PRÓLOGO

"Toda tempestade passa, mas
as consequências dela ficam"

Daenerys Targaryen não foi a primeira da Casa do Dragão a receber o título de "Nascida da Tormenta".

Ah, não.

Antes dela existiu uma princesa que nasceu durante a pior tempestade que os Sete Reinos havia visto, o fenômeno que afogou navios, destruiu casas, inundou ruas e tirou a vida de homens, mulheres e crianças.

172 anos antes, para ser mais exato.

Quando a Dinastia Targaryen ainda dominava e ninguém ousava desafiar os dragões que ali residiam.

(...)

Os gritos de Aemma Arryn podiam ser ouvidos por cada canto da Fortaleza Vermelha, se não fossem abafados pelos barulhos dos raios e trovões que dominavam King's Landing, naquela noite.

A Arryn simplesmente se recusava a deixar alguém tocá-la ou ajudá-la, ela estava com medo, era sua primeira gravidez, seu primeiro parto e parecia que o bebê não queria sair, era muita dor e muito sangue.

Ela estava apavorada.

A chuva lá fora não parava de cair, o vento não parava de soprar e todo aquele barulho estava deixando-a ainda mais nervosa.

── Eles estão me punindo… ── sussurrou para si, mas acabou sendo ouvida pela sua melhor amiga e seu primo, que ali estavam para acompanhá-la, já que a platinada não permitiu a entrada de nenhuma aia ou miestre. ── Os deuses estão me punindo.

── Ninguém está te punindo, Aemma. ── A voz grossa de Elendil ecoou pelo quarto. ── É apenas uma tempestade, nos deixe te ajuda.

── Por favor, minha amiga, nos permita tirá-la dessa situação. ── Magnólia disse aflita. ── Fizemos o possível e o impossível por essa gravidez, não vamos desistir agora.

Aemma apenas assentiu, enquanto caminhava com dificuldade para a cama com a ajuda de seu primo, ela não estava aguentando mais.

Ela se deitou em sua cama de pernas abertas para Magnólia, Elendil ficou ao seu lado, segurando sua mão firmemente, enquanto fazia um exercício respiratório que Aemma ignorou completamente, a dor não a deixava focar em nada.

Gritando, com todas as suas forças sendo usadas para dar a luz ao seu primeiro filho, os dragões do Fosso não estavam diferentes, eles estavam agitados e rugiam sem parar, sincronizados com os gritos da futura rainha.

Um pouco longe dali, o Rei Jaehaerys I estava sentado no famosos Trono de Ferro, enquanto Viserys olhava pela janela, aflito com a situação em que sua esposa se encontrava.

── Os dragões estão agitados, apesar da tempestade, isso não é comum. ── disse o príncipe.

── Um dragão sente quando um novo predador chega em seu território. ── respondeu o velho rei, calmo.

── O que isso significa, meu rei? ── Viserys o encarou confuso.

Jaehaerys cansado, apenas o ignorou e, quando percebeu que os gritos de Aemma havia acabado, sorriu sereno.

── Está escutando isso, meu jovem? ── Levantou o dedo indicador, para o mais novo prestar atenção.

── Não estou escutando nada.

── Exatamente.

Os dragões haviam parado de rugir, os raios e trovões já não existiam mais, o vento havia diminuido e a chuva estava fraca, ali, naquele quarto, o som estridente do choro de um bebê e o suspiro de alívio de Aemma podiam ser ouvidos.

A Tormenta finalmente havia acabado.

Com muita dificuldade, a Arryn segurava o pequeno bebê em seus braços, lágrimas de felicidades transbordavam de seus olhos.

Era uma menina. Uma doce e delicada, menina.

── Oi, minha princesa, eu sou a sua mamãe. ── sussurrou para a bebê que ainda tinha os olhos fechados.

Magnólia e Elendil olhavam para a cena emocionados, se eles pudessem, fariam um lindo retrato para eternizar aquele momento dolorosamente lindo.

E então, a porta foi aberta.

── O Rei Jaehaerys e o Príncipe Viserys Targaryen. ── fala o Guarda Real, anunciando a entrada nos aposentos de Aemma.

A mulher e o homem presente no quarto se curvam diante dos mencionados assim que os dois passam pela porta, saindo logo em seguida, para dar mais privacidade a família.

Entretanto, Jaehaerys não permite a entrata de Viserys, pedindo para o mesmo deixa-los a sós, deixando todos confusos pelo ato. O velho rei fecha a porta e caminha com cuidado para perto da mulher que segurava a recém-nascida, encarando-o com o cenho franzido.

── Vossa Graça. ── Aemma abaixou a cabeça em reverencia e respeito.

── Oh, não se preocupe, querida… descanse. ── o homem se sentou ao lado da prateada, observando atentamente o novo dragãozinho da casa Targaryen. ── Foi uma noite difícil, certo, minha jovem? ── Aemma assentiu. ── Imaginei. Você foi muito forte e muito corajosa, devo-lhes os parabéns.

── Obrigada, Vossa Graça. ── sorriu timidamente.

── Mas, mexer com as trevas é um tanto arriscado, não acha?

Aquela pergunta fez a mulher travar e arregalar os olhos imediatamente.

── O-o que? ── perguntou assustada.

Jaehaerys solta um riso fraco, mas tranquilo.

── Não se preocupe, Aemma, eu entendo os seus motivos, mas mesmo assim foi muito perigoso, recomendo que não faça mais isso e deixe vir de forma natural, certo? Isso pode te prejudicar mais tarde, até porque, o que a escuridão dá, ela mesma pode tirar… ou então, cobrar de alguma outra forma.

Aemma engoliu seco, apenas concordando com a fala de seu rei. Ela não queria pensar nas consequências de seus atos naquele momento tão feliz e importante para si.

A bebê começou a soltar alguns resmungos, chamando a atenção dos mais velhos para si, então, abriu seus lindos e brilhantes olhos lilases, deixando seu bisavô e sua mãe encantados.

── Eu posso? ── Indicou o rei.

── Claro. ── A Arryn sorriu, entregando-a para Jaehaerys que, logo a embalou em seus braços, deixando-a confortável.

── Ela já tem um nome?

── Não, senhor.

── Mas é claro que tem… ── o velho rei sorriu. ── Seu nome será Daeriel… Daeriel Targaryen, A Nascida da Tormenta.

(...)

Enquanto uma vida vinha ao mundo, outros eram tiradas pela tormenta daquela fatídica noite.

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