♟️. . . 𝐓𝐇𝐄 𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄 !
"Bom dia, moradores de Bryton! Para você que está acordando agora, saiba que o verão termina hoje, mas o clima ainda está nas alturas aqui no Brilhante de Nevada. Com previsão máxima de calor, o dia está perfeito para um passeio com a família. Então aproveitem, pois como todos sabem, pode ser o último verão de todos os tempos!"
O último verão da história caiu nos dias finais de agosto de 1999, o ano apocalíptico. Àquela altura, todos que não acreditavam em teorias da conspiração já tinham certeza que o último ano do milênio era de fato amaldiçoado. Um presidente impeachmado por um escândalo sexual, a queda de um avião e aquela seria uma das maiores chacinas em uma escola da América, o Massacre de Columbine, eram fatos que já marcavam o ano para os americanos.
Linus Fletcher, que morava a um estado de distância do Colorado, onde Columbine ficava, não tinha mais energia para ouvir sobre massacres e armas quando as aulas terminaram, três meses antes. Ele era pobre demais para comprar uma arma, e mesmo que pudesse comprar uma, não iria usá-la.
Por que tinha bom senso ou sanidade? Não. Porque ele tinha uma mãe.
Uma mãe maluca com dois empregos e que se preocupava mais em ligar o rádio todas as manhãs do que em tomar café, o tipo de pessoa que não poderia bancar com o caixão do filho maluco.
— Você vai se atrasar! — Linus disse para a mãe.
Augustine já estava vestida com seu uniforme e andava de um lado para o outro na cozinha da casa minúscula.
O que procurava? O bendito pó para o rosto que, por algum motivo que Linus nunca entendeu, estava no mesmo armário em que eles guardavam a farinha de trigo. O fato já havia sido desastroso quando sua mãe saiu de casa com o material para panqueca embaixo dos olhos. Desde então ele escondia o pó em seu quarto e, todos os dias, quando entrava na cozinha para fazer suas panquecas, tirava o pó do bolso e entregava a ela.
— Aqui, mãe!
Augustine pegou o pó olhando para o armário da cozinha desconfiada.
— Obrigada, querido!
Com um aceno ela correu para o banheiro, na intenção de disfarçar as olheiras negras.
Linus começou a cozinhar, sem se preocupar em olhar para o relógio, pois já estava acostumado com sua rotina. Cinco minutos atrasado todos os dias, era igual a panqueca e única coisa que sua mãe comeria pelas próximas três horas.
"E para aqueles que ainda não estão sabendo, hoje acabou a reforma do Hotel e Casino, Coliseum. No próximo final de semana será sua grande reabertura. Além disso, eles já estão se preparando para uma grande festa de fim de ano. É o fim do milênio e Las Vegas estará mais agitada que nunca…"
Linus tirou os olhos das panquecas por um segundo, levantando a cabeça e olhando para parede branca. Uma pequena luz se acendeu em sua mente. Isso foi o suficiente para a fumaça surgir e sua mãe gritar com ele. Linus tirou a frigideira do fogo e a jogou na pia rapidamente. Pelo menos havia feito algumas panquecas antes de quase queimar a mão.
Isso foi apenas um pequeno contratempo. O dia a dia na casa dos Fletcher era quase sempre igual. Augustine caótica, Linus despreocupado mesmo que fosse chegar atrasado na escola, como no dia anterior e no outro antes desse.
Em contraponto, do outro lado da cidade, onde a população latina de Bryton ocupava pequenos apartamentos coloridos, Emmanuela Martinez nunca sabia o que iria encontrar.
Ela pulou da cama e se encontrou numa casa em silêncio. Sem nem piscar direito ela soube que o irmão não estava em casa.
A garota não se abalou com isso, não era incomum, ainda que não a deixasse calma. Ter Tony em casa ou não quando ela acordasse era sempre um mistério, mas ele sempre era barulhento quando estava. Para ter certeza, ela ainda passou na porta do quarto dele. A cama estava arrumada e o irmão certamente estava longe dali.
A garota pegou uma maçã assim que se vestiu, prendeu a fruta nos dentes e saiu de casa sem fazer grandes emoções.
— Emma!
Sophia pulou na frente dela na calçada. As mechas brancas de cabelo em frente ao seu rosto balançavam alegremente, enquanto ela dava a Emma um sorriso caloroso.
Emmanuela sorriu com a maçã na boca, então guardou a chave de casa na bolsa e se impediu de morder a fruta para falar com amiga.
— Animada para o primeiro dia?
As duas começaram a andar lado a lado.
— É o primeiro dia do último ano do inferno. Deixe-me pensar… — Sophie fingiu refletir sobre a pergunta. — Uhum, segundo meu cérebro, a resposta é "com certeza".
Emmanuela riu. As duas amigas foram conversando sobre coisas triviais até o colégio. Era o primeiro dia de aula e o último do verão, isso era quase poético. As duas caminhavam devagar entre os diversos alunos que andavam pela frente do colégio, alguns novatos estavam perdidos e os outros já eram conhecidos das garotas. Emma cumprimentava todos que conhecia com um sorriso no rosto, ela conhecia quase todos os alunos e não era nenhuma surpresa ver ela interagindo logo no primeiro dia.
Emma acabou ajudando um dos novos alunos com o horário e as salas quando o sinal tocou. Sophie não queria se atrasar então já foi entrando para a sala. Emmanuela explicou em poucas palavras para onde o garoto deveria ir e ele saiu correndo ao notar que o sinal ainda tocava, Emma riu sozinha ao ser deixada do lado de fora. Ela soltou um suspiro, estava prestes a entrar no prédio para seu último ano escolar.
— Eii — ela ouviu alguém gritar de longe.
Emma se virou e viu Linus Fletcher atravessando a rua para chegar no colégio. Ela segurou a alça da sua mochila com força. Não conhecia Linus Fletcher bem ao ponto de terem algum assunto para conversarem, possuíam alguns amigos em comum e, em uma cidade pequena, todos acabam sabendo muito da vida um do outro. O garoto não correu para alcançá-la, parecia não se importar se ela esperaria ou não. Emma cruzou os braços, mas se manteve no lugar. Sua curiosidade falava mais alto.
— Você também tá no último ano, certo? — Linus disse ao parar na frente da garota que apenas concordou com a cabeça — O que acha de passar a virada do milênio em Las Vegas?
— Como assim? — Emma perguntou e um sorriso travesso se formou nos lábios do garoto.
— Já ouviu falar de um hotel chamado Coliseum? O que acha de escapar para lá antes do fim do mundo? — Linus perguntou e Emma imitou seu sorriso travesso.
Emmanuela sabia que Linus tinha um plano. A porra de um péssimo plano para a droga do fim do mundo, ou algo assim.
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