨: Nada.. Só botou esse emoji com cara safada
𝐑𝐞𝐦𝐢𝐱: Sim, o emoji que o Richie vivia mandando pra você e você não reclamava
𝐑𝐢𝐜𝐡𝐢𝐞: EI !! EU MANDAVA ESSE EMOJI PRA FALAR DA MÃE DELE
𝐉𝐮𝐝𝐞𝐮 𝐧𝐨𝐫𝐦𝐚𝐥:: Richie, que tesão é esse que você sente pela mãe do Eddie????
𝐕𝐨𝐜𝐞̂: Né ????
𝐑𝐮𝐢𝐯𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐠𝐚𝐭𝐢𝐧𝐡𝐚: Porra gente, calem a boca e venham logo aqui em casa..
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Rio com as mensagens e me levanto, indo para meu closet pegar a roupa. Mando uma mensagem combinando para ir com Richie. Coloco uma roupa confortável e pego uma garrafinha de agua.
Saio de casa e pego minha bicicleta, parando na frente da casa de Richie e buzinando ( sim, minha bicicleta tem uma buzina. ). Depois de uns segundos ele sai, pegando sua bicicleta e parando do meu lado.
- Vamos, gatinha?
- Vamos, e não me chame assim na frente deles.
- Porque, gatinha?
- Para não acharem estranho?? - Digo como se fosse algo obvio, que é, e começo a pedalar.
- Estranho por quê? - Ele começa a pedalar atrás de mim.
- Pois não é normal um garoto me chamar de gatinha, ainda mais você.
Ele revira os olhos e fica calado. Depois de alguns minutos nós finalmente chegamos na casa da menina e vemos todos os losers nos esperando, alguns com olhares maliciosos e outros nos olhando normalmente, eu reviro os olhos e largo minha bicicleta.
- Finalmente o casalzinho chegou. - Eddie cruza os braços.
- Ciúmes? - Richie o provoca, levantando uma sobrancelha.
- Não fode, Richie. Se fosse para estar com ciúmes, eu estaria com ciúmes da Amelie.
Arregalo os olhos segurando o riso e olho para ele.
- N-não foi isso q-que eu quis dizer, q-quer dizer.. - Eddie tenta se explicar.
- Não precisa se explicar, Eddie. - Eu corto a fala do garoto e sorri de leve.
- Bom, agora que todos estão aqui, preciso mostrar uma coisa.
- O que é?
- Mais do que já vimos? - Dou um tapa de leve na nuca de Tozier.
- Beep Beep, Richie.
- Meu pai vai me matar se souber que levei meninos ao apartamento.
- V-vamos deixar um v-vigia. Richie f-fique aqui.
- Esperem aí. E se o pai dela voltar?
- Faça o que você sempre faz. Comece a falar ! - Digo e dou uma piscada para ele.
- É um dom..
Enquanto deixava-mos Richie lá de vigia, eu senti uma energia ruim. Eu estava presa em meus pensamentos, até o silencio ser quebrado por Beverly.
- Ali dentro.
- O que é?
- Vocês vão ver.
- Está nos levando ao seu banheiro? Saiba que 89% dos acidentes domésticos acontecem em banheiros. É onde estão todas as bactérias e fungos, e não é um lugar muito higiênico...
Bill abre a porta do banheiro, revelando um local totalmente ensanguentado. Eu rapidamente arregalo os olhos e tampo minha boca, surpresa com aquilo.
- Eu sabia!.. - Eddie fala e logo tem uma ânsia de vômito.
- Estão vendo?
- Sim.
- O que aconteceu aqui?
- Meu pai não viu. Eu achei que podia estar louca.
- Se você está louca, então estamos todos loucos. - Digo passando na frente deles e entrando no banheiro.
- N-nós não p-p-podemos deixar isto aqui assim.
Depois de todos entrarem, nós pegamos os produtos e panos e começamos a limpar tudo aquilo, demorou um pouco porém demoraria mais se Beverly estivesse sozinha. Depois de terminar, eu sou a primeira a descer, me sentando do lado de Richie e dando um susto nele.
- Que susto porra.
- Foi mal, não sabia que estava tão distraído assim. - Digo segurando a risada.
- Mas e ai, o que era?
- Era o banheiro dela, estava coberto por sangue.
- Ew.
Depois de explicar um pouco mais, os demais chegam e todos nós pegamos nossas bicicletas, voltando para casa juntos enquanto Richie pedalava em círculos em volta de nós.
- Adoro ser o porteiro particular de vocês. Vocês podiam ter demorado mais.
- Beep Beep, Richie.
- É, cale a boca.
- Ah, tá, tenho que calar minha boca de lixo, saquei. Mas não foi eu que limpei o banheiro imaginando que a pia era a vagina da mãe do Eddie no Halloween.
- Não era imaginação. - Bill diz e para, fazendo com que o restante também parasse. - Eu também v-v-vi alguma coisa.
- Também viu sangue?
- Sangue não. Eu vi G-g-georgie. E parecia tão real. Parecia que era ele, mas havia aquele..
- Palhaço? - Eu e Eddie falamos juntos. - É, eu também o vi.
- Esperem aí. Só virgens podem ver isso? É por isso que eu não vejo?
- Puta merda, é o carro do Belch.
- É melhor darmos o fora daqui.
- É.
- Esperem aí, não é a b-bicicleta do menino que e-e-estuda em casa?
- É, do Mike.
- Temos que ajudá-lo.
- Devemos? - Richie fala e eu novamente dou um tapa de leve em sua nuca.
- Claro que sim, seu idiota.
Todos nós, exceto Stan, largamos nossas bicicletas de qualquer jeito no chão e corremos para o lugar. Chegando lá, a visão que tinha-mos era de Henry e seus capangas esfregando o rosto do Mike em um montinho de carne. Eu rapidamente pego uma pedra que havia ali e jogo no Henry, acertando sua cabeça.
- Belo arremesso, Amelie. - Stan diz, acabando de chegar.
- Obrigada.
Apenas esse gesto é o suficiente para distrair os mais velhos e Mike chegar até nós. Todos nós pegamos pedras, nos preparando para atacar.
- Estão se esforçando demais. Amelie vai transar com vocês. É só pedir com jeitinho, como eu fiz.
Ele passa as mãos em suas partes e eu com raiva jogo outra pedra certeira.
- Mas que porra!
Todos nós começamos a jogar pedras nos capangas de Henry.
- GUERRA DE PEDRAS !!!
Richie grita e logo é acertado por uma pedra na cabeça, o fazendo cair no chão. Ele logo se recompõe e nós continuamos jogando pedras, eles nos xingavam e nós xingamos de volta. Eddie correu até a água para ficar mais próximo deles. Nós continuamos nisso até os capangas covardes de Henry sairem de lá e o deixarem sozinho.
Os meninos saem de lá, deixando apenas eu e Richie olhando Henry saindo devagar.
- Vá chupar seu pai, seu babaca de cabelinho ridículo!
Richie diz e sai, eu dou o dedo para o garoto jogado no chão e saio junto dele.
- Valeu, mas não deveriam ter feito isso. Agora também serão perseguidos.
- Ah, não. Pelo Bowers? Ele vive perseguindo a gente.
- Acho que isso é uma c-coisa que todos temos em comum.
- É, novato. Bem-vindo ao Clube dos Otários.
Saímos em direção ao centro novamente, enquanto Richie atazanava a vida do pobre homem que estava ali com os instrumentos, eu estava comprando coisas simples para cuidar do machucado dele. Termino minhas compras rapidamente e vou em direção ao grupo, puxando Richie para longe do homem e começando a fazer o curativo.
Eu pude notas seus olhares atentos em minha boca, mas ignorei pois os Losers estavam do nosso lado. Fiz um curativo básico e volto a falar com eles.
Eddie chega com dois sorvetes, dando um para Richie, que eu não perdi a oportunidade de roubar para mim.
- Do quê estão falando?
- Do que eles sempre falam.
- Eu acho que vai parar. Por um tempo, pelo menos.
- O que quer dizer?
- Olhei minhas pesquisas sobre Derry, e listei os grandes eventos. A explosão da siderúrgica em 1908, a Gangue Bradley em 35 e o Black Spot em 62. E agora as crianças... Percebi que essas coisas aconteceram...
- A cada 27 anos.
- Ok, deixe-me ver se entendi. Uma coisa aparece e come as crianças por um ano. E depois? Simplesmente hiberna?
- Talvez seja como... Qual é mesmo o nome? Cigarra. Aquele inseto que aparece a cada 17 anos.
- Meu avô acha esta cidade amaldiçoada. Ele acha que tudo de ruim que acontece nesta cidade é causado por uma coisa. Uma coisa do mal que se alimenta do povo de Derry.
- Mas não pode ser uma coisa. Todos nós vimos algo diferente.
- Talvez. Ou a coisa sabe o que nos apavora, e é o que vemos. - Digo me pronunciando pela primeira vez sobre o assunto.
- Você também viu algo, Amelie?
- Sim..
- Eu vi um leproso. Ele parecia uma infecção ambulante.
- Não viu isso. Porque não era real. Nada disso é real. Nem o leproso do Eddie, nem o Bill vendo o Georgie, nem a mulher que eu vivo vendo..
- Ela é gostosa?
- Não Richie. Ela não é gostosa. O rosto dela é desfigurado. Nada disso faz sentido. Parecem ser pesadelos..
- Eu acho que não. Eu sei a diferença entre um pesadelo e a vida real, tá legal?
- O que você viu? Também viu alguma coisa?
- Sim. Vocês souberam da casa queimada na Avenida Harrys? Eu estava dentro dela quando queimou. Antes de eu ser salvo, minha mãe e meu pai ficaram presos no quarto ao lado. Eles estavam empurrando e batendo na porta, tentando chegar até mim..
- Puta merda... - Aperto minhas mãos, não conseguindo imaginar a dor do pobre menino.
- Mas estava quente demais. Quando os bombeiros por fim me encontraram, a pele deles tinha...- Ele faz uma pausa. - Derretido até o osso. Todos temos medo de alguma coisa.
- É verdade. - Richie diz e olha para trás.
- Por quê, Richie? Do que você tem medo?
- Palhaços.. - Ele ajeita os óculos.
🎈🎈🎈🎈🎈🎈🎈🎈🎈🎈🎈🎈
Esse capítulo tá grande e com um pouquinho de romance né? 🤭
2452 palavras.
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