O que é beleza?

Finnick Odair teria respondido a essa pergunta uma vez, apontando para o sol poente enquanto ele deslizava pela borda aquosa do horizonte. Os raios quentes dançavam com as ondas calmas do Distrito Quatro, pintando o céu com tons vibrantes de bronze dourado e laranja ardente. Nesses poucos e preciosos momentos, é como se o véu entre os Céus e a Terra fosse tão fino que os dois mundos começassem a se misturar. O tempo parece ter parado e Panem finalmente parece estar em paz. Pelo menos até que a escuridão desça sobre eles.

Mas Finnick agora tinha uma resposta diferente.

O salão de jantar estava irreconhecível, ricamente decorado com flores radiantes e folhagens de outono. Centenas de funcionários do Distrito Treze estavam amontoados em fileiras de bancos, todos vestidos com os habituais macacões cinzentos e sem graça. E Finnick não estava olhando para nada disso. Todos eles se desvaneciam em comparação com o anjo que caminhava em sua direção.

Dahlia, a definição de beleza e sua futura esposa.

Ele não sabia que era possível encontrar alguém tão etéreo e encantador, mas, como sempre, Dahlia adorava provar que ele estava errado. Cada passo que ela dava o fazia se apaixonar ainda mais por ela, até que ele tivesse certeza de que não tinha mais amor para dar. Seu coração estava tão cheio dela que ele mal podia começar a chamá-lo de seu. Ele era dela em mente, corpo e alma, tudo o que restava era uni-los pelo nome.

Enquanto as lágrimas de alegria picavam os olhos de Finnick, o sorriso de Dahlia brilhava o suficiente para ofuscar até mesmo o pôr do sol mais requintado do Distrito Quatro. Ela não se importava com as câmeras capturando cada passo, não se importava com as centenas de olhos acompanhando cada movimento. Tudo o que lhe importava era o homem que a esperava no final do corredor. O homem que ela amava com cada fibra de seu ser. O homem cujo olhar estaria para sempre fixo nela.

Dahlia se recusou a desviar os olhos da bela visão de Finnick Odair, nem mesmo quando Haymitch sussurrou em seu ouvido:

─ Última chance de fugir, Flor.

─ Nunca ─ Dahlia retrucou calmamente, sentindo Haymitch olhar para ela com um sorriso carinhoso e conhecedor pelo canto do olho.─ Eu o escolho... em todas as vidas.

Ela nunca estivera tão certa de uma decisão em sua vida.

Dessa vez, ela sabia exatamente o que queria, e queria Finnick. Ela sentiu como se tivesse toda a sua família ao seu lado, até mesmo aqueles que eles haviam perdido ao longo do caminho.

Mags estava com ela por meio do bracelete que Finnick havia confeccionado para ela.

Cove estava com ela por meio do colar de ouro que ela usava. Alaric estava com ela por meio dos grampos em seu cabelo. Sua mãe estava com ela por meio da tradição que ela havia continuado. Suas irmãs estavam com ela por meio das rosas roxas e dos ramos de lavanda que ela carregava.

Eles estavam brilhando sobre elas do alto, observando junto com o resto de sua família. Annie, Katniss, Haymitch, Johanna... Finnick e Dahlia eram amados por muitos, mas nenhum deles jamais se compararia ao amor que compartilhavam um com o outro.

Quando Haymitch e Dahlia finalmente chegaram ao altar improvisado, o homem deu um beijo gentil na bochecha da jovem antes de levá-la para perto de Finnick. Os dois sorriram um para o outro e Finnick estendeu a mão para tirar Dahlia dos braços de Haymitch. Depois de passar o buquê para Annie, Dahlia colocou sua mão recém-libertada na mão de Finnick e sentiu o polegar dele passar lentamente sobre sua pele.

O condutor da cerimônia falou e começou a passar por todas as formalidades de um casamento, mas o casal não prestou atenção às palavras sem sentido que estavam sendo ditas. Em vez disso, Dahlia apertou as mãos de Finnick três vezes enquanto olhava fixamente em seus olhos encantadoramente belos. Um sorriso se espalhou instintivamente em seus lábios diante da sensação familiar e ele imediatamente retribuiu o gesto.

Eles não precisavam dessa comemoração elaborada de sua união. Tudo o que precisavam era um do outro e o reconhecimento oficial de que nada se interporia entre eles a partir de hoje. Nada que Snow ou o Capitólio ou mesmo a Madame pudessem fazer os impediria agora. Eles sempre foram mais fortes juntos e, agora, eram indestrutíveis.

─ Eu, Dahlia Blossom-Silvers, aceito você, Finnick Odair, como meu marido a partir de hoje. Na saúde e na doença, na riqueza ou na pobreza, prometo amá-lo e cuidar de você todos os dias.─ Dahlia declarou com paixão, observando o sorriso de Finnick crescer a cada palavra que saía de sua boca.─ Prometo que, quando a morte decidir tomar a minha mão, eu me agarrarei a você com a outra. E encontrarei você em todas as vidas, em todos os universos.

─ Eu, Finnick Odair, aceito você, Dahlia Blossom-Silvers, como minha esposa a partir de hoje.─ Finnick proclamou suavemente, falando apenas com ela em uma sala lotada de pessoas.─ Juntos ou separados, estaremos sempre unidos. Uma vida, um propósito, um destino. Prometo dedicar minha vida a você, até que a morte nos separe.

─ Você pode beijar a noiva.─ O oficiante informou Finnick, como se ele precisasse de permissão para beijar sua esposa.

Sem hesitar, Finnick se abaixou para alcançar a altura de Dahlia e uniu seus lábios em um beijo carinhoso. Aplausos educados soaram da multidão reunida ao redor, mas Dahlia e Finnick estavam apaixonados demais um pelo outro. O beijo se aprofundou o máximo que puderam com a plateia assistindo, seus dedos se entrelaçando e os lábios se esticando em sorrisos eufóricos. Eles poderiam ter ficado abraçados para sempre. Infelizmente, as comemorações estavam apenas começando.

Um violinista começou a tocar uma música animada e os cidadãos do Distrito Treze formaram um círculo ao redor do casal recém-casado. Enquanto Dahlia e Finnick se cercavam, a mulher olhou para o marido com um olhar provocador e disse:

─ Não se atreva a pisar nesse vestido. Acontece que eu gosto muito dele.

Finnick apenas sorriu para a exigência dela com uma expressão maliciosa e respondeu:

─ Não se preocupe com seu vestido, florzinha... Eu o tirarei de você mais tarde.

Revirando os olhos de brincadeira para o comentário sugestivo dele, apesar do sorriso no rosto, Dahlia respondeu:

─ Acho que não vai ficar muito bem em você, Finn.

─ Mas vai ficar incrível no chão do nosso quarto.─ Ele comentou em tom de flerte, puxando-a para mais perto de si, puxando sua cintura e sorrindo com as risadas eufóricas que escapavam de seus lábios.

O riso despreocupado deles foi abafado pela melodia da música, mas os espectadores não precisavam ouvir a alegria deles para saber que o casal estava mais feliz do que nunca. Eles pareciam tão quebrados quando estavam separados, duas metades de um todo que nunca poderia ser completo. Vê-los ainda conseguindo sorrir e gargalhar depois de tudo o que passaram foi um prazer para todos aqueles que tiveram a sorte de testemunhar.

Eles se uniram quando a música começou, as mãos se conectando acima de suas cabeças enquanto giravam no meio da pista. Suas testas se tocaram, com os olhos fixos um no outro enquanto o resto do mundo desaparecia ao redor deles. E finalmente eles sabiam como era o céu.

Dahlia nunca foi a melhor dançarina, mas Finnick a fazia sentir-se mais leve do que o ar, flutuando em uma nuvem quilômetros acima dos problemas que os atormentavam. Enquanto ele estivesse segurando sua mão, ela sabia que eles poderiam enfrentar qualquer coisa que a vida lhes oferecesse. Por enquanto eles eram marido e mulher, nada poderia separá-los. Eles estavam unidos, de agora até a eternidade.

Eles rodopiaram pela sala, com os braços se entrelaçando em vários apoios enquanto o violino continuava a tocar. As bochechas de Finnick estavam doendo de tanto sorrir, embora ele tivesse certeza de que Dahlia estava sentindo o mesmo. Os dois não pararam de sorrir um para o outro desde o momento em que seus olhos se encontraram pela primeira vez no corredor.

A multidão ao redor deles também estava se divertindo, muitos gritos e aplausos ecoavam pelo salão enquanto a dança continuava a todo vapor. Foi a maior diversão que eles tiveram no Distrito Treze e, pela primeira vez, ninguém precisou forçar a alegria para a câmera. Foi uma celebração genuína de amor e união, com a qual até mesmo Coin se viu involuntariamente entusiasmada.

Os parceiros foram trocados, Dahlia teve a oportunidade de jogar Annie pela sala, enquanto Finnick forçou Johanna a dançar. Até mesmo Haymitch deixou seu drinque de lado por tempo suficiente para dar uma volta rápida com a noiva. Katniss relutantemente se encaixou em um grupo com sua irmã após ser encorajada por Johanna, juntando-se a Dahlia e Finnick enquanto giravam em círculo.

O tordo, que normalmente tinha uma cara séria, conseguiu dar um pequeno sorriso enquanto ela e Prim eram sugadas pela aura de felicidade que irradiava do casal. A felicidade deles era tão contagiante que não se podia deixar de sorrir quando se estava com eles. E, embora a história deles tivesse um final feliz e a dela e a de Peeta não, Katniss ainda não conseguia encontrar em seu coração um sentimento de amargura por isso. Porque eles mereciam isso.

Quando Dahlia foi girada de volta para os braços de Finnick, os dois se aproximaram um do outro, com os narizes se tocando e o peito arfando de alegria. A mão de Finnick repousou naturalmente em sua cintura, prendendo o corpo dela firmemente ao seu lado, enquanto o braço de Dahlia se estendia sobre seu peito. Então, seus lábios se curvaram em um sorriso deslumbrante enquanto ele murmurava três palavras sentimentais destinadas apenas à sua esposa:

─ Minha pequena flor.

Com um sorriso no rosto do homem que ela tinha o prazer de chamar de marido, Dahlia murmurou em resposta:

─ Meu menino de ouro.

Mais do que qualquer outra pessoa, Finnick e Dahlia mereciam cada momento de felicidade, cada momento de liberdade. Eles mereciam ser um marido e uma mulher normais, desfrutando do amor que compartilhavam um pelo outro. Serem apenas Sua Florzinha e Seu Garoto de Ouro.