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A única coisa que Dahlia mais temia em relação ao Parada de Homenagem era o intenso regime de beleza que seria infligido ao seu corpo antes. Ter todos os fios de cabelo arrancados de seu corpo e sua pele ser esfregada tão minuciosamente que ela estava convencida de que não sobraria nada além de osso eram procedimentos dolorosos, mas inevitáveis, dos quais Dahlia nunca gostaria. Jamais. Quando foi mandada embora para esperar pela estilista, ela já havia irritado várias assistentes com seus xingamentos e reclamações incessantes e quase matou a depiladora armada apenas com uma tesoura sem corte, uma luva de látex e muita raiva reprimida. Seu temperamento havia se tornado muito mais curto com o passar dos anos e, dessa vez, Dahlia não tinha medo de dar um pouco de sua mente àqueles torturadores.

─ Lá está ela! ─Um suspiro de alegria foi ouvido atrás dela, fazendo com que Dahlia se virasse para encontrar um rosto familiar olhando para trás.─ Minha musa deslumbrante.

─ Juno? ─Dahlia exclama suavemente, surpresa por ver a mulher retornar ao estilo depois de seus anos de sucesso projetando para o Capitólio.─ O que está fazendo aqui?.

─ Você não achou que eu deixaria uma dessas estilistas novatas chegar perto do meu querido vitorioso, achou? ─ Juno responde com uma sacudida de cabeça brincalhona e decepcionada, avançando para envolver a garota chocada em um breve abraço.─ Você cresceu tanto, Dahlia.─Ao se afastar, Juno cobre o rosto da garota com um sorriso carinhoso e um olhar compreensivo.─ É uma pena nos reunirmos em circunstâncias tão... infelizes.

Dahlia zomba da descrição propositalmente neutra de Juno com um revirar de olhos, resmungando:

─ Isso é um eufemismo.

─ Ah, senti falta de seus gemidos de desaprovação.─ Juno ri com vontade, não levando a sério as palavras da garota e deixando de lado a tensão dos Jogos que se aproximam.─ Agora, vamos vestir você!─Praticamente gritando de empolgação, Juno agarra o braço de Dahlia e a arrasta para longe, falando sem parar sobre a roupa que criou.─ Eu estava guardando isso para uma ocasião monumental! É realmente minha obra-prima. O ponto alto da minha carreira!

Dahlia faz uma careta e, com os dentes cerrados, grunhe um sarcástico:

─ Mal posso esperar.

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Finnick não demorou muito para se preparar para o desfile. Principalmente devido ao fato de que não havia muito em sua roupa em termos de material ou cobertura. Seu estilista queria que ele mostrasse o máximo de pele possível para o benefício das mulheres do Capitólio. Ele não se importava com elas. A única mulher que ele amava estaria indo para os Jogos com ele.

Ele não via Dahlia desde que o anúncio do Massacre Quaternário foi feito e o matava por dentro não estar com ela. Tudo o que ele desejava em seus momentos mais sombrios nesses últimos dias era ela. Mags fez o possível para confortá-lo, mas ele estava inconsolável. Como Snow poderia esperar que ele entrasse naqueles Jogos e saísse vitorioso? Isso não aconteceria. Finnick pereceria naquela arena se isso significasse que Dahlia continuaria viva.

─ Olá, garoto apaixonado.─ Johanna cumprimenta o homem, apoiando o braço em seu ombro enquanto deixa seus olhos examinarem os arredores.─ Onde está sua outra metade?

─ Ainda não chegou.─ Finnick responde com tristeza, sem vergonha de admitir que estava esperando desesperadamente pela chegada dela. Johanna sorri ao ver a expressão desanimada dele, imaginando como os dois sobreviveram morando em distritos diferentes.

A Garota em Chamas, então, fez sua aparição espetacular, vestida com o que Finnick só podia supor ser outro conjunto de fogo. Os lábios de Johanna se curvam em ressentimento enquanto ela faz uma careta para a garota e murmura:

─ Ugh. Por que ela consegue uma roupa boa e eu fico presa como uma árvore? De novo!.

─ Mas é uma árvore muito bonita, Jo.─ comenta Finnick em tom de provocação, permitindo que a garota o golpeie com irritação. Com uma última olhada na sala, o garoto decide se divertir enquanto espera que sua flor apareça.─ Em nome da minha amada Dahlia, vou provocar a Garota em Chamas. Você quer participar?.

Johanna ri para si mesma, mas balança a cabeça.

─ Não. Eu a irritarei mais tarde. Tenho um plano na manga.

─ Você não quer dizer seus galhos? ─ brinca Finnick, afastando-se antes que Johanna possa retaliar. Mas ele se esforça para esconder a diversão em seu rosto enquanto ela murmura para si mesma com irritação.─ Katniss.

A mulher do Distrito Doze se vira ao ouvir seu nome, com os olhos arregalados em julgamento por sua roupa reveladora.

─ Olá, Finnick.

─ Você quer um cubo de açúcar? ─ pergunta Finnick, jogando a deliciosa guloseima entre as mãos antes de prendê-la em seus dedos para mostrá-la à garota. Lutando para manter a expressão presunçosa no rosto, ele diminui a velocidade até parar na frente dela.─ Quero dizer, deveria ser para os cavalos, mas... Quero dizer, quem se importa com eles, certo? Eles têm anos para comer açúcar, enquanto você e eu... Bem, se virmos algo doce, é melhor pegarmos.

Com uma pequena sacudida de cabeça, Katniss recusa a oferta e responde:

─ Não, obrigada. Mas eu adoraria pegar essa roupa emprestada algum dia.

Finnick ri de seu humor seco antes de apontar para as roupas dramáticas da garota.

─ Você fica muito assustadora com essa roupa.─Um sorriso provocador, do qual Dahlia ficaria muito orgulhosa, permanece em seus lábios enquanto ele pergunta─ O que aconteceu com os lindos vestidos de menina?.

─ Eu cresci mais do que eles.─Katniss retruca bruscamente, com uma malícia ameaçadora em cada palavra.

─ Com certeza você cresceu.─afirma Finnick, sem se intimidar nem um pouco com a garota. Quando sua companheira mais próxima é famosa por sua natureza fria e sombria, você aprende a abraçar o frio das sombras.─ É uma pena essa história do Massacre Quaternário,. Agora, você... Você poderia ter se saído como um bandido no Capitólio. Joias, dinheiro, tudo o que você quisesse.

─ Bem, eu não gosto de joias e tenho mais dinheiro do que preciso, então...─ Katniss responde de forma branda, mal demonstrando qualquer interesse na conversa.─ Talvez você possa guardar algumas dessas joias para a Dahlia Negra. Talvez elas iluminem seus trajes escuros.

A mandíbula de Finnick se fecha quando Katniss menciona a garota. O tom de sua voz deixa claro o que ela pensa sobre o vitorioso mais velho e Finnick não gosta que as pessoas a desrespeitem.

─ Oh, Dahlia não precisa de nada disso. Ela também não gosta de joias.

─ E o que ela prefere? ─ Katniss responde, fazendo uma careta de curiosidade para o homem. Mas Finnick pode dizer que ela está procurando respostas em lugares que não encontraria.

─ Você acreditaria em mim se eu dissesse que ela tem uma coleção de conchas? ─ Finnick afirma suavemente, sendo completamente honesto em sua resposta. Mas ele usava a prova de suas palavras em um cordão no pescoço. Uma simples peça de joalheria que ela fez para ele e que ele nunca tira.

Katniss zomba em descrença, acreditando realmente que Finnick está brincando com ela. A Dahlia Negra é uma mulher louca que tem um gosto insaciável por matar, não por conchas. Esse é um fato do qual Katniss tem certeza, mas ela não comenta sobre isso. Em vez disso, ela muda a pergunta:

─ O que você fez com toda a sua riqueza, afinal?.

─ Há anos não lido com algo tão comum quanto dinheiro.─Finnick responde de forma enigmática, ignorando a pontada de dor no peito ao lembrar de tudo o que fez para proteger seus entes queridos.

─ Bem, então como as pessoas pagam pelo prazer de sua companhia? ─Katniss responde asperamente, acreditando que sabe tudo sobre a reputação de Finnick e Dahlia.

Ignorando a provocação, Finnick se aproxima da garota com um sorriso presunçoso e sussurra baixinho em seu ouvido:

─ Com segredos. ─Katniss olha para o garoto, surpresa com a proximidade, mas não se afasta.─ E você, Garota em Chamas? Algum segredo que valha meu tempo?.

Afastando o nervosismo, Katniss força um sorriso educado no rosto.

─ Sou um livro aberto. Todo mundo sempre parece saber meus segredos antes que eu mesma os saiba.

─ Infelizmente, acho que isso é verdade.─ Finnick murmura, seguindo o olhar de Katniss enquanto os olhos dela passam por cima do ombro dele para Peeta e Cinna.─ Sinto muito que você tenha cancelado seu casamento. Sei como isso deve ser devastador para você.─ Naquele momento, Katniss pode ver como Dahlia e Finnick são perfeitamente compatíveis. Os dois têm uma maneira habilidosa de esconder suas verdadeiras intenções sob uma camada de palavras cuidadosas e podem fazer com que você se sinta derrotado sem sequer levantar uma única arma. Astutamente, o homem coloca o cubo de açúcar na boca e permite que a substância açucarada se dissolva em sua língua, contrastando com o tom amargo de sua voz.─ Tenha um bom dia.─Rindo para si mesmo, ele reconhece o garoto com um aceno brusco de cabeça.─ Peeta.

─ Finnick.─ Peeta retribui o gesto por civilidade, mas olha para o homem com desconfiança.─ Acho que a Dahlia estava procurando por você.

Essa simples frase é o suficiente para que Finnick se afaste dos amantes apaixonados em busca de sua garota. Ele a encontra cercada por um grupo de vitoriosos, incluindo Alaric, Haymitch e Johanna, de costas para ele. Mesmo sem ver o traje completo, ele sabe que ela está deslumbrante. Ela sempre está. Não importa o que ela vista, ele sempre a acha irresistível.

Dahlia só se vira quando Johanna a cutuca gentilmente e acena em sua direção. Mas Finnick jura que, toda vez que seus olhos se encontram, ele se aprofunda um pouco mais na escuridão dela. E o rosto dela se ilumina com um sorriso genuíno reservado apenas para ele. Então, por um momento, todos os seus problemas desaparecem. Não há mais Massacre Quaternário. Não há mais a Garota em Chamas. Não há mais morte pairando no horizonte. Apenas os dois, como sempre foi planejado para ser.

─ Pare de ficar olhando,Finnick.─
Johanna o chama descaradamente, sua falta de filtro o tira de um torpor infestado de amor. Mas isso não diminui o brilho em seus olhos sempre que ele olha para Dahlia. Nada poderia apagar essa faísca. ─ Só porque ela parece uma bola de discoteca, não significa que ela tenha que ser o centro das atenções.

─ Diz a árvore falante.─Dahlia retribui com uma risada despreocupada, empurrando Johanna para longe e se aproximando de Finnick. Um sorriso provocador decora seus lábios enquanto seus olhos percorrem o traje dele. Mas Finnick também não perde o calor que se espalha pelas bochechas dela.─ Onde está o resto do seu traje? Está faltando tecido no Quatro?.

─ Bem, agora vejo que o orçamento do traje foi estourado no Distrito Cinco.─ Finnick retruca, deliciando-se com a gargalhada que ela solta em troca. ─ Você está linda, florzinha.

De repente, Dahlia ficou muito constrangida, olhando para sua roupa enquanto arrastava os pés. Juno a havia apertado em um corpete sem alças com uma grande cauda saliente nas costas. O tecido preto estava coberto de cacos de vidro prateado que refletiam a luz como estrelas cintilantes. Seu estilista havia se gabado de manter o esquema de cores escuras de Dahlia, mas ainda representando a principal indústria de poder do Distrito Cinco. Mas Dahlia não conseguia deixar de se sentir insignificante em comparação com Finnick. Ela não merecia estar tão perto dele.

─ Johanna tem razão, eu pareço uma bola de discoteca.─Dahlia murmura, tentando manter o clima descontraído. ─ Mas acho que você finalmente está me vencendo na categoria de vitorioso mais nu.

─ Você não pode ganhar esse prêmio o tempo todo ─ Finnick brinca, tentando chamar a atenção de Dahlia, mas a garota continua evitando seu olhar. Por fim, ele se cansa das brincadeiras, coloca o dedo sob o queixo dela e força o verde-mar a se encontrar com o preto escuro. Ele se aproxima, eliminando qualquer distância entre eles enquanto murmura─ Você é linda, Lia. Não me importa o que esteja vestindo. Você fica linda em qualquer coisa.

Um leve sorriso naturalmente se insinua no canto de seus lábios quando ela se vê incapaz de desviar o olhar. Ela não é a melhor em receber elogios de Finnick porque eles sempre soam tão significativos e genuínos quando saem da boca dele. Ele falava sério em cada palavra e ela não sabia como lidar com essa admiração pura. Em vez disso, ela volta a usar o humor para lidar com suas emoções incontroláveis.

─ Ainda assim, não faria mal um toque de cor em meu guarda-roupa de vez em quando.─ Ela comenta timidamente, referindo-se aos tons monocromáticos de suas roupas. Ela não tem certeza de que alguém a tenha visto em um tom diferente de preto desde antes dos Jogos.

─ Que cor você quer usar? ─ pergunta Finnick, não se lembrando de uma ocasião em que ela tenha falado sobre o desejo de usar outras cores.

─ Azul. ─Dahlia responde sem hesitar. Ela poderia ficar sentada por horas ouvindo Finnick descrever as ondas no Distrito Quatro. Os mares calmos ou as tempestades violentas nunca deixavam de intrigá-la. Ela ansiava por respirar o ar fresco do mar e encher os pulmões com a brisa fresca. Ela adorava ficar descalça na água ondulante e fechar os olhos, aproveitando o brilho do sol quente. Mas o mais importante é que ela queria Finnick lá também. Segurando sua mão a cada passo do caminho. Ela nunca pensou que poderia aprender a amar a água novamente depois de sua experiência de quase morte nos Jogos, mas a paixão de Finnick pelas ondas a obrigaria a se afogar nelas várias vezes. Qualquer coisa para estar com ele.

─ Essa é sua cor favorita? ─pergunta Finnick, sem entender a razão por trás dessa escolha.

Mas Dahlia simplesmente balança a cabeça e, com um sorriso carinhoso, responde:

─ Não. É a sua.