
𝑫𝒆𝒔𝒑𝒆𝒓𝒕𝒂𝒓 𝒓𝒖𝒅𝒆
─ Corram! Corram! A névoa é venenosa! ─Os gritos de Katniss fazem com que todos acordem, deixando pouco tempo para processar o que está acontecendo antes de se levantarem. Finnick imediatamente coloca Mags em suas costas enquanto Katniss e Peeta passam correndo, Dahlia fica para trás para garantir que os tributos do Distrito Quatro saiam rapidamente.
Passando pelas vinhas penduradas, o grupo tem que descer cuidadosamente as encostas íngremes até chegar a um terreno plano. Dahlia sente a terra seca se movendo de forma instável sob seus pés, mas se recusa a diminuir a velocidade. Suas pernas voam mais rápido do que seu corpo pode compreender, ocasionalmente olhando para trás, para a fumaça ameaçadora que os persegue.
Peeta balança sua espada loucamente contra a vegetação rasteira, tentando desesperadamente abrir caminho para o grupo. A névoa parece estar se aproximando deles por todos os ângulos, ondas monstruosas atrapalhando sua visão e engolindo tudo o que vêem. Eles precisam se desviar um pouco, contornando a borda do banco de neblina para evitar o contato.
Continuando por uma avenida de árvores, Peeta derrapa no chão, mas continua avançando. Os outros seguem atrás, começando a ofegar de exaustão na selva úmida. A névoa se aproxima deles rapidamente, mordiscando os calcanhares de Dahlia enquanto ela se arrasta sobre as raízes das árvores. O grupo se divide em dois quando a névoa tóxica os leva em direções diferentes. Finnick e Dahlia são forçados a se afastar de Katniss e Peeta, correndo às cegas pela linha das árvores enquanto se concentram em fugir da névoa.
Quando Dahlia avista os tributos do Distrito Doze em meio à névoa turva, sua preocupação aumenta quando ela percebe a maneira como eles tropeçam cansados e se agarram uns aos outros para se apoiar.
─ Katniss! ─Ela grita, ultrapassando Finnick enquanto tenta alcançar os dois. Eles eram a prioridade, a esperança da Rebelião.
Mas então, os ouvidos de Dahlia são atingidos pelos gritos agonizantes de Finnick, fazendo com que ela interrompa seu avanço. De repente, suas prioridades estão em conflito. Sua cabeça a incita a seguir o plano. Tirar Katniss e Peeta do perigo, não importa o custo pessoal. Esse é seu objetivo nesses Jogos, sua passagem para a liberdade. No entanto, seu coração anseia por voltar para Finnick e Mags, sua família. Eles são sua razão para continuar lutando, seu motivo de sobrevivência.
O que Alaric diria a ela?.
─ Faça o trabalho.
Dahlia sabe a quem deve recorrer.
Perdoe-me, Finn... Perdoe-me, coração.
Girando em seu calcanhar, Dahlia corre pelas plantas exóticas em direção a Katniss e Peeta, sentindo a culpa da traição apertar seu coração. As súplicas angustiadas de Finnick para que Mags se levante a assombram durante todo o caminho até chegar aos amantes que se cruzaram. Ela chega bem no momento em que Peeta cai no chão, arrastando Katniss com ele. Os dois tributos estão em péssimo estado, com furúnculos dolorosos borbulhando por toda a pele e queimaduras ardentes se espalhando como fogo. Nenhum deles é capaz de se levantar.
─ Peeta.─Katniss choraminga, usando toda a sua força para forçar o garoto a se deitar de costas. Dahlia se ajoelha para ajudar, mas as duas garotas se surpreendem com as graves bolhas que decoram o rosto dele. Peeta luta para respirar enquanto Katniss suspira horrorizada com a visão, voltando-se para Dahlia em desespero.─ Não posso carregá-lo.
Finnick se aproxima do grupo mancando, caindo no chão quando Mags escorrega de suas costas. Dahlia, embora aliviada por tê-lo ao seu lado mais uma vez, olha para ele com desespero.
─ Não posso sustentar os dois.─Ela diz, desanimada, enquanto Katniss implora, em meio às lágrimas, para que Peeta se mexa. Dahlia e Finnick não sabem o que fazer em seguida, sentindo-se totalmente desamparados enquanto a névoa se aproxima cada vez mais. No final, Mags é quem toma uma decisão.
Batendo no ombro de Finnick para chamar sua atenção, ela deposita um beijo carinhoso em sua têmpora. Afastando-se, sua mão trêmula acaricia gentilmente a bochecha de Dahlia enquanto ela sorri tristemente para os dois. Em seguida, ela se afasta, em direção à névoa.
─ Mags? ─Finnick murmura confuso, olhando para a mulher que o transformou no homem que ele é.─ Mags? ─Ao ver a corajosa senhora cambaleando em direção à névoa venenosa, ele se sentiu como um garotinho testemunhando a derrota de seu herói.─ Mags!.
─ Finn.─Dahlia balbuciou, forçada a sair de seu choque para impedir que Finnick a seguisse. Ela não podia perder os dois em uma noite.
─ Mags! ─Seus lamentos de partir o coração, combinados com a visão de Mags desaparecendo na névoa, fizeram com que as lágrimas saltassem dos olhos da garota. Mas ela tinha que permanecer forte no momento de fraqueza de Finnick.
─ Finn.─Ela tenta novamente, agarrando-se ao braço de Finnick enquanto ele se esforça para chegar até Mags.
Quando a mulher é engolida pela névoa, não há gritos, não há gritos de dor. Apenas silêncio enquanto uma alma incrível deixa a terra.
─ Mags! ─A voz de Finnick estala em agonia ao dar um último grito por sua antiga mentora. Por sua família. O estrondo de um canhão marca o fim da vida de Mags, enviando uma explosão de tristeza aos corações de Finnick e Dahlia.
Mas ela entende que eles não podem ficar aqui e deixar que a névoa os consuma também. Caso contrário, o sacrifício de Mags terá sido em vão. Ela caminhou voluntariamente para a morte para dar a eles uma chance de viver. Dahlia se recusa a desperdiçar a chance que lhes deu.
─ Finn ─ela exclama, segurando o rosto dele o mais suavemente que pode para desviar o olhar dele da névoa. Aproximando suas testas, seu polegar passa suavemente pela bochecha dele, recolhendo as lágrimas que começaram a cair de seus olhos. É doloroso para ela vê-lo tão abatido, mas ela não vai deixá-lo desistir agora.─ Sinto muito... Mas temos que ir.
Acenando com a cabeça para si mesmo, Finnick consegue se recompor e reunir todas as forças que ainda restam em seu corpo.
─Tudo bem, vamos lá.─Ele murmura, afastando-se de Dahlia para levantar Peeta do chão. Dahlia se posiciona à esquerda de Katniss enquanto ela se agarra a Peeta e o grupo de quatro se apóia um no outro para continuar pela selva.
As nuvens de neblina os perseguem implacavelmente, estreitando-se nas laterais para morder o braço de Dahlia. É a pior dor física que ela já experimentou. É como se a carne estivesse sendo lentamente arrancada de seus ossos. Como se ácido fervente tivesse sido derramado em sua pele. Um grito gutural é arrancado a contragosto de seus lábios enquanto ela se afasta da fumaça sinistra. Mas não há tempo para que ela diminua a velocidade. Não é assim que vou morrer. Cerrando os dentes com determinação, Dahlia luta junto com o resto do grupo, ignorando a dor aguda que queima seus braços.
Eles não são rápidos o suficiente para evitar ainda mais o ataque de sofrimento causado pela névoa. Ela pega os tributos que tropeçam, marcando suas costas com bolhas inflamadas e fazendo com que todos gritem em um coro de agonia. A dor é tão ofuscante que nenhum deles percebe a queda repentina que os aguarda até que cambaleiem para frente.
Grunhidos e gemidos escapam da boca de Dahlia enquanto elas despencam desajeitadamente colina abaixo. Seu corpo tomba pesadamente, batendo com força no chão enquanto ela despenca. Ela se sente como uma boneca de pano sendo jogada descuidadamente por uma criança, rolando sem graça até parar na parte inferior da encosta. O alívio de parar é rapidamente substituído pela lembrança dolorosa de sua pele manchada.
A névoa parece ter sugado a força de seu corpo, seus membros se tornaram moles e fracos. Ela está esparramada sem vida de costas, impotente, observando as ondas de neblina que se agitam em sua direção. Parece que nada pode impedi-la de avançar para fazer mais vítimas, e Dahlia fica incrédula com o fato de que esse é o único oponente que ela não conseguiu derrotar. Mas, ao que parece, o destino tem um plano diferente para ela.
No momento em que a névoa estava prestes a devorar as pernas de Dahlia, ela girou para cima como se algo a tivesse impedido. Um escudo invisível estava protegendo os tributos e impedindo que a névoa passasse. Ela observou com admiração enquanto a névoa fluía majestosamente, como água ondulando em um riacho, antes de se dissolver em nada. A única coisa que restou para indicar que ele esteve lá foi o calor que se espalhava por seu corpo e o buraco aberto em seu coração, onde Mags havia residido.
Ela entra em pânico quando Katniss grita novamente, temendo não ter mais forças para proteger a Mockingjay. Até que a garota consegue dizer:
─ A água! A água ajuda.
Embora sua pele pareça estar sendo perfurada por milhares de pequenas facas, Dahlia é estimulada pelo alívio evidente na voz de Katniss. Forçando seu corpo em protesto a se virar de frente, Dahlia cravou as unhas na terra enquanto se arrastava pelo chão. Cada solavanco de movimento envia faíscas de dor através dela, mas ela persiste com um rosnado determinado. Finalmente, seus esforços exaustivos são recompensados quando ela chega às margens de uma pequena piscina turva onde Katniss e Peeta já estão gritando.
Mergulhando o braço inchado na água, Dahlia entendeu o motivo de tanto alvoroço. Sua carne ardia quando os furúnculos ficavam submersos, fazendo-a soltar um gemido angustiado que ecoava pela clareira da selva. No momento, todos pareciam esquecer que estavam sendo caçados ativamente, pois estavam muito impressionados com o alívio oferecido pela água para baixar o volume.
Assim que a pele se acalmou, Dahlia notou que as bolhas haviam desaparecido, deixando para trás uma superfície crua, mas lisa. Sem mais hesitação, Dahlia mergulhou de cabeça na piscina para buscar aquela sensação calmante e viciante. Desta vez, seus gritos são abafados pela água, com o ar escapando rapidamente de seus pulmões e subindo à superfície como bolhas. Ela se contorce e se debate na água, com o líquido frio parecendo óleo escaldante em seus nervos inflamados. Por fim, ela consegue passar os dedos pela pele em chamas, a dor desaparecendo lentamente junto com os furúnculos furiosos. A água tinha sido realmente a sua salvação nesses Jogos.
Tremendo de alívio e precisando desesperadamente de ar, Dahlia permite que seu corpo aliviado flutue até a superfície. Sua mente está confusa por causa dos eventos desgastantes à medida que a adrenalina começa a passar, fazendo com que a garota demore alguns momentos para se recuperar e reunir seus pensamentos. Até que seus pensamentos a levam de volta a Finnick.
─ Finn.─Ela suspira, se debatendo ao emergir da água com um enorme respingo. Correndo pela vegetação rasteira, ela encontra Finnick lutando para respirar por causa dos furúnculos que perfuram seu pescoço.─ Oh, Finn... Sinto muito.─Ela geme fracamente diante do estado terrível em que ele se encontra, correndo para colocar as mãos sob seus braços e arrastar seu corpo para a água. Ela solta um grunhido de frustração enquanto se esforça para arrastar Finnick pelo chão. Ela se recusa a desistir dele, se recusa a parar de lutar. Mas talvez ela não tenha que lutar sozinha
Dahlia fica tão surpresa quando mais dois pares de mãos se juntam a ela para erguer a estrutura volumosa de Finnick que ela quase o deixa cair. Katniss e Peeta seguraram os membros do garoto, levantando-o do chão e permitindo que o trio o carregasse até a água.
─ Obrigado.─Dahlia murmura docilmente, genuinamente grata pela presença deles enquanto eles colocam Finnick na piscina. Eles acenam com a cabeça em sinal de reconhecimento para a garota, mas a deixam sozinha para ajudar Finnick.
A água fria dá um choque na consciência do garoto, fazendo-o sibilar entre os dentes enquanto luta para fugir da sensação agonizante. Dói para Dahlia forçá-lo a voltar para baixo, embora ela saiba que é melhor assim.
─ Eu sei, Finn. Sinto muito.─Ela sussurra com ternura, pegando a água na mão e lavando-a gentilmente no pescoço dele. Seus gritos de gelar o sangue e seu corpo se contorcendo dificultam que Dahlia continue. Ela não tem certeza se a água está entrando em seus olhos ou se as lágrimas estão começando a sair à força.─ Shh.─Ela fala baixinho, apesar do sentimento de melancolia que persiste em sua mente.─ Estou aqui, Finn. Estou aqui.
Enquanto Dahlia continua a sussurrar palavras doces no ouvido de Finnick, o garoto começa a relaxar lentamente sob sua influência. Sua voz familiar e seu toque calmante o trazem de volta à realidade, confiando nela o suficiente para passar a água em suas feições. Ainda ardia ao primeiro contato, mas as palavras melosas de Dahlia eram o alívio mais doce que poderia ser oferecido a ele.
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